Discleimer: Inuyasha e Cia. Não me pertencem, mas a história sim.

Borras de chá.

_Inuyasha! – gritou Kagome – Que bom que te encontrei!

Inuyasha olhou para baixo de cenho franzido, Kagome estava parada segurando um embrulho com um sorriso travesso em seus lábios, aquilo não era bom sinal, o melhor era fingir que estava dormindo e que não havia escutado nada, moveu-se no galho da Goshinboku, onde estivera esperando pelo regresso de Kagome e fechou os olhos.

_Não finja que está dormindo estou vendo suas orelhas se mexerem! – exclamou Kagome – Desça aqui Inuyasha!

Claro que as orelhas dele estavam se mexendo, era impossível não o fazerem com a voz irritante de Kagome lhe perfurando os tímpanos, por tanto ele abriu os olhos, e virou o rosto para fita-la, desconfiado.

_Feh, o que é?

_Desce! – ordenou a colegial.

_E se eu não quiser? – cruzou os braços.

_Senta!

E ele foi ao chão, tão pesado como um rochedo, e sua face afundou-se no chão duro abaixo da goshinboku entre as raízes da mesma, logo aos pés de Kagome. Garota estupida!

_Tudo bem. – resmungou ainda com a face contra o chão – Eu quero.

_Que bom que decidiu cooperar! – Kagome sorriu lindamente e sentou-se no chão, desembrulhando o pacote que tinha em seus braços.

_O que é isso? – perguntou Inuyasha, colocando-se também sentado, e fazendo uma careta para o odor que aquilo exalava.

_Um conjunto de chá, e uma toalha de piquenique. – explicou Kagome arrumando tudo em seus devidos lugares.

_Você me obrigou a descer parar tomar chá? – sua cara torceu-se ainda mais, e ele se pôs de pé – Não obrigado! – e voltou a saltar para o galho da goshinboku, onde estivera antes.

Mas, Kagome o impediu à meio do caminho.

_Senta! – E Inuyasha regressou ao chão. – Fico muito feliz que tenha decidido ficar Inuyasha! – sorriu cinicamente. – Agora vamos começar. – E abriu um livro grosso, de capa desbotada e aparência antiga, que só então Inuyasha percebera esta entre as coisas que ela trouxera – Beba. – ordenou.

_Eu odeio chá! – Inuyasha virou o rosto com expressão contrariada.

_Sen... – antes que ela concluísse a palavra chave, Inuyasha agarrou a xícara com extrema velocidade, e ela sorriu novamente – Beba. – falou em tom mais doce, quase como se fosse um pedido.

Mas Inuyasha sabia que aquilo era uma ordem!

_E beba rápido, porque quero ler logo a sua sorte! – exclamou animada.

Inuyasha baixou a xicara e a encarou confuso.

_Droga bruxa, você fica lendo aquelas coisas da sua era o tempo todo. – reclamou, referindo-se aos livros escolares de Kagome – E agora também quer ler a minha... – subitamente ele parou de falar, percebendo o que Kagome dissera – Você que ler o que?

_A sua sorte. – repetiu Kagome, e apontou para a xícara nas mãos de Inuyasha – Nas borras de seu chá, agora beba de uma vez!

Kagome sabia ser autoritária quando queria, e Inuyasha já havia sido mandado sentar por duas vezes seguidas, e ele certamente não queria uma terceira, então, engoliu todo o seu orgulho de uma única vez, juntamente com o chá, e bateu a xícara contra o pires branco no chão quase o quebrando.

_Satisfeita?

Kagome acenou e pegou a xícara.

_Bem, o que vemos aqui? – pensou em voz alta analisando os borrões na xícara.

_Um monte de manchas, sem forma. – resmungou Inuyasha, se levantando e indo em direção à mochila da garota, que ela havia abandonado próxima á uma árvore logo atrás dela, para procurar por batatinhas.

_Exato! – exclamou Kagome, e logo começou a folhear o livro com extrema velocidade – É uma mancha sem forma!

Inuyasha voltou a sentar-se, desta vez ao lado de Kagome, e agora com saco de batatinhas em mãos, ele estava começando a achar que todas aquelas viagens pelo poço come ossos a haviam deixado meio maluca.

