O despertador tocou às 06:00 em ponto, como sempre. Ela deu um resmungo e colocou-se de pé, como sempre. Aliás era sempre assim, como em todo o resto da sua rotina ou melhor da sua vida. Desde que se mudou para Tókio, há quatro anos atrás, para morar sozinha e se virar, sua vida permaneceu a mesma desde então. Não era infeliz, gostava do seu apartamento pequeno, porém organizado. Era totalmente apaixonada pelo seu trabalho e possuía amigos, não muitos, pois a sua natureza tímida não permitia, mas os poucos que tinha eram os melhores que alguém poderia ter. Faltava algo e ela sabia muito bem o que era por já ter lido e até escrito muito sobre ele, AMOR. Piegas eu sei, mas uma mulher de 23 anos que só teve um namorado e mesmo assim na época de colégio era meio derrota total, não saía a procura, mas também ninguém aparecia.
Hinata entrou no chuveiro com essas idéias rondando a sua cabeça, ultimamente sempre pensava nessas coisas, de como a sua vida estava parada, e não chegava exatamente a uma conclusão e muito menos a uma solução.
Saiu do chuveiro, se arrumou e deu uma olhada no espelho para checar se estava tudo no lugar, o que viu tiraria o fôlego de qualquer um, menos o dela, uma bela mulher de 1,65cm, com pele clara como a neve, os cabelos pretos caindo em cascata até a cintura e olhos raros como duas pérolas acinzentadas.
Fazendo uma cara de que fiz o melhor que pude, ela segredou para a sua imagem:
Hinata: Sinto muito, mas não dá pra melhorar pois estou atrasada para o trabalho.
Pegou suas coisas e foi direto para a editora. Hinata trabalhava em uma pequena editora, a BooksLive, como revisora, e vinha também escrevendo um livro com o incentivo da sua chefe Tsunade, pois pela própria Hinata as suas histórias nunca sairiam do seu notebook para as mãos de alguém.
Hinata: Bom dia Ino-chan!
Ino: Bom dia Hina-chan! Empolgada para festa da semana que vem?
Hinata esboçou um sorriso amarelo, pois odiava festas e mentiu sabendo que ninguém, muito menos a sua melhor amiga acreditaria.
Hinata: Não vejo a hora.
Ino deu uma risadinha
Ino: Que isso Hina, você tem que se animar, quem sabe não conhece alguém.
Ela odiava essa frase, ou qualquer uma do gênero, pois nunca conhecia ninguém. Às vezes os caras davam em cima dela, mas sempre com um ar libidinoso que embrulhava o seu estômago já que os caras legais gostavam de garotas legais, o que não era o seu caso.
Foi para sua sala acabar de revisar um livro sobre animais, mas ela preferia os romances. Esse falava dos animais domésticos, suas raças, os cuidados que se deve ter com cada um e outros tópicos voltados para esse assunto. Estava para terminar a revisão quando leu o último trecho do livro:
"Um animal de estimação é a família que está longe ou que você não possui, aquece qualquer coração e ainda te faz companhia."
Hinata leu o trecho e pensou na sua família morando em outra cidade e em seu apartamento sempre vazio ao voltar pra casa depois de um dia cheio. Talvez não fosse má idéia comprar um bichinho de estimação, afinal nesse momento ela não conseguia pensar em um coração mais frio que o dela.
Passou o resto do dia de trabalho com esse pensamento na cabeça, ficou até animada. Ao sair do trabalho deu um "ja ne" alegre para os colegas e foi saltitante pelas ruas em busca de uma loja de animais.
Encontrou um pet shop chamado Inuzuka Pet, mas não sabia se lá vendia animais ou se só cuidavam deles. Resolveu tentar a sorte. Entrou e se deparou com uma loja ampla, com prateleiras nas duas paredes laterais, com itens para animais e na parede ao fundo uma bancada de mármore.
Não havia ninguém, o que lhe pareceu estranho. Foi caminhando receosa até o fundo da loja, onde ouviu alguns barulhos embaixo do balcão. Resolveu fazer alguma coisa para que, quem quer que fosse soubesse que ela estava ali.
Hinata: Com licença.
Ouviu um baque surdo.
?: Droga de balcão!
Hinata ficou sem ar. Surgiu na sua frente um homem de 1,90cm, com a pele bronzeada pelo sol e tatuagens curiosas na face, esfregando a cabeça com uma cara mal humorada, onde mesmo assim não escondia toda a sua beleza.
Rapidamente a carranca deu lugar ao sorriso, e que sorriso, e ela se sentiu analisada de cima a baixo pelo estranho, vendo o sorriso apenas aumentando, se é que era possível.
?: Oi, bem vinda ao Inuzuka Pet...( a face do homem corou levemente)...desculpe pelo linguajar.
Hinata soltou um "Oi" sussurrado, pois estava ainda meio sem fôlego.
?: Meu nome é Kiba Inuzuka, em que posso ajudar?
Nesse momento ela corou, como não corava há anos e se amaldiçoou internamente por ser como era.
Kiba: Moça você está se sentindo bem? Quer uma água?
Hinata voltou do seu torpor momentâneo e falou em um único fôlego.
Hinata: Gomen, eu não queria incomodar, já vou indo.
Já girava o corpo quando sentiu uma enorme mão a impedindo.
Kiba: Ei, calma aí!
Hinata:...
Kiba: Você entrou aqui por algum motivo e eu estou aqui pra te servir.
Hinata pensou que ao levantar os olhos se depararia com aquele mesmo olhar libidinoso com que estava acostumada, mas foi presenteada com um sorriso sincero, como o de um menino que espera ganhar um doce.
