POV da Ginny.


Gato

por Ireth Hollow


Não se pode confiar nos gatos. Nunca sabemos se, ao estendermos uma mão na sua direcção, nos vão morder ou deixar que os afaguemos. São animais perigosos, que dificilmente deixam transparecer as suas intenções.

Demorei muitos, demasiados meses a compreender que Tom era como um gato. Fingiu, durante tanto tempo, ser o meu ouvinte mais preocupado, o meu amigo mais dedicado, no entanto, agora sei que nunca o foi realmente. Só estava à espera da melhor altura para atacar.

Enquanto lhe conveio, ouviu os meus desabafos de adolescente frustrada e respondeu-me com palavras doces, que me aqueciam por dentro. Contudo, tudo isso não passava de um esquema, um meio para atingir um fim. Tudo o que ele sempre quis foi derrotar Harry, qual gato perseguindo um rato particularmente saboroso.

Tom dispunha de muitos trunfos para o ajudar na sua caçada. Um porte majestoso e um andar gracioso, sempre muito seguro de si. Imagino que poderia ter um ar inofensivo, não fosse a estranha sombra que lhe toldava o olhar, a marca do predador. E, claro, seria tão belo como… um gato. Sempre o imaginei assim e, mesmo agora que já vi aquilo em que se tornou, teimo em manter esta imagem.

Ele poderia ter sido muito bem sucedido. Poderia ter sido o mais brilhante jovem do mundo, o líder de todos os gatos. No entanto, sempre quis aquilo que, à partida, não poderia nem deveria ter: a liderança de todos os felinos. E, com esse objectivo em mente, deixou-se corromper pelo desejo, criou sete vidas e teria chegado às nove, se não fosse tão supersticioso. Sete é um número mágico… mas nove são as vidas de um gato, as vidas que deveriam ter sido suas.

No decurso da sua odisseia, encontrou e eliminou muitos ratos, até se deparar com aquele que se pensava estar destinado a derrotá-lo. Convencido da sua força e invencibilidade, tudo o que fez foi rir-se da ideia, avançando sempre na direcção do pequeno rato. E, qual não deve ter sido o seu espanto, ao tentar e falhar tantas vezes? Ele nunca acreditara que o rato pudesse caçar o gato, nunca, nem por um só momento. A arrogância fora a sua perdição.

Nunca mais confiei em gatos.


N. A.: Agradecimentos ao meu gato, pela inspiração.

Isto deve ser o resultado de ser ler demasiadas Tom/Ginny's.

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