Título: A Força do Destino
Autora: Mary SPN
Casal: Jared Padalecki / Jensen Ackles
Avisos: Trata-se de Universo Alternativo, tudo aqui é ficção, fruto da minha linda imaginação. O lugar também é fictício. Só utilizei as montanhas da Islândia porque é o lugar onde a Riley da série de Sense8 se acidentou. Não creio que haja alguma aldeia ou vilarejo perdido por lá... rsrs.
Sinopse: Forçado a conviver com pessoas de uma cultura completamente diferente, Jensen terá que aprender a lidar não só com o desconhecido, mas com seus próprios sentimentos.
A Força do Destino.
Capítulo 1
A viagem até a Islândia tinha sido extremamente cansativa, e Jensen sabia que ainda teriam muito chão pela frente, o que era bastante desanimador. Ainda não sabia por que havia atendido àquele chamado. Com certeza outros médicos que moravam mais próximos ao local poderiam ter feito, sem maiores problemas.
Tinha recebido uma ligação e aceitado a tarefa num impulso, talvez porque precisasse passar um tempo longe de tudo. Mas agora, analisando friamente, não tinha uma boa explicação; só conseguia pensar que aquilo tudo era uma grande loucura.
- Você sempre carrega tanta bagagem? - Jensen brincou enquanto ajudava Sarah, uma jovem médica, a carregar suas malas do pequeno avião que os tinha trazido do aeroporto de Keflavík até a mini van que os aguardava.
- Você está brincando? - A mulher loira colocou as mãos na cintura. - Nós vamos encarar muita neve, meu amigo, melhor manter esse corpinho aquecido - Sarah deu um tapinha na bunda de Jensen, piscou e saiu arrastando mais uma das malas até o automóvel.
Com seus 34 anos, formado e atuando como médico pneumologista, era a terceira vez que Jensen Ackles participava de uma expedição com uma equipe de médicos sem fronteiras. Tinham sido notificados sobre um possível surto de gripe em um vilarejo próximo às montanhas nórdicas, e Jensen foi um dos primeiros a se prontificar a atender.
O caminho era bastante ígreme, com curvas perigosas e estradas cobertas pela neve, de causar arrepios. Jensen passou a mão direita pelo vidro embaçado do carro, tentando enxergar lá fora, mas não podia ver nada além da neve. Olhou para os outros dois companheiros, Sarah e Brian, e percebeu o quanto estavam tensos também.
O motorista, islandês, parecia tranquilo e falava o tempo todo, em um inglês muito ruim, sem receber qualquer resposta. Tudo o que Jensen conseguiu entender era ele resmungando sobre três loucos virem dos Estados Unidos para aquele fim de mundo, e por ter que dirigir com aquele tempo horrível.
Jensen ouviu Sarah rezando baixinho, e se deu conta da loucura que estavam fazendo. Deveriam ter esperado o clima melhorar, mas como suas agendas eram apertadas, tinham decidido enfrentar o tempo ruim. Não sentia medo, talvez porque não tivesse muito a perder.
Não tinha família, seus pais haviam falecido quando ainda era adolescente e quase não tinha contato com seus outros parentes. Tinha passado por um divórcio há três anos, e não tivera nenhum relacionamento sério desde então. Era um homem de hábitos simples e bastante reservado. De temperamento difícil, solitário e de poucos amigos, gostava muito do seu trabalho e principalmente dos trabalhos voluntários que fazia. Sentia-se realizado ao poder ajudar as pessoas, por isso não se importava em largar tudo e viajar para lugares desconhecidos, como o que estava fazendo agora.
- Você acha que estamos no caminho certo? - Sarah quebrou o silêncio.
- Não faço ideia - Jensen respondeu, sem querer se alarmar.
- Estamos nesta estrada há mais de seis horas e não encontramos uma alma viva sequer - Brian falou. Estivera quieto durante toda a viagem. - Eu não acredito que haja algum vilarejo neste lugar. Estamos perdidos.
