Aviso - Esta fic é um UA (Universo Alternativo), então nada de Hogwarts, varinhas ou trouxas. É ambientada na década de 20, logo após a Primeira Guerra Mundial. A fic é baseada no romance que Adolf Hitler teve com Geli Raubal, filha de sua meia- irmã, Ângela Raubal, (que, por sua vez, era filha do segundo casamento do pai de Hitler) antes de chegar ao poder.

Qualquer apoio a Hitler ou ao movimento Nazista que possa ficar subentendido na fic é mera ficção. Não apóio nenhuma idéia nazista, neonazista, nem nada relacionado a Hitler.

Nota Histórica - A Alemanha, arruinada depois da Primeira Guerra Mundial, passava por uma crise. Nesse período Hitler lançava as bases para a Segunda Guerra Mundial, recrutando aliados e fortalecendo o movimento Nazista.

Disclaimer - Nenhum personagem me pertence, são todos da JK.

----------

Capítulo 1 - Abismo

O barulho das folhas secas sendo levadas pelo vento reprimia o choro infantil de Virgínia Weasley. Estava muito frio naquele fim de tarde, e a morte da sua mãe só tornava as coisas mais frias ainda. O enterro já havia acabado, e os poucos amigos que haviam comparecido já tinham ido embora. Disseram palavras de amparo, e ao sair, se perguntaram como Virgínia pudera se dar ao luxo de encomendar tantas flores, considerando sua nova situação. E mesmo que ela não estivesse endividada, ninguém gastaria tanto em tempos de crise como aquele. As flores estavam muito caras.

Tinha medo de ir para casa e lembrar-se das contas, da hipoteca, e de que agora ela estava sozinha no mundo. Com dezenove anos ainda não havia se casado, nem concluído seus estudos. A guerra, que havia terminado há nove anos, ainda arruinava o país, mergulhado numa crise que parecia não ter conserto. O ano era 1927, e os preços subiam e subiam.

Lançando um último olhar ao túmulo de sua mãe, virou-se e caminhou até o portão do cemitério. Se não houvesse flores novas e coloridas no túmulo de Molly Weasley, qualquer um que entrasse naquele cemitério diria que o local estava abandonado. A grama estava alta, o que fazia o salto do sapato de Virgínia afundar completamente a cada passo que dava. Mal podia ver os nomes gravados nas lápides já desgastadas e tomadas por musgo. Aquele lugar inspirava um profundo sentimento de melancolia, e Virgínia não via a hora de chegar em casa e preparar uma xícara de chá bem quente. Ela pensou se realmente havia uma solução para todos os seus problemas, e não conseguiu reprimir as lágrimas que teimaram em cair quando constatou a possível negativa. Agora chorava não só por sua mãe, mas também por si mesma.

Assim que alcançou os portões do cemitério, viu um carro parado do outro lado da rua deserta. Um homem alto, aparentando ter seus 20 anos, estava encostado no capô do carro, lendo o jornal. Os cabelos loiros estavam rigorosamente puxados para trás, o que deixava evidente uma cicatriz em uma das têmporas. Os olhos cinzentos iam de um canto a outro do jornal, sem muito interesse. Vestia um uniforme simples, porém impecável, que parecia ter sido engomado minutos atrás. Ele tinha um ar blasé que, de certa forma, incomodou Virgínia. Quando percebeu que ela o olhava, o homem deixou o jornal de lado e caminhou até ela.

"Srta Weasley", perguntou, enquanto se aproximava. De perto, ele era ainda mais alto.

Virgínia parou, e assentiu com a cabeça.

"Eu vim aqui em nome do seu tio, o Sr.Riddle. Ele soube do que aconteceu e..."

"Tio? Eu não tenho tio", respondeu automaticamente, interrompendo o rapaz.

Ele franziu a testa, confuso. Tirou do bolso um pequeno pedaço de papel, leu, e voltou a olhar a garota:

"A Srta não é Virgínia Weasley, filha de Molly Weasley?", ela consentiu, sabendo que não deveria estar conversando com estranhos. Era melhor não dar muita confiança. "O seu tio", continuou o rapaz, "o Sr Riddle, soube do que aconteceu. Infelizmente não pôde comparecer, mas mandou que eu a levasse até a casa dele, em Munique"

Foi então que Virgínia lembrou-se do meio irmão de sua mãe, Tom Riddle. Ele, de fato, morava em Munique. Ela e a mãe costumavam visitá-lo uma vez por ano, mas depois que ele foi preso por se envolver com o Partido Nacional-Socialista, nunca mais tiveram notícias, nem voltaram á cidade.

"Ele não estava preso?", perguntou.

"Ele foi solto há uns quatro anos", respondeu o rapaz, "De qualquer forma, ele pede que a Srta me acompanhe"

Acompanhar um estranho? Até Munique? Ela era jovem, estava órfã e desamparada. Mas se aquele suposto motorista pensava que ela era uma estúpida a ponto de viajar com um estranho para a casa de um tio que não via há anos, ele estava muito enganado. E fez questão de expressar esses pensamentos claramente:

"Eu nem ao menos sei quem você é"

"Eu sou Draco Malfoy, o choffer do Sr Riddle", respondeu friamente "Muito bem, Srta Weasley, eu volto em uma semana para ver se a Srta mudou de idéia", e antes de voltar ao carro, completou,"O seu tio só quer ajudá-la"

Draco entrou no carro e deu a partida. Virgínia viu o carro passar pelo muro que cercava o cemitério e dobrar a esquina, sumindo de vista.

