Disclaimer: Se o Kenshin me pertencesse, seria a mulher mais feliz do mundo!!!!! E eu sou a mulher mais feliz do universo… nos meus sonhos…

Capítulo 1 – Ilusões e desilusões

A escuridão desaparecia suavemente, vencida pelo sol que se esforçava por subir no céu. O autocarro estava silencioso, à minha volta os meus colegas dormiam. Só eu me mantinha acordada, observando a paisagem ao meu redor, esforçando-me por não pensar.

Estava esgotada, física e psicologicamente. Tinha sido uma semana cansativa, mas o divertimento valeu por tudo isso. Uma semana como eu nunca havia passado, na companhia dos meus amigos e colegas, numa cidade bem diferente da pequena cidade do interior onde eu vivo.

Tanta coisa aconteceu em apenas uma semana, um espaço de tempo tão curto. Vivi intensamente cada segundo, cada momento. E só agora, que paro um bocadinho, é que analiso tudo o que aconteceu.

Passei bons e maus momentos. Diverti-me, saí, fui à discoteca, embebedei-me, dancei… Tantas coisas que normalmente não faço… Tão diferente do meu dia-a-dia habitualmente solitário…

Mas apesar disso, o meu coração sangra… e sofro… e choro… e ninguém v

Estamos perto, a chegar a casa. Mas esse pensamento não me conforta.

Quero sair. Quero fugir. Quero partir. Quero criar asas e voar.

Obrigaram-me a ver a realidade, a ver o que há para além do meu mundo. Como é que eu consigo voltar a fechar-me dentro de quatro paredes?

Muita coisa mudou, principalmente dentro de mim… como é que isso se vai reflectir na minha vida?

O tempo passa, a luz inunda o mundo, mas não consegue afastar as trevas que silenciosamente se abrem dentro de mim.

Não consigo deixar de olhar para dentro de mim e pensar como é que eu fui tão burra? Como? Como? Como? Estou desesperada…

Com o passar do tempo a vida retorna ao meu redor, mas só me apercebo disso quando os meus amigos no banco da frente acordam.

A minha melhor amiga Tomoe vira-se para mim, risonha e pergunta-me como passei a noite. Não tive coragem de lhe dizer que não preguei olho. Já na noite anterior tinha feito quase uma directa…

Claro que ela tinha dormido maravilhosamente bem, nos braços do seu amado…

Ele vira-se para mim e pergunta-me:

- E tu, como tás, fofinha?

Sempre adorei esta mania de me tratar fofinha. Sinto-me tão bem, como se ele tivesse acabado de me fazer um elogio.

- Tou melhor. Mas não consegui dormir muito. – respondi.

Não quero que ele se preocupe comigo. Mas apesar disso, pelo seu olhar apologético sei que ele sabe uma pequena parte do que se passa dentro de mim. Porque ele foi o único com quem eu consegui falar quando senti que o mundo desabava sobre a minha cabeça. Foi no seu ombro que eu ontem chorei…

Como é que ele consegue olhar nos meus olhos e ver a minha alma? Como é que ele conseguiu abrir o meu coração? Só ele consegue entrar cá dentro, e "obrigar-me" a falar. Devo-lhe tanto…

O meu coração encontrou alguma paz no seu sorriso. Como Tomoe diz, o Kenshin é um óptimo comprimido anti-depressivo. Já o conheço há três anos e só agora percebi isso…

Olhei para os meus dois amigos. Ficam tão bem juntos! Como se fossem feitos um para o outro! Sempre torci por eles… Mas hoje não consigo… porque é que eu sinto o meu coração tão apertado?

Não. A dor que eu sinto no coração não tem nada a haver com eles. NADA!

Tenho de para com estes pensamentos angustiantes. Não estou exactamente no meu melhor feitio para matutar em tudo o que se passou.

