Disclaimer: Saint Seya e seus personagens relacionados pertencem ao mestre Masami Kurumada e às editoras licenciadas. E a fic do qual este Gaiden faz parte, é responsabilidade do Darkest Ikarus!

Desafio proposto, desafio aceito! Tipo o demônio da derrota...

E aqui está meu Darkest Gaiden... Para não entrar em conflito com a história desenvolvida na fic original, eu resolvei escrever sobre o primeiro encontro de Aiolos e Alex, em Moscou... E a coisa foi ganhando corpo, ganhando forma e de uma one-shot, virou uma short fic de três capítulos...

Vamos a ela, então...

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Capítulo I – You can't save me

Escrito ao som de You can't save me, do Richie Kotzen

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I sold my soul

Just so I could feel paid

I broke my heart

So I couldn't feel pain

I lost my faith

'Coz I can't justify the wait

I've got no hope

That's only for losers and fakes

Eu vendi minha alma

Só assim eu poderia me sentir pago

Eu parti meu coração

Assim eu não poderia sentir dor

Eu perdi minha fé

Porque eu não posso justificar a espera

Eu não tenho esperanças

Isso é somente para perdedores e falsos

Moscou, cinco anos antes...

Estava sentada em uma das mesas logo na entrada do restaurante, observando o movimento, enquanto comia um sanduíche. Ou fingia que comia. Importante era deixar o caminho livre para que a filmagem, feita por uma micro câmera escondida no botão de seu casaco, ficasse perfeita. O áudio, seria com seu parceiro, sentado na mesma mesa em que os homens investigados estavam. Disfarçado, o agente comnadava uma reunião para negociação de armas pesadas, para supostos terroritas na Chechênia.

Tudo corria dentro do previsto. Não havia como nada dar errado. A não ser...

Um toque em seu celular, quem poderia ser? Seu número era restrito, pertencia à Interpol, e no escritório da agência na cidade todos sabiam que estava em missão, o que estava acontecendo? Impaciente, atendeu, sem sequer olhar para o número que aparecia no visor.

-Agente Dimitri?

-Na escuta.

-Meus parabéns, agente...

-Não entendi.

-Meus parabéns... Por cometer o maior erro de sua vida e carreira...

Não houve tempo para entender o que a voz do outro lado da linha dizia. Não houve tempo para gritar, se abaixar ou sacar sua arma, presa sob o tampo da mesa onde estava sentada. Das mesas ao seu redor, diversos homens se levantaram, disparando tiros para todos os lados, matando quem ousasse se mexer.

Por instinto, foi para debaixo da mesa, e viu seu parceiro ser imobilizado por dois homens de preto e receber uma série de socos que o deixaram desacordado. Por longos e intermináveis segundos, ficou paralisada debaixo daquela mesa, até decidir fazer alguma coisa.

Puxou sua arma e saiu deslizando pelo chão, mas não conseguiu muita coisa. Uma coronhada certeira, por trás, e ela apagou.

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Aos poucos, a visão tentava focar novamente, mas a cabeça ainda doía. Quando mesmo havia tomado aquela pancada forte? Não se lembrava de muita coisa, apenas de sentir seus olhos pesados e a cabeça grogue, pouco depois do tiroteio se iniciar no restaurante.

Um goteira, lenta, pingava no ambiente, não muito longe de onde estava.

E ela estava no chão, de concreto frio, deitada de lado, pernas e braços amarrados. Tentou se levantar, mas era difícil, os nós que prendiam as cordas eram muito fortes. E, enquanto se esforçava para ficar ao mesmo sentada, sua mente continuava trabalhando, tentando se lembrar de como fora parar ali.

A goteira continuava pingando.

Um pouco mais de esforço e se lembrou de... Victor! O parceiro que a auxiliava na espionagem naquele restaurante... Onde estaria? O que havia acontecido com ele?

Merda, ela é quem devia dar a ele cobertura e agora... Não fazia ideia de onde Victor poderia estar.

Um, dois, três pingos... Mas que raios de goteira era aquela?

Nervosa, olhou para cima, para saber de onde vinha aquela goteira. E o susto que levou a deixou muda por intermináveis minutos.

Agora sabia onde estava Victor.

Pendurado no teto daquele lugar, de cabeça para baixo. E era do seu pescoço que vinha a maldita goteira.

Sangue...

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Moscou, há dois anos...

