One Piece: A busca da Aventura Suprema
Capítulo 1
"Livros e piratas! A história de um garoto chamado Dan"
Loguetown, 22 anos atrás. Riqueza, fama e poder. Um homem conquistou tudo o que o mundo lhe tinha para oferecer. O Rei dos Piratas, Gold Roger, que viria a ser executado em praça pública. Suas últimas palavras inspiraram milhões de cidadãos a ir para os mares em busca de aventuras: "Os meus tesouros? Se os quiserem, eu lhes dou. Procurem-nos! Eu deixei lá tudo o que tinha!"
Bem, é óbvio que eu sou novo demais para me lembrar disso porque nessa época eu nem era nascido. Mas sei dessas coisas porque foi a primeira informação que meu pai me deu quando me apresentou ao mundo da pirataria.
Ilha de Brush, Leste Azul.
Essa é a minha terra natal. É uma ilha relativamente extensa que, se vista de cima, lembra um pincel. É meio montanhosa, mas que contém pequenos vilarejos. Existe uma cidade maior que conecta esses vilarejos, que se chama Stylo. É uma cidade pacífica, mas de vez em quando passa por tempos de aperto. As casas são na maioria brancas e de tijolo, já que o clima na ilha é quase sempre bom. Eu moro na "linha" que separa o centro da periferia.
Ah! A propósito, meu nome é Daiki, mas eu respondo pelo meu apelido, Dan. Tenho 18 anos, mas ainda vivo com meus pais. Ou, com minha mãe, melhor dizendo, já que meu pai morreu devido a motivos que explico quando ganhar forças para tal.
"Daiki, meu filho! Já terminou de escrever?"
Eu: "Não! Falta-me a última frase!"
"Ande logo! Eu preciso de ajuda com as tarefas de casa!"
Eu: "Tenha paciência que eu já vou!"
Essa voz é da minha mãe, Karen. Foi ela que me ensinou a escrever e a pintar e agora reclama dos meus hábitos… Fazer o quê? Mãe é mãe. Eu tenho mania de interromper de má vontade o que faço, porque não quero deixar um passatempo preferido inacabado! E aí, já sabe…
"Daiki! Vem logo!"
Eu: "Ai… Ok! Já tô indo!"
Desci as escadas e fui até a área de serviço onde estava a minha mãe. Ela é boa de coração, às vezes rígida comigo, mas no geral, importa-se comigo até o ponto em que daria a vida para me proteger.
Karen: "Filho! Você realmente precisa moderar seus hábitos de escrita! Você passa o tempo todo trancado nesse quarto escrevendo, desenhando, vai atrofiar o teu corpo! Então, o que está escrevendo dessa vez?"
Eu: "É um livro que conta a história das aventuras de um grupo de exploradores cujo objetivo é viajar o mundo e encontrar as maiores maravilhas que ele tem para oferecer!"
Karen: "Ah é? Pois em vez de ficar escrevendo sobre aventuras de mentirinha, porque não vai ter as suas próprias aventuras de verdade? Quem sabe, aparece a oportunidade e você encontra um grupo e vai descobrir esse mundo! Escrever a sua própria história, mesmo que fosse um pirata!"
Eu: "Não fale nisso! Depois do que aconteceu naquele dia, a palavra "pirata" não entra nessa casa! Papai…"
Nisso, eu me lembrei do meu pai, que era um pirata. Chamava-se Jann Richards. Ele, mesmo não estando mais aqui, ainda é o meu ídolo. Ainda me lembro das histórias de aventura que ele contava…
Vieram as memórias do dia em que ele concordou em se juntar a uma tripulação e navegar, nos deixando. Disse ele que voltaria assim que pudesse. Eu tinha cinco anos aquando daquilo, portanto parte das minhas memórias é de histórias que minha mãe contava. Esperamos três ou quatro anos, não sei direito, até ele voltar. Ele voltou e trouxe inúmeros contos de viagem. Cavernas misteriosas, armadilhas infinitas, ele enfrentou tudo e mais um pouco. Desde que nasci, ele nunca mais abandonou o sorriso no rosto. Sempre vinha mais do que alegre me contar as recordações de viagem. Mas a lição mais importante que me deixou foi a seguinte:
"O companheirismo é a chave para o sucesso. Se você tiver amigos ao seu lado, o impossível não é nada." Essas palavras são o meu norte.
Saí dos meus pensamentos e fui dar uma volta pela cidade. Tinha que fazer compras porque faltava comida em casa, mas eu odeio fazer isso. Normalmente é entediante, mas dessa vez acabou por não ser.
No caminho ouvi gente gritando "Ladrão!". Quando fui dar conta, senti um corpo batendo contra o meu. Meu agressor e eu nos estatelamos no chão.
Ele se sacudiu, tentou se levantar e fugir, mas eu o agarrei pelo braço. Era o tal ladrão e… era uma criança de mais ou menos 10, 11 anos e carregava na camisa latas que deviam ser de comida.
Eu: "Espera aí! Aonde é que você vai com tanta pressa?"