_Aqui está! – Kagome apontou para algo no livro, mas antes que Inuyasha tivesse tempo de ver o que era ela mesma o leu – Figura indefinida significa... – Ela o encarou seriamente, fazendo Inuyasha sentir um calafrio na espinha – "Não viva do passado".

Inuyasha moveu-se desconfortável, e olhou para a xicara a frente de Kagome, franziu o cenho, por um momento ele teve a impressão de ver uma raposa rindo para ele.

_E aqui eu vejo... – Kagome analisava os borrões na xícara mais uma vez, e franziu o cenho – Me parece um labirinto. – Mas uma vez ela voltou a folhear o livro.

Inuyasha continuou encarando a xicara, não via nem um labirinto, mas sim uma raposa rindo para ele.

_Ah! – exclamou Kagome – Um labirinto significa... – novamente ela o fitou – Que "alguém ama você".

Por alguma razão, desta vez Kagome não o encarou, mas Inuyasha percebeu que assim como as suas próprias, as bochechas de Kagome havia ficado rubras.

_Hum... – murmurou Kagome voltando a analisar a xicara, procurando evitar o olhar de Inuyasha – Um laço. – murmurou voltando a folhear o livro.

Laço? Inuyasha não via laço nem um, apenas aquela irritante raposa rindo dele.

_ "Um rival surgirá em sua vida". – leu Kagome, voltando a encará-lo, agora com um sorriso travesso.

Inuyasha rosnou um rival? Droga, só podia ser aquele lobo fedido, tentando roubar sua Kagome de novo! Então era por isso que a raposa estava rindo dele?

_Aqui eu vejo uma lua, hã... – Kagome analisou a xicara com mais atenção – Crescente. – disse por fim – E por ultimo... – a raposa é claro! – Uma maçã. – maçã?

Como assim maçã? E quanto à raposa?

_A lua crescente diz... – ela folheou mais duas ou três folhas, até que encontrou – "Seja mais romântico". – Romântico? Que diabos, aquela xicara queria dizer? – E a maçã significa – ela baixou os olhos para o fim da mesma página – Aqui esta – disse, e em seguida leu – "Não deixe escapar a ocasião"!

Ela fechou o livro, com um sorriso satisfeito, mas Inuyasha ainda encarava a raposa sorridente, de forma intrigada.

_Resumindo. – disse Kagome o tirando de seus devaneios – Você não pode ficar vivendo do passado, porque há alguém que o ama, mas tome cuidado porque há um rival em sua vida, e é melhor não deixar essa oportunidade escapar e ser mais romântico!

_O que? – Inuyasha engasgou-se, pegou a xícara e encarou todas aquelas manchas, inclusive a raposa sorridente, de forma assustada e deixando cair, seu saco de batatinhas – Você viu tudo isso nessas manchas?

_Vi. – Kagome sorriu, servindo chá para ela mesma – Agora vamos terminar com isso aqui, para irmos logo procurar os fragmentos da joia de quatro almas.

Não viva do passado. Alguém que o ama. Um rival surgirá em sua vida. Seja mais romântico. Não deixe escapar a ocasião.

Aquela xicara traidora, como ousava ter contado todas aquelas coisas a Kagome? Estava zombando dele, por isso a raposa risonha!

Todas essas coisas ecoaram na cabeça de Inuyasha, e seu coração disparou, ele encarou Kagome, que sorria muito tranquilamente enquanto tomava seu chá, Kikyou... Ela havia morrido há cinquenta anos, e depois foi ressuscitada pela bruxa Urasue, mas já não era a sua Kikyou, que ele tanto adorara e amará, ela era... Alguma outra coisa.

E Inuyasha não podia se prender ao que Kikyou um dia fora, principalmente agora que ele tinha Kagome, que ele sabia que o amava, e tinha aquele lobo fedido que simplesmente decidiu também caçar Naraku e eles se encontravam com cada vez mais frequência, deste jeito, um dia ele levaria Kagome! Mas ele não permitira que isso acontecesse.