Odiava quando os negócios o obrigavam a viajar, sair de sua zona de conforto e segurança em Budapeste. Mas tinha que fazer aquilo, tinha que ser ele para resolver aquela pendência financeira em Moscou, Dite nunca poderia fazer aquilo diretamente da fortaleza e ele sair... Bem, isso totalmente fora de questão.

Então, lá estava ele, congelando no inverno de Moscou, já fazia tanto tempo desde a última vez que se esquecera de que a cidade era tão fria. E, idiota, não levou em consideração o que Kanon dissera "Não leve um casaco pesado"... Merda! Acabou sendo obrigado a comprar um assim que chegara na cidade.

Pelo menos aquele bar era quente, e a vodca, ajudava a esq uentar ainda mais seu corpo. E, enquanto bebia, notava os olhares das mulheres à sua volta, e os sorrisos que lhe dirigiam. Bem... Cabelos dourados e cacheados, olhos verdes penetrantes, traços fortes e finos ao mesmo tempo e a pele bronzeada, típica de quem havia nascido na região do Mediterrâneo. Não havia como não notar sua presença...

"Vamos, pega uma dessas aí... Só uma! Pra gente se divertir!"

"Não estamos aqui para isso!"

"Ah, e o que tem? Olha só, você não é Luxúria, mas tem umas três quase se atirando em cima de você... Ah, qual é? Porra, há quanto tempo você não transa com alguém?"

"Cale a boca!"

Uma segunda vodca, servida pelo barman. E então, o som de um sino que ficava na porta de entrada chamou sua atenção e ele se virou para ver quem entrava.

Estatura mediana, cabelos longos e lisos, castanhos claros, mas que na contra luz pareciam cor de mel. Olhos verde musgo, tão profundos e atentos que pareciam mecânicos. Lábios vermelhos, médios. Um andar firme, mas ao mesmo cadenciado. Pele branca, traços finos. Seios médios, mas que pareciam um tanto maiores por conta do sutiã. Usava roupas comuns, mas justas, o que deixava suas curvas acentuadas.

"Essa é gostosa"

"Quieto!"

Ela se sentou próxima a uma das janelas, e ele não deixou de notar que dois homens, sentados na mesa atrás dela, remexeram-se, passando a observar a jovem mulher. Ela fez seu pedido, apenas um suco, que tomou rápido. Foi até o balcão, ao lado do rapaz, e chamou pelo barman, para pagar a conta.

Uma olhada rápida e ela o viu. Uma troca de olhares, breve, mas intensa. E, da mesma maneira que entrou, saiu. Mas, desta vez, seguida pelos homens da outra mesa. O rapaz, que parecia não ter gostado daquilo, deixou uma nota qualquer sobre o balcão e saiu também, vendo que os dois homens dobravam a esquina à direita.

A jovem mulher caminhava um tanto apressada, parecia que estava com medo ou algo assim. Logo, sentiu uma mão segurar seu braço de forma violenta, ela se virou e um dos homens que estava no bar logo a agarrou pelos dois braços, a empurrando contra uma parede, na calçada.

E então, aconteceu. O outro homem, ao tentar se aproximar, foi puxado e quando se virou, um soco certeiro que o deixou desnorteado, e mais tantos outros que era possível ouvir seus ossos quebrando. O primeiro soltou a garota e partiu para cima do rapaz que batera em seu amigo, mas levou tantos socos e chutes quanto o outro. Havia sangue por todo lado e manchando a roupa dele, que apenas arfava.

-A senhorita está bem? – perguntou, aproximando-se da jovem, que o olhava surpresa.

Sirenes foram ouvidas, vinham pela avenida principal, não havia tempo a perder. Com um último olhar, ele se despediu da jovem e partiu, sem ao menos dizer seu nome. Quando os primeiros policiais entravam pela rua, ela abaixou os olhos e viu algo caído no chão. Pegou, era uma pequena caixa de fósforos, com o logotipo de um hotel que ficava no centro de Moscou...

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Cerca de duas horas depois...

A recepção do hotel estava vazia àquela hora, apenas um atendente estava no balcão.

-Com licença... – a jovem se aproximou, portando um distintivo da Interpol em uma das mãos – Procuro por um hóspede deste hotel, não sei seu nome, mas creio que seja grego ou turco, por sua fisionomia.

