Naruto não me pertence e a história é uma adaptação do livro "Vendido para o prazer" de Emile Rose.
Nossa tensa auditora está pronta para ser corrompida? Seu solteiro é o próximo.
Hinata Hyuuga engoliu o champanhe grátis com a graça de um estivador bebendo avidamente sua cerveja, na esperança de afogar as dúvidas que se acumulavam em seu interior. Deixou a taça na bandeja de um garçom que passava e pegou outra para criar coragem antes de encarar Ino e Tenten, suas duas melhores amigas e companhias no audacioso plano daquela noite.
Nunca me senti tão nua na vida. Jamais darei carta branca a vocês quanto ao meu armário outra vez. Até minha camisola cobre mais do que esse vestidinho.
Ela ajeitou a alça fina do vestido sobre o ombro outra vez, depois puxou para baixo a bainha curta que mal lhe cobria os quadris. Fugir pela porta dos fundos do clube lhe parecia cada vez mais interessante, mas Ino e Tenten jamais a perdoariam se fizesse isso. Por outro lado, foram elas as responsáveis por fazerem-na colocar um vestido que causaria um ataque cardíaco em seu pai caso ele a visse, então a opinião delas era suspeita.
Ino afastou suas objeções:
Você tem corpo para isso e vermelho fica ótimo em você. Não dê para trás agora, Hinata.
Um mar de mulheres escandalosas, quase histéricas, as cercava, dando lances nos homens que eram leiloados para fins de caridade, com a mesma ferocidade de tubarões famintos. Podia apostar que as paredes do salão do prestigioso Caliber Club nunca reverberaram daquele jeito antes. O pandemônio apenas aumentava suas dúvidas sobre o plano que as três elaboraram durante muitas margaritas.
Rezando por coragem e não a encontrando, Hinata respirou fundo e bebeu mais um gole de champanhe. O que dera nela para acreditar que poderia jogar fora trinta anos como moça certinha para dar um lance no solteirão mais cobiçado? Deveria ter começado com uma rebelião menor, mas não, escolhera pegar pesado na primeira tentativa.
Como auditora de contas da rede bancária privada de sua família, era cuidadosa por natureza. Tinha um emprego previsível e dirigia um sedã razoável. Era confortável seguir as regras, ter sua vida precisamente organizada e ascender profissionalmente aos poucos como sua mãe fizera.
Mas a pressão repentina para se casar para o bem da empresa abalou essa ascensão e fez com que Hinata se sentisse mais como uma mercadoria sendo permutada nas negociações de fusão entre a Hyuuga Bank & Trust e a Hyuuga Savings & Loan do que um ser humano.
Não acredito que deixei vocês me convencerem disso. Talvez eu não esteja pronta para esse tipo de homem "manche sua reputação". Talvez devesse escolher alguém um pouco menos... – Na falta da palavra certa, deu de ombros. Como poderia descrever o homem cuja foto no programa de leilão de solteiros lhe causara calor?
Gostoso? – perguntou Tenten com um sorriso malicioso.
Eufemismo do ano. Hinata assentiu.
O solteiro número nove subiu ao palco e o coração de Hinata bateu erraticamente. A multidão de senhoras normalmente honradas gritou, assoviou e bateu os pés calçados com sapatos caros. Se havia um homem que poderia tentar uma mulher a se arriscar a quebrar algumas regras, era aquele. Parecendo completamente à vontade sob os holofotes, ele lançou um sorriso desafiador e encorajou a plateia já descontrolada a fazer mais barulho, batendo palmas e mexendo os quadris ao som da música alta, como o artista que fora outrora.
O cara sabia como se mexer. Ela deveria admitir. Um arrepio percorreu-lhe a espinha.
A camiseta preta apertada se esticava em seus ombros largos, moldando um tórax bem definido e envolvendo-lhe os bíceps volumosos. Os jeans, gastos naqueles locais intrigantes, para onde deveria estar envergonhada de olhar, eram bem baixos nos quadris, e ele usava botas de caubói – algo que não se via com frequência na cidade portuária de Wilmington, na Carolina do Norte. Considerando que todos os outros homens que subiram ao palco antes dele vestiam smoking, o visual casual do dono do bar gritava renegado – coincidentemente, o nome de seu bar e a palavra estampada nas costas de sua camisa.
