SE TUDO FOSSE DIFERENTE - INTRODUÇÃO

AUTHOR: Lady F., Lady K, Towanda

DISCLAIMER: Todos os personagens da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World" são propriedade de John Landis, Telescene, Coote/Hayes, DirecTV, New Line Television, Space, Action Adventure Network, Goodman/Rosen Productions, e Richmel Productions.

SPOILERS: OUT OF TIME

VOSSOS FILHOS

Khalil Gibram

"Vossos filhos não são vossos filhos.

São os filhos e filhas da saudade da vida por sí mesma.

Eles vêm através de vós mas não de vós.

Embora vivam convosco, não vos pertencem.

Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,

Porque eles têm seus próprios pensamentos.

Podereis abrigar os seus corpos, mas não suas almas;

Pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.

Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós;

Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.

Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.

O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a Sua força

para que Suas flechas se projetem, rápidas e para longe.

Que vosso encurvamento na mão do Arqueiro, seja a vossa alegria:

Pois assim como Ele ama a flecha e voa, também ama o arco que permanece estável."

Livro O Profeta

Em OUT OF TIME, Verônica, Challenger e Sumerlee fazem uma surpreendente descoberta na selva: um bebê. Enquanto levam a criança para casa são observados por olhos não humanos. Dois homens macacos seguem suas pegadas. Após algum tempo um homem macaco invade a casa da árvore e "rouba" o bebê, levando Challenger e Summerlee a chegar a uma conclusão ainda mais surpreendente do que a aparência da criança – aquela mulher macaco que os seguiu, é na verdade a mãe do bebê. A principio, Verônica recusa-se a acreditar nisso criando laços afetivos com a criança, mas compreende a verdade ao ver mãe e filho juntos.

... Mas e se, após a conclusão do episódio outros acontecimentos tivessem ocorrido trazendo um novo e inesperado morador a casa da árvore?

Cap 1 - Vossos filhos não são vossos filhos.

Verônica olhou entristecida a partida da mulher macaco e seu bebê. SEU bebê, e não dela mesma. Já começara a apegar-se àquela criaturinha inocente e doce, sabia, porém, que nem tudo era para ser como ela desejava.

Virou as costas e seguiu o caminho de volta para a casa da árvore pensando na grande mudança que havia ocorrido em sua vida em tão pouco tempo, e como descobrira sentimentos que não imaginava que pudesse ter, quando um grito de horror a deteve.

Sem hesitar, Verônica correu até a origem do som e então encontrou a mulher macaca, já ferida, com o bebê no colo, cercada por dois raptors.

Tirou as duas facas que trazia na cintura e ameaçou-os para que se afastassem, entretanto o cheiro de sangue já atiçava seus instintos e a jovem sabia que não desistiriam facilmente. Atirou uma das facas em cheio na jugular do mais feroz deles, que se debateu antes de cair morto no chão.

Ainda restava um. O animal, cada vez mais enfurecido e sentindo o cheiro de sua presa já bastante ensangüentada não tinha nenhuma intenção de partir.

Verônica jogou a última faca que lhe restava no animal, porém, sem sucesso. Agora estava desarmada e sendo acuada, junto com a mulher macaca e seu bebê. Era uma questão de tempo para que estivessem cercadas e indefesas, a menos que agisse rápido. Empurrou a mulher para que se escondesse por entre as raízes de uma figueira, abaixou-se pegando um pouco de terra e jogou nos olhos do raptor e imediatamente fez uma estrela atraindo o animal para si. Pelo menos o havia afastado do bebê. Mas e quanto a ela mesma? Seu oponente não estava interessado a desistir a afronta havia sido forte. No fim de seu salto, encontrou uma lança, provavelmente da mulher macaco que agonizava. Deu uma cambalhota e caiu deitada, o raptor veio com toda sua fome a atacá-la, mas antes que pudesse saborear sua caça, Verônica o acertou com a lança que caiu a seu lado ainda esbarrando nela. Aliviada ela deixou-se ficar deitada respirando fundo por alguns segundos.

A mulher macaca jazia muito fraca entre as raízes. Na ânsia de protegê-lo havia se agarrado ao bebê como uma cobra a um galho. Verônica olhou o ferimento da mulher: o corte havia sido profundo e sangrado bastante. E ela sabia que não havia mais nada a fazer. Pegou o a criança que chorava com muito cuidado, abraçando-a. Sentindo-se mais segura ela aninhou-se em seu colo, soluçando baixinho. E quando um terceiro raptor surgiu, a loira sabia que mais nada havia a fazer. Apertou o corpinho da criança contra o seu e fechando os olhos sabendo o que o pior viria a seguir.

