Título: Atalhos

Disclaimer: É tudo da JK. #chora num cantinho#

Avisos: Dumbledore sendo moralmente condenável. O título, mais uma vez, é culpa da N. Shibboleth. E amém a isso.

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Quando tinha dez anos, Remus Lupin não era muito impressionante. Era, talvez, pequeno demais para sua idade, com olhos grandes demais cor de café, cabelos castanhos claros, cicatrizes ainda frescas e uma magreza perturbadora. Parecia que a primeira brisa poderia carregá-lo.

No escritório de Dumbledore não entrava nenhuma brisa naquele dia, mas, como se para compensar, a cadeira onde o menino estava sentado tentava afogá-lo no veludo vermelho do acento. Seria uma visão quase engraçada se Albus não estivesse num péssimo dia, cheio de cartas do Ministério, Aberforth e magos das trevas em ascensão.

Os magos das trevas em ascensão – Tom Riddle para os ex-professores – eram a razão pela qual Remus estava ali. Ele era todo um achado numa época tão conturbada.

-- Seus pais me disseram que você gostaria de estudar magia, Remus. Quero que saiba que seria uma honra para Hogwarts te ensinar. E para mim também. – ele disse com um sorriso afável por trás de sua barba branca. Estaria mentindo se dissesse que o menino não lhe causava simpatia – assim como estaria mentindo se dissesse que simpatia já ajudara alguém a conseguir algo de um Dumbledore.

O garoto se remexeu na cadeira quase que imperceptivelmente, sem fazer barulho. Era típico de licantropos, assim como as cicatrizes e os dentes excessivamente brancos. Vestígios que felizmente quase ninguém saberia identificar, exceto seus iguais.

-- Eu acho... se não for perigoso... – Remus respondeu, e Albus teve q impressão nítida de que se dissesse não agora o menino começaria a chorar ali mesmo.

-- Nós tomaremos todas as medidas necessárias, é claro. E como esse segredo será mantido até dos professores, você terá de se esforçar muito nos estudos. Mais até que os seus amigos.

A menção da palavra amigos o rosto do menino se iluminou e ganhou um leve rosado nas bochechas. Como se tocado por um sopro de vida. Albus não tentou resistir ao impulso de afagar os cabelos dele.

-- Estaremos te esperando no próximo primeiro de setembro, Remus.

O garoto se levantou – na verdade, pulou para o chão, pois estivera balançando as pernas no ar durante toda a conversa – e foi em direção à porta com passos ligeiros e completamente silenciosos. Dumbledore se sentiu, de repente, demasiadamente cansado para acompanhá-lo.

Não foi preciso, no final. Remus abriu a porta, mas antes de sair, virou-se e perguntou num fio de voz:

-- Senhor... Professor Dumbledore, você se importaria se eu escrevesse para você?

Albus ajeitou seus óculos de meia lua, escondendo o brilho de seus olhos azuis do menino. Criaturas mágicas intuíam as coisas, não havia necessidade de dar-lhes pistas.

-- Eu estaria encantado, Remus.

Ele se foi com um sorriso de despedida. Dumbledore riscou "infiltrar um espião entre os lobisomens" de sua lista do que fazer para atrapalhar Tom e se concentrou em sua próxima tarefa.

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