Disclaimer: Harry Potter não me pertence, e sim a J.K. Rowling, Warner Bros e qualquer outro que ganhe lucro com os amáveis - ou não - bruxinhos. A Bela e a Fera, conto de fada que serviu de base para a fic, também não me pertence, mas não faço idéia de quem além da Disney tenha direitos sobre a história. Não há qualquer intenção em obter lucros por parte da autora, é apenas diversão.
Aviso: Essa fanfic contém slash, ou seja, relações homossexuais entre homens. Caso não goste, faça-nos um favor: aperte alt F4 e seja feliz.


Era uma vez...

Uma mulher que andava por um lugar escuro, sozinha. Não aparentava ter medo, e seus passos eram firmes na grama seca sob seus pés. Ela praguejava, irritada por estar suja e cansada e seus cabelos desgrenhados, e precisava de algum lugar para passar a noite. É claro que ela poderia aparatar de volta para casa, mas ela não entraria em casa daquele modo, principalmente porque seu filho primogênito estava de férias, e ele não a deixaria esquecer de sua deplorável condição enquanto ele vivesse, e a mulher torcia para que isso não durasse muito. Ela, no entanto, se recusava a passar a noite na casa de um muggle qualquer, ou algum mestiço imundo, ou qualquer nojento traidor do sangue. Só não esperava encontrar algum bruxo decente naquele lugar perdido. De repente, ela sentiu seus cabelos se arrepiarem, mas não seria tão visível a alteração para quem visse, tão desgrenhados eles estavam, graças a um uivo, e ela conhecia aquele uivo: lobisomem.

Ela correu o máximo que pôde, e foi então que avistou um grande castelo. Um outro uivo respondeu ao primeiro, e ela tentou apertar o passo à medida que os dois se correspondiam com uma freqüência cada vez maior e pareciam se aproximar dela cada vez mais. Naquela hora todo o seu orgulho sangue-puro de uma tradicional e respeitada família bruxa foi embora, enquanto o medo dos seres e de sua iminente morte caso eles a alcançassem aumentava descontroladamente. Após várias quedas e praguejamentos, ela finalmente alcançou o portão do castelo, que a essa altura o dono já não importava; ainda que fosse um muggle ela entraria, pois sua vida era preciosa demais para se perder, ainda mais se fosse morta por um lobisomem, que era um ser que carregava uma maldição. Imagine se ele não a matasse, mas pior, a mordesse.

Não, isso era algo absoluta, completa e irrevogavelmente inaceitável.

Quando alcançou o castelo ficou feliz por constatar que a porta estava aberta. Entrou apressada e a fechou, pois assim os lobisomens também não poderiam entrar. Ela perguntou se havia alguém em casa, mas não houve resposta, e continuou andando naquele lugar vazio. Ela certamente o teria tomado por um castelo abandonado se tudo não estivesse tão limpo e arrumado. O castelo tinha um aspecto sombrio, era tudo escuro, e apenas algumas velas iluminavam o caminho da bruxa. Ela continuou andando e ainda não havia ninguém. Perguntou-se se poderia passar a noite ali, se o dono lhe acolheria, e várias outras coisas que imediatamente sumiram de sua mente ao ver uma enorme mesa posta, repleta de todas as coisas que ela poderia desejar e ainda mais, e o lugar para somente uma pessoa. Ao se aproximar da mesa, viu um bilhete sobre o prato.

A Senhora pode se servir do que desejar, e há um quarto à sua espera. Nele há um banho pronto, e sobre a cama há roupas limpas. Espero que aprecie a estadia.

Atenciosamente,

R.J.L.

Aquilo era muito melhor do que ela poderia esperar. Fartou-se da comida e seguiu o papel, que fora enfeitiçado para guiá-la até seus aposentos. Ela sorriu satisfeita por saber que o dono da casa era obviamente um bruxo, e não um muggle ou um aborto, e a julgar pelo gosto refinado que podia ser percebido em cada detalhe do castelo, era um bruxo que pertencia a alguma família importante e rica. Ela definitivamente tinha muita sorte, e se seu filho esperava que todas as coisas ruins que pudesse lhe acontecer realmente acontecessem, ela teria o maior prazer em destruiu todas as esperanças do filho. Adoraria ver a cara dele quando visse em que ótimas condições ela estava!

