É assustador ser capturado pela Akatsuki, mas ainda mais assustador é ser capturada porELE, Ane tinha certeza disso. A poucos metros a sua frente estava o homem/tubarão que há dias a mantinha aprisionada à ele, com o objetivo de entrega-la a organização criminosa a qual pertencia. Bastardo, se aquela espada intimidante não tivesse drenado seu chakra quase que completamente ele já teria visto o resultado do ato estúpido de se tentar capturar uma das aprendizes da Hokage. Mas diante de sua atual situação não havia muito a ser feito, tinha forças suficiente somente para continuar o seguindo, o filho da mãe fazia questão de se certificar disso a cada mísero segundo. Mas Ane tinha seu plano, talvez ridículo a essa altura, mas valia a tentativa. Ela aproveitaria uma oportunidade qualquer em que ele estivesse dormindo, ou entretido demais limpando ou seja lá o que ele fazia com aquela espada maldita, e fugiria...Ela tinha certeza que longe de Samehada ela ia conseguir reunir chakra o bastante para se afastar de Kisame. Com um sorriso confiante típico de um ninja da folha, ela concluiu que definitivamente Kisame não sabia com quem estava se metendo.
Mas seus pensamentos de fuga(mesmo que improváveis)foram interrompidos quando ela percebeu que seu captor tinha parado de andar e agora a observava com curiosidade. De perto. Perto demais. Ele, de fato, devia procurar saber mais sobre espaço pessoal, havia menos de um metro entre eles.
Fazia dias que ele agia dessa forma, a observando em momentos íntimos como se limpando, ou escovando os cabelos nos hotéis em que ficavam, sempre dizendo que era somente porque não podia confiar nela sozinha. Porém, todas as vezes ele a olhava como se ela fosse nada mais que um pedaço de carne. No começo Ane realmente odiou esse olhar, ela nunca foi considerada fraca, era uma das melhores de todo o País do Fogo e aquele olhar a fazia se sentir nada além de uma presa estúpida, humilhada em frente ao predador. Mas conforme esses momentos se repetiam, ela passava de humilhada para envergonhada e de envergonhada para curiosa. Ela queria entender o que aquilo significava, apesar da certeza de que a verdade não a agradaria.
A capa dele encostava em suas pernas conforme o vento batia e ela trincou os dentes diante do arrepio que esse ato provocou em seu corpo. Droga, ele estava perto demais e ela sem chakra para se defender se ele tentasse alguma coisa.
"O-o que você quer?" Maldita hora que sua voz resolve falhar, o que aconteceu com toda sua confiança típica da folha de meros momentos atrás?
"Hum, nada. Só fiquei curioso com sua mudança de expressão repentina, se não fosse loucura eu diria que está planejando alguma coisa, kunoichi..." Ele disse sarcasticamente enquanto alargava um sorriso predatório.
Ane não sabia exatamente o que deveria pensar sobreaquelesorriso, era intimidante e motivador ao mesmo tempo. Sacudiu a cabeça afastando esses pensamentos incoerentes de si para se focar no que realmente importava nesse momento, se livrar do enorme homem a sua frente. Reunindo a pouca coragem que restava em si, ela cruzou os braços em frente aos seios, o que levou Kisame a olhar pra essa área com um desconcertante interesse. Desconcertante pra ela, lógico, ele parecia estar alheio a qualquer nível de educação. Anne tossiu levemente para chamar atenção de Kisame e quando ele olhou para si não foi só diversão e sarcasmo que sua expressão facial demostrava, ele parecia novamente com aquele predador olhando sua presa. Seu olhar chegou a queimar algo dentro dela, como se ele pudesse tocá-la somente a observando. Envergonhada ela quebrou o contato visual.
"Eu não seria idiota para tentar algo nessas condições, não quando você não tem o menor controle usando essa maldita espada contra mim, seu idiota. Eu juro que mais um pouco disso e eu desmaio, terei de ser carregada."
Seu comentário foi ingênuo e carregava uma tentativa de aliviar toda a tensão que um simples olhar de seu captor causou. Mas quando ele estreitou os olhos intensificando aquela expressão, ela soube que havia falhado.
"Não seria de todo ruim isso, não é?" Ele deu um passo mais perto e os instintos defensivos da garota gritaram pra ela se afastar, mas algo a prendia ali, algo a prendia àqueles olhos.
Era vergonhoso a forma ridícula que estava reagindo e o quão rápido isso tudo tinha acontecido, mas Ane simplesmente não estava mais no controle dela mesma. Ela sabia que deveria manter distância, gritar e lutar pra ele a deixar em paz, ou para eles continuarem com essa caminhada interminável já que não havia outra escolha. Ela sabia que devia estar pensando em alguma forma de avisar a Naruto ou qualquer um de seus amigos que ela estava em perigo. Sim, ela sabia de todas essas coisas. Mas algo sobre esse olhar de Kisame estava a deixando sem reação...
