Disclaimer: The GazettE e Miyavi não me pertence. Eles pertencem a si mesmos e a PSC. E convenhamos que se pertencessem eu não estaria escrevendo fics.

Sinopse: Até onde você iria para ter a pessoa que ama ao seu lado? Yune x Kai x Miyavi - The GazettExMiyavi - YAOI

Notas 1: Essa fic começou a ser escrita antes do Miyavi começar a formar a própria família. Pensei em parar mas depois resolvi continuar a ideia.

Notas 2: Essa fic começou a ser postada no Nyah Fanfiction originalmente em 28/01/2009 mas foi excluída devido as novas regras.

Notas 3: Fic betada por Kaline Bogard


SAVE ME

Capítulo I: Tentativa

Som em meio ao silêncio.

Som agudo, estridente, mas que durou pouco. A mão logo tratou de fazer com que acabasse. Num movimento curto e calculado o som do despertador foi cessado e o silêncio novamente imperou.

Longe do estado de letargia típica das primeiras horas, levantou-se rapidamente da cama, como se não houvesse dormido, ou por hábito acordasse sempre neste horário. Dirigindo-se para frente a passos calmos, rompeu a penumbra dominante quando abriu a persiana, revelando uma porta de vidro que dava para uma varanda.

Seus olhos negros não fizeram caso pela claridade. Com poucos passos já estava do lado de fora, repousando a mão sobre a grade, observando. Olhando ao redor, um sorriso desenhou-se em seu rosto, satisfeito com o que seus olhos encontraram.

Céu azul claro, sem nuvens. O sol dourado e brilhante espalhando seu calor de forma amena e agradável. Belas aves pousadas na grama verde: casais, desfrutando do bom tempo.

Um prenúncio: um dia perfeito para ficar perto de seu amor.

Animado, foi ao banheiro e tomou um longo banho, realizando a higiene pessoal de forma impecável. Após esses longos minutos, deixou seus cômodos pessoais, indo para a cozinha. Tinha tudo planejado... Faria uma bela surpresa para ele: uma bela surpresa na forma de café da manhã... mas não uma bandeja comum. Seria uma refeição digna de reis.

Com movimentos precisos preparou suco, chá, torradas; escolheu frutas e pães. Com copos e xícaras especiais, posicionou todos os elementos diversas vezes até encontrar uma combinação perfeita... E o toque final: um pequeno vaso com flores.

Afastou-se para conferir o resultado e soube que a demora tinha valido a pena. Preparara uma verdadeira obra de arte. Uma verdadeira festa de cores e sabores com tudo o que ele gostava. Uma bela refeição, em todos os sentidos.

Mas ainda não estava tudo pronto. Num último preparo, foi até o espelho, conferindo sua aparência mediante o julgamento proporcionado por seu reflexo. Com alguns toques, ajeitou seu cabelo até que ficasse da forma desejada, e com algumas gotas de perfume no pescoço, finalmente considerou-se digno de se mostrar a ele.

Olhou para o relógio. Bem a tempo: exatamente no horário que costumava ir vê-lo.

Pegou a bandeja e levou-a para a sala em direção a um tapete. Com um leve chute deslocou o tecido para o lado, revelando um alçapão. Ao abri-lo, desceu um lance de escadas por um corredor estreito até chegar a outra porta. Equilibrou o peso da bandeja em uma das mãos e com a outra retirou um chaveiro que estava em seu bolso. Destrancou-a e abriu, revelando após esse ato algo que pareceu um novo mundo.

Descendo um lance de escadas, seus passos eram bem mais silenciosos, cuidadosos, quase na ponta dos pés, numa tentativa de não fazer barulho. Ao terminar de descer os degraus, colocou a bandeja na mesa ao lado para ter as mãos livres. Com mais dois passos ficou mais próximo dele, do rapaz deitado na cama, meio encolhido, ainda coberto pela manta que deixara ali na visita anterior. Olhos fechados. Parecia dormir.

Sorriu com essa possibilidade. Seria um grande avanço, afinal desde o dia em que o levou ele mal conseguia fechar os olhos. Só conseguia relaxar depois que lhe dava algum remédio, e o efeito do último comprimido certamente já havia passado. Seu sono já era natural... um bom sinal.

Chegou a pensar se não era melhor deixá-lo dormir, mas bastou observá-lo melhor para mudar de idéia. Ele perdera muito peso, estava magro demais. Não podia ignorar. Precisava comer... não queria que adoecesse.

Não que se importasse em cuidar dele. Nunca reclamaria disso, afinal cuidar do seu amor era o que mais queria fazer, mas certamente preferia mimá-lo que vê-lo adoecer.

Sentou-se ao seu lado na cama, tocando–lhe ombro de leve.

