Nota das Autoras: não pertencem a nós nem buscamos fins lucrativos com isso. Enjoy it !


Ser madrinha de casamento não e nada fácil. Encosto minha cabeça no ombro de Luka em um gesto de carinho.

- Cansada?
- Nem tanto, mas emocionada com certeza.

- Você estava linda!

Sorrio um pouco sem graça. Não sabia direito como agir com ele. Combinamos ser só amigos, mas a verdade era que eu estava louca por mais. E devo dizer que não era apenas uma necessidade... Uma necessidade carnal. Não se tratava apenas de sexo, mas sim, eu realmente voltava a sentir por ele um pouco do meu "carinho especial". Mas não, tenho medo. Da outra vez, meu "carinho especial" deu no que deu.

Nós aramos na frente do meu prédio depois de alguns minutos.

- Obrigada Luka...

- Imagina... Sempre que precisar.

Eu me aproximei para dar um beijo no rosto dele, mas nossos lábios se encontraram de repente.

Eu recuei num impulso. Não, tínhamos decidido juntos e conscientemente que mais nada aconteceria. Fitei seus olhos esperando a mesma reação dele. Ele me encarou com os olhos grandes e indecifráveis. Mordi meu lábio inferior e pus a mão no puxador da porta. Era melhor eu sair dali antes que...

- Espera! - eis o que temia. Estremeci ao ouvir aquela voz me dando uma ordem, não me fazendo um pedido. Virei meu rosto e ele estava em cima de mim, sem me dar tempo de nada, nem ao menos de pensar. Ao mesmo tempo me lascou um beijo na minha boca, sem pedir licença nem nada! Me pegou por debaixo dos braços me levando pra mais perto dele. Sua língua duelava com a minha, já sentia meu corpo mole e ao mesmo tempo alerta. Oh, Deus! Obrigada!

Eu bem que tentei para-lo, mas quando eu dei por mim nos estávamos no banco de trás nos beijando. Com muita luta eu consegui tirar sua gravata e abrir a camisa, enquanto a mão dele serpenteava minhas coxas.

Isso não deveria estar acontecendo, eu sei! Mas, ah! Quem resiste? Não, Abby, não! Se contenha. Tirei minhas mãos dele e o olhei nos olhos.

- Melhor pararmos por aqui - disse, assistindo a expressão dele.

Ele apenas me beijou de novo e eu mais uma vez não pude resistir.

- Isso acabou de provar que o que esta acontecendo é o que eu quero, o que você quer.

- Luka... - eu ainda tentava pará-lo e conversava quando senti suas mãos indo, deliberadamente, em direção aos meus seios. Prendi a respiração para não gemer, confesso e, ainda assim resisti e não mandei tudo pro espaço. Ainda me restava um pouco de controle. Senti então as mãos ousadas irem por debaixo da minha blusa e aí sim, fazerem a festa.

Eu finalmente soltei um gemido baixinho ao pé do ouvido dele vendo finalmente desabotoar minha blusa e meu sutiã com bastante calma. Aquelas mãos quentes estavam me deixando cada vez mais louca.

- Luka... - eu gemi enquanto arrastava as minhas unhas pelas costas dele.

Senti minha blusa cair até o meio das costas e meu ombro ser beijado avidamente.

- Vem...- certo, quando não se pode com inimigo, junte-se a eles. Se iríamos até o fim, que fosse de forma decente. Voltei minha blusa no lugar deixando-o com o sorriso mais lindo que eu vi em toda a minha vida.

Fui pra frente, peguei a minha bolsa enquanto ele fechava e passava o alarme no carro. Esperei até que ele pegou na minha mão e eu o guiei até o meu apartamento.

Nós subimos e quando eu abri a porta do meu apartamento ele me pressionou contra a parede me beijando de uma forma ardente. Ai, ele continua com esses beijos e essas mãos e eu vou mandar tudo pro alto.

- Quarto Luka...

Ele pegou na minha mão e me conduziu até lá. É... Realmente ele não tinha esquecido o caminho da felicidade.