Ele: "Eu… eu…" Ele titubeou, mas quando articulava a resposta, uma voz gritou "Ali! É o ladrãozinho!" Então gente começou a chegar de todos os lados e nos cercaram. Alguns agradeceram por eu ter pego o "ladrão", outros o repreenderam por agir assim. Depois o garoto fugiu, sem levar nada do que furtou. Quando a multidão começou a se dissipar, eu levantei e perguntei:
"Quem é aquele garoto?"
Um cidadão respondeu:
"Ele? Ah, é um moleque que vive roubando coisas. Pega bolsas, pega frutas, qualquer coisa que lhe venha à vista ele apanha."
Eu perguntei: "Porque acha que ele faz isso?"
Ele: "Sei lá. Não faço ideia. Esse garoto não tem pais que o eduquem do que é certo ou errado?"
Eu respondi: "Pode ser… ou não…"
E com essa frase o senhor foi embora e me deixou uma reflexão na cabeça. O motivo mais provável para essas ações é a pobreza. Voltei com esse pensamento e com uma dúvida: "Será que encontro esse menino de novo?". Apaguei o pensamento da cabeça e fui para casa. Expliquei o ocorrido para a minha mãe e voltei às tarefas da casa. Foi entediante, por isso, quando terminei os afazeres, saí de novo.
Estava eu andando pela cidade quando decidi dar uma volta à praia. E adivinha a coincidência. Encontrei o garoto ladrão sentado olhando o pôr-do-sol. Resolvi me aproximar dele.
"Oi!"
Ele virou-se e me viu. Ensaiou uma reação mas tentou disfarçar, virando de volta a cabeça.
"Eu não vou te machucar. Só quero uma conversa!"
Então me aproximei e sentei ao lado dele.
"Então, garoto, o que faz aqui?"
Ele: "Nada."
"Escuta, porque você vive roubando coisas?"
Ele: "Porque eu não tenho nada nem ninguém. Todos me olham com maldade!"
"Isso é porque você mesmo faz maldades às pessoas."
Ele não respondeu.
"Olha, roubar é errado e você devia saber disso. Você não tem pais ou família?"
"Não. Nunca tive. Ando vagueando pelas ruas porque ninguém me olha nem quer tomar conta de mim."
"E porque você pensa isso?"
"Não penso! É a verdade! Já andei pelas ruas a minha vida toda à procura de alguém que cuidasse de mim, mas ninguém tá interessado! Sempre me pedem para voltar para minha família e nem se dão conta de que não tenho família! E essa é a minha resposta. É assim que passo minha vida. Desde que entendo quem sou e que existo, minha vida tem sido assim, de solidão!"
Então ele baixou a cabeça. Eu me levantei e refleti sobre o assunto. Deve ter sido abandonado pouco tempo depois de nascer. Após pensar e repensar hipóteses e consequências, disse-lhe:
"Olha: quer vir passar a noite na minha casa? Temos cama e comida! E tenho certeza que minha mãe vai adorar te conhecer! E eu posso te contar umas histórias, ensinar umas coisas, você vai adorar!"
Ele levantou a cabeça, olhos bem abertos e um sorriso amarelo, e disse: "Sério?"
"Sério! Não acha que é melhor do que ficar na rua, sozinho, triste e desamparado?"
Não foi preciso falar nada. Ele se levantou e me acompanhou até em casa onde passamos a noite. Lá ele conheceu minha mãe, nos apresentamos, jantamos e eu cedi uma rede para ele dormir.
Como eu sou o único filho dela e desde sempre que ela queria me dar um irmãozinho para passar o tempo, minha mãe ficou mais do que grata ao "adotá-lo".
Não tínhamos roupas do tamanho dele mas eu emprestei-lhe uma camisa do meu pijama para a noite. Decidi que amanhã iríamos a uma loja comprar umas roupas legais para ele. Após fazermos os preparativos, apostamos corrida para chegar ao quarto. Eu ganhei. Ele se chateou, dizendo que eu sou mais velho e que era impossível eu perder, mas eu disse que não era importante.
Fomos para cama e rede e após uns momentos de silêncio, ele me disse:
"Obrigado por ter me acolhido…"
"Que é isso, menino. Eu tenho certeza que mesmo que não o tivesse feito, alguém certamente o faria. Esse mundo não é feito só de gente malvada, afinal de contas!" Era a minha convicção, embora a realidade mostrasse o contrário.
"Como é o seu nome?", ele disse.
"Ah. Desculpe a demora, eu me chamo Daiki, mas pode me chamar de Dan. E você?"
Ele: "Eu… eu não tenho nome. Ninguém se preocupou em me dar um nome…"
"Ok, então tenho que pensar num nome legal para ti… Deixe-me ver…", depois de pensar um pouco, "Já sei! Kenny! Que tal?"
Ele olhou para mim e disse: "Kenny? Que esquisito!"
"Tem ideia melhor? Além do mais, combina contigo!"
Ele: "Tá bem, que seja, Dan-niichan!"
