Sangue real
1- Uma criada incomum
" Bom dia minha senhora. Como se encontra hoje?"- questiona uma doce voz, pertencente a uma das mais jovens e mais belas criadas daquele castelo.
" Bom dia kagome, estou bem obrigada"- era a voz da senhora do castelo. Izayoi. Companheira dum dos mais fortes youkais de todo o sempre, Inutaisho. Um lorde possuidor de várias terras, e devido ao seu grande poder, responsável por manter uma harmonia entre youkais e humanos. Izayoi sempre fora uma companheira em toda a extensão da palavra durante toda a sua união, mas á poucos anos sua saúde havia-se debilitado, talvez porque apesar de tua a sua origem era humana. Mas a verdade é que actualmente são raras as ocasiões em que saia de sua habitação.
" Necessita a senhora, desta vossa criada?"- questiona a outra com a cabeça agachada em sinal de submissão e respeito para com a sua senhora.
Kagome era uma jovem muito bela e diferente das demais. Longos cabelos negros, olhos negros como a noite, repleta de belas curvas, capazes de causar inveja ás refinadas senhoritas da alta sociedade. Mas, não é a sua beleza o que a difere das restantes criadas. Esta jovem é simplesmente um mistério. Apareceu á aldeia com cerca de quinze anos, aparentemente vinda de uma aldeia do norte do país, sem família aparente e muito menos razão para se deslocar para aquelas paragens, tão longínquas e perigosas para uma simples e indefesa humana. Mas o facto é que, á cinco anos que esta trabalha como dama de companhia de Izayoi. Ainda assim, o mais estranho, não é por certo, a maneira como Kagome apareceu, mas sim a sua forma de agir. Embora esta seja muito educada com seus senhores é possível ver nela uma educação que vai muito além daquela que simples criadas possuem. É como se tivesse nascido no seio de uma família de posses. Sem falar que esta é capaz, ainda que poucas vezes, de manter o olhar fixo em seus senhores sem se envergonhar, o que não é usual em criadas, apenas em certas mulheres da vida alegre, o que não é o caso.
Quando Kagome iniciara o seu trabalho na casa Taisho, estava destinada a auxiliar a cozinheira. Mas o certo é que a experiência fora desastrosa. Por tal, a jovem fora imediatamente enviada para a rua. E apesar de ser muito frequente em situações do género a menina não implorou pelo posto. Dirigiu-se á porta da rua, sem jamais abaixar a cabeça. Esse simples acto chamou a atenção do casal Taisho. E a senhora Izayoi teve a ideia de usar Kagome como dama de companhia, não por caridade mas pela curiosidade que a pequena lhe provocava. Alegando que alguém que era tão educada como a criança era o ideal para lhe fazer companhia, uma vez que as restantes criadas não tinham nem capacidade para estabelecer uma simples conversação e por isso a senhora se aborrecia extremamente.
No entanto, contrariamente ás expectativas da senhora a pequena não se abriu minimamente. Apesar de que mesmo assim, a sua doce maneira de agir foi cativando o coração de todos os habitantes da mansão, desde os criados até aos senhores. E desta forma conseguiu manter-se com aquela família durante cinco anos, sendo tratada quase como uma igual.
" Vamos Kagome não é necessária tanta formalidade"
" Desculpe-me senhora"- afirma a mais nova ao passo que levantava a sua mirada para a fixar na da mais velha. Seu olhar era puro imaculado e seu espirito nobre chocava qualquer um que seus olhos tentasse descodificar.
" Bem kagome, esta noite tive sonhos muito estranhos sobre a família Higurashi. Actualmente é apenas uma lenda do norte e pelo tanto pensei que a conhecesses..."
" O declínio do maior clã que o Japão já viu...Conheço sim senhora"- reponde Kagome com uma certa nostalgia no seu olhar, mas imperceptível aos demais.
" De verdade? Sempre fui fascinada por essa lenda. Lastima que nunca encontrei ninguém que a soubesse na integra..."
" Seria um prazer revelar-lhe esse mistério senhora"- responde a mais nova, enquanto que se acomodava sobre a cama onde sua senhora repousava.
" Oh, minha pequena, o que seria de mim sem ti?"
Contínua...
