Darker Than Black © Bones, mas eu quero o November 11 e o Hei pra mim. Quem é que vai me dar?
Two drifters off to see the world
There's such a lot of world to see
We're after the same rainbow's end
(Moon River – Johnny Mercer & Henry Mancini)
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Ele sabe que o tempo é pouco e precisam sair ali o mais rápido possível, mas só consegue parar e observar ao que a garota de olhos mortos se senta no banco pulverulento de madeira, afastando o vestido graciosamente. O farfalhar das saias faz um barulho agradável ao que ela abaixa a cabeça e começa a movimentar as mãos magras em direção às teclas do piano de cauda, que parece maior e mais majestoso em comparação à sua figura pequena. Dedos finos começam a tirar do instrumento uma melodia suave que parece um tanto familiar a Hei, sua palidez quase que se mesclando com a cor marfim das peças sob a luz do luar que adentra a janela de vidros quebrados.
Yin não parece se importar com os fios de cabelo que caem sobre seu rosto, atrapalhando sua já limitada visão, e apenas continua a tocar com o auxílio do pouco que consegue enxergar. O chinês se pergunta se sua expressão distante, naquele momento, realmente seria apenas da personalidade de Doll ou por conta da viagem que o som daquele piano antigo, abandonado e desafinado lhe permitia fazer, lembrando em detalhes nítidos de muitas coisas que ela preferiria esquecer e outras tantas que ficaria muito feliz se pudesse recordar.
Os minutos se passam antes que ambos percebam, cada um absorto em seus próprios pensamentos que os transportam para mundos distantes que só eles mesmos conhecem. Ao terminar a execução da música, Yin apenas se vira para ele e acena afirmativamente com a cabeça, uma inclinação quase que imperceptível e uma certa umidade nos olhos iluminada pela luz exterior. Não ouve elogios ou qualquer outra coisa, embora saiba muito bem que por dentro ele pensa em várias palavras belas que não quer ou não sabe como dizer.
As palavras que saem dos lábios dele lhe fazem uma pergunta simples e objetiva, nas linhas de "Não quer ficar mais um pouco?", mas ela prontamente lhe responde que não com mais um aceno de cabeça. Não por não querer, pois a garota adoraria ficar tanto tempo quanto pudesse daquela maneira, com Hei e um piano junto a si, mas por saber que seria impossível não sentir saudade e que, àquele ponto, é melhor já não mais se importar com tudo que já teve e um dia teria de deixar para trás. Recebe um aceno positivo do homem como resposta antes de levantar-se e caminhar em sua direção, lançando um último olhar demorado para o piano empoeirado. Fecha os olhos de cor avermelhada e, segurando firme na mão dele, dá as costas ao casebre abandonado.
Yin sabe muito bem que aquela vida é perigosa e solitária, que poucas vezes terão momentos simples de paz como este que acabaram de passar, mas ela confia em Hei. Confia com toda a força de seus sentimentos e seu coração, os mesmos que acabara de despejar na música que executara apenas para si mesma e para ele. E por um instante que passa despercebido aos olhos negros do BK-201, um sorriso tímido e discreto faz caminho por seus lábios. Aperta mais forte na mão dele antes de dar o último passo para fora da casa e para dentro da noite quase constante em que vivem, sem medo e sem olhar para trás.
Afinal, o brilho prateado da Lua é melhor visto quando o céu está escuro, quase negro.
[N/A] O trocadilho com cores e nomes na última linha foi o que me deu vontade e idéia de escrever essa fic. Sei lá, eu gostei dela. Não tenho nenhum ship definido em DTB, mas gosto de Hei/Yin. E é uma vergonha esse fandom não ter nenhuma fic em português, considerando que é um anime tão bom.
Enfim, reviews me farão feliz. s2