- Au!- eu sorri quando ele caiu por cima de mim, me esmagando contra a cama. Nem parece que nós tínhamos transado há algumas semanas-calma, Luka. Não vou sair daqui... - eu sorri, sentindo minha camiseta ir pelos ares.

Ele apenas sorriu enquanto sua boca percorria o caminho do meu pescoço e seios. Comecei a gemer alto quando senti as mãos dele puxando minha calça para baixo e arrebentando o feixe.

- Você me paga- ainda tive tempo de dizer antes que ele pudesse me despir por inteira e, com a minha ajuda, ter o mesmo caminho que as minhas roupas.

Ele se posicionou em cima de mim ainda me enlouquecendo com aquela boca e maos maravilhosas. Eu gemi alto quando ele me penetrou com uma força indescritível. Arranhei suas costas com força vendo-o gemer alto.

Deus! Aquele homem todo lindo e cheiroso, todinho em cima de mim. Todinho dentro de mim. Segui seu ritmo até o sentir chegar perto do clímax. Luka nunca me deixava na mão, tenho de confessar que ele era o melhor homem que eu tive numa cama em toda a minha vida...

Senti ele atingir o clímax pouco tempo depois de mim e cair exausto ao meu lado. Eu não podia negar que aquele homem me enlouquecia demais. Senti as mãos dele ao meu redor me abraçando com ternura. Depois daquele sexo, ternura era o que eu queria de menos.

Eu me deixei ser abraçada por ele e ali ficamos, sem trocar uma palavra, por longos segundos.

- Você quer alguma coisa? - ele me surpreendeu dizendo, diria até me assustando.

- Eu sou a dona da casa- puxei os lençóis na altura do busto- Eu sou quem deveria te oferecer algo.

- Mas você já deu o que eu queria-ele me sorri malicioso, roubando mais um beijo meu.

Eu sorri me abraçando mais a ele.

- Você também me deu o que eu queria...

Ele abriu aquele sorriso lindo que me deixava louca e me deu mais um beijo.

Sim, eu sentia algo diferente rolando ali. Sabia que aquilo não era só sexo, mas o problema era que isso acontecia da minha parte, e eu não fazia a menor idéia do que passava na cabeça do Luka agora mesmo. Era melhor eu não ir com muita sede ao pote, se não... Com certeza iria acabar me machucando. Mais uma vez.

Acabamos pegando no sono ali mesmo e assim foi a noite toda até que eu acordei com os raios de sol tentando entrar pelas frestas da janela.

Tentei me levantar, mas logo senti o braço dele ao meu redor. Olhei para o lado e vi aquele rosto lindo dormindo. Passei minhas mãos pelos fios grossos do seu cabelo e quando ia beijá-lo ele abriu os olhos e me beijou primeiro.

- Bom dia - ele disse, afastando um pouco o rosto de mim.

- Bom dia.

- Você vai trabalhar?- confesso que não sabia bem como agir. Não que nós nunca tivéssemos ficado nessa situação, mas agora mesmo me parecia estranho.

- Vou- respondi, me levantando da cama, coberta por um pedaço de lençol- aliás, já deveria estar a caminho-ao invés dele se levantar também, se acomodou entre os dois travesseiros, se aconchegando melhor.

- Se importa se eu dormir mais um pouco?

- Não... Fique a vontade... Só não esqueça de trancar a porta antes de sair e me dar a chave.

- Ok...

Eu fui para o banheiro e ele se aconchegou. Quando saí do banheiro após 30 minutos, toda pronta, ele estava dormindo completamente nu e eu saí dali antes que pulasse naquela cama de novo.

Mais um dia no County. Não era algo do que eu deveria me alegrar, mas com certeza algo do que eu deveria me orgulhar. Realmente não era fácil se manter ali por muito tempo... E com todo o vai e volta do pessoal, acreditava que apenas eu e Luka éramos os com mais tempo de ER em Chicago.