E ali estavam eles sozinhos, nem sinal daquele piolho ruivo do Shippou, ou do monge pervertido de Miroku, e Sango e sua gata Kirara também não estavam por perto, aquela era a oportunidade perfeita... Porém... Como ele seria romântico?

_Kagome. – chamou com a voz rouca de nervosismo.

Kagome o olhou inocente, comendo um biscoito, dos vários que havia trazido, e que Inuyasha não havia percebido até então.

_O que foi? – perguntou assim que engoliu.

_Eu... – seu coração bateu na garganta, e ele agarrou os ombros da garota, assustando-a, certo aquilo não era muito romântico, mas ao menos ele estava aproveitando oportunidade – Eu... – balançou a cabeça e fechou os olhos fortemente, inclinando-se para beijá-la.

Kagome arregalou os olhos, mas ao sentir a respiração de Inuyasha contra seu rosto, ela os fechou lentamente, estavam a centímetros de se beijarem quando...

_Eu sinto cheiro de biscoitos! – exclamou a voz de Shippou, não tão longe quanto ele gostaria.

Menos de um segundo depois, o pequeno saltou de alguns arbustos, mas ao ver a cena ali, corou violentamente.

_AAAAAAAAH DESCULPEM! – gritou envergonhado, Inuyasha e Kagome arregalam os olhos e pularam um para cada lado – VOCÊ IAM SE BEIJAR!

_Não! – ofegou Kagome – Não íamos não!

_Que droga Shippou, eles estavam quase lá. – suspirou Miroku, que até então estivera escondido atrás de alguns arbustos, colocando-se de pé.

_É você estragou tudo. – suspirou Sango, colocando-se de pé ao lado de Miroku, com Kirara em sua cabeça.

_Não! – disse Kagome, mas vermelha do que se lembrava de já ter ficado algum dia em sua vida.

_Seus imbecis, que dizer que estavam bisbilhotando! – gritou Inuyasha furioso.

Ele não havia sentido o cheiro deles, justamente por Miroku, Sango e Kirara, terem-se escondido contra o vento.

_Eu vou acabar com vocês! – gritou avançando contra Miroku, já que Sango montou em Kirara e saiu voando – E você também fedelho! – e começou a correr atrás de Shippou também.

_Eu não fiz nada! – Gritou um desesperado Shippou.

_Desculpe Kagome. – disse Sango, pousando com Kirara ao lado de Kagome – Nós interrompemos um momento importante, seu e do Inuyasha.

_Deixa disso Sango. – Kagome sorriu ainda envergonhada – Chá?

_Sim obrigada. – Sango acomodou-se ao seu lado, enquanto Kagome lhe servia uma xicara de chá – Mas me diga Kagome, você viu mesmo todas àquelas coisas nas borras de chá?

_Não. – confessou Kagome com um sorriso – Acontece que eu achei esse livro lá em casa, quando estava fazendo uma faxina, achei interessante e comecei a ler, ai vi algumas coisas que me lembraram do Inuyasha e trouce para cá, e então fingi que vi tudo na xícara de chá. – riu – Foi a melhor forma que arranjei, de fazê-lo demonstrar o que sente... Mas francamente, eu só vi um monte de machas!

Sango riu, juntamente com Kagome, enquanto Kirara surripiava dois biscoitos para comer.

Alguns dias mais tarde...

Aquela raposa, que Inuyasha virá nas borras de chá, haviam o deixado inquieto, por isso alguns dias depois, assim que tivera a oportunidade ele pegara o livro da mochila de Kagome, afinal, aquela era a chance perfeita, Kagome, Sango e Shippou haviam ido tomar banho em uma fonte termal ali perto, e Miroku, fora a um vilarejo tentar arranjar um lugar para eles passarem a noite, com mais um de seus truques barato, e escondido na copa de uma árvore ele abriu o livro, e procurou o significado do que havia visto.

Raposa: Cuidado com amigos traiçoeiros.

Franziu o cenho, amigos traiçoeiros? Como assim?

_Feh, besteira! – exclamou saltando da árvore para o chão, e guardando o livro de volta na mochila amarela, da colegial.

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Ei você ai! É você mesmo lendo isso, eu estou falando com você!

Já que chegou até aqui que mal vai fazer mandar uma review? ^^