-Temos um hóspede de origem grega em nosso cadastro, senhorita... Seu nome é Aiolos Kinaros, está no bar que fica no terraço neste momento.

-Obrigada.

Novamente, um balcão de bar. Era a terceira vodca da noite. E que noite! Tinha sido uma loucura o que fizera, poderia se entregar pela atitude que havia tomado, mas como não ajudar aquela linda jovem? Se ao menos soubesse seu nome...

-Senhor Aiolos Kinaros? – ouviu seu nome e ao se virar, deu de cara com a jovem mulher que ajudara, algumas horas antes. Destino ou coincidência? – Meu nome é Alexandra Dimitri Radziavicious e tenho algumas perguntas para o senhor.

-Perguntas? – ele riu, enquanto ela se sentava ao seu lado – Isso seria algum tipo de interrogatório policial?

-Talvez... – ela mostrou a ele o distintivo, e foi inevitável uma careta de desagrado por parte de Aiolos. Em que tipo de encrenca tinha se metido?

Alexandra pediu uma vodca, observando Aiolos de maneira mais atenta. Olhos verdes, lindos, traços perfeitos, os cachos de seus cabelos eram bem anelados. Parecia um anjo.

Se soubesse a verdade...

-Eu... Eu fiz aquilo para defender a senhorita. Era visível que aqueles homens iriam atacá-la.

-Eu já sabia... – ele se mostrou surpreso – Eu estava ali como isca, para que a polícia pudesse pegar aqueles criminosos. São estupradores, já passearam por outros países onde cometeram o mesmo crime, além de suspeitos por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A polícia iria chegar a tempo, e eu mesma poderia ter dado um jeito de apagar os dois ou atrasá-los.

-Por certo que sim... – Aiolos disse, observando os braços firmes e as coxas um tanto grossas de Alexandra, que pareciam querer rasgar o tecido da calça jeans justa que ela usava, a mesma roupa do bar onde tudo havia começado. – E agora, vai fazer o quê? Me prender por obstruir seu trabalho?

-Deveria, mas não o farei... Eu... Olha, sinceramente, eu não sei porque vim até aqui te procurar... Não sei, mas eu...

-Você...

-Eu... Eu queria te ver de novo... Saber seu nome, quem é você... Esse tipo de coisa...

"Cara, ela ta se abrindo toda para você! Pega essa gostosa de uma vez, vamos!"

"Não vamos fazer nada disso!"

"Isso é o que você pensa..."

-Senhorita Alexandra, eu...

-Alex.

-O quê?

-Só a minha mãe me chama de Alexandra, os meus colegas de trabalho me chamam de Dimitri... Mas você pode me chamar de Alex...

-Alex...

Parecia uma canção, ou uma carícia, algo nesse sentido dizer aquele nome tão simples. E tão singelo. Tão... Soava bonito, como a dona que o ostentava. Sim, Alex era uma jovem mulher muito bonita, os traços finos de seu rosto a deixavam com um etéreo, parecia uma daquelas bonecas de porcelana russa... Então, de repente, uma vontade incontrolável tomou conta de Aiolos.

Uma vontade louca de beijar aquela boca vermelha e tão próxima.

O barman serviu a ambos uma nova dose de vodca, mas nem um dos dois notou. Com sua mão direita, Aiolos ajeitou atrás da orelha de Alex uma mecha de seus cabelos, que caía sobre seus olhos. A mesma mão foi para a nuca da jovem e, quando ela percebeu o que estava acontecendo, os lábios de Aiolos estavam sobre os seus. E eram quentes. Macios. Entorpecentes...

Como um anjo poderia beijar tão bem assim? E como ela poderia se sentir tão quente com um beijo? Como poderia querer quer aquela língua não estivesse explorando apenas sua boca, mas seu corpo todo?

E, de repente, não havia mais ninguém no balcão do bar do hotel... E, quando e como Alex se deixara levar por Aiolos até seu quarto, não sabia dizer...

You can't save me

You better keep yourself to someone else

Fading, I'm just fallin' into my condition

Faded, you better put your time in somethin' else

Save me, but don't worry about it now

Better save your fuckin' self

Você não pode me salvar

Melhor você se manter com outra pessoa

Sumindo, eu estou caindo em minhas condições

Sumido. Melhor você perder seu tempo com outra coisa.

Me Salve! Mas não se preocupe com isso agora

É melhor você se salvar antes

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Continua...