Ok, ok... Me desculpem por esta "one shot" ser do tamanho de uma bíblia. Eu ~acidentalmente~ escrevi uma "one shot" com 15 páginas no word xD.
Eu cheguei a pensar em dividir em capítulos em algum momento, mas desisti da ideia. (Sorry. Por favor, peguem senha para me bater ou me xingar. Ou melhor, não façam isso pois a história é bem legal).
Teoricamente, esta fic é meio que especial. Nela, eu usei uma narrativa bem diferente das que uso no normal. Como a relação de Lara e Nate seria de tapas e beijos, eu decidi usar uma linguagem mais cômica, mais zoada para narrar isso tudo. E apesar do tamanho ter ficado grande, no meu normal, escrevo fics de capítulo de forma mais presente, com uma narrativa mais lenta. Como nesta só nos momentos de diálogo que a história fica lenta e o resto fica corrido, na minha cabeça doida, eu não considerei esta fic como fic de capítulos, savvy? Se acharam ilógico, só aceitem meu pensamento e move on. HAHA.
Enfim, esta é a maior nota inicial que escrevi sobre uma fic. Eu espero que gostem muito dela, de verdade. Gosto muito dos dois e até queria que existissem mais fics boas sobre eles. Até porque, não curto crossovers, mas pra eles tem uma exceção.

E, ah, não fiquem com preguiça de mandar review. Vocês não sabem como é chato não receber.

- Camilla


Inevitável

Quando Lara Croft pegou o mesmo avião que Nathan Drake, não havia pensado na possibilidade de ficar naufragada com ele numa ilha deserta. As primeiras 36 horas foram completamente turbulentas. Brigas e mais brigas. Se antes os dois queriam a mesma coisa, agora não havia mais a tal coisa, pois havia sido destruída no avião. E o fato de Drake ter melado o plano silencioso naquele avião, fazendo com que o piloto saísse de seu lugar para lutar, fez com que Lara colocasse toda a culpa nele. Agora, os dois estavam ali, naquela linda e deprimente ilha deserta, obrigados a aturar um ao outro pra sobreviver, mas com raiva, frustração, e outras coisas.

A raiva de Lara era tanta que a vontade dela era de dividir a ilha no meio (ou pelo menos a parte da praia). "Você tá vendo essa linha que fiz com esse pedaço de galho daqui até ali? Esse é meu lado da ilha e esse aí será seu lado da ilha. Você estará proibido de pisar neste lado, portanto, já vai tirando os olhos daquele pé de banana." Foi o que Lara pensou em falar da forma mais britânica possível quando Nathan (após ter se desculpado e achado que estava tudo bem) disse para ela não ficar envergonhada com a cueca que estava vestindo, pois não era das melhores, e que às vezes ele poderia ir pescar só de cueca como se ele fosse uma mistura de deus grego com Indiana Jones. Mas Lara desistiu daquela impulsividade porque achou que seria uma coisa muito infantil de se fazer. "Mas Nathan não é infantil às vezes? Mas, espere... Eu vi isso num filme."

Mesmo assim, não destituiu de ter um lado imaginário da ilha só pra ela. A única coisa idiota seria uma linha na praia como se fosse o tratado de Tordesilhas. Em algumas vezes, se isolou num canto da praia, numa distância de 30 metros de Drake.

No período de silêncio (que aconteceu após: 1— Nate e Lara terem xingado tudo e todos e colocado a culpa em um no outro; 2 — Nate e Lara terem deixado a briga de lado por um momento para fazer uma fogueira no lugar mais alto e nenhum sinal de vida apareceu para buscá-los; 3 — após terem conseguido reunir frutas o suficiente para ser a janta deles; 4 — terem estabelecido a suposta cama deles, a estratégia de vida na ilha, a estratégia de criar um barco para fugir e após não terem mais nada para conversar), a única coisa que poderiam conversar seria qualquer coisa sobre a vida deles só para matar o tempo. Porém como fariam tal coisa já que Lara ainda estava com raiva de tudo? Então Lara ficou sentada num pedaço grande de uma árvore que estava tombada na praia, com os braços apoiados nos joelhos, pensando em Winston, seu mordomo, e todas as mordomias de sua mansão. Estava escuro e mal podia enxergar as ondas. Enquanto isso, Nathan tava deitado de qualquer jeito na areia, segurando um galho grande com uma banana presa na ponta e rodando-a lentamente na fogueira, que havia feito na areia da praia mesmo.

"Você sabe que a hora do jantar em grupo é a melhor hora pra criar vínculo e confiança, né? Seu pai nunca te disse isso?" (E Lara agora lembrou subitamente do pai.) "Além disso, você não deu uma chance pra minha banana assada" Nathan disse alto o suficiente para ela ouvir. Ele aproximou a banana pra perto de si e continuou falando num tom sonolento e inocente: "A gente podia chamar isso de churrasco de banana, né? Ou por você ser rica, você pode fingir num minuto que é banana flambadé. - tentou imitar um sotaque francês - Tudo bem, eu sei que você já jantou elas cruas mesmo... Mas o luxo agora tem que ser imaginado".

Lara não respondeu, porém sentiu um pouco de frio e resolveu sentar-se ao redor da fogueira minutos depois. E então Nathan explodiu em palavras após perceber que Lara olhava para a fogueira como se ela fosse a única pessoa na ilha.

- Olha, senhorita, você pode me ignorar, mas saiba que eu não vou parar de falar com você. Eu realmente preciso disso.

- E por quê? - Lara perguntou desanimada.

