Título: O Inominável
Autora: Mello Evans
BetaReader: Mellow Candie
Ship: Harry/Draco
Gênero: Romance/ Drama/ Slash Não gosta? Azar o seu, amore!
Classificação: R (T)
Formato: Two-short
Disclaimer: Harry Potter pertence a J. K. Rowling. Fic sem outros fins que não sejam o de diversão.
Nota: Essa fic é uma reformulação de Utopia, que eu não achei que estava digna para continuar aqui na minha conta no ff, dado o tamanho teor açucarado dela, por isso eu troquei o nome da fic e detalhei muito mais.
"Porém, sobrevivi...
E aqui, do lado de fora, neste mundo em que vivo, como tudo é diferente! Tudo, ó menino do aquário, é muito diferente do teu sonho...
(Só os cavalos conservam a natural nobreza)."
Mario Quintana, Confessional. In: A vaca e o hipogrifo.
Draco olhava para os próprios pés, sentado no canto da sala. No chão.
Já fazia um ano que estava preso em Azkaban. Aquelas alucinações nunca o deixavam. Não que ele reclamasse. Aquela clausura era incômoda, mas lá ele podia se refugiar em seu mundinho particular e perfeito, ele podia ter quem ele quisesse. E ele tinha, em sua mente, mas era só dele e ele não dava a mínima importância. Já tinha perdido a noção de tempo e até mesmo de orgulho próprio. Aquilo parecia eras, seu corpo estava visivelmente definhando e ele não ligava. A visão aristocrática e soberba, o nariz empinado, o olhar que observava os outros de cima a baixo, os cabelos sempre arrumados, a roupa alinhada, não existiam mais. Estava trancado na própria loucura, remoendo a sua dor, cansado demais daquele fim de guerra. E ali não tinha lugar para poses. Estava engolido na própria falta de esperança, repetindo a retórica Malfoy como uma prece, mas aquilo já não importava mais. Condenado na vingança silenciosa dos inocentes da guerra. Preso naquela maldita cela fedorenta, execrado pelo próprio Ministro da Magia.
Algo se remexeu ao seu lado e se sentou a sua frente de pernas cruzadas, o cotovelo direito apoiado na coxa e a mão sustentando o rosto sorridente que o loiro aprendeu a observar durante todo aquele tempo.
Malfoy ergueu o rosto, não precisava nem olhar para ver de quem se tratava. Harry James Potter. Não aquele Potter com quem ele brigava constantemente na escola, mas o seu. O produto de sua cabeça, resultado da sua paixão não correspondida, de sua obsessão muda. Mas como não acreditar que o outro não estava mesmo ali? Era tão real, um calor tão presente.
Algumas vezes parecia mais do que os seus devaneios costumeiros, quando era a porta de sua cela que se abria e Potter ficava ali, parado, com as mãos nos bolsos, de pé. Mas esse apenas o observava por horas a fio, encarando-o, fazendo Draco sentir o peso daquelas esmeraldas sobre si. Mas o que Malfoy gostava mesmo é quando ele vinha para cima, apoderando-se de sua boca com selvageria, prensando seu corpo naquela cama ridiculamente pequena, fazendo o ex-Slytherin esquecer suas dores, pecados, incertezas, e fazendo os seus pensamentos se esvaírem. Sendo possuído ardentemente por aquele Harry que ele rezava para que fosse verdadeiro. Sim. Ele rezava. O que o desalento não faz? Porém, Draco sabia que não tinha ninguém real para ver o seu desespero, a sua vergonha. Mácula maior do que ele já tinha passado em algumas circunstâncias de sua vida. Nunca se perdoaria por Potter tê-lo visto chorar no sexto ano. Exceto que tudo valeu, até mesmo aquela sectumsempra, para ver alguma emoção do moreno que não fosse apenas ódio.
Draco aos poucos estava desistindo. De tudo.
-x-
Harry olhava para os papéis sobre sua mesa. Mas sua mente estava longe.
Não conseguia entender como tudo fora ficar daquela maneira. Tinha acabado de terminar seu namoro com Ginny pela segunda vez. Dessa vez não teria volta. Os motivos ele guardou para si, mesmo sob os protestos e gritos da ruiva. Afinal nem ele mesmo entendia o que ele estava fazendo. No começo, ele achou que era peso na consciência – não que ele devesse alguma coisa a Malfoy, mas ele achou veementemente que era aquilo, ou pelo menos tentou se enganar achando que era. Não deixava de pensar um minuto sequer no loiro e em como ele poderia estar naquela cela fria e desesperadora. "Pelo menos não tem mais dementadores." Pensava consigo mesmo. Até que ele lutou para que os Malfoy continuassem livres, mas só conseguiu absolvição para a mãe de Draco, por causa da efetiva ajuda dela contra Voldemort. Até ficou feliz pelo rosto aliviado do ex-Slytherin quando soube da clemência da mãe. Mas foi decadente ver Draco definhando em cada audiência, o desespero dele ao saber que nem os depoimentos do menino-que-sobreviveu-mais-uma-vez adiantavam de muita coisa. Harry queria que ele também ficasse livre. Talvez assim ele próprio ficasse livre daquela dor, daquela culpa.
Depois de algum tempo ele começou a sentir falta daquela criatura albina e fria, carência de ver aqueles olhos azul-cinzentos de encontro às suas órbitas e foi a partir disso que começaram as visitas constantes à cela. Para apenas ficar parado olhando aquela criatura visivelmente abatida.
No começo, Draco perguntava o que ele fazia ali, mas com o tempo ele começou a achar que Harry, O santo Potter, não se daria ao trabalho de aparecer e pensava ser loucura da sua mente. Parecia mesmo que ele não estava no seu estado normal, mas Potter não dava a mínima. E começou a se utilizar disso. Martirizava-se mentalmente por estar se aproveitando daquilo, mas Draco também parecia não querer saber de muita coisa. Talvez fosse a abstinência de sexo que o deixava assim, entretanto o ex-Gryffindor queria acreditar que o loiro realmente sentia alguma coisa por ele que não fosse ódio ou libido, queria se agarrar ao único fio de esperança que eram aqueles gemidos roucos que o outro soltava cada vez que o moreno o possuía com luxúria.
Começou mais novas audiências. Harry contou para Hermione, que obviamente se espantou, mas disse para o ex-Gryffindor de como ela devia ter esperado por isso, principalmente depois do rompimento com a Weasley. E como a morena trabalhava em um cargo bem mais alto e burocrático do Ministério, a papelada saiu do arquivamento de maneira bem mais fácil. Ele pediu expressamente que o loiro não ficasse sabendo. Tinha medo que ele recusasse com todo aquele seu orgulho polido que ainda restava.
Harry aos poucos estava indo atrás do que ele sempre negou. De tudo.
Continua.
N/A:
Eu dividi em dois capítulos para saber até daquelas pessoas que já mandaram review como ficou. /tenso
Review.