Nem mesmo Carter, que eu pensei que iria terminar sua vida aqui, conseguiu agüentar o tranco.

Eu caminhava pelo Jumbo Market carregando um enorme hambúrguer com batatas fritas e refrigerante. Eu estava com uma fome de leão, pois eu não havia comido nada de manha. Neela sorriu para mim e perguntou:

- O que e isso Abby? Com fome desse jeito?

- Né? - eu não sabia se abria minha boca, ou ficava na minha. Ela me acompanhou, sentando-se ao meu lado no balcão do café.

- Que você aprontou?-será que meus olhos denunciavam?

- Eu não aprontei nada Neela... Pelo menos nada que eu possa me arrepender... - eu disse sorrindo e os olhos de Neela abriram em curiosidade - Anda Abby! O que foi? Me conta!

- Ok, mas... Fique quieta! Ninguém pode saber... Certo?

- Sim, sim! - ela não se continha. Neela tinha uma curiosidade...

- Certo. Bem. Ontem. Depois da festa. Luka me levou pra casa-eu sorri, esperando que ela me entendesse.

- Ele te beijou?- pra ela esse era o fim do mundo.

- Eu dormi com ele- fiz uma cara, esperando sua reação.

Neela começou a sorrir sem parar.

- Ai Abby! Para vai! Eu não vou acreditar!

- Pois acredite se quiser! E que noite! Só de pensar...

Neela vendo a minha cara de seriedade parou de sorrir imediatamente.

- Mas eu pensei que o lance entre vocês tinha acabado antes de você se envolver com Carter.

- É...aparentemente..acabou. Aquela foi uma época terrível. Você não tem noção. Eu fiquei muito mal ao ver o estado que ele ficou quando nós terminamos..

- E deve ter piorado quando você começou a sair com Carter- ela também não perdoava.

- Mas Neela- eu tentava me lembrar dos detalhes de anos atrás- ELE foi quem terminou comigo!

- E por quê?- é, com certeza essa era a pergunta que eu queria saber.

- Eu não sei...- me dei conta finalmente. Nunca havia pensado nisso.

- Será que era por que ele quis te ver feliz?

- Bom, não interessa mais... - eu disse querendo não tocar naquele ponto.

- Você- ela sabia que eu não gostava de tocar no "assunto Carter", mas isso não a impediu de fazer a temida pergunta- você ainda gosta dele?

- Luka?- eu me fiz de desentendida. Assim dava tempo de pensar em alguma coisa.

- Carter, Abby. John Carter.

- Do Carter?

- É, Abby... Não enrola!

- Não sei Neela... Acho q não...

- Acha?- ela insistia no assunto.

- Ah, não quero falar sobre isso- fechei minha cara para encerrar o assunto.

- Certo, mas..e o LUka?

- O Luka e maravilhoso na cama... Mas eu realmente não sei se eu gosto dele...

- E, mas e o que você sente pelo Carter? - Neela disse insistindo naquele assunto.

- Eu não quero falar sobre isso Neela! Poxa!

- Por que não? Tem medo!

- Não é medo não- eu não tinha tanta certeza sobre isso- apenas não quero falar disso...- eu me esquivei mais uma vez, terminando o que eu tinha pra comer e indo em direção ao caixa. Ela me seguiu, com um sorriso desafiador.

- Só acho que você não deveria enganar o Kovac- eu me surpreendi com a afirmação dela- eu acho que ele ainda gosta muito de você...já você..

- Pára, Neela!- eu disse, num tom superior.

- Abby... Se você não gostasse dele, por que estaria fugindo do assunto?

- Porque me magoou Neela!

- Mas nem soltando os cachorros para cima dele você esta! Na minha opinião você ainda baba por Carter.

- Ah, quer saber?- eu até deixei meu troco no balcão- cansei dessa história! Não devia ter aberto a minha boca!- sai batendo o pé, deixando-a falando sozinha. E rindo, o que mais me deixava puta.

No County...