- Porque senão eu vou começar a ficar maluco. Você não viu "Náufrago"? Tom Hanks não ficou maluco porque ele tinha o Wilson. Então...

- Então eu sou seu Wilson? - Lara pegou um punhado de areia e jogou de qualquer jeito na direção de Nathan, porém maior parte da areia caiu na fogueira. - você é um ser humano completamente ridículo e egoísta. - Lara se levantou e entrou numa espécie de barraca feita com folhas de bananeira e bambus, com uma área de mais ou menos 1,90m de comprimento e 1,40 de largura.

Nathan meio que tentou se levantar, mas apenas hesitou e ficou parado ali em outra posição.

- Ah, merda. Boa escolha de palavras, Nathan.

Ser homem em questão de comunicação é algo completamente terrível. Na verdade, deveria ser algo ensinado em cursos. Algo como "Como se expressar corretamente" ou "como conversar com mulheres (elas não são homens)". Qualquer coisa que fosse mais dinâmico do que fazer alguém ter que procurar um livro de "auto-ajuda", fazendo assim a porcentagem de homens que dominam a prática ser apenas de 10%.

O que o Nathan queria dizer, na verdade, era que não iria conseguir ficar sem falar com ela, não porque ele usaria ela pra não ficar maluco, mas que passar tanto tempo com ela vivendo de silêncio, seria um desperdício de oportunidade, porque um poderia aprender muito com o outro. Mas o fato de ter lembrado de Wilson e a necessidade de conversar, como se fosse um argumento que não precisasse de explicações a mais, fez com que tudo se embolasse naquele cérebro cheio de testosterona. E, ah, ele apenas soube que ela estava com raiva porque felizmente ele sabe captar bem as expressões faciais.

"Interesseiro e egoísta." Lara pensou dentro da sua medíocre barraca. "Não bastasse ter tido a completa idiota ideia de usar o taser naquele cara, ele fez com que a gente caísse aqui, destruiu o artefato, estragou tudo... E agora fica falando 'oh, você não quer provar a banana assada' 'seu pai nunca te disse isso?' 'eu preciso de você pra ser meu Wilson'" Lara pegou a faca militar que estava no short e começou a atarraxá-la no chão. Infelizmente, havia perdido suas pistolas quando elas caíram no mar. "Eu espero que você realmente fique maluco e pise num peixe-pedra e morra, Drake".

E então, Nathan apareceu na entrada da barraca e disse após se abaixar:

- Ei, moça, me desculpa pelo que disse e... – ele olhou para a faca na areia – por que colocou a faca na areia?

- Porque a vontade era de enfiar em você.

- Ôh... De qualquer forma, deixa eu te dizer uma coisa: eu lamento muito por ter feito aquela coisa redonda e amarela chinesa com mais de 4 mil anos ir aos mil pedaços antes de cair no mar – Drake passou os dedos pela testa – me desculpa por ter feito você ter perdido suas armas e por estar naufragada. Mas vamos pensar pelo lado negativo.

Lara já se sentiu cansada das bobeiras de Nathan antes mesmo que ele começasse a falar. "Pensar pelo lado negativo, lá vamos nós.".

- E se isso fizesse a gente morrer? E se criasse uma competição sem fim entre a gente depois que estivéssemos na Inglaterra? Pensar nesse lado negativo é a coisa mais positiva que temos pra pensar agora. E bom, saiba que eu não vou desistir de termos uma relação mais amigável, porque... Bom, não sei dizer o porquê, mas não é por conta da teoria do Wilson. Não estou te usando, nem nada. Eu só realmente não quero esse tipo de coisa entre a gente se tivermos que morrer aqui, certo? Ou no tal barco em alto mar. Estamos nessa ilha já tem um tempo. E eu achei que haveria uma equipe de resgate no segundo dia, sei lá. Mas o que quero dizer de importante é o seguinte – ele desviou o olhar rapidamente pra areia da praia e voltou a olhar para Lara – com toda sinceridade, se eu pudesse voltar no tempo e pudesse prevenir a destruição do artefato, eu realmente faria isso por você. Eu sei que dei o exemplo do "pensar pelo lado negativo", mas mesmo assim... Eu realmente estou arrependido pelo meu ato irresponsável e inconseqüente. Só me perdoa, por favor.

Nathan então se afastou dali antes que Lara pudesse responder. Olhou para a bote salva-vida que havia sido severamente furado e agora servia como cama para eles. Haviam feito uma semi-barraca para servir de teto para o bote, apesar de Lara ter insistido em fazer uma barraca particular, que era onde ela estava agora, apenas para um momento de privacidade. "Ela pode até não me perdoar, mas eu não vou parar de falar com ela do jeito que ela ta fazendo". De repente, nem Nathan sabia por que estava pensando aquilo. Parte dele queria que tudo estivesse bem, e parte dele queria seduzi-la, mas parte dele queria implicar com ela por ela ser tão teimosa. Porém Nathan sempre achou divertido o desafio de fazer uma mulher com raiva voltar ao normal, através de mimos. E ele iria fazer coisas para se redimir pelo incidente do avião. Para Nathan, o caminho da bajulação era o caminho mais rápido para que tudo ficasse bem. Mas como bajular uma mulher quem nem era nada dele? Se ela ao menos fosse a namorada dele, ele pegaria aquela flor branca que achou de manhã (e que frustrantemente não tinha cheiro algum) que ficava um pouco mais pra dentro da ilha. Mas bajular uma "estranha" teria que ser com coisas mais sutis, e com menos valor de bajulação, como uma flor. Então, como um homem criativo que é, pensou na solução: "Vou pescar de lança pra ela amanhã".