Lá à frente ouço o sorriso de Misanagi. Também ela já acordou, e ao contrário de mim, está alegre. Como me doeu o facto de ela nem conseguir olhar para mim…

Chega! Não posso pensar nela! Não quero começar outra vez a chorar…

Começo a reconhecer o caminho. Estamos perto de casa! Que bom! Quero, não(!), preciso ficar sozinha… esfriar a cabeça…

Volto a concentrar-me na paisagem, tentando afastar da minha cabeça todos os pensamentos que me magoam.

O tempo escorre lentamente, mas eu mal me apercebo do que me rodeia.

Chegamos finalmente. O autocarro pára perto da escola. Recolhemos malas. Perto de mim, Misanagi despede-se das outras raparigas com beijos e abraços, sem sequer olhar na minha direcção. Tomoe e Kenshin não se apercebem de nada. Despeço-me rapidamente deles. E parto…

A minha casa não é longe. Vou a pé, e num instante chego ao prédio onde vivo. Pouso a mala na entrada e saio. Não chego a subir até ao meu apartamento. Vou dar uma volta até ao parque. Apetece-me andar, esfriar a cabeça e sentir-me em casa…

É ainda de manhã cedo, as ruas estão desertas. Lá longe, bem longe, ouço o ladrar de um cão.

Percorro as sombrias ruas do parque, mas por momentos esqueço as trevas que me perseguem.

Sento-me num baloiço e olho ao meu redor…

Tantas lembranças… tantas recordações… foi aqui que eu passei a minha infância, quando o mundo era leve e despreocupado, quando tudo estava no seu lugar, quando o mundo era alegre e cheio… há muito, muito tempo…

Chorei, lágrimas teimosas e ao mesmo tempo inseguras.

Regressei, entrei em casa sem observar os objectos que me rodeavam e dirigi-me para o meu quarto, o meu refúgio, o meu mundo. Mas não encontrei a segurança que procurava e ambicionava. Deitei-me sobre a cama e o meu olhar recaiu sobre uma foto que estava na mesinha de cabeceira.

Peguei nela. Como aquele mundo estava distante. Eu e Misanagi… Juntas, alegres, felizes… Pousei-a voltada para baixo, de forma a não a ver.

Perto, estava o queimador de incenso que Tomoe me tinha dado. Como nós as duas nascemos no mesmo dia, costumamos dizer que somos irmãs gémeas. Antes da viagem, tínhamos estado um pouco distantes, mas apesar disso, sabemos que podemos sempre contar uma com a outra!

Pensar nela fez-me lembrar também no Kenshin, aquele quem eu agora considero um amigo do coração, por tudo o que ele fez por mim na viagem.

Prendi a respiração por longos segundos. Só depois consegui tomar consciência daquele pensamento inquietador que tenho tentado esconder até de mim mesma, há quanto tempo não sei…

E chorei…

Antes desta viagem tinha duas excelentes amigas! Agora, uma delas, desiludiu-me completamente… E a outra… Corro seriamente risco de a perder…

…E a culpa é totalmente e completamente minha…

Como é que eu pisei o risco desta maneira? Como é que eu deixei que isto acontecesse?

Estou perdidamente apaixonada pelo namorado da minha melhor amiga!

Não aguentei mais a pressão. Cedi e chorei lágrima amargas, até que o sono me apanhou… E mergulhei no mundo dos sonhos, à procura de algum conforto e paz…

Continua

Notas da autora: Este fic está uma autêntica salada, mas a história não me saia da cabeça a menos que a escrevesse. Não faço ideia do que vai sair daqui… mas terá um final feliz porque odeia finais infelizes. Não há nada pior que ler uma história, acompanhar o amor de dois personagens páginas a fio e no fim acabarem separados. Se nem as histórias fazem sentido, como é que a realidade pode fazer? Eu não quero obrigar a nada, mas se puderem, deixem um review… preciso muito do vosso apoio para continuar a história. Beijos e obrigada. Até à próxima!