A pulsação de Hinata ressoava tão alto que mal podia ouvir a apresentação longa da mestre de cerimônias. Será que ela nunca tinha ouvido falar que "o silêncio vale ouro"? Se ela se calasse e deixasse que as pessoas olhassem para Sasuke Uchiha, seu trabalho estaria feito. Que mulher não desejaria ser carregada naqueles braços musculosos ou ser coagida por aquele sorriso safado?
Sinta o poder entre suas pernas: um mês de aulas de equitação e motociclismo. – Ino leu o programa em voz alta. – Hinata, se esse cara não conseguir mostrar o que você está perdendo, vou ter de conferir se você não está morta. Ele é exatamente o que você precisa para dissuadi-la da ideia louca da sua mãe.
Hinata engoliu o resto de sua bebida. As bolhas fizeram seu nariz arder e seus olhos lacrimejarem.
Ainda não estou convencida de que tem algo errado com a sugestão da minha mãe. Kõ é um cara legal.
Você não o ama e ele é chato – afirmou Tenten.
Mais eficaz que um sonífero – acrescentou Ino. – E ele é um fraco. Você seria o homem da relação.
E aquilo era um problema? O papel de mulher no comando funcionara para seus pais.
Amo vocês por se preocuparem comigo e entendo a preocupação, mas, logicamente, Kõ é uma boa escolha. Ele é estável, equilibrado e ambicioso, como eu, e é o único homem com quem já saí que entende as demandas da minha carreira e o tempo que ela exige. Podemos conversar por horas sem aquele silêncio estranho.
Ino bufou.
Sobre trabalho. O que acontecerá quando esse assunto se esgotar ou, Deus me livre, se você ainda estiver com ele quando se aposentar? Vai discutir créditos e débitos na cama? Conheço você, Hinata. Quando você se comprometer com um trabalho, ou um casamento, jamais desistirá. Esqueça a lógica pelo menos uma vez. Essa é sua última chance de perceber que pode e deve haver mais que conveniência em um relacionamento.
Última chance. A frase grudou na mente de Hinata. Sua última chance antes de concordar em se casar com Kõ Hyuuga – filho do dono do banco Hyuuga da família secundária pronto para se fundir com o de seu ramo da família – em uma união sensata, mas sem amor.
Ela se mexeu, inquieta. Certo, talvez suas amigas tivessem razão. Kõ não era o sr. Excitação, mas era gentil, bonitinho e firme. Se casasse com ele, provavelmente fariam o previsível "sexo por obrigação de sábado à noite" pelos próximos cinquenta anos. Por outro lado, rotinas eram boas e sexo não era tudo. Certamente não deveria ser a base para algo tão importante quanto o casamento. Emoções eram voláteis e imprevisíveis. Ética similar e respeito mútuo eram qualidades bem mais importantes e seguras. Se casasse com Kõ, desenvolveriam outros interesses comuns e o amor cresceria com o tempo, como um investimento seguro.
Não?
Claro que sim. Se tivesse dúvidas, bastava olhar para seus pais. Casaram-se há quase quatro décadas para unir duas famílias de banqueiros, e permaneceram casados quando muitos de seus amigos tinham se divorciado.
O vão da porta em direção à saída atraiu seu olhar novamente. Devia fugir antes de cometer essa loucura? Não. Uma promessa era uma promessa. Mas realmente odiava ser a primeira. Voltou-se para as amigas.
– Prometam-me que não vão pular fora. Vocês comprarão solteiros hoje custe o que custar.
Tenten e Ino sorriram angelicalmente e ergueram as mãos direitas como se jurassem sobre a Bíblia. Hinata não confiou naqueles sorrisos. Embora a vida das amigas não fosse tão metodicamente planejada quanto a sua, a escapada daquela noite era totalmente incomum para as três. Será que alguma delas recuperaria o juízo antes do fim da noite?
O microfone chiou, chamando a atenção de Hinata de volta para o gato que comandava o palco – aquele a quem estava se esforçando para ignorar. Como alguma mulher podia resistir a ele? O cara era uma tentação e tanto desde o cabelo negro preso bagunçado até as botas gastas. Ele não precisaria de um manual de instruções sobre como agradar uma mulher – presumindo que tal mulher pudesse ser agradada.
