Disclaimer: Naruto e seus personagens não me pertencem. Nem a história dessa fic, de certa forma. É tudo com a Lady Murder.
Capítulo I – (nem tão) Sozinho
Sasori abriu a porta de casa, tirou os sapatos e dirigiu-se à cozinha. Era metódico, todo dia fazer isso. Morava só, num apartamento que não era simples para uma pessoa sozinha – tinha dois quartos, uma cozinha não muito pequena, uma sala nem tão grande assim e uma janela ampla por onde entrava um vento delicioso à noite. Mas ele gostava de lá – gostava de morar só. Ou, pelo menos, gostava de pensar que achava isso. De certa forma, ninguém nunca gosta de morar sozinho.
Bom, pelo menos ele tinha a sua tranquilidade. Sentou-se no sofá da sala, com um sanduíche na mão – a única coisa de que sentia falta: alguém cozinhando para ele. Claro que conseguia se virar, porém havia uma pessoa de quem ele realmente gostava da comida.
Quando a campainha soou, Sasori suspirou. Levantou-se e foi até a porta, já tendo uma ideia de quem era.
— Danna! — Deidara entrou sem cerimônias, sorrindo. — O que vai fazer hoje à noite?
— Dormir — Sasori respondeu com simplicidade, os olhos vermelhos entediados. Deidara o olhou com o cenho franzido.
— Mas é sábado!
— Eu sei. E amanhã eu devo estar na loja, lembra-se? — Sasori observou Deidara sentar-se no seu sofá e estender a mão para pegar o seu sanduíche. — E nem encoste nesse sanduíche.
— Isso é o seu jantar?! — o loiro fez uma careta. — Minha Nossa, uma presença feminina faz falta nesse lugar.
— Está insinuando que mulheres só servem para cozinhar? — o ruivo arqueou as sobrancelhas.
— Estou dizendo que elas cozinham melhor que você — Deidara balançou a cabeça. — Não acredito, danna. Não acredito que vamos perder o sábado à noite! Você me fez vir até aqui!
Sasori arqueou a sobrancelha, revendo cada detalhe da frase de Deidara. E então, chegou à conclusão de que mesmo Deidara sendo o que consideravam como melhor amigo, nunca aceitaria morar com ele.
— Eu não fiz isso. Você veio porque quis. E se quiser ir, não há problema. Não estou te impedindo.
— É que não tem graça ir atrás de garotas sozinho, ué — Deidara falou como se fosse óbvio. — E você está me expulsando, por acaso? — cruzou os braços.
O "Estou" ia saindo da boca de Sasori, mas ele preferiu se conter.
X
O telefone tocou pouco antes de ele sair de casa. Sasori deu meia volta, indo até a mesa onde o aparelho se localizava. Atendeu.
— Sim?
— Danna?! — pelo modo como foi tratado, poderia ter sido Deidara. Mas não era. Ele reconhecia aquela voz – a voz da pessoa que ele gostava da comida.
— Kitsune?
— Oi, danna! Nossa, que medo! Eu pensava que você tinha trocado de telefone ou algo do tipo! Mas não, continua o mesmo. Que ótimo! E então, danna, como você está? E a faculdade? E a loja?
— Bem — Sasori murmurou, ainda surpreso pela ligação dela. — Algo aconteceu, Kitsune?
— O quê?! Não, por quê? Ah, meu Deus, você acha que eu liguei porque estou em apuros, é isso? Não, danna! Quero dizer... Quase não. É que, sabe, eu realmente não gostei da experiência de tentar a faculdade aqui na nossa cidade natal... É tudo tão... Sem graça! E sem você e o Deidara-nii-chan por aqui é ainda mais chato! Então eu resolvi voltar para aí, só que... Eu estou sem casa. E então eu lembrei que, pelo menos há sete meses, quando eu fui embora, sua casa tinha um quarto sobrando... Daí eu pensei 'ah, o danna não vai se importar com isso!' e... Eu posso ajudar na sua loja, sabe? Para não ser um peso morto. E
— Kitsune, — Sasori interrompeu, com um ligeiro sorriso aparecendo nos lábios. — Tudo bem.
— Ah! Ótimo, danna. Muito obrigada.
— Quando você chega?
— Er... — a ligação foi finalizada e a campainha tocou. Sasori olhou surpreso para a porta, que só estava encostada. Ela se abriu, revelando uma sorridente garota cheia de malas do outro lado. — Oi, danna!
