Eu tinha quase certeza do que Dean pensou quando me viu fazer aquilo. Era uma mistura de nojo e ódio misturadas em uma única expressão de desapontamento por trás daqueles olhos verdes.
Nunca tive a intenção de contar a ele sobre de onde saíam meus poderes pelo simples fato de que ele não iria entender, e faria exatamente o que estava fazendo: se afastando e me deixando preso para a desintoxicação que ele e Bobby tinham certeza que funcionaria. Mas que na verdade, era apenas um jeito que eles encontraram para lidar com isso.
Não podia culpa-los. Eu mesmo sentia medo do que estava acontecendo comigo desde que comecei o lance de beber sangue com a Ruby. Eu tinha quase de que iria beber o suficiente para matar a Lilith, vingar a morte de Dean e depois... Bem, não havia planejado o que ia fazer depois.
Como eu havia insistido a Dean e Bobby, não estava bebendo sangue de demônio por diversão, eu estava ficando forte pra poder matar a Lilith e parar o Apocalipse. Não sei porquê eles simplesmente não conseguem entender isso. Ficam batendo na mesma tecla toda vez que olham para a minha cara.
Qual era o grande problema nisso? Eu não sabia. A única coisa que eu tinha certeza era que estava salvando pessoas, mandando demônios para o inferno e lutando contra o mal. Era só isso que importava.
Não ouvi nem Dean e Bobby por um bom tempo, tinha certeza que eles estavam dormindo, ambos pensando sobre como fazer uma desintoxicação. Só de me lembrar daquelas alucinações que tive com Dean, lágrimas saiam furtivamente de meus olhos, escorrendo pelo meu rosto. Dei uma olhada esperançosa para a porta do quarto do pânico e, como se fosse mágica, ela se abrira. Levantei, andando silenciosamente até ela, prestando atenção se nenhum deles me ouviria.
O mais silencioso que pude, fui até à sala, vendo Dean e Bobby cochilarem. Bobby dormia com a cabeça apoiada em um livro aberto, enquanto Dean dormia largado em cima do sofá. Suspirei desapontado, olhando de escanteio para Dean, abrindo a porta e saindo.
Sentia-me um fugitivo da cadeia, mas não conseguia mais aguentar o tranco. Me sentia fraco, impotente e assustado. Tirei meu telefone do bolso e liguei para Ruby, dizendo a ela onde me encontrar.
Por um momento, parei um pouco, pensando sobre quem teria aberto a porta do quarto do pânico. Duvidava muito que Dean ou Bobby tinham o feito, mas decidi pensar sobre isso depois.
(...)
Não tinha certeza se aquilo que eu tinha acabado de fazer estava certo, mas não podia me dar ao luxo de desobedecer novamente. Deixar Sam ir embora foi uma coisa errada. Entregar Anna aos meus superiores também tinha sido errado, e sentia uma enorme repugnância de mim mesmo. Até Jimmy estava tentando, à sua maneira, consolar a si mesmo e a mim.
Mas havia aprendido minha lição, e não ia desobedecer novamente. Eu sirvo a Deus e não aos homens. As ordens Dele não podiam ser questionadas. Mas tinha algo que me incomodava profundamente. Se eu tinha feito o que meu coração sabia que era certo. Talvez se eu tivesse feito isso desde o início, as coisas seriam diferentes. Mas não tinha como saber. Para se honesto comigo mesmo, eu teria que desobedecer novamente e, dessa vez, meus superiores não seriam tão piedosos.