Mas comprar o pacote do caubói exigiria mais que imprudência e coragem graças ao champanhe. Significava desconsiderar flagrantemente os desejos de sua mãe – algo que evitara com cuidado até então por medo das repercussões. Mas Hinata tinha de admitir que o noivado proposto e seu trigésimo aniversário a fizeram se perguntar se a vida não era mais que aquilo. Prometera a Tenten e Ino que avaliaria a possibilidade antes de concordar pacificamente com o futuro que sua mãe lhe planejara.
Aquilo não evitou que Hinata pensasse se não teria aceitado um desafio maior do que poderia lidar quando escolhera seu solteiro – um homem completamente oposto de todos que namorara no passado. Rezou em silêncio para que o preço do rebelde ultrapassasse o limite estipulado por ela e as amigas, e então poderia escolher um homem menos intimidante.
Covarde. Se fizer isso, seu plano falhará.
Seu plano começava a parecer mais do que uma simples loucura causada pela tequila. Uma vez na vida, Hinata decidira quebrar as regras e, como não tinha ideia de por onde começar, escolhera Sasuke Uchiha, um rebelde imprudente que ela esperava que a levasse para o mau caminho. Durante o mês seguinte, se deixaria corromper e, depois que tivesse essa última aventura e tivesse certeza de que não estava perdendo mais nada que valesse a pena, poderia se casar com Kõ sem arrependimentos.
– Vá embora antes que arranje problemas.
Hinata quase caiu ao ouvir o aviso de seu autoritário irmão mais velho. Recusou-se a admitir que queria mais que tudo sair correndo o mais rápido que seus saltos permitissem. Para irritar Neji, ergueu sua placa numerada, oferecendo o primeiro lance no sr. Gostosão.
Ino e Tenten sorriram e fizeram sinal de positivo. Hinata não ousou olhar para o outro lado do salão, onde sua mãe, a principal organizadora do evento de caridade, observava-a com olhar de águia.
Inclinou a cabeça para encarar o irmão.
Quantos problemas um mês de aulas de equitação podem causar? Vá embora, Neji.
Não estou preocupado com as aulas, porque você já sabe montar. É a outra metade do prêmio que me preocupa. Você vai se matar em uma moto. Seja razoável, Hinata. Você não é a pessoa mais coordenada do planeta.
A alfinetada doeu – principalmente porque era verdade. Na verdade, recentemente limitou sua rotina de exercícios à natação, porque assim não cairia e se machucaria quando sua mente devaneasse para assuntos de trabalho.
Neji tentou pegar a placa numerada, mas Hinata afastou-a de seu alcance e levantou-a no ar.
Tenho 30 anos. Estou muito velha para que você mande em mim.
Alguém tem de fazer isso. Você e suas amigas – olhou para Tenten e Ino – deviam estar fora de si para armarem esse plano. Comprar homens, pelo amor de Deus. Se quer apoiar a caridade, compre Kõ e não esse...
Gato – interrompeu Tenten, recebendo uma cara feia de Neji.
Hinata lançou o sorriso apaziguador que reservava para clientes difíceis.
Na verdade, Neji, a ideia do leilão foi da mamãe. Ino, Tenten e eu estamos apenas apoiando.
Droga, Hinata, você não dá conta de um cara como ele. Ele a usará e jogará fora. Pense. Compre Kõ. Ele é... Seguro. – Avançou na placa de Hinata novamente e, de novo, ela a afastou.
Seguro. Aquela palavra dizia tudo. Optara por segurança a vida inteira e aonde chegara? À frente em sua carreira, mas pateticamente atrasada em sua vida pessoal. Nunca se apaixonara perdidamente, e não podia evitar se perguntar se era capaz de sentir emoções tão intensas. Não que quisesse o sofrimento, mas era demais pedir por um pouco da parte boa e orgasmos de tirar o fôlego? Para uma mulher como ela – que confiava mais em fatos do que em sentimentos inconstantes? Provavelmente. Mas, por uma vez na vida, não queria a opção segura.
