Bem curtinha. Muito curtinha, mas tive que escrever. Creio que não chega nem a ser considerada "romance"... Mas vou postar de todo jeito.
Unidos pela Solidão
Um pingo.
...
Dois...
Três.
Não demorou muito para a chuva torrencial cair com violência sobre o país do sol nascente, encharcando seu representante com águas pesadas, que pareciam querer fazer seu coração afundar. O sangue em suas roupas, seus sapatos, em sua espada não seria lavado, o cheiro impregnava o ar. Em seu rosto, um rastro imitando lágrimas.
A mão se fechava em torno do cabo da arma, o qual manchado estava com o próprio líquido rubro. Estivera lutando arduamente por um longo período de força, que pareciam se esvair de seu corpo à medida que se virava para trás, deparando-se com diversas armas de fogo apontadas para si.
Não precisava olhar para ter certeza: o som do gatilho era inconfundível.
Os olhos opacos fixaram o loiro, não conseguiu evitar que um pequeno – e discreto – sorriso triste se formasse em seus lábios, enquanto os olhos enchiam-se de lágrimas que não poderia derramar. Sorte, a chuva com sua negritude poderia disfarçar o que queria esconder.
Os orbes verdes fitavam-no friamente, embora em seu íntimo seu dono se perguntasse por quê. Por que aquele sorriso? Por que aquelas lágrimas? Por que toda aquela guerra? Por que, por que, por quê.
Não tinha tempo para respostas.
A chuva, com aqueles pingos que feriam, parecia indicar a tempestade que havia em ambos os corações.
Aquelas lembranças... elas não deveriam existir.
Para eles, acreditar em coisas como "sonhos" ou "destino" era inútil. Sempre haveria uma força superior... unindo-os e separando-os.
(Algo lá no fundo dizia que poderiam crer.)
A situação era de conflito, mas eram como iguais. Dois corações solitários que buscavam, cada um a seu modo, um pouco de aconchego. No final, não havia diferença: o sangue das duas partes foi derramado, se unindo e misturando-se àquela terra infértil, na qual, no futuro longínquo, brotariam flores carmesim, regadas pelas lágrimas derramadas aquela noite.
Um dia, quem sabe, mesmo com aquela relação manchada, aquele amor distorcido que pairava sobre os dois, também conseguiriam – assim como aquela terra – fazer algo mais florescer.
Um sorriso sincero. Um lugar que poderiam chamar de... "lar".
