A jovem de longos cabelos loiros permanecia deitada confortavelmente na grama incrivelmente verde enquanto observava grandes nuvens brancas de aparência fofa cobrir lentamente o céu que agora permanecia em uma cor azul celeste com leves raios de sol quebrando a imensidão azulada.
Esse era, de fato, um dos muitos costumes que adquirira depois de tantos anos caminhando ao lado do shinobi conhecido por manipular as sombras, Nara Shikamaru, costume o qual não perdera mesmo depois que se casara e saíra de Konohagakure no Sato.
Um leve sorriso abriu-se em seus lábios pintados por um gloss de cereja ao lembrar-se de tantas das coisas que passara em sua infância e adolescência debaixo daquele mesmo céu, os treinos, as brigas, os passeios e até seu primeiro beijo, todos eles nesse mesmo lugar, alguns presenciados por um céu tão claro quanto este, outros por uma imensidão acinzentada trazida e criada pelas gotas de chuva que desabavam e desmanchavam-se perante a grama, às vezes coberta pelas pequenas folhas alaranjadas que caíam em diferente época do ano.
Lembrou-se dos dias exaustivos de treinos ali por um de seus primeiros exames, foi quando encontrara o homem que nem sonhara que podia ser um dia o amor de sua vida, recordou-se então do reencontro de ambos anos depois, dos orbes verdejantes e dos cabelos ruivos bagunçados, lembrou-se de como seu coração acelerara e de quando finalmente percebeu que o que sentia era amor, fora quando percebeu que nunca amara realmente Uchiha Sasuke. Lembrou-se de como sentiu quando descobriu ser correspondida e como seu mundo coloriu-se quando foi pedida em casamento, de como doeu partir de sua vila natal mesmo com propósito tão feliz. De como foi descobrir que estava esperando um filho, o fruto de seu mais sublime amor... E o medo que sentiu de contar ao Gaara, o medo da rejeição e em seguida a felicidade extrema quando o viu sorrir e acariciar sua barriga.
Uma lágrima caiu de seus orbes azuis enquanto as memórias continuavam, dessa vez o nascimento de seu primogênito, o primeiro choro, a primeira amamentação, a primeira palavra, o primeiro passo e a primeira vez que manipulara a areia sem ter consciência do que fazia, enchendo seus pais de um extremo orgulho.
Foi distraída entre suas mais profundas e felizes memórias que não percebeu vários passos em sua direção, assustou-se quando um garotinho pulou em cima de si e um homem sentou-se ao seu lado.
Sorriu abertamente e passou ambos os braços ao redor do corpinho frágil do filho, acariciando-se os cabelos ruivos enquanto fitava os orbes azuis de seu pequeno tesouro, fitou o marido e roubou-lhe um beijo leve, apenas um roçar de lábios enquanto perdia-se em um dos seus momentos que com certeza tornaria-se uma de suas lembranças, as mais felizes a qual passava com seu Satoru e Gaara, a família que formara e amava mais que tudo.