Num outro dia, as coisas já estavam melhor. Nathan, com sua criatividade doida, tentou fazer um café da manhã (que não fugia muito do cardápio que eles haviam comido desde então). Aquelas mesmas frutas... (coco, banana, tangerina e manga).

- Obrigada pelo seu esforço – Lara disse enquanto se sentavam ao redor daquela fogueira acesa da praia. A hora era mais ou menos 7 da manhã. E enquanto comia, Lara disse: - Sinto falta do Winston. Queria saber se ele está bem.

- Quem é Winston? É seu irmão? – Drake perguntou.

- Não, eu sou filha única.

- Ah, é? Bom, o lado bom disso é que eu não terei cunhados raivosos me ameaçando... Você sabe como é – ele riu enquanto coçava a barba – Mas quem é Winston?

- Ele é meu mordomo – Lara disse meio incrédula por aquela demonstração de confiança de Nate - Ele tem idade pra ser meu avô. E você é bem convencido pra repetir o tempo todo que vou ser sua, ou qualquer coisa parecida.

- É que eu tenho um senso de humor terrível e, sinceramente, eu nunca me encontrei numa situação dessa, de ficar naufragado numa ilha com uma mulher. Então se eu parecer um pouco fora de si, bom, isso não me espantaria. Mas enquanto a seu pai e sua mãe?

Lara demorou um tempo para falar. Passou um grande tempo acreditando que a mãe estava morta, outra parte apenas como desaparecida. Foi parar em Avalon através daquele portal, sabe-se lá o que aconteceu durante o momento que conseguiu ficar viva depois disso. E pouco antes de Lara tentar impedir Natla de acordar a serpente de Midgard, foi obrigada a atirar no corpo da mãe (visivelmente morto) com a substância Eitr, a qual fez com que o corpo ganhasse um tipo de "vida". E enquanto ao pai, por muito tempo foi considerado desaparecido, mesmo não tendo sofrido o mesmo acidente que Lara sofreu com a mãe. Ela resolveu resumir dizendo:

- Eles morreram num acidente de avião.

- Lamento por isso. Mas se serve de consolo, eu não tive uma infância fácil - agora Nathan tentava desenhar a bandeira dos Estados Unidos na areia com um pedaço de graveto. - Eu, praticamente, tive uma vida de órfão. Não demorou muito pra eu entrar pra essa vida de... - ele hesitou e olhou pra Lara, e voltou a desenhar na areia - deixa pra lá.

- Então você não é arqueólogo?

- Eu? - ele riu - Eu nunca fui pra faculdade, se é isso que quer saber. Só tive um bom mentor. Por quê, você é?

- Sim, e meu pai também era. Lord Richard Croft.

- Uh, espera aí. Lord Richard Croft?! - ele fez uma cara de surpreso.

- Sim, ele mesmo!

- Nha - ele fez uma leve careta - nunca ouvi falar - e então esperou Lara ficar nervosa.

Lara nada disse. Deu um sorriso completamente forçado.

- Você deve ter uma casa bem bonita, pra ter mordomo e um pai com título de Lord. Deve ter tido uma vida melhor que a minha - e terminou a frase num tom triste.

- Winston, na maior parte, foi minha única companhia. Ainda mais quando meus pais... - e Lara quase disse "desapareceram", mas hesitou.

De repente, Nathan se sentiu como no filme "A Dama e o Vagabundo".

- Lamento ouvir isso. Mas, então, conte-me mais sobre o seu mordomo.

- Ah, ele é velho, mas é bem em forma. Se eu fosse você, teria medo dele. Ele consegue ficar horas trancado no freezer.

- O que? - ele perguntou assustado - Por que ele se tranca no freezer?!

Lara apenas deu uma gargalhada.


Passou-se mais um dia de mais trabalho e tédio. Nathan tentava descontrair tudo aquilo com brincadeiras fora de hora. Às vezes, as piadas realmente tinham graça, mas às vezes Lara desejava só estar em casa ouvindo Schubert e nada mais. Às vezes, Drake fazia comentários sobre o sotaque inglês de Lara. "Adoro quando os ingleses querem rebaixar alguém. Parece que eles estão usando a forma mais antiquada do inglês pra algo tão simples como xingar. É hilário" ele disse para Lara quando ela tentou insultá-lo sobre as constantes besteiras que ele fala. E então, Lara resolveu comentar sobre o sotaque americano. E, de repente, lembrou do Larson, aquele cara loiro e caipira que apareceu no seu caminho em algumas parte da vida dela.

- Ele era bem caipira e idiota. E trabalhava com as piores pessoas – ela fez uma pausa e então começou a imitar Larson – "Miss Jacqueline Natla does! From Natla Technologies.. You know, creator of all things bright and beautiful", é assim que ele falava.

- Como é? Pode repetir essa imitação? - Nathan perguntou enquanto os dois tentavam caçar siris na praia à noite. Lara repetiu a imitação de Larson e Nathan desatou-se a rir - é a melhor imitação de um caipira americano por uma inglesa. O que aconteceu com ele? Foi seu namorado?

- Não, ele era meu adversário, uma pedra no sapato. Sempre trabalhando com pessoas erradas. Eu tive que matá-lo, infelizmente - e então Lara fez uma cara triste. Matar nunca era algo que Lara gostava e isso sempre a deixava perturbada um pouco.

- Por quê? O sotaque dele te irritava?

- Não... - e então ela riu.

- Pode dizer que foi isso. Se você fosse chamá-lo pra tomar xerez, ele iria começar a contar aquelas histórias de atirar em jacarés no rio, com o sotaque pior ainda. Os ingleses não querem churrasco ao som de Willie Nelson na hora do chá, né?