- Então há quanto tempo ele está aqui?- ouvi Luka perguntar a Weaver, enquanto passava pela porta de vidro.

- Aparentemente, mais do que todos nós pensamos. Ele trabalha no Mercy há pelo menos dois...- ué, de quem estariam falando?

- Tudo isso? - Luka disse surpreso - E por que ele não veio para cá desde o começo!

- Não sei... Carter não me disse o por que... ele só veio aqui e pediu para voltar a trabalhar.

Eu parei estática no meio do caminho. Não podia acreditar naquilo. Carter voltando a trabalhar aqui! Mas por quê?

- Carter !eu não me controlei e pensei alto. Alto demais, eu diria. Os dois olharam pra minha cara, Luka com uma expressão mais fechada que Kerry.

- Sim, Abby. Alguma problema?- Weaver me disse, estranhando minha reação.

- E a África? E a viagem? A França?- e finalmente- Kem?

- Não sabemos muito ainda- Luka disse me encarando- ele apenas quer voltar a trabalhar aqui, e parece que está em Chicago há muito tempo.

Muito tempo? E nunca me procurou? Será que eles estão bem? Felizes? Juntos? Já devem ter uma penca de filhos..mas finalmente, por que voltariam pros EUA?

- Nossa... Pensei que ele voltaria o mais rápido possível para o County.

Eu ainda não conseguia acreditar que depois de tanto tempo ele voltaria, e o pior que depois de tanto tempo a simples menção do nome dele fizesse meu coração acelerar.

- Quando ele chega? - Luka perguntou para Kerry.

- Acho que a qualquer momento... Eu liguei dizendo para ele aparecer ou hoje ou amanha.

Engoli seco mais uma vez naquela tarde. Deus! Parecia praga! Toda vez que eu tentava me arrumar, ele aparecia, seja nos meus pensamentos ou em pessoa. Minhas mãos ficaram instantaneamente um pedra de gelo e tremiam que nem louca. Eu não poderia ficar assim, ainda mais com...

- Sim , sim- olhei em volta. Eu precisava sair daquela situação- vou trabalhar, a gente se vê- fui saindo quando senti que ele pegava no meu braço.

- Já disse que você tá muito gostosa hoje?- ele disse no meu ouvido, assim que viu Kery sair. Sorri sem graça, sem saber muito o que fazer.

- Você tá bem?- ...Luka na minha frente.

- Luka... Estamos em um local de trabalho... - Eu disse tentando sair da frente dele.

- E qual e o problema... Isso não te deixa menos gostosa... Pelo contrario... Você fica linda de jaleco.

Eu sorri vendo Ray se aproximar da gente. Salva pelo gongo. Sai dali o mais rápido possível entrando na SDM. Por que ele tinha que voltar? Não seria mais fácil ficar com aquelazinha pra lá e me deixar em paz?

Eu peguei um café tentando me acalmar, mas só de pensar nele trabalhando todo dia comigo estava me atordoando mais do que a idéia de ter que mais uma vez ver ele e Kem juntos.

Deixei de pensar nisso por um momento, afinal eu precisava trabalhar. Arrumei minhas coisas no armário, indo em seguida pegar o primeiro Trauma do dia.

Algo me dizia que aquele não seria um bom dia. Os "ares do County" não me traziam bons fluidos.

- Você é médica?- oras, que pergunta! Por que eu estaria com um jaleco branco, dentro de um P.S com um crachá "Abby Lockhart M.D"?

- Sim..- eu olhei para o homem, que trazia no colo uma garotinha que aparentava não passar dos 5 anos.

- Ela passou mal no caminho para escola... No começo eu pensei que ela estivesse caido no sono, mas dai achei estranho e a trouxe para cá.

- Você é o pai?

- Sim..

- Me acompanhe

Levei-os até uma cortina onde eu poderia examinar a garota. Ela me olhava de esguio, como se eu fosse um monstro.

- Você vai me dar injeção?- ela se agarrava no braço do pai. Bingo! É sempre o mesmo medo.