Despiu-se e entrou na banheira, analisando o banheiro do quarto no qual estava. Era enorme. Algumas velas em castiçais de prata iluminavam o lugar. O castiçal a seguia por onde ela fosse, para garantir sua boa visão. A água estava em uma ótima temperatura, nem quente e nem fria, morna. As paredes eram altas e cinzentas, e alguns quadros nela lhe conferiam um aspecto sombrio: eram todos quadros com desenhos sem formas definidas, mas que tinham algo que dava um arrepio na espinha. O que, no entanto, a bruxa não era capaz de dizer.

Àquela noite ela teve seu melhor sono, em uma confortável cama na qual poderia haver quatro dela havendo espaço de sobra para todas se mexerem o quanto desejassem. Acordou de excelente humor, e desejou que pudesse ver seu anfitrião antes de ir embora, para lhe dar seus cumprimentos.

- Bom dia, senhora – disse uma voz à bruxa quando ela desceu para tomar café em uma mesa tão surpreendente quanto a da noite anterior. – Dormiu bem?

- Sim – respondeu ela fazendo uma leve referência ao homem que estava na extremidade da mesa. Ele era completamente diferente do que ela pensava. Ele parecia jovem, da idade de seu primeiro filho ou um pouco mais novo, tinha um aspecto doentio, cabelos castanho-claros e olhos dourados. Ela sorriu, incerta. – Muito obrigada.

- Fico feliz em poder ajudar quem posso, mas confesso que eu não estava em casa ontem. Meus empregados arrumaram tudo para a senhora.

Empregados? Então não fora o homem quem providenciara tudo, aquele homem que apesar de sua aparência pertencia a uma nobre família? Não que fosse feio, mas ela esperava alguém muito mais bonito e menos doentio.

O resto do café eles tomaram em silêncio. Assim que este acabou e a bruxa estava empanzinada, o anfitrião ofereceu uma taça de licor e ela aceitou. Os dois então se dirigiram para uma sala onde havia macias poltronas uma em frente à outra e uma mesa entre as duas. Não era uma sala grande como as outras; era pequena, mas confortável.

- O senhor deveria tomar cuidado – disse ela. – Ouvi uivos ontem à noite.

- Uivos? – perguntou o jovem, bebericando o líquido rosado.

- Sim, senhor. Pareciam ser de lobisomens.

- Estou acostumado – ele sorriu tristemente.

A mulher parou, estática. A taça escorregou de sua mão enquanto a compreensão, o medo e seu orgulho lhe invadiam. O aspecto doentio, as marcas, sua casa em um lugar tão desolado, seu costume com os uivos... Ele era um lobisomem. Ela se levantou, seu orgulho de puro-sangue ferido. Como pudera ela, uma senhora tão distinta, passar a noite na casa de um maldito lobisomem? Ah, sim, isso com certeza havia sido alguma maldição que seu desgraçado filho lhe havia jogado; aquilo tinha que ser obra dele. Ou, se não o fosse, a vida a fazia pagar por ter colocado um garoto como aquele no mundo. Ela não havia feito nada errado além de dar vida àquele moleque malcriado.

- Vou-me embora! – disse ela rispidamente, levantando-se.

- Mas já? – perguntou ele, confuso.

- Walburga Black não pode ficar na casa de um ser lupino! Homem amaldiçoado! Sinto vontade de colocar para fora toda a maldita comida que comi nessa casa! Antes que tivesse sido morta pelos animais!

- Talvez eu a tivesse matado, senhora – a voz dele enfraquecia.

- Quero minhas antigas roupas! Não posso voltar para casa com a roupa que um lobisomem me deu!

Nesse momento, a porta se abriu e uma mulher entrou na sala, apontando a varinha para Walburga. Ela vestia roupas de empregada, mas seu ar altivo não combinava com uma. Ela tinha cabelos negros e seus olhos azuis estava perigosamente ameaçadores.

- A senhora vem à casa de meu mestre – disse ela, sua fina voz cheia de ódio –, come de sua comida, banha-se em sua banheira, dorme em um de seus quartos, veste roupas que foram de sua mãe – que descanse em paz! – e ainda tem a audácia de falar assim com ele?

A varinha dela estava quase encostada no pescoço da bruxa.

- Não a mate – disse o jovem.

- Mas, senhor, ela não pode sair daqui impune após essas ofensas! Sabe da regra: qualquer um que pise nessa casa e o ofenda por ser o que é merece morrer! Eu prometi à sua mãe que jamais deixaria qualquer um ofendê-lo!

- Prefiro a morte à sua clemência! – disse ela rispidamente ao homem.

- Avada Ke- - começou a empregada, mas seu mestre a interrompeu.