Aquilo me deixou paralisado por um instante. Nunca pensei que teria um irmãozinho nesta curta vida… porque eu sou uma porcaria quando se trata de crianças. Mas é de momentos assim que a nossa passagem por este mundo se faz. E com isso, dei boa noite ao Kenny-chan e fomos dormir esperando um amanhã cheio de novidades.
A manhã chegou. Kenny e eu acordamos, fizemos o que se faz de manhã, escovar os dentes, café-da-manhã, essas coisas, e fomos já sair.
"Hoje vamos dar um passeio pela ilha! Quero que você se divirta!"
Kenny: "Ok! Vamos lá!"
E saímos de casa, demos uma volta na cidade. Como decidido, nossa primeira parada foi a loja de roupas. Nós escolhemos umas camisetas e shorts legais. Ele comprou uma verde, uma azul, uma branca, uma cinzenta com listras, shorts de banho, bermudas. Deu para comprar isso tudo porque aproveitamos uma promoção.
Daí, ele já saiu de roupa nova e descartou as que vestia até então. Depois disso fomos visitar a região histórica da cidade. Lá vimos os prédios mais antigos e as suas histórias.
Seguindo, fomos à floresta Nemuriuta. Chama-se assim porque a lenda diz que à noite, toca uma espécie de canção de ninar e ninguém sabe de onde vem. A maioria das árvores da floresta não é tão alta, isso porque ficam à volta de uma árvore-mãe. Ele subiu numa delas e adorou! Eu aproveitei e subi noutra embora fosse uma das poucas vezes em que o fazia. Deu para dar uma vista à paisagem verde. Ao fundo viam se as montanhas de Brush e o mar azul infinito.
Passamos o resto do dia nas colinas, deitados, levando o vento no corpo. Num desses momentos, eu perguntei ao Kenny-chan:
"E então? Tá gostando do passeio?"
Kenny "Adorando! Nunca pensei que podia ter chance de conhecer tudo isso!"
Eu: "Bobo! Bastava andar que uma hora encontrava!"
Kenny: "É mas… é mais divertido com mais gente! Sozinho não tem graça!"
Eu ri e disse: "Pois é…" então, repeti, já vagueando. "Pois é." E então comecei a mergulhar nos meus pensamentos. Lembrei do que minha mãe havia me dito ontem e pensei… Será que vou encontrar companheiros? Eu quero navegar pelos mares, sair dessa ilha, conhecer o mundo, mas não tenho a iniciativa para procurar gente que se disponha para tal. Desde que o meu grupo de amigos se separou, eu não achei mais ninguém. Conheço gente por essa cidade, mas não tenho coragem, e em alguns casos, nem vontade de perguntar se querem ir comigo. E nisso veio a palavra "pirata" e a recordação do meu pai. Ele foi pirata e morreu daquela forma… Será que eu vou seguir o mesmo destino? E pensei na herança que ele me deixou:
"Tome… fique com isto… meu filho… você… tem que protegê-lo… com a sua vida…! Essa é… a única… e maior… recordação que você vai… ter… do seu… velhote… aqui…". Foi com essas palavras que ele nos deixou.
Eu fui tirado do meu mar interior com uma pergunta do Kenny:
"Oi! Tá dormindo?"
Eu abri os olhos de repente e me sentei: "Hem? Ah, não! Estava divagando nos meus pensamentos…"
Ele: "Divagando? O que é isso?"
Eu: "Eu estava 'navegando' num mar de recordações…"
Ele: "Você é pirata?"
Só pude rir disfarçando. Quando parei, disse: "Meu pai, sabe? Ele era um pirata."
Ele, surpreso: "Era? Legal! Ele é forte?"
Depois houve um silêncio, então disse: "Sim! Passou muito tempo viajando, ele era dos melhores do mundo!"
Ele: "Você diz isso só porque é teu pai!"
Eu, brincando: "Sim, e daí?"
Ele: "E daí nada!"
Mais um momento de silêncio e então eu disse: "Sabe? Eu tenho um sonho."
Ele: "Sonho?"
Eu: "Sim. O meu sonho é viver e escrever a Aventura Suprema."
Ele: "A Aventura Suprema?"
Eu: "Sim! A melhor e mais emocionante aventura de todos os tempos! Onde haja de tudo! Perigo, emoção, ação, todas as características essenciais de uma aventura! Eu já tive algumas aventuras nessa vida, mas não chegam aos pés do que eu procuro."
Ele: "E o que vai fazer para procurar por ela?"
Eu: "Não sei... ainda." Depois, firmemente: "Mas hei de o saber! Tenho que lutar pelo meu sonho de alguma forma!… Agora vamos voltar para casa. O sol já está se pondo."
E com isso, nos levantamos e voltamos para casa. Quando estávamos perto de chegar, ouvimos o sino da ilha. Esse sino serve para alertar a população da chegada de navios nas nossas areias… Peraí… Navios? Será que são… piratas?
Hmmm... parece que o perigo chegou mais cedo do que se esperava! Será que são mesmo piratas? De qualquer das maneiras, vai ser uma visita muito especial para o nosso herói! O capítulo 2 espera por você!