Olhou para o homem no palco. Seguro não fazia sua pele arrepiar e sua respiração acelerar. Ergueu a placa no ar, desta vez segurando-a bem alto sobre a cabeça. Seu irmão era mais alto, mas tão conservador quanto ela. Não faria uma cena ou brigaria para impedi-la.
Não quero comprar Kõ. Jantares no sábado à noite? Que falta de criatividade. Além disso, já tenho um jantar com ele às sextas. O que tem de errado em se divertir um pouco? Você deveria tentar de vez em quando.
E então ela estremeceu. Neji fora dispensado publicamente há alguns meses e diversão provavelmente era a última coisa que tinha em mente. Ela suspeitava que seu coração não fora partido, mas seu orgulho levara um golpe sério. A pior parte era que desde que ele falhara em fundir as famílias Hyuuga, sua mãe decidira que Hinata deveria tentar.
Balançou a placa – um pouco mais desesperada dessa vez. Neji, já pensei bem nisso, sei o que estou fazendo, então me deixe em paz.
Vendido para o número 223 – gritou a mestre de cerimônias. – Pague e receba seu prêmio, senhorita.
Hinata sentiu uma pontada no estômago. Olhou de Neji para a expressão horrorizada de sua mãe. Ino e Tenten aplaudiam e gritavam. Hinata não precisava conferir seu número para saber que ganhara, e não fazia ideia de quanto pagara por ele – um verdadeiro choque para alguém que trabalhava com dinheiro. Lentamente abaixando o braço, engoliu seco e fechou os olhos enquanto uma onda de puro pânico tomava conta de si. Não estava pronta para encarar o palco e as consequências de sua nova rebeldia. Talvez nunca estivesse.
A vertigem a obrigou a respirar fundo. Forçou um sorriso falso para Neji e todos os demais.
Obrigada pela preocupação, irmãozinho, mas você não deveria estar atrás da cortina se aprontando para a sua vez no palco?
Neji vacilou e empalideceu. Hinata sentiu uma pontada de culpa por cutucá-lo verbalmente com sarcasmo. Seu irmão não estava feliz por ter sido forçado pela mãe a participar do leilão. Mas Neji não era problema de Hinata agora. Tinha sua própria catástrofe em desenvolvimento para lidar. O pavor crescia dentro dela.
Com as pragas murmuradas pelo irmão e os "vá pegá-lo" de Ino e Tenten ecoando em seus ouvidos, Hinata se encaminhou para a mesa no canto do salão e entregou o cheque para recolher seu... Prêmio.
Sua mãe, com o olhar enfurecido, encontrou-a lá.
– Hinata Hyuuga, você enlouqueceu? E onde encontrou esse vestido vergonhoso?
Hinata sentiu um nó no estômago quando todas as suas dúvidas a atacaram de uma só vez. Devia ter ficado temporariamente louca para concordar com a sugestão de Ino de que celebrassem seus trigésimos aniversários gastando parte de seu fundo fiduciário em algo selvagem, imoral e totalmente egoísta.
Não, não louca. Desesperada. Se não conseguisse sentir a paixão avassaladora que outras mulheres comentavam com um homem tão sensual como o rebelde, então era uma causa perdida, e estaria melhor com um homem como Kõ, que não esperaria mais do que ela poderia dar.
Mas embora admirasse a sagacidade para negócios da mãe e esperasse imitar a carreira de sucesso de Hikari Hyuuga, as duas nunca foram próximas, então confessar a confusão de emoções que a levou a tal decisão não era uma opção viável.
– Mãe, sempre fiz tudo que me pediu, mas hoje, isso – ele – é para mim.
Olhou por cima do ombro da mãe. O prêmio de Hinata caminhava em sua direção em longos passos premeditados, e os pelos em sua nuca se eriçaram. Por que se sentia como uma presa encurralada? Determinada a não se deixar intimidar pelo olhar desafiador e pretensioso dele, assumiu a pose de debutante que sua mãe tanto lhe ensinara – alta e suntuosa, queixo erguido – e torceu para que seus joelhos não estivessem tremendo visivelmente sob a bainha escandalosamente curta de seu vestido.