Ajudá-la? Um homem que ela nem conhecia direito. A última vez que ela estivera em Munique... nem lembrava mais. Ela era muito pequena. Tinha uma vaga lembrança do homem que não a deixava correr dentro de casa. Também não podia falar muito alto, pois sua voz estridente deixava seu tio com dores de cabeça. E ele nem havia comparecido ao enterro.

No caminho de volta para casa pensou em como aquela idéia era absurda. Ela já não precisava de um tutor, saberia se virar sozinha. Procuraria um emprego. Alguma coisa que pudesse quitar as dívidas e pagas as contas. Poderia ser professora particular. Ainda não concluíra os estudos, mas faltava tão pouco. E sempre esteve adiantada na escola. Poderia ensinar crianças, talvez.

Finalmente chegou em casa e, assim que abriu a porta, olhou ao redor. Só o que via era uma casa decadente, vazia e hipotecada. Foi até a cozinha, pôs a água para ferver e sentou-se em uma das três cadeiras posicionadas ao redor de uma mesa. Deitou a cabeça entre os braços cruzados sobre a mesa, e permitiu a si mesma chorar o quanto quisesse. A água estava fervendo, mas Virgínia já não queria mais tomar chá. Deixou a água evaporando aos poucos, embaçando as janelas. Nem se preocupou em tirar os sapatos ou ir para a cama. Dormiu ali mesmo. Estava cansada demais para fazer qualquer coisa.

Foi com fortes e incessantes batidas na porta da frente que Virgínia acordou na manhã seguinte. Havia dormido sobre uma das mangas do casaco que usava, o que deixou uma grande marca em seu rosto. Não foi de imediato que se lembrou do motivo de estar dormindo na cozinha; levou alguns instantes para situar-se e ir abrir a porta. Ela não sabia quanto tempo havia dormido, mas ainda estava extremamente cansada.

Andou até a sala e, antes de abrir a porta, foi até uma das janelas e abriu a cortina de leve. Viu, parado em frente á porta, um homem que ela nunca havia visto antes. Era magro e muito alto, mas nem a sua altura poderia justificar a postura nem um pouco ereta que ele possuía. Os óculos que ele usava, juntamente com o bigode escovinha, ocupavam quase todo o rosto, disfarçando algumas rugas ao redor dos olhos. O homem tinha um olhar cansado, mas parecia muito enérgico, olhando impaciente o relógio de pulso. Por mais que Virgínia tivesse acabado de acordar, tinha a certeza de que seus cabelos não estavam tão desalinhados quanto os daquele homem. Carregava consigo uma mala preta e trajava um terno da mesma cor. O homem olhou ao redor, e bateu na porta mais uma vez. Ela estava sozinha em casa, e não esperava receber visitas; era sempre sua mãe que as recebia. Virgínia abriu a porta.

"Virgínia Weasley?", perguntou. Sua voz era grossa e forte, e não combinava em nada com sua aparência frágil. Ao que Virgínia consentiu, o homem continuou "Eu sou o Sr. Molch e vim a respeito da hipoteca da casa. Posso entrar?"

Ela se afastou da porta para dar passagem e fez sinal para que ele se sentasse. O homem entrou e acomodou-se em uma poltrona. Virgínia também se sentou e ofereceu chá, mas ele recusou, indo direto ao assunto.

"Soubemos que sua mãe faleceu, Srta Weasley", ele fez uma pausa, mas logo continuou, "A Srta deve saber que a casa estava hipotecada há alguns anos", dizendo isso, ele fez outra pausa para que Virgínia confirmasse, e voltou a falar "Mas a dívida já ultrapassou alguns limites impostos pelo contrato"

Ele abriu a mala que carregava e retirou dela alguns documentos. Mostrou-os a Virgínia, que examinou sem entender muita coisa.

"Nós fizemos algumas concessões quando seu pai faleceu, mas agora, devido aos acontecimentos da última semana..."

"A minha mãe faleceu ontem, Sr. Molch", disse Virgínia, ríspida. Não esperaram nem uma semana.

"Eu entendo", disse ele, um tanto desconfortável, "Mas nós não temos mais condições de prolongar o prazo da dívida, Srta Weasley. E, de acordo com os nossos registros, a Srta não tem um trabalho fixo, estou certo?"

Ela confirmou, sabendo o que ele iria dizer em seguida.

"Sinto Muito, Srta Weasley. A Srta tem 10 dias para desocupar a casa. Os móveis e a louça devem ficar, eles também estão no contrato", se levantou e, caminhando em direção a porta, despediu-se com um agradável "Tenha um bom dia" e partiu.

Partiu sabendo que Virgínia não tinha para onde ir, nem dinheiro, nem trabalho. Para onde ela iria? Com que dinheiro ela viveria em outro lugar? Estava sozinha, não tinha apoio, não tinha alguém para ajudá-la. Parecia que estava caminhando sozinha em direção a um precipício, e estava ciente da queda que a esperava.


NA: Essa fic foi feita pra Bel-Weasley, por conta de uma aposta (que eu perdi, lógico). E eu quero agradecer a Nika-Chan, que betou o capítulo e me apoiou muito. Beijos, moças.

Ah! Reviews, please...