Sasori riu baixinho.
— Olá, Kitsune.
X
Lia, sentado atrás do balcão da loja. Esperava clientes – na verdade, esperava uma cliente em especial, uma que ia duas vezes ao mês, a cada domingo. Pelos seus cálculos, esse era um domingo-sim. Não sabia por que estava ansioso – só estava. Talvez estivesse feliz. Kitsune havia ficado em casa, organizando as próprias coisas, os horários na faculdade de todas essas burocracias. Começaria a trabalhar na loja no dia seguinte. Sasori sentia-se relaxado, agora não teria de ralhar para cuidar da loja e dos estudos. E do jantar.
— Bom dia — a cliente esperada adentrou a loja, sorridente. Sasori levantou os olhos do livro para encontrar os olhos verdes de Sakura.
— Bom dia, Haruno-sama — respondeu. Nunca entendeu o motivo de chamá-la assim. Normalmente, tratava as pessoas comuns pelo sobrenome e seus dois amigos pelo primeiro nome, sem sufixos. Ela era a única que ele tratava respeitosamente – sem nenhuma razão, só porque achava que ela merecia respeito, talvez.
— Sabe que não precisa me chamar assim, Sasori-san — Sakura sorriu. Sasori deu levemente de ombros, quase imperceptivelmente. Colocou o livro sobre a bancada e se levantou, dirigindo-se as prateleiras de bonecas.
— Qual escolherá hoje, Haruno-sama? — ignorou o pedido da garota. Ela riu um pouco e ele deu um rápido sorriso com o som.
— Tudo bem, se prefere. Bem, o que me aconselha?
Ele olhou para as suas bonecas, pensando. Não soube quando pegou gosto por aquilo – desde pequeno; quando ele, Kitsune e Deidara ainda eram jovens (principalmente a garota) e moravam numa cidadezinha do interior, interessava-se por marionetes. De fato, os três se interessavam por arte: Sasori gostava de fazer marionetes e bonecas; Kitsune adorava pintar e desenhar e Deidara – adepto de um tipo próprio de arte – fazia esculturas em argilas. As melhores, ele explodia. Então, mudaram-se para a cidade grande, e Kitsune – a mais nova – havia ficado na cidadezinha, concluindo o colegial. Mas passava as férias com seus amigos, até ter de começar a faculdade. Sasori sorriu internamente, adorando o fato de o "Trio Maravilha" estar reunido outra vez.
Às vezes, ele sentia pena de vender suas bonecas. Elas sempre pareciam algo como parte dele – mesmo sendo de porcelana fria, sem vida e sem alma, ele as adorava. Mas pagava as contas. Depois de olhar as prateleiras, decidiu-se por uma ruiva que usava um vestido florido.
— Que tal essa? — estendeu a boneca para Sakura. Os olhos da jovem brilharam.
— Cada dia mais você me surpreende com o seu talento, Sasori-san — ela falou, pegando a boneca nas mãos, delicadamente. — Sim, vai ser essa — concluiu, satisfeita.
— Muito bem, então — ele voltou ao balcão, pegando a caixa onde guardaria a boneca. Quando terminou de ajeitá-la, viu Sakura estendendo-lhe o cartão de crédito.
— Bem, está aqui. O preço de sempre?
— Sim, 500 ienes — ele assentiu, enquanto ela colocava a senha. O humor interno de Sasori (já que o externo aparentava estar sempre igual) começou a mudar à medida que o momento da saída de Sakura se aproximava.
— Obrigada, Sasori-san! Até a próxima! — saiu da loja.
— Até — ele deu um sorriso imperceptível. — Sakura-chan.
E então o dia pareceu ficar um pouquinho mais chato.
X
— Danna! — duas vozes misturadas quando ele entrou em casa, no final da tarde. Deidara estava – como sempre – em seu sofá, com um prato de lámen em mãos. Kitsune saía da cozinha, segurando duas tigelas.
— Vamos jantar, danna — ela sorriu, estendendo uma tigela para ele. Sasori agradeceu e sentou-se numa poltrona, enquanto Kitsune sentou-se ao lado de Deidara.
— Finalmente uma comida que presta, hein, danna? — o loiro riu. Sasori nada comentou, apesar de concordar com a afirmação do amigo. Mas melhor que a comida eram, sem dúvida, suas companhias. Ele não era tão sozinho assim, afinal de contas.
X
N/A: SURPRESAAAAAAAA! E aí, Murder? Que tal?