- Não! Ela não sairá daqui impune, mas não a mate. Eu quero que me traga o primeiro ser vivo que encontrar em sua frente ao voltar para casa. Deixe-a ir, Sara.

- Se não o fizer, irei matá-la – ameaçou a empregada. – E eu só vou esperar até o pôr-do-sol de hoje.

E Walburga Black aparatou para casa, dentro do quarto de seu primeiro filho. Quando estava em casa ele não saia de lá, e não correria o risco de colocar qualquer um ente que lhe fosse caro.

-x-x-x-x-

- Não, não e não! – gritou um belo jovem de cabelos negros que lhe caíam até os ombros.

- Vai me deixar morrer? – perguntou Walburga, olhando com ódio para o filho. Seu outro filho, que realmente merecia ser seu filho, seu marido, suas sobrinhas – incluindo a traidora do sangue, Andrômeda –, seus irmãos e suas cunhadas estavam em sua casa. E nenhum deles havia sido capaz de persuadir o filho ingrato.

- O problema é da senhora. É bom que aprende a parar de desprezar os outros porque se acha melhor simplesmente porque é uma Black – o desprezo na voz do garoto ao falar o sobrenome horrorizou a mulher.

- Você não merece ser meu filho!

- Eu não pedi para ser! E eu sei que aparatou propositalmente em meu quarto para ter que me mandar, não poderia correr o risco de mandar seu queridinho Regulus, não é?

- Seu sonho sempre foi ir embora – disse uma mulher de cabelos negros, lisos e brilhantes. Em seus lábios se esboçou um sorriso. – Pois bem, é sua hora. Vá.

- Ninguém pediu a sua opinião, Bella – retrucou o garoto.

- Eu acho que- - começou uma garota muito parecida com belo, mas com cabelos mais claros e olhos gentis.

- Você não acha nada, Andrômeda – disse Walburga com rispidez para a sobrinha. – Você está namorando um muggle!

- Diga sua opinião, vale mais que a de todos juntos – disse o filho de Walburga. Aquilo não era somente para contrariar sua mãe, coisa que ele se divertia em fazer. Ele realmente gostava da prima; aliás, Andrômeda era a única prima de quem gostava.

- Eu acho que por menos que goste de sua mãe, Sirius, não pode deixá-la morrer.

- Está dizendo para eu ir? – perguntou Sirius.

- E seja feliz – ela sorriu para ele.

- Finalmente essa amante de muggles disse algo que presta – disse Bella. Sirius a olhou raiva, mas ignorou a prima e subiu para arrumar a mala. O sol já começava a se pôr no horizonte. Ele, no entanto, não tinha muita pressa: se matassem sua mãe ele definitivamente nada perderia.

Para a tristeza do garoto, no entanto, a mãe aparatara para levá-lo ao castelo antes que alguém pudesse matá-la. Assim que chegaram à porta do castelo, Walburga desaparatou, deixando o filho sozinho. Antes que ele batesse à porta, a empregada da casa a abriu. Ela sorriu, um sorriso doce como o jovem Black jamais havia visto. Ela era incrivelmente bonita, e seus olhos da cor do céu estavam cheios de ternura. Sirius achava que aqueles eram os olhos que uma mãe deveria ter ao ver seu filho, mas olhando para ela ele ficou feliz por ela não ser sua mãe. Ela certamente tinha uma serventia melhor em sua vida.

- Bem vindo, jovem senhor – disse ela pegando a mala de Sirius e o conduzindo para dentro da casa. – Não sabe como fico feliz em saber que o senhor deve ter a idade de meu mestre. Ele realmente fica muito sozinho nessa casa. Por mais que tenha a nós, seus empregados, não tem um amigo de verdade. Tenho certeza de que se darão muito bem!

- Espero – disse Sirius. Se dar bem com homens lhe era indiferente, mas se isso deixasse aquela mulher feliz ele certamente o faria. Na escola ele era um dos garotos mais populares e cobiçados, e se considerava, de longe, o mais bonito. Nem mesmo James poderia competir com ele, mas isso era algo que não discutiam: suas opiniões sobre si mesmos certamente seria sempre a de que eram mais bonitos um que o outro, porque não se deve achar um homem bonito demais.

Os dois chegaram à mesma sala na qual Walburga e o garoto haviam discutido. A empregada levou a mala de Sirius para algum quarto e Sirius entrou na sala, vendo um pouco de cabelo castanho-claro acima da poltrona. O garoto não era tão alto quanto ele, certamente.