Contornavam a montanha quando o carro deu um solavanco forte. Jensen ouviu Sarah gritar e o motorista chamar um palavrão, ou pelo menos imaginou que fosse, pois ele estava xingando em islandês. Por instinto, verificou o seu cinto de segurança e nesse mesmo instante sentiu o carro rodar na estrada. O motorista tentava recuperar o controle, mas a mini van deslizava, atravessada no que era para ser uma estrada, até dar outro solavanco e por fim capotar.
O que aconteceu em seguida foi uma sessão de gritos, desespero, dor… Jensen sentia cada pancada e continuava consciente, enquanto o carro capotava e deslizava pela neve. Não sabia quanto tempo durou, mas os segundos pareceram horas. Quando o veículo finalmente parou, colidindo com uma árvore, Jensen apagou.
Acordou algum tempo depois, confuso, e a dor em seu braço esquerdo e abdômen fez com que se lembrasse do acidente. Tocou em sua cabeça, fazendo um auto exame, e sentiu o gosto ferroso de sangue em sua boca.
O carro estava tombado de lado, então chamou o nome de seus colegas, esperando que eles estivessem em melhor estado que o seu. Soltou o cinto de segurança com dificuldade e tentou ficar de pé, apesar da dor que sentia.
Alcançou Brian primeiro, e tomou seu pulso, constatando o que tanto temia. Seu colega estava morto. Era um homem negro, jovem, cheio de disposição. Jensen acabara de conhecê-lo, então não sabia nada sobre a sua vida, apenas que tinham seguido naquela viagem com o mesmo propósito.
Com dificuldade, chegou até Sarah, e nem precisaria tomar seu pulso para constatar que também estava morta, assim como o motorista da van.
Sentiu seu sangue quente encharcando sua própria camisa e então o desespero começou a tomar conta de sua mente. Suas mãos tremiam, as lágrimas embaçavam seus olhos e o instinto de sobrevivência o fez perceber que precisava sair dali o mais rápido possível e encontrar ajuda.
Com grande esforço, tentou empurrar a porta da van, mas esta estava emperrada. Jensen sentia-se tonto e tinha muitas dores, mas reuniu forças para quebrar o vidro traseiro do veículo e conseguiu sair por ali.
Já do lado de fora, seu desespero somente aumentou. Não havia nada no local além de árvores e a nevasca castigava ainda mais o seu corpo. A umidade e o frio eram insuportáveis e era impossível enxergar mais de dois metros à sua frente. Com a voz fraca, Jensen gritou por socorro, mas sabia que seria em vão. Pegou o celular no bolso da calça e só constatou o óbvio: não havia nenhum sinal por ali.
Caminhou mais alguns passos e sentiu seu corpo ceder, caindo de joelhos. Tombou para a frente, sentindo a neve em seu rosto e de repente aquilo lhe pareceu reconfortante. Suas pernas estavam dormentes pelo frio e já não sentia mais dor. A última coisa que viu foi o seu próprio sangue tingindo a neve de vermelho. Estava tudo acabado.
- x -
Tendo crescido naquele vilarejo, Jared já estava habituado com o frio e com a neve, apesar desta atrapalhar a sua visão e tornar o caminho muito mais difícil. Após andar por quase uma hora na neve, parou diante da pequena capela de pedras, onde o seu povo costumava rezar, e ajoelhou-se diante da cruz.
Não era exatamente um crente. Tinha muitas dúvidas sobre aquilo que o seu povo pregava, mas acreditava em Deus. No seu Deus, aquele que era bom e generoso e que sempre sabia o que era melhor para si.
Fez uma pequena oração que tinha aprendido quando criança, mas gostava realmente era de conversar com Ele, do seu jeito. Isso sempre o fazia sentir-se mais leve e lhe dava coragem para seguir em frente.
Sua vida nunca fora fácil, mas não era de se lamentar. Se era aquele o seu destino, não havia nada que pudesse fazer. Talvez a felicidade plena estivesse reservada para uma outra vida.
