Eins
10 – Você o conheceu com esta idade. Dez anos, cinco mais cinco em todas as suas lembranças. E o número um, naquela lista, ao lado do seu nome. E o dois, logo embaixo, com Mello escrito em seguida.
Você já concluíra o resultado, porque você era inteligente. Muito inteligente. Mas ele não. Ele se aproximou do papel fixado na parede e olhou para cima e então parou. Se você era inteligente, ele era estúpido. E ele te encarou.
E você soube desde o início que ele não tinha solução.
9 – Números. A relação de vocês era formada por matemática. Você era o um e ele era o dois e o três e o quatro e todos os outros, que você sabia que eram impossíveis de contar. Indeterminados, você concluiu bem cedo. Partes do infinito e era isso que ele era.
8 – Vocês não se falavam, mas às vezes ficavam juntos na mesma sala. Era um silêncio agradável, semeado por aquela rivalidade com a qual, de vez em quando, você simpatizava. E você ficava mexendo nos brinquedos (porque você nunca brincava) e ele comia os chocolates e naquelas horas vocês eram felizes.
7 – Só naquelas horas.
6 – Vocês não andavam juntos no orfanato. Ele só te dirigiu a palavra uma vez, na verdade. Quando já estava óbvio para qualquer um que você era o menino inteligente dali e não ele. Ele caminhou com os pés descalços até a sua frente e um sorriso se formou nos cantos de seus lábios.
"Eu vou vencer, Near."
5 – E você o chamou de tolo, porque as palavras dele se perdiam pelo ar.
4 – "L está morto", e você já sabia antes de Roger falar, mas ele não.
Ele entrou em pânico e as pupilas se dilataram, e aí os olhos dele não eram só azuis, eram azul e preto. E o azul e o preto e as quase-lágrimas preenchendo o seu olhar. Ele era forte e tolo e te dava medo, e você tinha um pouco de pena dele às vezes.
3 - Você ouve a notícia e você não chora ou se surpreende, porque você já sabia. Porque você é o menino inteligente e você sabe que, quando alguém faz algo com noventa e cinco por cento de chances de acabar em morte, normalmente acaba.
(ele te chamaria de apático.)
E você se recosta na cadeira, você mexe um pouco no carrinho que tem nas mãos e pensa nas chamas devorando o seu corpo até a morte e você acha que combina.
2 - Ele era forte. Determinação previsível, exagerada. E você era o menino inteligente e ele era o menino estúpido, dos números indeterminados, das cores misturadas e das contas de um crucifixo. Feito de pretérito. Ele era.
1 – (eu estou aqui, Near. isso, pode desviar o olhar. ignora. fecha os olhos e finge que não vê, mas eu ainda estou aqui.)
O caixão.
0 -Ele era.
Ele foi.
N/A: Não perguntem. Não perguntem. ACIMA DE TUDO, não perguntem. Sim, surgiu do nada –Q. Agradecimentos à Ray por me ajudar com o título. Eins vem do alemão e significa um. Espero as reviews.
N/Abracadabra 8D: Certo. Foi mal, Nanase, mas eu tinha que colocar uma nota nessa fic, mesmo não pedindo sua permissão. XD Você verá de qualquer forma, então, tudo bem. Eu tinha que comentar que, mesmo sem sentir o yaoi, é uma Mello/Near de verdade e... desculpe-me, mas é uma Mello/Near de verdade, diferente da Enigma. Falando sério, nem pareceu que você tinha escrito! Anyway. DEIXEM REVIEW, porra. XD