- Não- sorri a ela, tentando consegui confiança- prometo..- levantei a mão direita e consegui, finalmente, tirar um sorriso daquele rostinho triste.

- Você esta sentindo alguma dor?

- Só na minha barriga...

Enquanto eu ia examinando a pequena garotinha senti uma pequena movimentação do lado de fora, mas nem prestei atenção já que no County o que não falta e gente chamando atenção.

Pedi os exames de praxe enquanto receitava alguma coisa para a dor. Não sei como, algum dia na vida, pensei em me especializar em Pediatria. Eu tenho horror a criança sentindo dor.

- Tia...- ela me chamou antes que pudesse sair dali. Voltei sorrindo para ela, me aproximando do rostinho dela- brigada- ela me deu um beijo no rosto, agradecida pela atenção. Ok, agora eu sei por que isso me passou na cabeça.

Algumas Horas Depois...

Eu estou indo atender um paciente grave quando eu passo pela recepção. Ao virar meu rosto para saber o por que de tanto falatório dei de cara com Carter, mas ele não me viu. Melhor assim. Quanto mais distante, melhor.

Sim, estava lindo como sempre. Tinha emagrecido desde a última vez que eu o vi. Com uma camiseta preta, cabelo arrepiado com gel... E creio que muito cheiroso. Meu aos meus devaneios, sinto alguém se aproximar de mim. Alguém de quase 2 metros de altura, olhos claros e esse sim, bem ao meu alcance lindo, cheiroso e gostoso.

- Quer tomar um café?- ele me disse, me abraçando por trás. Ele er alouco, só podia. Disse a ele mais de uma vez que eu não quero que ninguém fique sabendo sobre nós...isso é, se é que existe um "nós".

- Ninguém esta olhando pra nos, Abby...

- Eles não precisam olhar Luka! Você sabe como eles são- eu disse saindo do abraço e me virando de frente para ele.

- Abby, o que esta errado com você!

- Nada Luka! Eu só estou tendo um dia ruim... Minha cabeça ta estourando.

- Vem cá- ele puxou minha mão, me fazendo entrar na SDM. Os olhos dele se encontraram com o meu, e eu já não podia evitar o que ia acontecer. A boca dele veio de encontro com a minha e, por lógica, a língua me invadiu, me fazendo ficar sem ar já de primeiro instante.

Ele agarrou minha cintura e eu já podia prever onde aquilo ia dar, aliás, eu já podia sentir os primeiros sinais disso perto das minhas pernas.

- Luka, pára...- eu afastei dele, mas ao contrário do que eu queria, ele foi até o espelho da luz, apagando-a

- Fica quietinha, meu anjo- continuou me beijando e passando as mãos por todas as minhas contras, descendo até chegar na minha bunda. Esses homens, viu?

Eu o beijei de volta vendo-o começar a puxar meu jaleco. Eu tinha que parar! Mas aquele homem me agarrando ali parecia tão certo. Eu podia sentir as mãos dele subir para o meu seio. Quando ele ia desabotoar minha blusa eu me separei dele.

- Luka... Aqui não... Eu morro de medo que alguém apareça.

Ele desistiu. Viu minha cara de poucos amigos e realmente desistiu.

- Mais tarde então?- ele já não parecia tão animado como antes.

- Quem sabe...- liguei a luz, abri a porta e o deixei sozinho. Mais que confusão!

Fui mais uma vez para a Triagem, vendo o que eu podia fazer por lá, analisando as fichas que eu tinha em mãos.

Minha cabeça estava explodindo e meu estomago completamente embrulhado. Joguei tudo pro alto e resolvi ter um intervalo de 20 minutos. Fui ate a SDM e peguei um comprimido para dor. Tomei e fui em direção a saída. Não foi uma boa idéia, pois uma ambulância vinha vindo. Respirei fundo peguei um par de luvas e fui ao trabalho. O café ficava para depois.

- Ei Dra... 65 anos falta de ar.

Ah era só isso? Tirei minhas luvas e apontei para a porta.

