It's Not My Fault!

Nota um: Descaradamente inspirada na música "my same" de Adele.

Nota dois: Universo Alternativo. Situado em algum lugar entre o quinto e sexto ano de Harry.

Sinopse: Então um alerta em cores vermelho e verde cana soou em sua cabeça: Abortar missão. Repetindo: ABORTAR MISSÃO. Era apenas um pouquinho tarde demais...


Nymphadora Tonks levava muito a sério a tradição do visco. Talvez por esse motivo estivesse pagando as consequências indizíveis de seu ato tresloucado – Deus sabia que não havia palavra melhor para descrevê-la também...


Único.

De olhos arregalados, a mulher - ao momento, morena - encarou um enfadado Severus Snape.

Não. Oh não.

[Flashback]

Tonks era uma pessoa maquiavélica. Estabanada, mas muito maquiavélica. Não era a toa que era uma Black, mesmo que metade Black, digamos uma metade defeituosa...

Parênteses: Seus 'familiares' nunca perdoariam sua mãe por ter se casado com um desprezível trouxa. O que significava que ela, Tonks, era um estorvo, uma aberração. Mas disto ela já sabia muito antes de conseguir soletrar "Slytherin", a casa a qual não fora selecionada.

O que importa é que, ainda assim, era uma Black. E tinha um objetivo: Beijar Remus Lupin sob o visco no dia dos namorados.

[Fim do Flashback]

Okay, então, olhando para trás seus planos não saíram exatamente como programado. Provavelmente (infelizmente), por conta de sua outra metade... – a "defeituosa".

O que a levava a sua situação irremediável: sob o visco - este que fora alocado de forma, oh, tão incrivelmente ponderada para capturar a pessoa certa, com mínimas chances de falhas, veja só... - com alguém que definitivamente não era sua pessoa certa. Por Morgana, que bagunça!

Snape virou os olhos para a total falta de reação da mulher a sua frente. Merlin, o que teria que aturar, quais tipos mais de pessoas teria de lidar, por ter se tornado (outra vez) um homem reajustado? Não era pago o suficiente para isto.

Finalmente, Snape cansou de esperar, era de fato pedir demais reações adequadas desse... tipo de pessoa. Suspirando, o homem deu um passo para o lado e mais um para frente para se afastar rapidamente (ou tanto quanto humanamente possível) de Nymphadora Tonks.

Mas a mulher voltou aos sentidos, segurando (em uma velocidade impressionante para alguém aparentemente paralisado) a manga do bruxo, desta forma impedindo-o de prosseguir. – Estamos sob um visco.

Severus não parecia acompanhar seu pensamento enquanto tentava se afastar. Tonks simplesmente apertou seu agarre e insistiu: - Estamos sob um visco.

-Eu havia ouvido da primeira vez, srta. Nymphadora Tonks – retrucou erguendo a sobrancelha.

Tonks fez uma careta, tinha certeza que ele dissera seu nome de batismo apenas para lhe chatear. Oh, homem intragável. Ela respirou fundo e ergueu a vista. – Então?

-Então o quê?

Impaciente, Tonks revirou os olhos. – Você não vai me beijar?

Snape a fitou longamente, avaliando seu olhar em busca de algo que Tonks não saberia dizer. Por fim, sem se dignar a lhe responder, o homem afastou seu braço do aperto da morena.

Ele teria ido embora, mas Tonks interpelou seu caminho. O fitando com a sobrancelha erguida em desafio. – É a tradição.

Snape permanecia sem indicar emoção. – Por favor, tome ciência de que não está mais em Hogwarts há anos. E, desse modo, não há necessidade que aja como uma quintanista estúpida. Estou certo que o conceito pode ser novo para... a sua pessoa – os olhos do homem a percorreram de cima a baixo e não parecia impressionado. De forma nenhuma. – Faça um esforço – acrescentou ironicamente.

Por instinto a mão da mulher empurrou o peito de Snape, novamente impedindo-o de prosseguir. – Não vou ser amaldiçoada no amor para sempre porque não pode seguir as tradições!

Desta vez, Snape simplesmente lhe deu as costas e passou a caminhar. O que diabos havia de errado com as pessoas naquela mansão? Esta era a mesma Nymphadora Tonks que caçava como um cachorrinho (de maneira ruidosa e aparvalhada) Remus Lupin? E aquela mulher não deveria estar grata por ele considerar tais costumes obsoletos?

-Eu posso segui-lo por todo o dia, você sabe?

O que o fez estacar no local e girar nos próximos pés, voltando-se para a mulher insuportável. Tonks sorria perversamente. – Realmente? Não tem algo melhor que fazer? Correr atrás de um lobisomem, talvez?

Tonks corou até o último fio de cabelo. Literalmente. – Eu só. Apenas. Eu não... – tartamudeou. – Isso não é da sua conta! Apenas me beije e eu lhe deixarei em paz, okay?

Snape observou com incredulidade que ela segurava o visco sobre sua cabeça. Ele percebeu também que a auror estava falando sério e que provavelmente despenderia todo maldito tempo que passasse naquele lugar o acossando até ter o que desejava.

Parte dele ansiava por estuporá-la e seguir em frente com o resto de sua monótona vida. A outra parte sabia muito bem que Tonks possivelmente seria seu cãozinho, perseguindo-o escandalosamente (como aquela criatura se tornara um auror sendo tão indiscreta, Merlin?) por todo o sempre.

Snape podia ver isto tão claramente que apenas a sugestão lhe revoltava o estômago. Sem descanso. Sem silêncio. Sem paz. Apenas caos que, em definitivo, era a descrição mais precisa para "Nymphadora Tonks" que poderia ser encontrada em um dicionário. A jovem mulher era praticamente seu extremo oposto e isto o perturbava.