- Desse jeito, você está jogando um preconceito pra cima de mim. Eu não sou assim.

- Sério? - Nathan endireitou as costas fazendo alguns exercícios pra coluna - só imagine ele na sua casa.

- Ele iria querer roubar a minha casa...

- Na, na... To falando do churrasco ao som de Willie Nelson.

Lara ficou um tempo calada e então disse:

- Você tem razão - e começou a rir - eu não iria querer um churrasco ao som de Willie Nelson na minha mansão.

"Uh, mansão..." Nathan pensou rapidamente, um pouco espantado por ouvir essa palavra.

- Irra! - Nathan gritou ao enfiar uma lança num siri - Hoje, teremos um jantar diferente.


O tal barco de fuga ainda estava longe de estar pronto. E a idéia de Drake era que eles fizessem uma visita para o centro da ilha, já que eles estavam se limitando à orla da praia. Lara concordou com a idéia, apesar de não estar com tanta vontade.

Ouviu Lara falar sobre as mais loucas histórias. Um tal de "Scion" e seus deuses da antiga "Atlântida", uma tal adaga de Xian, um tal Dr. Willard, que queria tomar posse de pedras do espaço que faziam mutação nas pessoa... Von Croy, o arqueólogo mentor com quem já teve momentos bons e muitas desavenças.

- A senhorita realmente tem muitas histórias interessantes e politicamente corretas - ele disse enquanto usava uma faca para cortar folhas grandes na trilha que estavam fazendo - Mas eu tenho uma coisa interessante pra contar também - Antes que Nathan começasse a falar toda a enrolação sobre El Dorado, ele resolveu começar com uma ostentação e disse - Sir Francis Drake é meu ancestral.

- Espera aí, Sir Francis Drake? O famoso Francis Drake? – ela tentou usar sua melhor expressão de surpresa

- Esse mesmo, docinho.

- Desculpa, nunca ouvi falar – disse com indiferença.

E então, Lara se vingou de Drake. Apesar do falso entusiasmo, Lara sabia mais ou menos quem era Francis Drake.

- Como assim não conhece Francis Drake? Do Estreito de Drake! - ele tentava fazer com que ela lembrasse de algo - Nunca gostou das histórias das grandes navegações?

- Desculpa.

- Estreito de Drake, aquele entre a América do Sul e a Antártida, super perigoso... Bom, de qualquer forma, ele era inglês e um sir. Eu acho que seu mordomo Winston iria gostar disso e me convidaria pra um chá na sua casa... Bom, eu preferiria uma cerveja, mas aceito tomar um Earl Gray em terras inglesas.

- Você pode chamar Winston para um encontro, eu acho mais fácil - Lara disse ainda sem parar a caminhada.

- Ah, muito engraçado. Você entendeu o que quis dizer. Seu mordomo é o único que pode tentar convencer você a enxergar nobreza em mim, já que essa ilha não ajuda muito. Eu só quero pode sair dessa ilha antes que minha barba cresça uns 10cm. Você sabe... - ele fez uma pausa - eu não quero aparentar um mendigo.

- Que vaidoso.

- Mas não se preocupe contigo, docinho. Eu vou gostar de você mesmo com o cabelo pra cima e com as perninhas peludas.

Lara parou a caminhada e ficou parada olhando para ele. Ele tentou segurar o riso, mas não conseguiu.

- Desculpa, querida - ele disse sério - achei que seria um elogio.

Lara quebrou um galho de uma planta mais próxima dela com uma faca e, em seguida, começou a bater nele. Ele, claro, começou a proteger a cabeça no instinto de sobrevivência. "Ei, ei, ei, me desculpa" ele dizia tentando se defender. E Lara, frustrada, apenas o atingiu com o galho porque não queria ser completamente violenta com aquele ser. Ela sabia que poderia entrar numa briga com ele e dar dois belos socos na barriga, ou um bem dado naquele rosto quadrado dele.

- Você é insuportável - ela disse.

- Ok, me desculpe, mas não me bata com isso de novo, por favor.

- Eu prefiro que você fale quando tiver o direito de falar.

- Ué, quando isso virou "O Senhor das Moscas"? Eu não quero ser o Jack.

Lara franziu a testa, pois não estava familiarizada com "O Senhor das Moscas".

- Nunca leu o senhor das moscas? Enfim, é uma história de uns meninos naufragados numa ilha, e o principal tenta manter democracia na ilha. - Drake parou para descansar as costas numa árvore e então Lara fez o mesmo. - E nas assembleias, quem fala é quem tem uma concha... Enfim, não vou dar muito spoiler porque tem gente que não gosta.

- E eles conseguem sobreviver a ilha?

- Sim. Bom, isso me fez lembrar uma coisa que queria ter te dito alguns dias atrás. Eu queria te dizer que a maioria das historias de naufrágio tem final feliz. Então eu prometo a você que sairemos daqui. Vamos ser Robinson Crusoé e Sexta-feira ok?

- Eu espero que não. Robinson ficou preguiçosamente numa ilha por 28 anos. Ele só fugiu porque roubou o navio de um pirata que invadiu a ilha dele. Ele é o náufrago mais preguiçoso de todos. E Sexta-feira foi um índio que ele adotou como filho

- Oh... – Nathan sentiu-se levemente envergonhado e sem reação - É que esse livro eu não li, sabe?

- Eu percebi.

- Como nossa ilha não tem nenhum vestígio da "Ilha Misteriosa" do Julio Verner, podemos fugir como o Tom Hanks no "Náufrago" ou sermos resgatados como no "Senhor das Moscas". Relaxa, vai acabar bem. – e ele deu um sorriso confortante.