A uma distância de dez metros – e se aproximando rápido demais – o olhar sombrio do rebelde pairou sobre ela, deixando-a tensamente ciente de que não vestia nada além de um fio dental sob a roupa.
Algum dia já conhecera algum homem que exalasse tanta sexualidade? Definitivamente não. Sua pulsação se agitou irregularmente e sua pele esquentou.
E Kõ? – sussurrou Hikari irritadamente. Com muito esforço, Hinata desviou o olhar de seu prêmio e concentrou-se novamente em sua mãe.
Provavelmente passarei o resto da minha vida com Kõ. Nenhum de vocês deveria me negar um mês de aulas de equitação.
Os lábios de sua mãe relaxaram.
Um mês e espero que você recupere o juízo. A família secundária é uma ótima família e Kõ tem conduta impecável. Saiba que seu pai não será tão compreensivo.
Não, definitivamente não seria. Seria o que sua mãe lhe dissesse para ser. Por mais que amasse o pai, não era cega para os defeitos dele.
Ei, gata. – A voz rouca e profunda fez a pele de Hinata se arrepiar. Ignorou o espanto de sua mãe e encarou o homem que ficou parado a um metro de distância. O calor no sorriso maldoso e os olhos onix enfraqueceram as pernas de Hinata. Ele ofereceu-lhe a mão. – Sou Sasuke e vou ensiná-la a montar.
Montar o quê? Ou quem? As perguntas surgiam involuntariamente em sua cabeça e mal podia respirar. Seus dentes se chocaram ruidosamente quando fechou a boca. Definitivamente aceitara um desafio maior do que podia aguentar. Sasuke Uchiha era maior, mais sexy e bem mais intimidante de perto do que no palco ou na minúscula foto do panfleto. Mesmo de salto, os olhos de Hinata mal chegavam ao nível da boca dele. Que boca. E ele parecia saber como usá-la.
Era o que você queria, não era?
Não. Sim. Não. Oh Deus, Neji tinha razão. Não consigo dar conta de um homem como Sasuke Uchiha. Consigo sim. E vou.
Os cantos dos lábios dele curvaram-se para cima como se ele tivesse acostumado a deixar as mulheres
embasbacadas.
Envergonhada, Hinata deu um sorriso educado. Seus dedos tremiam enquanto deslizava sua mão na dele.
Olá, Sasuke. Sou Hinata.
A pele quente e calejada arranhou a palma dela quando ele lhe segurou a mão, e quando ele deslizou o outro braço em volta dos ombros dela, puxou-a para perto e virou-a para o fotógrafo, cada célula do corpo de Hinata se alarmou com a pressão lancinante do corpo dele em sua lateral e os longos dedos dele curvados sobre seu ombro nu.
Sorria, gata – sussurrou ele com a voz áspera e penetrante. Ela sentiu o impacto em seu ventre. O cheiro dele de couro e ar livre a envolveu, e aquela proximidade a deixou tonta.
Culpou o flash da câmera pelo brilho em seus olhos, mas sabia que mentia.
Assim que a repórter do jornal que cobria o evento, e seu fotógrafo saíram, Hinata rapidamente se afastou para recompor-se de sua reação caótica. A tentação de descobrir como seria sentir aqueles dedos longos e levemente ásperos no resto de sua pele era uma experiência totalmente nova e um passo na direção certa se encontrasse a coragem para seguir com seu plano.
Se? Você planejou isso durante semanas. Está absolutamente comprometida em seguir em frente. Sem dar para trás agora.
Excessivamente consciente da reprovação de sua mãe e dos olhares dos outros benfeitores voltados para eles, Hinata olhou para Sasuke.
Por que não saímos daqui? – Suas palavras escaparam em um convite sem fôlego em vez do pedido firme que pretendia.
Um sorriso envolvente surgiu nos lábios dele.
É a melhor proposta que recebi a noite inteira.
Após um olhar longo de censura, sua mãe se virou e saiu com uma irritação régia. Hinata virou-se para a direção oposta e encaminhou-se para a saída antes que se acovardasse e pedisse seu dinheiro de volta. Sem olhar para trás, sabia que Sasuke Uchiha a seguia. Podia sentir sua presença, ouvir a batida ritmada de suas botas no piso de mármore, ver os olhares invejosos das mulheres em sua direção quando passaram e os comentários positivos direcionados a ele. Muitas daquelas mulheres eram casadas e algumas eram velhas o bastante para serem mães dele.
