You're my only fear.

Subiu as escadas lentamente, entrando na penúltima porta do corredor. Aquele era o único quarto que ainda não tinha sido limpo, então Molly pediu que Remus desse um jeito no mesmo, enquanto ela cuidava de Arthur. Enquanto limpava o quarto com acenos da varinha, se deixava pensar em Sirius, que provavelmente estava sentado na cozinha com uma expressão emburrada, ainda chateado pela partida recente dos garotos.

Remus tinha então, resolvido passar mais tempo em casa. Ainda fazia trabalhos para a Ordem, mas a maioria de seu tempo era dedicado a Sirius. Aquilo tinha feito que sua relação com ele chegasse ao ponto mais alto desde que ele tinha fugido de Azkaban. E de algum modo, eles estavam mais envolvidos um com outro do que nunca.

Sem que percebesse, o quarto já estava limpo. Não tinha móveis nenhum, apenas um guarda roupa no canto que, sem pensar realmente, Remus abriu com um feitiço. Uma lua cheia apareceu de repente na sua frente, e ele prendeu a respiração por um segundo, antes de perceber que aquilo era apenas um Bicho Papão. Antes que pudesse levantar a varinha, entretanto, o bicho papão mudou de forma. Era de repente o corpo de Sirius, caído no chão, um filete de sangue escorrendo de seus lábios e uma expressão vazia.

Ficou sem reação, olhando o corpo do melhor amigo e amante, caído no chão, sem vida. Sem aquele brilho divertido que ele ainda conseguia ver no fundo dos olhos de Sirius, em alguns momentos. Um nó formou-se em sua garganta e ele sentiu um impulso insano de chorar. Aquilo era um bicho papão. Sirius estava bem, no andar de baixo. Aquilo não era verdade.

Remus abaixou-se, ajoelhando-se ao lado do corpo, e tocou um dos braços, a pele gelada quase queimando em seus dedos. Sirius era quente. E a idéia de vê-lo gelado daquele jeito o fez chorar. Pequenas lágrimas rolaram por seu rosto e ele se achou muito idiota. Um homem de quase quarenta anos se deixando assustar por um bicho papão. Quão estúpido?

E por mais que uma pequena parte de sua consciência gritasse para que ele agarrasse sua varinha – que agora estava caída ao seu lado – e acabasse com aquilo logo, Remus estava chocado demais. Com medo demais. E assustado demais.

- Rem... Remus! – Sirius entrou no quarto e, por um momento, ficou chocado de ver seu próprio corpo deitado no chão. Mas então olhou para o amigo e notou os olhos molhados e um olhar assustado. Os olhos cor de âmbar pediam desculpa mudamente, e tudo que Sirius conseguiu fazer foi caminhar até o outro e o puxá-lo pra longe do bicho papão.

Remus o abraçou com força, afundando o rosto na curva de seu pescoço e respirando tremulamente. O abraço de Sirius o envolveu em uma segurança que ele queria ficar pra sempre. Era quente e seguro. E Remus iria lembrar daquele cheiro – o cheiro de Sirius – como o cheiro de casa. Como o único lugar seguro do mundo, o único lugar que ele iria sempre querer voltar.

- Tudo... tudo bem, Moony. – Sirius sussurrou, ainda atordoado. – Ridikkulus! – Falou alto, apontando a própria varinha em direção do próprio corpo, que sumiu instantaneamente. Voltou-se para Remus, que ainda estava trêmulo, murmurando pedidos baixos de desculpas. Deixou um beijo em seu cabelo, murmurando várias vezes de que tudo iria ficar bem, que ele não precisava sentir aquele medo.

Mal sabiam que o bicho papão era apenas uma previsão do que aconteceria daqui há umas semanas.

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História boba, e nada do que eu costumo fazer, já que escrever "angst" pra mim é tenso. Só que eu tive esse idéia e escrevi a fic em 15 minutos, então resolvi postar. Quem gostou, é só deixar review. Obrigada.