- Cortina dois... Alguém vai vê... Estou indo tomar café.

Ele acenou para o parceiro e veio para o meu lado.

- Posso ir também, dra.!

Olhei estranho pra ele. Só essa me faltava mesmo!

- Não!- foi uma resposta simples e objetiva.

- Mas uma medicazinha tão linda vai tomar café sozinha?- ele até que não era feito, aliás, nada feio, diria eu.

- Com licença- sai, atravessando a rua.

- Cuidado!- ele veio pos trás de mim, me tirando da frente do carro e passava com toda a velocidade por onde eu ia passar- não vai pro céu ainda não, anjo- ele veio querendo me dar a mão. Mas esses homem tão cada dia mais atrevidos!

- Obrigada e com licença mais uma vez.

- Hei... eu salvei sua vida... Mereço um cafezinho...

Minha cabeça começou a piorar e meu corpo doía todo.

- Aqui... - tirei uma nota de 5 e estendi - Isso paga seu café.

Continuei andando e ele ficou lá com cara de idiota. Bem feito!

Entrei no Ike´s e pedi um café forte. Talvez isso fosse melhorar a minha dor. Na verdade, eu bem que sabia o que podia melhorar a minha dor, mas uma cerveja gelada não está nos planos de uma ex- alcoólatra em pleno plantão.

Voltei ao County ainda com dor, que agora parecia se espalhar por todo o resto do corpo.

- Abby preciso de você na cortina 2! - Ray gritou e me deu a ficha do rapaz. Mão cortada. Lá vamos nos. Entrei na sala me sentindo cada vez pior. Quando estava terminando de cortar o esparadrapo minha mão deslizou e eu cortei minha mão.

- Ai merda!

O cara ficou me olhando meio estranho. Também, pudera! Vou tratar do corte dele e acabo me cortando. Tirei a luva bem rápido pra que não espalhasse muito, mas o corte era mais profundo do que aparentava e doía mais do que deveria.

- Merda!- peguei um pano esterilizado e pus e cima, apertando com força. Como doía o maldito. E azar demais nunca é o bastante: mão direita, só pra complicar mais.

Quando eu ia saindo topei de frente com Carter. Mais azar que isso e impossível.

- Hei Ab... Você cortou sua mão? - ele disse assim que olhou minha expressão de dor. Ai meu Deus... Aquela preocupação toda só me deixa mais confusa.

- Foi... Mas ta tudo bem...

- Deixe me ver... Eu posso suturar para você...

Eu olhei confusa pra ele. Anos sem me ver...e "eu posso suturar pra você"? Que coisa mais linda!

- Tudo bem, não preciso, Carter- sai em passos largos rumo a Sala de Sutura. Só queria que ele me deixasse em paz.

- Isso tá fundo, Abby. Deve tá doendo muito..olha quanto sangue- ele olhava pra minha mão sem parar.

- Nem esta doendo... - eu disse mentindo. Estava doendo mais do que tudo que eu já havia sentido.

- Anda Abby... Nem adianta dizer que não...

- Carter...

- Hei! Já disse que eu faço isso... Depois de tanto tempo ainda teimosa? - Mais que atrevido!

Sentei em uma maca, estendendo a mão pra ele, que irrigou o corte, fazendo eu me contorcer em dor.

- E então, como você está?- ele conversava comigo pra me distrair. Mas digamos que, dependendo da pergunta, era menos dolorido o corte na minha mão.

- Bem...- eu desviei os meus olhos do sangue- quanto tempo...você mudou bastante..

- Mudei? Bom... acho que sim, mas no fundo continuo o mesmo Carter de sempre.

- Será? -Opa talvez eu tenha dito aquilo alto demais.

- Quer descobrir? - Mas que desgraçado! Mal voltou e já esta todo intimo? E o pior que ele diz uma coisa dessa capaz de eu aceitar

Sorri sem graça mais uma vez, sentindo que ele começava a entrar com a agulha. Nem uma anestesiazinha? Ele queria me ver sofrendo mesmo?