Nathan chegou a pensar em fazer uma comparação de Chloe com Lara, mas achou melhor não. As mulheres odeiam ser comparadas uma as outras. E sempre quando fazia, tinha sempre aquela sensação de andar na corda bamba nesses momentos.

A chuva começou a cair, e Drake tentou improvisar um guarda-chuva super sem graça, feito com folhas grandes presa num pedaço de madeira. Para a surpresa de Lara, Nathan deu aquele mísero guarda-chuva para ela, alegando que não queria que ela ficasse resfriada. Lara aceitou com um pouco de incômodo. Mas não demoraram muito pra encontrarem uma caverna e entrarem.

Se havia uma coisa que desconcertava um pouco Lara era a dualidade de ser independente e uma leve vontade de querer alguém. Coisas completamente diferentes. Por ser rica, sempre teve problemas de confiança com muitas pessoas, inclusive homens. E passou tanto tempo aprendendo ser uma mulher forte e independente, que era como se aquilo criasse um tipo de falta de vontade de procurar ter alguém quase sempre. Usar a sensualidade nunca foi problema para Lara, mas se abrir emocionalmente sempre foi. Definitivamente, o medo da decepção falava mais alto. Como resultado, criava um muro invisível ao redor dela.

Lara se lembrou do momento que viu Nathan pela primeira vez, ainda em solo vietnamita. Os dois estavam naquele restaurantezinho barato pra uma reunião com uma pessoa em comum. Para Lara, sentia o peso do heroísmo mundial nas costas antes mesmo de saber o completo teor da reunião. Para Nate, mas uma oportunidade de ganhar dinheiro que talvez envolvesse muita dor-de-cabeça e que testaria sua honestidade: o anti-herói.

Mas naquele tempo que usaram pra conversar no restaurante, Lara sentiu um pouco de atração por Nathan. Fez alguns julgamentos mentais como "A boca poderia ser mais bonita", "O nariz poderia ser mais fino", mas ainda sentiu um tipo de magnetismo físico e nada mais do que isso. Sim, era bonito, mas nada que fosse tirar a atenção de Lara em "resolver o que tinha que resolver e voltar para a gigantesca casa".

Por outro lado, Nathan sentiu completamente atraído pela beleza dela, o sotaque, a voz, etc. Cogitou se Lara poderia ser um tipo novo de affair do trabalho. "Quanta areia pro meu caminhão", pensou. Mas mesmo sem saber ao certo que Lara era arqueóloga, pode perceber que a moça era politicamente correta.

Mas somente ali, naquela caverna, esperando a chuva forte passar, segurando uma tentativa de guarda-chuva, que Lara foi olhar Nathan com outros olhos. Era como se ela estivesse enxergando pontos em comum que pudessem servir de justificativa para ter algo com ele.

- Eu vou tentar pegar água para nós - ele disse ao colocar duas metade de um coco no chão, no lado de fora da caverna.

Voltou com a camisa (que era originalmente branca, mas agora estava suja, manchada de marrom e cinza) molhada. Lara percebeu que podia ver um pouco do abdômen dele pela camisa molhada, mas preferiu olhar para o pescoço e o rosto. Percebeu a barba que crescia e as gotas de chuva que haviam se espalhado pelo rosto. Mas quando olhou para o guarda-chuva de novo, pensou na possibilidade de pensar em Nate de uma forma mais emocional. "É apenas educação, eu preciso pensar assim. Mas e as constantes cantadas? O que elas significavam? O que pensar então do apelido carinhoso? Sexo, claro. Ele só quer sexo... Aliás, não haverá motivos para acreditar nele novamente quando saímos da ilha (e se saímos)" Lara pensou, e preferiu pensar assim, pois o realismo puxado pro pessimismo era sempre o caminho mais fácil.

Porém, por um momento, chegou a fantasiar uma coisa louca. Imaginou-se visitando o Egito com Nathan, sendo os dois uma dupla a serviço. E então num hotel, Nathan sairia do banheiro com uma toalha enrolada na cintura, e teria uma outra toalha pendurada no ombro, ou ao redor do pescoço. E enquanto Lara estivesse distraída, Nate iria abraçá-la por trás e a beijaria na nuca enquanto soltasse alguma piadinha idiota, como sempre. "Ok, esse foi o tipo de coisa mais estranha que imaginei enquanto pisei nessa ilha." pensou Lara.

Quando Nate começou a contar uma historinha de chuva, da sua infância, Lara não prestou atenção em quase nada. Apenas ficou olhando para os olhos dele, meio que tentando reparar na beleza, meio que tentando descobrir se valeria a pena abaixar a guarda pra ele.

Estava anoitecendo e a chuva ainda não havia acabado, porém estava mais fraca.

- Ah, merda... Vida de náufrago é um saco, meu Deus. Eu só quero o colchão da minha casa agora – Nathan disse com os olhos fechados, quase choramingando. E então, pegou uma pedra qualquer que estava perto de onde estava sentado e começou a fazer alguns desenhos, raspando o musgo na parede da caverna.

- O que você tá fazendo? Você vai escrever alguma coisa? – Lara perguntou enquanto tentava ver a cena sem sair do lugar.

- Não... Tô só tentando ver se consigo desenhar aquele cara da revista Mad. Bom, se eu não conseguir, eu vou tentar a desenhar a mim mesmo... – E enquanto se concentrava no que estava fazendo, começou a sentir uma forte goteira cair sobre seu rosto. Fechou os olhos rapidamente e disse: - Ah, merda! Eu não consigo ter um descanso nesse lugar.