Sasuke passou por ela para abrir a porta do clube, e uma rajada de ar soprou no rosto de Hinata quando ela saiu.
Meu Deus. Comprara um cara rebelde. O que faria com ele? E até onde estava disposta a deixar essa experiência ir?
Comprado por uma riquinha mimada com mais dinheiro que juízo. Sasuke estudou a atitude arrogante de Hinata e questionou sua sanidade por concordar com a louca sugestão da irmã de usar o leilão de solteiros para divulgar seu bar. Se a nota promissória não fosse vencer em 60 dias, nada mais o teria convencido a subir em um palco na frente de mulheres escandalosas.
Já passara por isso. Aprendera a lição.
O desgosto não o impediu de apreciar a bela mulher em sua frente conforme ela movia os quadris vestidos de vermelho, afastando-se do barulho e confusão do salão. O vestido tipo lingerie dela parecia com algo que ela usaria para dormir em vez de em um clube privado luxuoso, e o longo cabelo escuro balançando juntos ao quadril brilhava como a rica pátina de sua antiga guitarra.
Pela primeira vez desde que se mudou para Wilmington, ele se via atraído por uma mulher, mas tudo em Hinata, desde sua voz sulista e culta até seu traje caro e o bolo de dinheiro que gastara com ele, indicava riqueza. Garotas ricas como ela não ficavam com caras brutos da fazenda como ele por muito tempo, e ele já tivera suficientes encontros sem significado por toda uma vida. Quando saíra de Nashville e deixara as tietes para trás, jurara que jamais usaria ou seria usado por uma mulher outra vez. Desde que Hinata entendesse que comprara seu pacote de leilão e nada mais, se dariam bem. Mas antes de segui-la para onde quer que estivesse indo, precisava ter certeza de uma coisa.
Ei, Hina – chamou quando chegaram às escadas que levavam ao estacionamento.
Ela parou e virou-se para olhá-lo. Aqueles brilhantes olhos claros como a mais pura prata quase o fizeram esquecer do que ia dizer.
Ela ergueu o queixo.
Meu nome é Hinata.
Arrogante ou não, ela não parecia o tipo de mulher que tinha de comprar homens.
Sim, claro. Você tem um marido ciumento que virá atrás de mim com uma arma? Ela franziu a testa, confusa.
Marido?
O cara tentando impedir que desse um lance – esclareceu.
Era meu irmão. Não sou casada.
Tudo bem então, desde que você tenha mais de 21 anos. Ela franziu as sobrancelhas.
Tem maridos ciumentos perseguindo você? – Ignorara o comentário sobre idade.
Não mais.
Os lábios vermelhos de Hinata se abriram e seu colo – um belo colo – subiu.
Mas tinha?
Sim. A maioria dos caras não reagiu bem quando descobriu que suas esposas dormiram com outro homem. – Sasuke também não recebera bem a notícia de que algumas das tietes eram casadas, especialmente porque a informação fora muitas vezes entregue pelos punhos dos maridos após os encontros íntimos.
Ele achou ter ouvido Hinata arquejar quando ela virou para descer as escadas. Teria de estar morto para não apreciar as pernas longas, esguias e sensuais sobre aqueles saltos vermelhos. Ela parou abruptamente no fim da escada com uma expressão aflita no belo rosto.
Algum problema?
Ela passou os longos dedos delicados pela têmpora.
Vim de carona com amigas. Não tenho carro e quero... – Olhou por cima do ombro dele e o pânico era aparente em seus olhos.
Ele se virou e viu a mulher poderosa que organizara o evento e um homem de aparência nervosa saindo pela porta da frente do clube. Logo entendeu.
Quer sair daqui?
Sim, rápido.
Fez um cheque sem fundo?
Por mais impossível que parecesse, sua postura régia ficou ainda mais empertigada, como se ele a tivesse insultado.
Claro que não. Por favor, me tire daqui.
Nos últimos tempos, ele evitava cenas desagradáveis.