Vários estampidos secos chegaram-lhe aos ouvidos e ela abriu os olhos para ver o animal caindo alguns metros adiante.

Malone veio correndo com expressão preocupada. A mulher macaca havia deixado sangue por toda parte e ele se perguntava se Verônica estaria bem. Olhou para as raízes da árvore ao ver algo se mexer e encontrou Verônica segurando o bebê, com os olhos cheios de lágrimas e a seu lado a mulher macaco, já morta, os olhos petrificados.

"Verônica, o que aconteceu? Você está bem?" Ele perguntou abraçando-a, mas sem ter a correspondência no carinho. Ela conseguiu balbuciar, entre lágrimas:

"Ela está morta Ned." Bastou único olhar para o corpo da mulher para que Malone confirmasse a informação de Verônica.

Ele ajudou-a a levantar-se ainda carregando o bebê.

Seu braço está sangrando. Eu levo o neném... – Ofereceu Ned.

Não é nada... Eu tomo conta dele – respondeu indo com a criança em direção a casa da árvore, passando aos prantos por Roxton, Challenger, Marguerite e Summerlee, surpresos ao presenciarem um momento de fragilidade de sua sempre segura anfitriã.

"O que aconteceu?" Roxton se aproximou de Ned que olhava preocupado em direção onde Verônica acabara de ir.

Ned contou-lhes detalhadamente tudo o que sabia até chegarem a casa da árvore. Todos ouviram sem protestar, estavam surpresos e muito assustados com o que ocorreu com Verônica.

"Esses raptors estão mais agressivos a cada dia que passa..." O professor Arthur afirmou tirando o cachimbo da boca.

"Ela não poderia ter feito isto, não temos como criar uma criança aqui." George falou com a frieza de costume. Marguerite deu um sorrisinho e balançou a cabeça discretamente, mais ninguém deixou de notar o ar de cinismo.

"Qual o problema Marguerite?" Ned cruzou os braços.

"Mais uma boca para alimentar e sem contar que é um animalzinho..." Ela cruzou os braços. "É, estamos progredindo..."

"Sempre preocupada consigo mesma, como sempre!" Roxton exclamou, e Marguerite não gostou muito. A mulher levantou-se com seu ar de nobreza e caminhou até o corredor. Antes de sair da sala, parou ao lado de Roxton e cochichou. "Sempre. Não há mais ninguém aqui que mereça a minha preocupação. Boa noite, Lord Roxton". Ela olhou para os olhos dele, deixando-o perceber a raiva que sentia no olhar e deixou a sala.

Ned respirou aliviado. "Bem, acho que agora podemos conversar... Civilizadamente..."

"Mantenho o que disse. Nós não podemos ficar com este bebê aqui!" George disse causando a resposta imediata de Summerlee.

"Challenger, você não entende a situação? Malone nos disse o que aconteceu, e a mãe do bebê está morta! Como essa criança pode sobreviver nessa selva sozinha?".

"E além do mais, a casa é de Verônica, ela decide quem sai e quem fica aqui..." Ned ficou um pouco revoltado com as palavras do cientista. "O que acha Roxton?"

Ele olhou a cada integrante da sala, analisando suas expressões. "Acho que Verônica não iria deixar este bebê sozinho na selva, isto é um fato... Já que como o senhor disse professor, ela não queria deixá-lo nem quando aquela mulher macaca estava viva..."

"O que você está insinuando, Roxton?" George mostrou interesse no olhar.

"Ora, nada... Por que, no que está pensando? Que Verônica tentou alguma coisa contra a mulher para ficar com o bebê?"

"Verônica jamais seria capaz de fazer algum mal aquela apemem!" Ned protestou irritado.

"Eu acho que não devemos opinar rapazes, vamos no acalmar, não adianta nada..." Summerlee tentou acalmar, mas sem sucesso.

"... Arthur, eu estou impressionado com sua cegueira de não enxergar os fatos!!! Veja bem, você mesmo disse que esses animais estão ficando a cada dia mais perigosos e nocivos, no entanto, Verônica traz um deles para dentro da própria casa? Ela não sabe o que está fazendo, eu vou lá e tirar aquele monstrinho de perto dela, antes que faça algum mal..." George levantou decidido ir até o quarto de Verônica.

"É só um filhote, Challenger!" Roxton exclamou.

Ned levantou-se rapidamente e impediu que Challenger avançasse.

"Saia da minha frente, Malone, você está absolutamente cego...".