Ciente do curso de ação a ser tomado, Snape (muito a contragosto) desistiu. Inclinando-se para frente, o homem encostou os lábios brevemente no rosto da morena.

Tonks, que não havia percebido segurar a respiração com a repentina aproximação do bruxo, franziu o cenho e nariz, claramente desgostosa.

-O que foi agora, Nympha-?

Desta vez, Tonks não se deixou distrair com seu nome horrível. Antes mesmo que o homem a sua frente terminasse sua frase, despejou:

-Isso não é um beijo de verdade!

Apesar de si mesmo, Snape não conseguiu evitar a encarar com escarninho. – Não existe tal coisa como "beijo de verdade". O que quer que seja, conseguiu o que queria, pode ir agora.

Tonks estreitou a vista quando o homem a dispensou com um aceno de mão, como quem limpa poeira da própria roupa. – Oh seu irritante, irritante homem cretino, filho de uma – a mulher cortou seu próprio discurso inflamado ao alcançar a boca do professor de poções. Deixando cair o visco de sua mão, Tonks tomou o pescoço de um desavisado Snape, mantendo-o contra si e lhe dispensando, por fim, um beijo real.

Tonks se afastou um pouco, divertida ao observar Snape a fitando muito composto. Parado no mesmo lugar, sem mover um musculo. A surpresa já deixara seu rosto e sua expressão era ilegível.

A auror não parecia preocupada com a insensibilidade do homem a sua frente. Consciente de que Snape estava trabalhando em um plano de fuga, Tonks enlaçou seu pescoço com ambas as mãos, colocando-se nas pontas dos pés e afirmou:

-Se não me beijar de volta, a maldição não será quebrada.

-Não existe qualquer maldição – Snape retrucou secamente, num sussurro. Sem intenção acompanhando o tom de segredo dela.

-E então – a mulher o ignorou. – Farei questão de que seja meu par em todas as missões da Ordem que me forem dispensadas. Não será divertido?! É claro, que enquanto não estivermos em missões, poderei ter mais tempo para conhecê-lo. Realmente. Você sabe? Posso ser implacável em interrogatórios...

-Já fez seu ponto claro.

-Então... você vai me beijar ou...?

Snape meneou a cabeça, como se ela fosse apenas uma das inúmeras crianças mimadas com as quais lidava diariamente. Então, ele encontrou seus olhos por incontáveis segundos. Tonks sabia que secretamente o homem esperava que recuasse.

Ele não a conhecia mesmo, ponderou achando graça. Reduzindo a distância entre seus rostos a quase nenhuma, perdendo o foco dos olhos escuros dele. E, novamente derrotado, Snape fechou a pequena brecha estre eles.

Ele tinha razão: Tonks era de fato seu oposto.

Calorosa. Foi a primeira palavra que lhe atingiu a mente quando a morena lhe ofereceu os lábios sem pestanejar. Oh, ela devia acreditar com veemência nesta tola tradição do visco. Sobre amor e perda.

Estranho. Tonks pensou. Severus Snape era estranhamente morno. E suave. E... Whoah! Minucioso (é uma palavra válida pra descrever um beijo? Oh Merlin, estou divagando) - Tudo bem isso não é novo. Minucioso, quero dizer. O homem precisa ser assim, dada sua profissão. Certo?

Snape se afastou assombrado quando Tonks gemeu. Ofegante, a mulher deixou seus braços deslizarem dos ombros dele e os cruzou sobre o peito, sem jeito. – Uh, obrigada – murmurou ariscando um breve olhar em sua face.

Os lábios dele estavam vermelhos, inchados, sua respiração irregular também. E Tonks se viu fascinada com sua reação natural: Severus Snape não era insensível, não importa quão bem pudesse simular.

Tonks abriu a boca para fazer piada sobre sua recente descoberta, mas congelou ao reparar em outra pessoa, logo atrás do mestre de poções. Remus Lupin lhe fitava como se uma nova cabeça lhe surgisse.

Merlin querido.

O desconcerto de Tonks fora tão evidente que atiçara a curiosidade de Snape. Quando Tonks encontrou os olhos dele (trás o moreno lançar um olhar de mínimo interesse para trás), ela podia jurar que ele parecia divertido. O bastardo!

Como se não tivesse sido pego em flagrante, ofereceu um aceno de cabeça cheio de ironia à Tonks e se afastou.

Lançou um olhar para Lupin e seguiu apressada na direção oposta. – Espere, Snape! – sua mão alcançando, finalmente, a dele, tentando acompanhá-lo, mesmo que fosse para o próprio inferno. Qualquer coisa seria melhor do que explicar à Remus o que estava acontecendo. - Eu... Visco. – acrescentou olhando para cima.

-Francamente Nymphadora! Quantos desses espalhou pela casa?! – se exasperou Snape.

Tonks sorriu sem graça. – Um monte?

Snape espirou, cansado, recuando. – Não tenho tempo para mais tolices.

-Você não pode-

Ele não poderia deixá-la ali! Que tipo de criatura egoísta e perversa faria tal-

-É mesmo?

-Vou com você então! – insistiu apertando mais seu braço.

Virando os olhos, Snape seguiu sem um comentário, Nymphadora Tonks atrelada ao seu braço, segurando tão firme que Snape já pressentia a marca em sua pele pálida.


N/a: Porque apesar de eu ter um affair todo especial com Remus/Tonks. Nada supera em meu coração meus dois amores juntos.

Desculpe-me os erros.

Primeiro Snape/Tonks da vida. OOC. Enfim.