- Faz tempo que eu não venho aqui, eu sei - Jared sorriu, constrangido. - Não é que eu tenha perdido a fé, eu só… tenho tido muitas coisas pra fazer. Pode ser cara de pau minha vir aqui pedir, mas será que dá pro senhor facilitar as coisas um pouquinho só? Nem caçar eu estou conseguindo, parece que os bichos todos se esconderam em algum lugar. E isso só faz com que as pessoas fiquem ainda mais desapontadas comigo - Jared mordeu o lábio inferior, pensativo. - Eu também queria pedir que… Bom, talvez eu esteja destinado a ficar sozinho, ou quem sabe eu seja mesmo amaldiçoado, como todos dizem, e… Bobagem. Eu não acredito em nada disso, na verdade. Eu sei que ele deve estar por aí, em algum lugar. O amor da minha vida, minha alma gêmea, ou sei lá… Então, eu sei que estou pedindo muito, mas será que dá pra eu conhecê-lo logo? Porque os dias sozinho tem sido difíceis, sabe? Claro, o senhor sabe de tudo - Jared sorriu com tristeza. - Mas tudo bem - Se levantou, fazendo o sinal da cruz. - O senhor sabe o que é o melhor pra mim, então… Muito obrigado por tudo.
Deixou a capela e continuou o caminho em direção à montanha, e logo avistou um cervo correndo entre as árvores.
- Certo. Uma coisa de cada vez - Sorriu, agradecido, e perseguiu o animal, tomando todo o cuidado para não ser visto. Quando o cervo finalmente parou no pé da montanha e lhe deu uma boa vantagem, Jared se ajoelhou atrás de um arbusto, com o arco em punho, mirando firmemente o seu alvo.
Estava prestes a soltar a flecha quando ouviu um estrondo ao longe. Olhou para a direção do barulho rapidamente e, quando voltou o olhar para o cervo, este havia desaparecido. Bufou, frustrado, e se levantou, xingando um palavrão. Dentro de algumas poucas horas anoiteceria, teria que deixar a caçada para o dia seguinte.
Curioso para saber do que se tratava aquele estrondo, que pensou ser uma avalanche, Jared caminhou até o local. Apressou o passo ao ver que havia um veículo tombado em meio à neve.
Se aproximou, receoso, e olhou pelo vidro quebrado na parte de trás, percebendo que havia pessoas lá dentro. Largou o arco e flechas no chão e entrou no automóvel, constatando que não havia sobreviventes.
Saiu do carro e olhou para a montanha, tentando entender como aquele automóvel tinha vindo parar ali. Era impossível.
Com pesar, mas sem ter o que fazer por aquelas pessoas, Jared apanhou suas coisas e pensou em voltar para o vilarejo e avisar alguém, quando viu que havia um homem estirado na neve. Correu até ele e segurou seu pulso, percebendo que, apesar de fracos, ainda tinha batimentos cardíacos.
Virou o homem de frente e o apalpou, avaliando a gravidade dos seus ferimentos. Tentou acordá-lo, mas ao não obter resposta, colocou-o sobre o seu ombro e iniciou o caminho de volta para o vilarejo, em busca de ajuda.
- x -
Ao finalmente recobrar a consciência, Jensen tentou se mover e gemeu alto, sentindo todo o seu corpo reclamar pela dor. Ouviu vozes ao seu redor e mãos apalpando o seu corpo, então forçou-se a abrir os olhos, apesar da claridade que ofuscava sua visão.
Não sabia que lugar era aquele, e ficou ainda mais confuso ao ver que à sua frente havia um homem forte, com uma manta de peles cobrindo parcialmente o seu peito, os cabelos um tanto compridos e desgrenhados e a barba por fazer. As feições um tanto rudes, que destoavam dos seus olhos esverdeados curiosos, o encarando muito de perto, e um sorriso quase infantil, formando covinhas em seu rosto.
- Um pesadelo - Jensen voltou a fechar os olhos. - Só pode ser um pesadelo.
Continua...