Nate se afastou dali e tentou ficar o mais próximo do fundo da caverna, que não era tão grande assim.

- Eu acho que a caverna disse "não" para o seu desenho – Lara deu um riso reprimido.

- Muito engraçada. Eu acho que cavernas não apreciam o moderno. Talvez eu devesse desenhar um bisão.

- Ou você mesmo, como havia dito.

- Ah, é verdade - Nate tateou a parte interna da caverna mais próxima a ele e resolveu fazer outro desenho , desta vez dele mesmo. Fez um círculo e adicionou 5 riscos acima. Fez um retângulo. Depois, fez uma espécie de calça e os membros. Tentou fazer os olhos, mas apenas conseguiu fazer 3 traços no rosto. Quando parou para analisar, fez uma careta e disse: - Que merda; parece um desenho de uma criança de 5 anos.

- Então está certo.

- Muito engraçada, você – e então ele deu um sorriso forçado. - Só por isso, vou desenhar você também. – Nate fez um círculo, dois retângulos, os membros e fez 4 traços que iam da cabeça até os pés.

- Meu cabelo não é tão grande assim! – protestou Lara.

- Faz parte exagerar alguma coisa em desenhos de caverna, querida.

- Seu boneco parece um palhaço.

- Whoa, whoa, nem diga isso!

- Por que não?

- Eu odeio palhaços. Eles são... assustadores – e então ele escreveu "torturadora de mordomo" de forma bem pequena ao lado do desenho de Lara.

- Ei, com licença! – Lara se exaltou – Torturadora de mordomo?

- Ah, foi só uma piada.

- Eu espero que você sonhe com palhaços invadindo essa praia hoje.

- Ei, que maldoso isso – ele disse um pouco assustado só de imaginar em sonhar com palhaços. Ele então rabiscou a frase que havia escrito na parede com a pedra mesmo. – Melhor agora?

- Sim – e ela sorriu.

Nate estava com o rosto sujo já, e o cabelo de Lara contava com mais frizz do que ela já pode ter na vida. Os dois ficaram um pouco sem assunto, apenas trocando expressões de pequenos sorrisos um para o outro. A grande verdade é que Nate havia aprendido muito em tão pouco tempo. Lara era uma mulher sensacional e conhecê-la fez com que ele tivesse consciência de coisas inimagináveis. Aquela velha frase: "Quando pensei que já tinha visto de tudo". Mas o que mais chamou atenção de Nate foi ver as mais diversas habilidades de Lara uma atrás da outra, antes mesmo de naufragarem. O jeito como Lara luta, o jeito como Lara atira, o jeito como Lara escala algo... "Parece que essa mulher é pau pra toda obra" foi o que ele pensou logo após Lara escalar uma construção abandonada no Vietnam. Antes do naufrágio, até que Nate manteve muito sua compostura com Lara, tanto por respeito, tanto por não conhecê-la direito. Mas o short que ela usou fez com que ele admirasse as pernas dela mais do que ele adivinharia.

Nate então resolveu falar sobre a sorte daquela ilha não ter piratas, ou algum tipo de tribo canibal. E ainda falando sobre piratas, começou contar um pouco de suas histórias para Lara.

Anoiteceu completamente e a única coisa que trazia luz para os dois era a tocha que Nate havia trago na mochila. Ele se aproximou de Lara, sentando-se ao lado dela, pois enxergá-la do lugar que estava era um pouco difícil.

O tempo foi passando e as conversas ficavam mais nostálgicas. Nate contou mais sobre sua infância e Lara contou a verdade sobre sua mãe. Ela pediu desculpas por ter mentido anteriormente. Ele a desculpou, e ela descansou a cabeça no ombro dele.


Tiveram que passar a noite na caverna. Agora que eles saíam dela na parte da manhã, Nate e Lara haviam entrado no assunto de esgrima. E como ela queria provar para ele que entendia também daquele assunto, desafiou-o para uma luta com galhos. "Ela vai acabar comigo" ele pensou enquanto arrancava um pedaço de galho para a tal batalha, já se arrependendo daquilo.

- Você sabe que eu não bato em mulher, né? – ele disse numa tentativa de fazer com que ela mudasse de ideia – Ei, eu acho que vou escalar aquela árvore bem ali...

- Sim, eu sei. Mas você não vai a lugar algum no momento.

- Por acaso você faz tecelagem embaixo da água? Toca alaúde em cima de uma corda bamba? Porque eu não consigo imaginar uma coisa que você não possa fazer.

Os dois se preparam com seus devidos galhos e a luta começou. Em 5 movimentos, Lara posicionou o galho entre o pescoço e o ombro dele..

- Ok, eu estava distraído. É a falta de café, sabe? – ele disse.

Mais uma vez, ela o atacou. Ele conseguiu defender bastante movimento dela, mas acabou levando uma batida na bunda com o galho dela.

- Oh... você é safadinha.

Lara o atacou novamente. E pela surpresa dele, ele conseguiu acertar um golpe nas pernas dela, fazendo com que ela soltasse um "ai".

- Eu peguei o jeito! – ele disse animado, dando pulos laterais.

- Sorte de principiante.

Lara teve 7 golpes defendidos, mas conseguiu posicionar propositalmente o galho entre as pernas de Nate, quase na altura da virilha.

- Whoa, whoa, whoa... Eu não acho que isso faz parte das regras.

- Você tem razão – e então Lara puxou o galho de volta para a posição inicial e logo depois desferiu um golpe leve na lateral da barriga dele, que fez com que ele soltasse um "ai".