"Eu não vou sair, se quiser passe por cima de mim, você não vai atormentar Verônica com suas teses científicas, ELA NÃO É UM EXPERIMENTO SEU, GEORGE!" Malone gritou furioso e não saiu do lugar.

Todos estranharam a reação de Malone, até então desconhecida por seus amigos. Todos olhavam para ele.

"Deixa, Challenger... Malone está irritado, todos nós estamos tensos com esta situação, não vai ser melhor se começarmos a discutir..." Roxton botou as mãos no ombro do cientista e o levou para longe de Malone.

"Summerlee, acho melhor vir comigo, vou ver como Verônica e o bebê estão..." Ned chamou Summerlee que hesitou em levantar-se. "Se não quiser vir comigo não tem problema, professor... Mas gostaria que depois examinasse o bebê, e Verônica esta com um ferimento que pode infeccionar..." Malone esperou por Summerlee na saída da sala. O professor olhou para os dois homens que, sérios, esperavam sua decisão.

"Verônica precisa de cuidados..." O professor se levantou e sem olhar para Roxton e Challenger seguiu Malone.

Depois que eles saíram, Challenger bateu com as mãos na mesa. "Summerlee é um tolo!!! Não vê que estou tentando proteger a todos nós contra esse animalzinho?"

"Talvez não seja o que parece meu velho..." Roxton tentou acalmar. "O bebê pode ficar aqui até acharmos uma família para ele, não se preocupe, não vai permanecer aqui por muito tempo, ele é um animal, e seu instinto de liberdade vai falar mais alto em pouco tempo...".

"Espero que o instinto selvagem não desperte em tão pouco tempo assim...". Os dois se olharam e sabiam que não tinham muitas opções naquele momento.

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Na manhã seguinte, parecia que uma grande nuvem negra, recheada de trovões, pairava sobre a casa. Verônica, além de ter uma noite péssima em termos de sono já que o bebê sentira falta da mãe, logo cedo já preparava o café da manhã do pequenino.

Os outros, que, por conseqüência, também não haviam pregado os olhos, levantaram-se exaustos e irritados, porém, ninguém se atrevia a reclamar ou a iniciar uma possível "discussão amigável" sobre a presença do novo hóspede. Ninguém, exceto Marguerite.

"Que noite de cão! Isso explica os homens macacos terem abandonado essa coisinha, ele só sabe chorar. Você não vai mesmo ficar com essa criatura, não é mesmo?" Perguntou enquanto mordia uma maçã, fingindo desinteresse.

Verônica lavava alguns pratos e ao ouvir a herdeira, virou-se imediatamente com os olhos cheios de fúria e mágoa. "Apenas vou repetir o que já disse antes: a casa da árvore é o MEU lar e agora é do Thomy também. Se não está satisfeita, pode ir morar em outro lugar, tenho certeza que achará lugares bem mais silenciosos."

"Verônica, você não vê o erro que está cometendo? Esse monstrinho vai crescer e nos devorar, escute o que eu digo!"

A jovem da selva passou a ignorar o que Marguerite dizia, até que esta se irritou mais ainda, jogou a maçã sobre a mesa e saiu soltando fogo pelos olhos. Passou por Roxton, que vinha em direção à sala, e quase o derrubou.

"Ôo, calminha, Marguerite!"

"Vai pro inferno você também!"

"Alguém dormiu do lado errado da cama..."

Challenger, Suumerlee e Ned nem prestaram atenção nisso, sua atenção ainda se voltava para Verônica. Sentados à mesa, acompanhavam cada movimento da jovem e de Thomy, até que Ned começou:

"Verônica, não estou de acordo ao modo como Marguerite falou com você. Aliás, você sabe que ela fala demais e não é nada delicada com as palavras, mas... no fundo ela pode ter uma certa razão..."

"Sobre o quê? Que parte? Que o Thomy é diferente? Ou que deve ser deixado para morrer na selva, como os homens macaco fizeram? Isso não nos faria ser mais selvagens do que eles?"

"Eu só acho que..."

"A mãe do Thomy morreu, Ned. Eu vou ter que cuidar dele... Ponto final."

"Inaceitável! Um bebê macaco entre nós? Você precisa reconsiderar!" Challenger se intrometeu.

"Pois comecem a aceitar. Todos vocês! Thomy vai ficar porque agora ele é minha responsabilidade e vai ficar na minha casa!" Ela enxugou as lágrimas e foi para seu quarto, levando o bebê consigo, deixando o grupo perplexo.

CONTINUA...