Ela já havia sentido atração e de fato estado com alguns homens antes, embora estivesse apenas com seus 18 anos.Inocência não era algo que se mantinha por muito tempo no mundo ninja.Ela não era mais uma criança em muitos sentidos. Mas Kisame não era como esses homens. Era muito diferente mesmo. Pra começar ele era o maior cara que ela já havia visto, em comparação com ele a cabeça da garota mal alcançava seu tórax. Depois tinha sua pele que era daquele tom azulado assim como seu cabelo, embora bem mais escuro, que se mantinha perfeitamente desalinhado e em pé desafiando a lei da gravidade. E ele tinha brânquias no rosto, por Deus, como ela podia se manter, ainda que momentaneamente, atraída por ele? Ela queria que essas observações fossem suficientes para fazer com que desistisse desse súbito interesse nele. Mas a realidade não era assim. Seu lado médico se encantou com sua pele, verdadeira curiosidade de tocar e saber a textura, temperatura e coisas assim. Seu sorriso pontiagudo a assustava, mas junto com aquele olhar isso só a fazia sentir como se algo dentro dela começasse a esquentar. Ela queria tocá-lo. Queria sanar toda curiosidade que aquele homem a fazia sentir.
E quando Kisame sorriu ainda mais, algo dentro dela simplesmente rugiu - aquele lado animal que por vezes ela não podia controlar - e a próxima coisa que sua mente registrou foi o vento batendo firmemente em seu rosto a medida que tentava se afastar de seu inimigo. Mas é óbvio que ele estava logo atrás, talvez rindo de sua inocência em achar que poderia fugir dele. Ane não ligou pra isso, suas pernas continuaram trabalhando, sua mente girando num redemoinho de emoções, a constatação que estaria traindo Konoha e todos os seus amigos se continuasse com essa ideia insana em relação a Kisame martelando seu cérebro.
Ela correu. E ele esteve a seu encalço o tempo todo, somente esperando o momento que ela finalmente perceberia o quão inútil isso tudo era e pararia de correr. Quando se aproximaram de um casebre abandonado perto de um grande lago, Ane desistiu de correr, seus passos diminuíram gradativamente até parar. Olhos castanhos registrando todo o local rapidamente, a casa parecia estar caindo em pedaços, mas o lago de água cristalina fazia a parada valer a pena.
E ela realmente precisava de água.
Enquanto se dirigia até a parte mais rasa do lago, ela percebeu Kisame entrando na pequena casa, com toda a certeza sondando pra ver se podiam passar a noite ali. Bufou irritada. Fez uma concha com as mãos e jogou água no rosto e pescoço, se deliciando com a temperatura gelada contra sua pele suada, até mesmo esquecendo dos pensamentos conflitantes de antes. Soltou os longos fios de cabelo negro do laço e sentou no chão tirando os sapatos, fazendo uma massagem leve antes de mergulhá-los na água, decidindo logo após entrar completamente, sem nem tirar a roupa. Mergulhou de uma única vez, sentindo o corpo agradecer por se refrescar, ela e Kisame já estavam andando sem parar por muitas horas.
Não soube quanto tempo ficou debaixo da água, mas quando voltou a superfície e olhou para o casebre não sentia mais a presença de Kisame lá dentro, seus olhos vasculharam todo o local, de repente sentindo um certo pânico por notar que não fazia ideia de onde ele estava. Torturosos segundos se passaram até que Ane ouviu o som familiar de mergulho e imediatamente ficou alerta esperando ele emergir, mas nada. A garota nadou até uma grande pedra situada próxima a margem do lago, quando estava quase lá, sentiu mãos agarrando seu quadril a empurrando com força contra a pedra. Instintivamente suas próprias mãos foram parar nos ombros de Kisame, tentando o afastar, mas ele estava mais forte que ela no momento. Seu rosto pairava a centímetros do dela, as respirações chegavam a se chocar, só nesse momento que ela pode perceber que ele estava sem nada na parte superior do corpo. Mesmo envergonhada com essa percepção, Ane não ousou tirar suas mãos de onde estavam, ela não se mostraria fraca agora.
"O que foi aquilo lá atrás, kunoichi?"
Ele falou tão próximo a si, que a menina precisou respirar fundo pra se focar em responder.
"Eu não sei do que está falando."
As sombrancelhas azuis quase se uniram quando ele fechouo rosto pra ela, parecendo muito intimidante de repente. Mas tão rápido como apareceu, essa expressão se desfez, sendo substituída por uma completamente diferente. Ele ainda estava próximo, mas não parecia irritado mais, pelo contrário, seu sorriso havia voltado aquele tão familiar e malicioso e a pobre menina temeu por si mesma. Ele tombou a cabeça para o lado e deslizou a ponta do nariz por sua bochecha, apertando os dedos em de seu quadril.
"Você tem certeza disso, pequena?"
Ane teve certeza de apenas uma coisa nesse momento;ela estava realmente ferrada.
continua...