- Eu acho que já está bom por hoje, né? Considerando que já estou hipoteticamente com a bunda sangrando, o pescoço sangrando, as bolas caídas, a lateral do corpo sangrando... Já dá uma morte feia e sem dignidade alguma - ele riu.

- Sabe o que é engraçado? É que eu estou completamente enferrujada nisso. Faz anos que não luto assim.

- Além de hipoteticamente matar alguém, ela ainda esnoba – ele mexeu com a cabeça de forma negativa.


Durante a caminhada, eles ouviram um som de cachoeira e passaram então procurá-la. Quando acharam, Nate gemeu de felicidade. Retirou os pedaços de coco que havia colocado na mochila que carregava.

- Você quer água, querida? - ele perguntou enquanto pegava água.

- Sim, por favor.

Lara e Nate beberam da água, e agora encaravam a queda d'água.

- Eu realmente preciso tomar um banho aqui – disse Nathan.

Deixou a mochila perto de Lara. Tirou a blusa encardida e pulou na água.

- Marco!

Lara nada disse. Apenas olhava a situação.

- Você tem que dizer Polo!

- Pra quê?

- É uma brincadeira de criança, poxa. Você diz Polo e eu tento te encontrar...

Lara revirou os olhos. E então Nate concluiu que Marco Polo não era a brincadeira preferida das mulheres.

- Marco! Ah, vamos lá... Marco!

- Polo – Lara disse com os braços cruzados.

Nathan fechou os olhos e fingiu não saber onde ela estava.

- Assim fica difícil te encontrar se você fica dando voltinha fora da água, querida – e riu.

Lara preferiu não dar muita atenção para Nathan tomando banho naquele lugar. Quando ele tomava banho no mar, sempre reclamava de alguma concha, de ter pisado em alguma coisa, de estar com a pele salgada... Mas agora ali naquela cachoeira, ele parecia um daqueles mendigos que quando vê um chafariz público, vai logo tomar banho nele.

Ela posicionou a mochila em cima de uma pedra, e resolveu dar a volta na orla da cachoeira, se aproximando um pouco da água que caía. Ouviu Nate elogiar alguma coisa sobre a cachoeira, mas nem deu atenção. Apenas sentou-se na beirada e pegou um pouco de água na mão para limpar o rosto.

- Essa água tá gelada! Não sei como você conseguiu entrar assim tão rápido.

Lara então passou a procurar Nate apenas com os olhos, mas não o achou. Olhou preocupada ao redor e o chamou algumas vezes. De repente, ele surgiu na superfície dizendo "peixe fora da água!" e a puxou para dentro da água. Ela afundou um pouco, mas voltou à superfície um pouco ofegante, tanto pelo susto, tanto pelo choque térmico que levou por sentir a água tão fria. Todo seu cabelo ficou grudado na cara e ela tentava tirar pacientemente.

- A água não está tão gelada assim, né? Você não poderia ficar sem entrar aqui.

E então, ela olhou séria para ele e pulou com as mãos na cabeça dele para afogá-lo. Ela reclamou que a água realmente estava fria enquanto ele estava naquela tentativa de afogamento. Quando ele voltou, apenas ria um pouco. Apertou os dedos nos olhos para tirar a água e apenas se desculpava por aquela brincadeira. Ela se aproximava da pedra mais próxima, que servia como uma borda da cachoeira.

Lara mergulhou rapidamente só para ajeitar o cabelo, e ele realmente ficou com uma aparência melhor. Os dois ficaram sem assunto e um clima começou a rolar.

Nathan olhou para Lara e admirou a beleza dela. Ela tinha um olhar muito bonito, bem diferente; porque o olhar de Lara sempre tinha uma áurea de palavras ao redor. Era como houvesse um conjunto de pensamentos que fazia com que ele tentasse adivinhar o que ela estava pensando naquele momento, porém era só uma impressão. Ele deixou soltar um sorriso rápido e disse enquanto se aproximava dela:

- Você uma vez me disse que já tinha pulado de uma cachoeira maior que essa, não sei porque tá reclamando tanto dessa – e agora Nathan estava a uns 20cm de distância dela.

- Sim, eu pulei – ela começou a sorrir. E quanto mais ela sorria, mais Nate também sorria sem perceber – ninguém me puxou, entende?

- Desculpa por isso, senhorita.

Ele se aproximou e encostou os lábios nos dela. Rapidamente, ele posicionou a mão levemente na lateral do rosto dela. Antes que Lara pudesse se aproximar do corpo dele, ele a empurrou gentilmente para encostar na pedra que estava atrás. E só após isso, Lara sentiu Nate encostar seu tórax no dela e suas mãos segurarem sua cintura mesmo embaixo da água.

Ela estava com os braços na altura dos ombros dele de forma um pouco desajeitada, como resultado do ato inesperado do beijo. E, então, Nathan interrompeu o beijo por um instante, mesmo estando com o rosto perto do dela. Apesar da moça ter correspondido o beijo logo de primeira, ele queria ter certeza de que ela realmente queria fazer aquilo. Mas Lara não quis perder tempo analisando aquela situação e o puxou novamente para beijá-lo.

Os dois continuaram se beijando, porém agora o beijo tinha um ritmo mais agitado. Lara deslizou a mão direita pelo pescoço, dando leve arranhões. Enquanto que Nathan achava engraçado acariciar uma mulher com a lentidão dos movimentos embaixo da água. Levantou com a ajuda da água a blusa dela e passou as três pontas dos dedos pela curva da cintura, fazendo com que Lara ficasse automaticamente arrepiada. E com as mãos ali, ficou em dúvida se as levantavam até a região dos seios dela, ou se as desciam até a bunda. Mas pensou com cuidado e preferiu não se precipitar e fazer com que ela se espantasse com alguma coisa, como por exemplo, um homem naufragado e necessitado.