- Ai, Carter!- eu gritei, quando ele puxou o primeiro ponto.

- Calma- ele segurou o meu pulso, imobilizando-o- tá acabando...fica calma..- ahhh! Então tá, né?

Eu comecei a sentir meus olhos arderem e o frio dominar meu corpo.

- Essa sala esta tão fria... - Carter olhou para mim preocupado.

- Você esta bem Abby? - ele me olhou preocupado. Antes que eu pudesse dizer algo puxei uma bacia e vomitei tudo que tinha dentro

- Aham- eu disse, saindo dali, nem mesmo vendo se ele tinha acabado.

- Perai- ele cortou a linha e pos as mãos nas minhas costas- você tá legal mesmo?- essa carinha de preocupado comigo...

- Tô...- sai pelo corredor, sentindo o gosto amargo na minha boca. Entrei no primeiro banheiro que vi, passando um pouco de águas no rosto, nos pulsos e na nuca, tomando cuidado pra não deixar molhar meu curativo.

- Abby?- ouvi ele bater na porta.

- O que e! - eu disse tentando ver se minha voz saia normal.

- Você ta bem!

- Hum hum... Eu estou... - eu disse mentindo e corri para o banheiro vomitando mais uma vez. Não sei como, mas quando eu me abaixei no vaso ele já estava do meu lado.

- Não sei que bem... Vamos... eu vou cuidar de você. - ai meu deus! Ele quer me matar

Segui com ele novamente até a sala onde estávamos.

- Você tá sentindo alguma dor?- ele sentou-se, me encarando nos olhos.

- Na minha mão!- duh! Mas que pergunta!

- Em outro lugar, Abby- ele riu da minha ironia- mais alguma dor?- eu pensava enquanto ele administrava alguma coisa numa seringa. Espero que ele não esteja pensando em fazer o que eu acho que ele quer fazer. Pra mim, analgésico já é um crime, injetável então...com o medo de injeção que eu tenho, era melhor ele ter outra idéia.

- Ai Carter! O que e isso, hein?- eu disse ao sentir a dor da picada.

- Ainda com medo de injeção! - ele disse rindo da minha cara. Ele ria mais uma vez e eu seria capaz de matá-lo.

- Sim! E eu não quero nenhum analgésico!

- Eu sou o medico aqui, Abby

Olhei calada pra ele. Ele tinha um poder sobre mim inigualável. Com Luka, eu mandava na "relação". Ele pedia a minha opinião, fazia o que eu gostava...e com uma criança, que precisa ser educada, eu às vezes gostava de ouvir "não". E, sim. Carter me dava o melhor "não" que eu ouvia em toda a minha vida.

Mas eu não tinha nenhuma relação com Carter e eu não podia deixar ele mandar em mim.

- Eu também sou medica!

- Ah eh? Pensei que esse jaleco fosse fantasia. - Senti a raiva subir e me levantei rapidamente só para sentir uma tontura e acabar sentada na cama. Mas que homem mais atrevido! Mal acaba de chegar e já fica cheio de piadinhas para cima de mim!

- Viu?- ele me ajudou a sentar novamente- teimosa que só você, né, dona Abby?- ai, aquele sorrido...- bom, não vá molhar esse machucado e agora dá o braço aqui...eu preciso te aplicar isso, ou você vai morrer de dor...

- Já disse que não, John- eu estava manhosa que só vendo. Nhá! Abby, Abby...você é uma imbecil!

- Você vai morrer de dor Abby... E se eu te conheço como eu te conheço você já esta com dor e não quer admitir. - Ah agora ele me conhece! Pior de tudo e que eu não podia dizer que não era verdade.

- Mas eu não gosto de agulhas e se você me conhece, você sabe que e verdade! – Ah! Dei o troco! Vamos ver como ele saia dessa.

- Eu prometo que não vai doer nadinha. - Ta bom, ate parece que eu acredito.

- Na ultima vez que eu acreditei nas suas promessas doeu e muito Carter.