Minha moto está ali.
Seus olhos quase saltaram para fora da órbita. Ela apontou para sua roupa curta.
Não estou vestida para andar de moto. – Ele devia ir embora, mas concordara com aquele leilão estúpido e iria em frente. Além disso, não desejaria aquela megera a ninguém.
Não estou vendo táxis. Se quer sair daqui rápido, então sou a única opção. Para onde? Para casa? Ela fez uma careta.
Qualquer lugar, menos lá.
Vamos. – Segurou-a pelo cotovelo e levou-a até sua Harley. Ela apertou o passo para acompanhá- lo. Quando chegaram até a moto, um dos poucos itens que mantivera de seu passado, entregou-lhe o capacete extra e esperou para ver se ela sabia colocá-lo antes de vestir o seu. – Suba e se segure.
Segundos depois, ela subira na moto atrás dele e agarrou-lhe a cintura com cuidado, mantendo vários centímetros de distância. Ele acionou o acelerador. O motor rugiu e a moto andou quando ele soltou a embreagem. O grito dela sobressaiu ao ronco da Harley, e então seus braços o envolveram com muita força, acabando com o espaço entre os dois.
Grande erro. Ter aquelas pernas nuas em volta de seus quadris com o calor das coxas contra suas nádegas era de enlouquecer. E se não conseguisse ignorar a suavidade dos seios dela pressionados contra seus ombros e se concentrasse na estrada, acabaria batendo a moto.
O ar quente e úmido passava por eles, balançando a saia curta de Hinata e revelando mais de suas coxas torneadas. Ele forçou-se a desviar o olhar da vista tentadora de volta para a estrada. Para onde poderia levá-la? Quanto mais rápida a carona, melhor. O barulho do motor tornava impossível perguntar. Ele poderia levá-la para sua casa já que precisavam comparar suas agendas e marcar as lições de equitação.
Seu peito encheu-se de orgulho ao ver as luzes do Renegado. Comprara a construção vazia de frente para o rio, no bairro histórico, há oito meses. Custara-lhe muito suor e quase todo seu dinheiro para transformar o térreo em seu negócio e o andar de cima em uma casa que a irmã Sakura e suas meninas pudessem visitar. Abrira as portas há quatro meses, mas o negócio não estava tão ativo como esperara, por isso sua participação no leilão.
Parou em sua estreita garagem, contando automaticamente as vagas vazias à frente, conforme passava. Se queria ficar em Wilmington, perto de sua irmã, então tinha de conseguir lucro logo e pagar a promissória.
Estacionou, desceu da moto e retirou o capacete. Hinata permaneceu sentada. Soltou o fecho do capacete e o tirou. Sasuke balançou-se sobre os calcanhares com um assobio silencioso de admiração. Aquilo era uma imagem digna de página central – sem os grampos –, garantia de manter um homem acordado a noite toda. Pernas longas de cada lado do banco negro da Harley, sandálias de tiras vermelhas, vestido curto, lindo rosto, cabelo bagunçado. Um pacote quente.
Mas mulheres atraentes já lhe causaram problemas demais antes, então controlou sua resposta física e ofereceu-lhe a mão. Delicadamente, ela fechou os dedos macios em volta dos dele e esforçou-se para passar a perna por sobre o banco. Um vislumbre da calcinha vermelha dela o atingiu como uma bola de fogo.
Ele segurou-lhe pelo cotovelo enquanto ela cambaleava sobre os saltos na calçada de pedra. A brisa da noite fez o tecido sedoso do vestido roçar contra seus mamilos rijos. Ela vestia algo além daquela calcinha sob o vestido? Seu pulso ficou ainda mais rápido. Esqueça, Uchiha.
Ela esfregou os braços e sua minúscula bolsa prateada brilhou nas luzes da rua como strass sob holofotes.
– Podemos entrar?
Ele fez um sinal para que ela o precedesse. Quando ele passou à frente para abrir a porta, o cheiro dela, uma mistura intoxicante de flores e especiarias, encheu-lhe os pulmões. Ela entrou e olhou ao redor.
