Commedia
By Olg'Austen & Jodivise
Prólogo
1740
Ele realmente não saberia dizer como ali tinha chegado. Sim, atravessara o oceano no seu amado navio, que agora não era mais que um amontoado de destroços naquela praia. Sim, tomara como rota o mapa que seu pai lhe deixara e finalmente havia alcançado seu destino. Mas a que preço?
Jack Sparrow repetia essa pergunta para si mesmo desde que as brumas lhe haviam tomado o caminho, fazendo o Pearl se despedaçar. Mas, por mais que doesse, o que seria a perda do navio amado comparado ao que estava prestes a descobrir? Ali, diante daquelas ruínas caídas no esquecimento, onde a pedra cinza se misturava ao verde das heras que as contornavam, o velho capitão sentia o coração acelerar, seguindo pelo traçado daquele mapa.
O que quer que achasse lhe daria as respostas necessárias. O que acontecera com seu progenitor e qual seria seu destino. Cair no esquecimento como um simples pirata que aterrorizara os mares das Caraíbas durante mais de vinte anos, ou pelo contrário, a paga por todas as cicatrizes no seu corpo se reflectiria no tilintar da prata e do ouro, na magia de qualquer poder que o deixasse para sempre gravado na memória de todos?
Sumindo por uma abertura no chão, Jack acendera uma tocha, os olhos escuros como o mais delicioso cacau a mirarem os cantos àquele corredor gélido, onde o cheiro da humidade lhe atacava os pulmões. Mais metros ele teria de andar até chegar a uma sala onde uma mesa redonda se fazia. Sparrow lera os nomes gravados na pedra, admirando o trono que jazia num dos cantos, onde por detrás, grandes janelas mostravam o céu escuro daquele local mágico, onde outrora um grande reino prosperava e ainda hoje povoava o imaginário de todo o homem.
Se a raposa velha do Teague estivesse certa, Jack estaria a um passo de se tornar o homem mais poderoso do mundo, o mais rico e provavelmente viveria para sempre. Não através da imortalidade física, mas da imortalidade que grava os grandes personagens da história nas palavras que se perpetuam no tempo. O centro do mapa apontava exatamente para aquela mesa, mas Jack nada via. O cérebro tão afetado pelo rum dera um clique quando, ao espreitar por baixo, o moreno percebeu um alçapão se fazer visto.
Rastejando, Jack puxara da pistola, fazendo o odor a pólvora empestar o ambiente quando um tiro ecoara, assustando os pombos recolhidos na calha das altas paredes. Retirando o cadeado que fechava aquela entrada, Jack a abriu, encolhendo-se ao máximo para descer umas escadas. A madeira podre rangera ao primeiro movimento, quebrando e fazendo Jack rolar por esta abaixo, estampando-se de cara no chão em terra.
― Raios! ― Sparrow praguejara, sentindo o corpo doer com o impacto. Definitivamente, os tempos em que parecia feito de ferro maleável tinham acabado. A idade se prolongava e perto dos sessenta, Jack percebia tristemente que depois dos cabelos brancos entrelançados aos ainda castanhos nas suas rastas características e às rugas que a pele queimada do sol ostentava, se seguiria a inevitável morte.
Se colocando de joelhos, o pirata respirou fundo, pegando na tocha que ao chão quase se extinguia, enxergando melhor o novo local. Ao princípio lhe parecia a entrada de uma gruta, mas estranhamente, ao percorrer cambaleante o caminho que se mostrava entre teias de aranha, Jack percebia o ambiente quente, tão diferente da típica temperatura fria e húmida de grutas.
Parecia caminhar pelas entranhas de um qualquer vulcão, sentindo as gotículas de suor escorrerem pela testa coberta com a sempre bandana vermelha. Ajeitando o tricórnio à cabeça, Sparrow estancara quando, ao chegar numa nova sala um mundo novo se apresentara aos seus olhos. Aproveitando a luz natural que provinha de uma abertura no tecto onde uma queda de água se fazia, Jack largou a tocha, correndo para o recheio cintilante no meio daquela fonte.
Aqueles tesouros o fariam o mais rico do mundo conhecido, mas algo não batia certo. Na carta que Teague lhe deixara, ali jazia algo que o faria além de rico, poderoso. Mas o que, ele pensava, poderia torná-la tão importante? O nariz retilíneo do pirata coçara, fazendo Jack estancar. Sempre que aquela impressão se fazia, ele sabia que algo não estava certo. E disso ele teve certeza quando, a seus pés a terra parecia ter rugido.
Voltando-se, Jack entrou dentro daquela cachoeira quando percebeu o chão abrir-se e vapores infernais se libertarem dela. Arregalando os olhos delineados, Jack viu aquilo de que sempre fugira em vida. E se o inferno existia... Jack Sparrow tinha acabado de entrar neste...
XX Continua XX
N/As: RATED - T por conter teor adulto tal como violência e insinuação de sexo. Agradará tanto à "male slashers" quanto aos "não-slashers".
N/A- Olga : A idéia de se escrever essa fic surgiu há muito tempo, logo depois que iniciei uma antiga fic minha, "Bons Costumes" (continuação de "Maus Costumes"). Agradeço primeiramente à JodiVise por ter aceitado escrever comigo um gênero de história do qual eu sei que ela é especialista... Não é à toa que, na opinião de muitos e na minha própria, a Vi é a melhor escritora que há no quesito "pirataria"! XD Espero que gostem, leitores!
N/A - Vilma: Depois de uma história lindíssima a qual tive o privilégio de seguir até ao fim, a Maus Costumes, eis que surgiu uma a oportunidade de escrever com minha escritora favorita, a Olga. Espero que gostem desta história e que possam amar estes Oc's piratas tanto como os nossos amados piratas da saga de filmes. Espero que gostem leitoras e leitores e como sempre: Saudações Piratas!
