Disclaimer: O que me pertence aqui é somente o enredo e a fanfic, o resto (personagens, etc.) é da J.K. Rowling.
Nota: Fanfic criada para o IV Challenge Femmeslash do 6V.
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Pálido, Verde e Preto como Ébano
O copo á sua frente parece ser a única saída.
Sua mente não consegue se adaptar a ideia de que ele se foi.
Parece que ele ainda está lhe esperando em casa, um sorriso de canto e uma bagunça que a faria reclamar.
Mas que agora a faz chorar porque nunca mais iria tê-la.
Os olhos verdes e o cabelo preto como ébano. A pele pálida e a habilidade de fazê-la sorrir e corar e suspirar e de fazê-la sua.
Eram duas da manhã e Hermione queria voltar para casa.
Onde estaria sua casa?
Queria sangrar, queria ver que estava viva e queria se sentir.
Queria parar de negar para si mesma que ele ainda estaria esperando.
Ele sempre esperava.
- Sozinha? – Uma voz um tanto quanto... macia interrompe seus devaneios enquanto se aproxima.
Passa a mão pela testa. Encarando o chão sujo.
- Sim. E muito bem, obrigada. – dispensa. Mentindo.
Mentindo e negando. Ora, esse é seu talento, não é, Hermione?
- Ora, mas como pode saber disso se nem provou da minha companhia, ainda?
Você dispõe um pouco de sua boa vontade e olha.
Cabelo Chanel, preto como ébano.
A pele branca constratando com os fios que moldavam o rosto e o sorriso de canto te faz sorrir.
Internamente, é claro.
Como o dele.
Olhos pretos, escuros.
Sua insanidade diz que são verdes.
Porque o conjunto é assim. Preto como ébano, pálido e verde.
- Não preciso da companhia de ninguém. – retruca. E cora. E está tudo muito escuro para ela ter visto, não está?
- Está enganada.
Um sorriso.
Um levantar de lábios que te faz sentir coisas onde não deveria.
- Por que estaria enganada? – você pergunta.
- Porque não provou.
E ela toma seus lábios.
E você demora para corresponder porque não sabe como.
Porque o verde, o preto e o pálido foram embora, mas voltam e você não sabe lidar.
As mãos correm pelo seu corpo, pressionando-o contra a parede e te fazendo gemer.
E você não a empurra porque ela está aprisionando sua consciência em um lugar muito distante.
E ela te solta e você tenta conter o fogo.
Ela ou ele?
Não importa. Foram muitas taças para importar.
- Me deixe lhe mostrar.
Outro sorriso.
Uma mão erguida, dedos brancos, compridos, finos.
Você os pega.
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Ela sorri com o cigarro entre os lábios.
Não faz nem duas horas, mas você está viciada no sorriso.
Aquele que você achou que nunca mais teria, mas ele sempre estaria lá.
E ela pega uma adaga e te mostra e você franze a testa de preocupação.
Ela sorri e encosta na pele nua do seu peito e rasga.
E você deixa.
E você sente.
Pelo sorriso.
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Os lençóis eram brancos, mas agora estão vermelhos.
Ela se inclina sobre você.
Toma seus lábios e passa as unhas pela pele em suas coxas.
Perfurando as linhas vermelhas e sujando os dedos.
Os mesmos dedos que ela passa pelo seu rosto.
E você sabe que está manchada porque ela passa a língua e prova.
Prova você.
As mãos pálidas puxam seu cabelo e te fazem se inclinar sobre um lugar no meio das pernas dela.
Você também prova.
Sente o sabor dela em sua boca.
Sua boca inexperiente que a faz gemer e você sorri porque está por cima.
Ela pega a adaga prateada e lhe dá.
E você a gira pelos seus dedos trêmulos e escolhe um local.
Busto.
O mesmo que sangra segundos depois. O sangue que seus lábios estancam. Que faz seus lábios se moverem por entre a pele dela.
Ela se ergue e te derruba e te aprisiona entre sangue, calor e loucura.
E as inúmeras gotinhas que escorrem pela pele dela escorrem pela sua e se misturam.
E o suor.
E te fazem se sentir.
E você morde o ombro dela quando dois dedos lhe invadem e você grita.