O que achava do lugar? Ele tocara na indústria cinematográfica e na televisão de Wilmington. O tema do bar era renegados e rebeldes do cinema – homens com quem Sasuke se identificara quando adolescente, que mal podiam esperar para se libertarem da tradição fazendeira da família. Fugira no dia em que completara 18 anos, mas, dezessete anos depois, a culpa de suas amargas palavras de adeus ainda o assombrava.
O bar propriamente dito tomava a maior parte da parede de fundo. Ele enchera o local com mesas – muitas das quais estavam vazias em um sábado à noite. As garçonetes estavam recostadas na parede.
Você não tem objetos de recordação da sua carreira musical aqui.
O comentário o fez parar de repente. Hinata sabia quem ele era embora ele tivesse excluído deliberadamente seu passado recente de seu perfil no leilão. Será que ela o comprara para se gabar de dormir com Sasuke Uchiha, o antigo rebelde de Nashville? Não seria a primeira com esse objetivo. E por mais atraente que fosse a ideia de ir para a cama com Hinata, não queria que sua antiga vida interferisse aqui.
Não.
Ela lançou-lhe um olhar avaliador.
Não seria inteligente se aproveitar do que as pessoas sabem sobre você? E ser conhecido como um ex-famoso pelo resto da vida?
Não, obrigado. Minha carreira musical acabou. Se as pessoas procuram uma espelunca, podem ir a outro lugar.
Posso oferecer uma bebida?
Não, obrigada. Posso ficar aqui por mais ou menos uma hora? Assim que o leilão acabar, posso chamar uma amiga para me dar carona.
Levo você para casa assim que agendarmos suas aulas. – Os olhos dela se arregalaram. – Tenho um caminhão se não quiser voltar na moto.
Obrigada, mas acho que ficarei com uma das minhas amigas hoje. Ela pode vir me buscar. Meu carro está na casa dela de qualquer maneira. Fomos para o leilão juntas.
Por que uma menina rica precisaria se esconder? Ela parecia já ter passado da idade de consentimento, mas as aparências podiam enganar.
Quantos anos você disse que tinha? Ela hesitou.
Eu não disse, mas tenho 30, se precisa saber. Sua mãe não ensinou que é rude perguntar?
A mãe dele lhe ensinara muitas coisas. E como um FDP ingrato, ele lhe atirara suas lições de volta na cara.
Não está um pouquinho velha para fugir de casa?
Você não entende. Meus pais... – Ela se calou e espiou ansiosamente por cima do ombro dele, como se esperasse que eles entrassem por aquela porta. – Eles não vão compreender o que houve hoje.
Não preciso saber a história toda para saber que fugir não resolverá nada. – Uma lição que aprendera da pior maneira.
Mas...
Ele ergueu uma das mãos.
E não quero saber. Estou aqui para dar aulas de equitação. Só isso.
Como ela conseguia aquele olhar superior quando era uns 15 a 20 centímetros mais baixa que ele?
Ótimo.
Ele pensou em deixá-la no bar e ir até seu apartamento para pegar sua agenda, mas ela e seu vestido sensual já haviam chamado a atenção dos caras no canto do fundo. Os homens eram fregueses habituais, amigos de seu cunhado, e Sasuke não queria que acontecesse qualquer coisa que os impedisse de retornar.
Vamos subir.
Ele acenou para Naruto e apontou na direção da entrada privada que levava a seu apartamento. Pelo sorriso impertinente no rosto de seu gerente, Naruto provavelmente pensou que estava prestes a se dar bem. O pensamento fez uma onda de calor passar pelas veias de Sasuke. Ele o reprimiu. Desviara de cada investida recebida desde a abertura, e não seria agora que cairia nessa.
Sasuke tirou as chaves do bolso, abriu a porta e indicou para que Hinata subisse primeiro. Se ela queria mais do que aulas de equitação e Harley, ficaria decepcionada.
Mais uma história! E eu nem terminei de postar a outra, mas já tá pronta, amanhã acabo de postar, haha
Então, essa história é uma trilogia, essa é a primeira porque a Hinata foi a primeira a comprar seu solteiro, mas em seguida tem Tenten e Neji e depois Ino e Shino, de acordo com o que eu for postando, gostaria de ir sabendo se gostaram e se querem as outras histórias.
Obrigada!