Ops! Acho que falei demais. Ele me olhou fundo nos olhos, não deveria ter tocado no assunto. Não tão já.

- Desculpa- disse imediatamente, ao sentir os olhos dele pegando o meu olhar.

- Essa fala é minha, Abby. Foi, é e sempre será minha- enquanto eu o encarava, vi que ele se afastou de mim- mas agora, como eu disse, cumpro o que prometo. Você sentiu alguma dor? Pronto, acabou.

Ele estava chateado, magoado ate. Ele voltou colocando uma coberta por cima de mim e dizendo com uma vozinha triste que me bateu aquele sentimento de culpa terrível.

- John... - eu disse segurando sua mão impedindo-o de sair - Desculpe...

- Já disse que quem tem que dizer isso sou eu- ele continuava com o olhar baixo- mas não aqui, nem agora. Descanse e, se precisar, não hesite em me chamar.

Ele saiu pela porta, ainda com o olhar triste.Só nos sonhos mais profundos dele eu iria ficar aqui, numa cama de hospital.

Eu esperei uns 5 minutinhos e me levantei. Foi só eu colocar o pé para fora da sala e lá apareceu ele de novo.

- Quando mencionaram que medico era o pior paciente eu não acreditei.

- Eu não vou ficar lá parada... Nem adianta...

- Assim você não melhora Abby...

- Você e muito chato! Aff!

- E a sua mão?- ele encarou o curativo.

- Doendo, oras. Queria que tivesse passado de uma hora pra outra?- ele riu da minha atitude.

- Sempre a mesma, não?- ele foi caminhando e me deixou falando sozinha- quem sou eu pra brigar com você. Faça o que achar melhor.

Ele ia desistir assim? Como pode? Eu andei em direção a recepção vendo Luka em minha direção e falar no meu ouvido.

- Vamos sair pra jantar hoje?

Eu respirei fundo. O que estava de errado com o dia de hoje, hein! Não tinha um momento de paz.

- Vai ter que ser outro dia Luka... Eu cortei minha mão e eu não estou me sentindo muito bem...

Ele acariciou meu curativo e disse:

- Eu vou cuidar de você direitinho Abby... Pode ter certeza.

Sorri sem graça para ele.

- Luka...sério...vou ficar em casa hoje, tá bem?- ele me olhou estranho, sentindo algo no ar. Mas afinal..que acontecia comigo que nem eu sabia?

- Nos vemos amanhã?- ele olhou receoso com a resposta que viria.

- Com toda a certeza- sorri e mordi o lábio, mostrando o quanto interessada eu estava na noitada- porque com esse analgésico que o Car- ops...Não ferre mais, Abby. Não precisa falar no nome do santo- que..que eu tomei, vou dormir feito uma pedra hoje.

Luka me olhou meio estranho, mas apenas sorriu.

- Entao durma bastante Abby...

- Pode ter certeza que eu vou, afinal ontem a noite o que eu menos tive foi tempo para dormir.

Eu sorri mordendo meu lábio mais uma vez e senti a mãos dele apertar minha cintura. Ai meu pai me segura antes que eu agarre esse Deus aqui mesmo.

E assim passou o tempo. Meses de amizade com um, de sexo com o outro. Ok, não era apenas isso. Embora muita coisa estivesse na minha garganta com relação a Carter, Luka começava a me fazer bem outra vez. Ele dormia quase todas as noites no meu apartamento. Só não dormia lá quando eu dormia na casa dele. Quase todos no hospital já sabiam que estávamos mais uma vez juntos, mas eu diria que faltava uma pessoa de extrema importância.

Como dizer para Carter que eu estava com Luka. Pensei em não mencionar nada e apenas deixar que ele enxergasse, mas resolvi deixar as coisas como estavam por um tempo. Eu sei que minha temida conversa com Carter esta próxima e eu não poderei evitar, mas enquanto isso não acontece eu vou ficar na minha. Quem sabe isso não e mais fácil?