Eles interromperam o beijo por uns instantes para respirarem um pouco. E antes que ficasse silêncio por muito tempo, Nathan disse:

- Eu estaria mentindo pra você se eu dissesse que não queria fazer isso há muito tempo.

- É mesmo?

- Sim, é verdade – ele encostou levemente a testa dele na dela - Só estava começando a ficar difícil esconder isso.

- Eu também fiquei curiosa. Acho que foi resultado daquela pesca com lança, que você amarrou a camisa na cabeça e ficou completamente ridículo – e então ela gargalhou junto com ele.

- Esse estilo faz parte do Naufrágio Fashion Week, não sabia disso?

Nathan segurou o rosto de Lara com as duas mãos e começou a dar um beijo de língua. Lara sentia a maciez da língua dele e da barba que crescia, e isso mexeu com a libido dela, fazendo-a ter uma sensação única na barriga. Lara já sabia que em pouco tempo já ficaria excitada mais rápido que ele. Ou pelo menos era o que ela estava imaginando. Decidiu que não queria ficar ali, com metade do corpo pra dentro e outra metade para fora da água, e resolveu arranjar uma desculpa sutil para saírem da água.

- Você não está com fome? – ela perguntou.

- Hum... sim... Por que? Você quer comer agora?

- Eu quero.

Nathan sentiu um desânimo em se afastar dela, mas não demorou muito para que os dois se afastassem e escalassem as pedras. Quando Nathan ia se aproximando da mochila que Lara havia deixado em cima de uma pedra, ela o puxou pelo braço. E antes que ele falasse algo, os dois já estavam beijando novamente. Ele achou graça daquela situação por algum motivo. Talvez porque não imaginaria Lady Lara Croft fazendo esse tipo de coisa. E agora fora da água, ele pode se sentir mais a vontade com aquilo tudo. Esticou as duas mãos para o traseiro da moça e o apertou. Teve a idiota idéia de carregá-la segurando sua bunda até encostarem-se a uma parede. E em poucos segundos, seu senso de localidade voltou e lembrou-se que não havia uma "parede" ali. "Ah, merda" pensou. Teria que deitar com a moça ali naquele chão mesmo, ou então eles poderiam ir para aquela caverna com desenhos no lodo. Ou eles poderiam andar o caminho todo até a praia e fazerem o que tiver que fazer na bote/cama. Nathan abriu os olhos rapidamente enquanto beijava e investigou o chão. "Deitar aqui é pedir pras formigas participarem de tudo ou ter uma alergia de capim" pensou.

- Pensando bem – ele dizia de um jeito que não interrompesse tanto o beijo – eu quero tomar um café-da-manhã mesmo, mas só na praia. O que você acha?

- Eu acho uma ótima idéia.

E por um momento era como se aquilo fosse a resposta de algo simples: convivência. Às vezes, um pouco de convivência pode mudar muito o relacionamento de duas pessoas. No caso de Lara e Nate, eles apenas precisavam de um tempo para conversarem sobre si e descobrirem o quanto eles possuíam uma química inigualável.


Apesar de Nate sempre ter um pensamento mais cômico que Lara, desta a vez até a moça se rendeu para as piadas mentais. "Não bastasse estar completamente destruída, mal arrumada, cabelo embaraçado, roupas encardidas, terem andado na mata de novo, terem acendido a fogueira de novo, terem comido as mesmas refeições da ilha. O momentinho de sacanagem seria num bote rasgado com um teto de folhas, não é verdade?" ela pensou enquanto fazia bastante esforço para não rir do próprio pensamento.

Quando Nathan e Lara estavam deitados na tal "cama", apenas o teto de folhas dava a sensação agradável de não estarem se agarrando sob a luz do sol. E em pouco tempo, Nathan estava segurando os seios dela. Daquele momento, ele saberia que não haveria mais como segurar sua excitação. Sentiu seu órgão sexual ficar cada vez mais rígido.


Eles estavam refletindo se fariam sexo sem camisinha naquela ilha, então ficaram apenas abraçados e conversando sobre muitas coisas com direito a muitos carinhos, como: empurrar mechas de cabelo para trás, deslizar os dedos nas bochechas, deslizar os dedos pela barba, cruzar os dedos, beijar o dorso da mão...

Quando Nate ouviu um barulho estranho, ele saiu da "cama" para averiguar o perímetro. Não achou a fonte do barulho, mas quando ia voltando para a cama, parou os passos rapidamente ao olhar para o horizonte. Havia um navio a uns 7 ou mais kilometros da ilha. Começou a mexer os braços na tentativa que alguém fosse enxergar. Rapidamente apressou Lara para que ela saísse. E não demorou muito para que os dois ficassem completamente perdidos e desajeitados, tentando pular, ou fazer a maior fogueira que pudessem.

Lara se lembrou da arma de sinalizador que havia guardado consigo logo depois que o avião havia caído, e que não haviam usado antes reservar para momentos mais especiais como este. Estava claro, mas ela atirou mesmo assim. Torceu para que aquilo desse certo. E deu, pois eles foram resgatados naquele dia mesmo.

FIM


Quem chegou até aqui, muito obrigada por ter lido.

E, sim, a parte da cachoeira eu me inspirei naquela cena do Simba e da Nala no Rei Leão. rsss Enfim... Deixe o comentário de vocês.