- Olá – disse Sirius.

- Oi – disse o garoto timidamente. Ele se levantou e olhou para Sirius, que lhe estendeu a mão. – Eu sou Remus Lupin, muito prazer.

- Sirius Black – ele puxou o garoto e lhe deu um abraço. O garoto ficou vermelho e Sirius, ao perceber, riu. – Já que eu vou ficar aqui, não precisamos ter certas formalidades, cara – ele sentou em um dos sofás. – Legal o seu castelo, se eu o visse jamais pensaria que você mora nele. Acho que a velha Walburga Black também não... Sinceramente, você deveria ter deixado sua empregada matar ela.

- Não deveria falar assim de sua própria mãe. E eu não poderia deixar Lin matar uma pessoa.

- O nome dela é Lin?

- Lindsay, mas eu a chamo de Lin.

- Que empregada, hein – Sirius assobiou.

Os dois garotos ficaram conversando. A impressão que Sirius teve de Remus foi que ele era um garoto frágil, solitário e tímido, mas alegre, divertido, inteligente e agradável. Remus achou que Sirius era alegre, engraçado, expansivo e muito bonito, mas egocêntrico, sem sensibilidade, distraído, despreocupado e um tanto arrogante. Ambos concordavam em uma coisa: eram a melhor companhia que já haviam tido. Sirius tinha outros amigos, mas conversar com Remus era diferente. Ele não saberia explicar por que, mas era. Remus, por outro lado, nunca havia tido amigos, e achou-se muito sortudo por seu primeiro amigo ser como Sirius.

- Mestre, o jantar está pronto – disse Lindsay, entrando no quarto.

- Estamos indo – disse Remus. Ele ficou observando os olhos de Sirius fitarem descaradamente as pernas de sua empregada desde que ela entrara. Assim que ela saiu, ele assobiou novamente.

- Mas que pedaço de mau caminho – disse Sirius com um sorriso malicioso. – Aliás, um pedaço não; ela é um mau caminho inteiro.

Remus ignorou o comentário, que por algum motivo desconhecido o irritou, e os dois seguiram juntos até a sala de jantar. O licantropo riu quando um Oh! escapou pela boca do novo amigo. Na mesa havia tudo o que a mãe sempre o havia proibido de comer: frituras, massas, e várias outras coisas que fariam sua mãe recomeçar seu discurso sobre a saúde e, principalmente, sobre o peso, porque "ser um Black significa ser bonito, e gordura não é beleza". Uma das maiores felicidades de Sirius era ser mais bonita que seu irmão, que realmente merecia ser um Black, nas palavras de sua adorável mamãe.

- Se Walburga visse isso, ela morreria – riu Sirius. – Ou talvez me matasse.

- Não sou muito a favor de comermos somente essas coisas, mas hoje é uma ocasião especial – Remus sorriu.

Os dois se sentaram à mesa e Lindsay, que já estava na sala de jantar, os serviu. Ela se recusava a sentar-se à mesa com seu mestre, motivo pelo qual ele sempre comera sozinho, mas lhe fazia companhia para que não se sentisse solitário. Aquela noite, no entanto, ela sabia que ele não se sentiria solitário. Daquela noite em diante ele teria um amigo, e a julgar pelos olhos daquele que há tanto tempo conhecia, ele esperava mais do que amizade.

Sirius Black... Para o bem ou para o mau, aquele garoto mudaria para sempre a vida de seu amado mestre. Faria-o muitíssimo feliz ou infinitamente triste.

Sirius Black... O primeiro amigo de seu mestre era também seu primeiro amor.

N/A: Essa fanfic inicialmente seria um oneshot, mas de repente a história foi crescendo, crescendo... Até que eu descobri que se fosse um oneshot ficaria muito cansativo pra ler, então vou dividir em capítulos, mas não serão muitos. Quantos, exatamente, não sei. Sim, as fanfics se desenvolvem sozinhas, elas têm total livre arbítrio, ao contrário dessa pobre autora, que simplesmente escreve o que elas querem. Bem, espero que gostem da fic, mas se não gostarem podem deixar uma review me dizendo pra tomar vergonha na cara e começar a escrever coisas decentes, ou simplesmente parar de escrever. Se você gostou, não deixe de mandar uma review porque, como todos sabemos, são grandes incentivos para se continuar. Principalmente quando não se tem um pingo de vergonha na cara e uma péssima mania de não terminar o que começa.
Enfim, só pra lembrar... Reviews, please.