Super Alerta de Spoilers:
Não leia se não tiver visto o Finale da Terceira Temporada, ou eu vou estar acabando com a graça da coisa.
Agradeço.
Primeiro Dia
A respiração dela era curta, rápida e constante. Era sinal de que algo ainda estava errado, mas para quem a tinha visto parar de respirar aquilo era um alívio. Vê-la ali, deitada na cama do hospital respirando e com o coração batendo era a melhor visão que Castle tivera em vinte quatro horas. Há vinte e quatro horas, o sangue de Beckett escorria por entre seus dedos enquanto ele tentava estancar um sangramento. Há vinte e quatro horas ela fechara os olhos e mergulhara num sono do qual ainda não acordara. Parecia dormir para compensar as horas que ele ficara acordado ao seu lado, assistindo seu peito subir e descer, tentando não prestar atenção nas ataduras que a cobriam praticamente do pescoço à barriga.
O ar sumia dos pulmões de Castle quando ele se lembrava das palavras do médico. "Ela teve muita sorte", ele dissera. Perdera muito sangue, a bala tinha passado perto de seu coração e de várias veias e artérias importantes – quem se importava com os nomes? "Ela iria ficar bem?" Sim. Ele soltara um suspiro. Cem por cento bem, mas dias, semanas se passariam até que isso acontecesse, meses.
A preocupação ainda atormentava o escritor. As imagens eram – e sempre seriam – evitadas para o resto de sua vida, ele sabia. Os olhos de Beckett saindo de foco aos poucos... Castle podia escutar a própria voz em sua cabeça narrando a cena.
"E então ela parou de tentar, e ele se viu com ela nos braços, à beira da morte novamente. Sem poder fazer absolutamente nada".
Com lágrimas nos olhos Castle correu a mão pelos cabelos e se inclinou na direção da cama de Beckett. A cadeira onde estava sentado, ao lado da detetive, o deixava perto, mas nunca o suficiente. Queria poder segurá-la nos braços, "Você vai ficar bem, Kate, eu prometo". Mais ainda, queria poder voltar no tempo e puxá-la do alcance de vista do atirador, pular em sua frente, impedir o desgraçado de puxar o gatilho; qualquer coisa que a tirasse daquele estado.
Não pela primeira vez em sua vida ele queria poder mudar o final, apertar o delete e começar tudo de novo, mas aquela não era uma de suas histórias. Sua própria mãe lhe dissera, ele não podia escapar de uma bala a menos que ela não fosse em sua direção, e Deus, como ele queria ter sido o alvo! Mais um de seus desejos impossíveis, pensou, sabendo que aquele fora o capítulo mais frustrante na história dos dois, contando com a frase que mais o torturava em sua própria narração dos fatos.
"Por enquanto, só o que ele podia fazer era esperar".
