N/A: Fic para o projeto Just a Fase da J/L no 6v.

Acorda cansada desses enjoos que já estão se tornando rotineiros, e como se não fosse suficiente, vêm acompanhados de uma dormência estranhamente inquietante no coração. Tudo que come tem gosto de pressentimentos e mudanças, e não para por muito tempo em seu estômago.

Lily levanta-se da cama, ligeiramente pálida após passar mal com o bolo de caldeirão que quis comer como nunca antes da vida. Vai até o banheiro, como se esperasse o sangue que já deveria ter vindo, mas nada. Continua atrasado. Coloca seu robe que está pendurado na porta e vai até a sala de estar em passos lentos. James está sentado na poltrona, lendo serenamente o Profeta Diário. Ergue os olhos ao notá-la, e abre um daqueles sorrisos tão adoráveis quanto se pode imaginar.

"Hey, meu amor." Coloca gentilmente uma mão em seu rosto, e sua expressão torna-se preocupada ao perceber sua palidez. "Como se sente?"

Ela suspira, mas abre um leve sorriso. "Enjoada. E definitivamente sem nenhuma vontade louca de comer bolo de caldeirão." Uma pausa, e então decide acrescentar casualmente. "Eu... eu não acho que isso seja intoxicação alimentar."

Ele assente. Ela diz: "Mas imagino que você também não ache."

"De fato, Lils."

Os dois ficam ali, em silêncio, saboreando o momento. Ambos sorriem e não ousam se mover; é algo íntimo e singelo demais para ser interrompido com gestos bruscos. Algo luminoso e reconfortante, mesmo que invisível, paira entre os dois. E então James quebra o silêncio, com o tom de voz suave e cheio de um amor que apenas Lily foi capaz de conquistar.

"Você está grávida, meu amor."

Ela continua sorrindo. Não é necessário nenhum teste; ela sabe. Ela sente o amor acumulando em seu ventre. E percebe o quanto quer isso. Percebe que seu inconsciente sempre guardou a ideia de formar uma família, de ninar um bebê com os traços angulosos de James. Talvez com seus olhos. Mas não se importaria se nenhum traço seu fosse herdado; seria exatamente como James e isso é mais do que satisfatório para ela. Seria um anjo.

Ela sente as lágrimas nos olhos e se atira nos braços do marido, que está tão em júbilo quanto ela.

"Sim, James. Teremos um bebê!"

E ambos choram. James aninha Lily em seus braços e sente que nunca será capaz de amar tanto alguém como ama aquela mulher e o filho que logo virá. E que nada mais importa, afinal – ali em seus braços tem uma flor tão cheia de perfeição que é como se suas pétalas pairassem eterna e ininterruptamente no ar.

E um bebê. Nada mais belo, mais singelo e mais natural.

Sorri, beijando o topo da cabeça de Lily. É inerente ao ciclo de vida das flores que elas deem frutos, afinal.