– Yukee... Yukee, acorde.

Não houve resposta nem movimento de sua parte. Um chamado em vão. Talvez realmente estivesse cansado. Sentiu pena de ter deacordá-lo, mas faria com que o esforço que seria para ele valesse a pena.

– Yukee, vamos meu amor. Não me ignore desse jeito, hum?

Tocou novamente em seu ombro e elevou o tom de voz para chamá-lo, percebendo que dessa vez teria uma resposta. Viu-o abrir os olhos e retesar o corpo ao reconhecer sua presença e esse reconhecimento transformando os belos traços de seu rosto numa expressão que não era a sua favorita.

Ignorou solenemente sua primeira reação, sorrindo para ele, animado.

– Bom dia, amor! Conseguiu dormir bem dessa vez? – por breves instantes esperou uma resposta que não veio. Nunca vinha, mas tentou não se importar com isso e continuou – Eu nem ia te acordar, mas fiz isso por que vim trazer o seu café. – apontou para a bandeja –Preparei tudo o que você gosta: tem chá, suco, pães, frutas...

– Não estou com fome. – disse o rapaz, em sua primeira manifestação audível naquela manhã. Voz rouca, mas firme.

– Como não? Não comeu quase nada ontem! Tenta comer alguma coisinha pelo menos... desse jeito vai acabar doente, meu amor.

– Eu não sou seu amor, e já disse que não estou com forme.

– Ah... mas o que é isso? Não vamos começar a essa hora... vamos dar uma trégua. – disse, repreendendo-o suavemente, ignorando a agressividade.

Estendeu sua mão, querendo tocá-lo. Um carinho em sua face, mas que ele rejeitava. Viu-o tentando se afastar, virar o rosto para evitar o toque, mas não fez caso de sua reação e continuou acarinhando a face pálida.

– Está um belo dia lá fora. Assim que acabarmos de comer, podemos dar um passeio no jardim, o que acha?

– Ie... não quero.

– Certo, melhor ainda. – disse, aproximando-se perigosamente, buscando seu ouvido como se quisesse contar um segredo. – Podemos ficar aqui mesmo... podemos fazer muita coisa pra passar o tempo. – sussurrou lascivo, afundando o rosto na curva do seu pescoço, tentando beijá-lo.

– IE! – gritou o rapaz, reagindo mal ao seu toque, empurrando-o.

Brutalmente afastado, o homem irritou-se. A cada dia que passava parecia ser mais difícil. Não devia ser assim. Não foi desse modo que planejara.

–Então vai ser assim, Yutaka? Prefere complicar as coisas?

A pergunta veio num tom de voz ameaçador, mas com o intuito de obter uma reação conciliadora, um pedido de desculpas talvez, mas não foi o que aconteceu. O rapaz apenas o olhava, e em seus olhos havia um brilho estranho. Sabia que aquilo era ódio.

O mesmo olhar desde o primeiro dia.

Não conseguia entender. Já tinha se passado tanto tempo... não era mais pra ser assim.

Deu-se por vencido. Aquele era mais um dia perdido.

– Tudo bem. Se não quer comer comigo, então não vai comer nada.

Levantou-se, pegando a bandeja e indo embora, subindo as escadas a passos pesados e batendo a porta, furioso. Trancou-o novamente, e voltou para a sala, fechando o alçapão e colocando o tapete de volta ao lugar, com um chute nada gentil.

Voltou para a cozinha. Colocou a bandeja sobre a bancada de mármore, observando cuidadosamente o que havia preparado.

Tanto capricho... tanto cuidado... pra nada! Absolutamente nada.

Raiva!

Irritado, sua mão rapidamente fechou-se no copo de suco, atirando-o contra a parede, fazendo com que o vidro se espatifasse num som alto e agudo, deixando que milhares de cacos se espalhassem pelo chão e que o líquido vermelho maculasse a pureza do azulejo branco.

Não se importou com a bagunça causada por sua fúria. Estava irritado demais pra pensar nisso. Nada o tirava mais do sério que a rejeição. Justamente o que Yutaka estava fazendo.

Não devia ser assim. Não mesmo, afinal estavam tão próximos! Yutaka já deveria ter aceitado... certo: as coisas tinham acontecido de forma um tanto brusca, verdade, mas tinha sido para o bem dele.

Sim, estava demorando demais, não podia negar, mas sabia que precisava ser paciente. A resistência não ia durar para sempre. Yutaka com certeza acabaria entendendo, e era essa convicção que lhe dava forças pra esperar.

Era uma questão de tempo. Quando finalmente entendesse, estaria ao seu lado pronto para fazê-lo feliz.

Uma questão de tempo. Apenas tempo.