E aumenta o ritmo.
Ela sorri e ri e corta sua pele.
Sua alma.
São duas.
São uma.
Você.
Ele.
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A luz que apareceu em algum momento te encontra.
Seus olhos se abrem e seu corpo inteiro treme.
Ao seu lado, os fios pretos como ébano.
A pele pálida.
O lençol manchado esconde o corpo que você quer que fosse o dele, mas não é.
Você o traiu.
Você é suja.
Você negou o que tiveram da pior maneira existente.
Você o negou.
O colchão range quando você tenta se levantar, uma voz segue o barulho.
- Está tudo bem? – Ela pergunta.
Você não responde. Procura suas roupas.
- Ei! Estou falando com você! O que houve?
Eu o traí, pensa.
Mas não é isso que você responde.
- Isso... Isso não foi certo. Não deveria ter acontecido. Esqueça. – diz.
Você ouve os mesmos rangidos quando a outra se levanta, o lençol enrolado no corpo e a expressão séria.
- Não vou esquecer. Não devo esquecer. Porque aconteceu, Hermione.
Seus olhos se arregalam, você sabe disso. Ela sabe o seu nome. Ela sabe quem você é.
Então ela provavelmente sabe do seu erro.
Da sua sujeira.
- Sim, eu sei quem você é. – ela responde diante das sobrancelhas que você ergueu, agora a encarando. – Eu sei tudo sobre você. Hermione Granger. Órfã. Aluna prodígio. Direito em Harvard, onde conheceu o belo e brilhante Harry Potter, estudante de medicina, não é? O seu príncipe encantado. Aquele que fez você largar quem te apoiou sua vida inteira. Você não queria uma princesa, principalmente uma feia, você queria um príncipe, um que pudesse te proteger de tudo.
"Você esqueceu de mim, Hermione. Mas eu não esqueci de você. Se lembra de quem eu sou agora?"
Então ela vê a sua expressão. E ela sabe.
E você não entende o que está acontecendo. Você só quer ele. Sabe que seus olhos se enchem de lágrimas, e um bolo se forma em sua garganta.
E ela ri.
- Sim, Pansy Parkinson. A doce Pansy. Sempre fui sua melhor amiga e você não entendeu que eu queria ser bem mais que isso.
Suas pernas tremem.
Porque você reconhece.
- E você foi embora. Com o belo Harry. Mas, como eu sempre tive certeza de que seria, o Harry te deixou. Ele foi embora, não foi, "Mione"? Harry agora está dormindo, para sempre.
"Eu fui visitar o túmulo dele. Esses dias... Achei o epitáfio particularmente interessante: "O último inimigo a ser derrotado é a morte." Claro, ele já havia derrotado muitos. Inclusive eu mesma, tenho de admitir. Mas ele foi embora, e agora você voltou para mim, Mione."
E o apelido que somente ele proferia doía com a voz dela.
Ela não era o seu preto (ébano), pálido e verde.
Ou era?
Então, o que você fazia ali?
- Não... Não... – Sua voz é apenas um murmúrio fraco, mas você tem certeza de que ela ouviu. – Harry está me esperando em casa! Harry está lá! Como sempre esteve!
- Você não entende, não é, meu amor? Eu sou seu Harry agora. Não é ele que você procura, é a Pansy. Nós somos parecidos. Você sabe disso. Você consegue o ver em mim. Foi isso que te puxou. Isso que sempre nos unirá.
- Mas...
- Me deixe ser seu Harry, querida. Eu te amo. Me deixe ser você. Me deixe ser ele.
E os braços dela te procuram. E te acham.
Te prendendo naquela gaiola que não deveria ser confortável, mas é.
Tão parecida com ele... Tão ele...
- Me deixe ser sua casa. Me deixe ser sua segurança. Comigo você sentiu. Você corou. Você foi minha. Você foi dele... Me deixe ser sua segurança.
E é.
Afinal, Harry sempre estaria te esperando, onde quer que estivesse.
E mais tarde, seria Pansy.
Como pálido, verde e preto como ébano.
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Nota²: Desculpe qualquer erro, somos só o Word e eu.
Reviews são sempre bem-vindos.
