Era mais um jantar e todos os convidados estavam na sala de baile. Os senhores bebiam, fumavam e discutiam sobre negócios; as senhoras conversavam trivialidades e planejavam o próximo evento; e os herdeiros tentavam fazer as duas coisas.

- Astória, querida, toque o piano para nós, sim? – ordenou a dona da casa, olhando para a filha mais nova.

Astória Greengrass: rica, inteligente, sofisticada, deslumbrante e sangue-puro. Sempre teve tudo ao seu alcance para ser feliz, ou, ao menos, fingir que era. E ela fazia este último muito bem. Tanto que o sorriso forçado acabara tornando-se suave e agradável; e depois de um tempo parecia que tinha nascido em seus lábios, perfeitos para ela.

- Sim, madame. – respondeu prontamente, levantando e dirigindo-se até o instrumento.

- Ela toca divinamente. – sua mãe comentou para as outras senhoras, com um sorriso orgulhoso.

A jovem Greengrass sentou-se no banquinho e iniciou uma suave e complexa melodia. Ela não gostava muito, mas seu pai sim.

Mais ou menos no meio da música ela começou a sentir-se desconfortável com um par de olhos cinzas que não paravam de encará-la. O dono das íris prateadas era Draco Malfoy. Astória olhou para ele, para ver se desviava o olhar, mas ao invés disso o jovem levantou-se e começou a andar em sua direção.

- Posso ajudá-lo, senhor Malfoy? – perguntou, em tom suave, olhando para cima, e encontrando seus olhos.

- Talvez. – Draco começou, descansando sua mão direita sobre o piano. – Como você pode sorrir o tempo todo?

Astória ficou tão surpresa com o teor da pergunta que perdeu duas notas. Olhou para as teclas e depois para ele, com uma expressão confusa.

- Isso é algum problema?

- Não, de modo algum, senhorita Greengrass. – ele respondeu, aproximando-se dela. – Eu só estava pensando.

- Pensando em como o meu sorriso o incomoda tanto? – questionou, com uma das sobrancelhas levantadas.

- Eu não disse que seu sorriso me incomodava, pelo contrário, me fascina.

- É isso mesmo?

Draco não teve tempo para responder, o jantar tinha sido anunciado. E Astória era grata por isso. Ele tinha sido a única pessoas que perguntou sobre seu sorriso e ela não tinha certeza do que dizer.

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Quando Draco chegou em casa tinha algo que não saia de sua cabeça: O sorriso de Astória. Ele sabia que o fascinava, mas porque? Era por que ela parecia feliz o tempo todo? "Ninguém pode ser feliz todo minuto, inferno! Mas porque então? O que a fazia sorrir daquele jeito?"

Cm seus pensamentos Draco disse boa noite à seus pais e foi para seu quarto.

Draco Malfoy era rico, arrogante, lindo, sedutor e sangue puro. Ele não era feliz, mas estava muito bem. Sua vida era boa e não tinha do que reclamar. Mas alguma coisa estava faltando.

Mas de qualquer forma, depois de um tempo ele desistiu de tentar entender o porque daquele sorriso não sair de seus pensamentos, e dirigiu-se ate a escrivaninha, alcançando um pedaço de pergaminho.

"Senhorita Greengrass,

Eu não tive a oportunidade de responder-lhe, mas creio que isso sirva.

Sim, estou fascinado pelo seu sorriso.

Entretanto, estou curioso, deve ter uma razão para ele.

D. Malfoy"

Quando ele viu a coruja coando para longe já estava se arrependendo. Por que ele precisava mandar aquela carta afinal? Ela provavelmente pensará que isso é realmente estranho e nem se incomodará em responder. Mas de um jeito ou de outro, não tinha mais nada sobre o que pensar, já tinha enviado a carta. E com isso Draco entrou no chuveiro.

Na hora que ele retornou, não mais pensando em sorrisos e cartas, sua coruja estava de volta, trazendo um carta. Outra carta. Ele tinha respondido.

Isso é um pedaço de uma historio que escrevi à algum tempo atrás e decidi publicar aqui. Espero que gostem, e se sim – ou não – comentem.

Beijos e abraços.

Mary.