Título: Segunda Chance
Gênero: Romance / Aventura com nuances de Drama e Humor
Classificação: Yaoi / Slash / Lemon
Par: Harry x Draco
Aviso: Harry Potter e personagens pertencem a JK Rowling todos os direitos reservados. Fic sem fins lucrativos.
Resumo: Universo Alternativo. Harry é lançado ao passado, em plena Idade Média, e se depara com sua vida passada junto de quem menos esperava. Basta agora saber se ajuda ou atrapalha nessa relação. SLASH!
Nota: ainda estou sem beta, então, perdoem os erros gramaticais e de digitação.
Parte 1
Era final do sexto ano em Hogwarts. Todos os alunos se aglomeravam no pátio principal, perto da fonte, para embarcarem no ônibus escolar que os levaria a um museu bruxo.
Hermione estava exaltada, era a primeira vez que tinha a oportunidade de conhecer um museu genuinamente bruxo, que armazenavam relíquias da era mágica, coisas até mesmo que pertenceram a Merlin e outros poderosos feiticeiros que já existiu no decorrer dos séculos.
Ron não estava com muito ânimo para essa excursão da aula de História da Magia, mas compensava na parte do almoço e jantar, que comeriam fora e a custo da escola, somente lembrancinhas e guloseimas que os alunos teriam que pagar à parte.
Harry, por sua vez, pensava num assunto totalmente diferente à aula e a excursão. Estava no final do ano, e graças a Merlin, ou a quem o protegia, Voldemort havia dado uma trégua. Mesmo que seus Comensais continuassem a agir sob suas ordens, e atacavam povoados bruxos, a guerra propriamente, ainda não acontecera. Só não sabia se ficava aliviado ou preocupado, pois essa falta de investida do inimigo, poderia resultar num desastre pior do que todos estavam esperando.
Deu uma olhada ao seu redor, vendo a alegria e o sorriso dos colegas de estudo, até parar em certo slytherin.
Sentado na beira da fonte estava Malfoy. Conversava com Pansy, que estava em pé à sua frente, e lhe contava algumas coisas interessantes, que podiam ver no museu, pois já estivera ali uma vez, com sua mãe. Como o museu era enorme, não conseguiu ver tudo e estava curioso para descobrir o que mais havia exposto ali, de eras longínquas.
Depois que crescera, Malfoy ficara ainda mais metido e arrogante, mas o vendo falar com os outros, ele não era tão nojento quanto se fazia, ao se dirigir aos três inseparáveis griffyndor. Implicava com Hermione, pois foi criado preconceituosamente pela família puro sangue, discutia e insultava Ron, para revidar os insultos que o ruivo fazia questão de atirar. Só não entendia o motivo que o levava a insulta-lo, sendo que na maioria das vezes, nem chegava a abrir a boca. Estava certo de que era por inveja, como garantia Ron e Hermione, por ser popular com todos, e por ser o menino-que-sobreviveu. Fora o fato de seguir os passos do pai, preso em Azkaban, sendo assim, adepto ao Dark Lord.
Voltou a percorrer a vista ao redor, parando em Katherin Deodorik, aluna da rufflepuffle e a mais linda de Hogwarts, na sua opinião. Ele sorria encantadoramente e isso lhe fazia um bem tão grande que sorria igual.
Cho havia sido seu primeiro objeto de desejo e como não tinha muita experiência com as garotas, não deixou de ser platônico. Ginny tinha sido sua primeira namorada, um relacionamento infantil, mas que permitiu que tomasse mais iniciativa e deixasse de achar que as mulheres eram assustadoras, talvez só em parte. Já Katherin era sua paixão, e com mais coragem que timidez, decidiu conquista-la e quem sabe, se relacionarem seriamente.
Não se podia classificar sua preferência pela aparência, já que Cho Chang é oriental de cabelos negros, Ginny Weasley ruiva e mais nova e Katherin Deodorik loira de olhos claros. Mas todas elas eram meigas, delicadas e simpáticas.
Como a excursão era apenas para o sexto ano, todas as casas foram obrigadas a irem juntas sob a responsabilidade dos professores Binns e Snape e os monitores.
Quando todos foram chamados para entrarem no ônibus, Harry procurou se aproximar de Katherin e sentar a seu lado. Encostou perto de seu ombro e sentiu o perfume adocicado que a impregnava, proveniente dos caracóis de seus cabelos.
Ela conversava com uma amiga e riam muito, entusiasmadas com o passeio. Como estava muito perto da garota, conseguia ouvir o que diziam.
- E quanto a Terry?
Katherin deu uma risadinha. – Ele é uma gracinha, pena que parece dar mais importância aos livros do que às garotas.
- Eu ouvi dizer que ele namorou Susan e Padma.
- Sorte a delas...
- E Blaise?
Katherin pensou um pouco. – Ele tem charme, e é um partido e tanto!
As duas começaram a rir juntas.
- Mas ninguém se compara... A Draco Malfoy – cantaram em coro.
Harry ficou desgostoso ao ouvir esse nome, não acreditando que sua paixão estivesse a fim do slytherin arrogante.
- Ai, ai... Pena que ele é tão disputado! – Deodorik suspirou desolada.
- Mas tem Harry Potter – incentivou a amiga.
Harry apurou os ouvidos, em expectativa.
- Ele é tão lindo! Aquele cabelo que parece uma zona... Aqueles olhos verdes... E quando ele sorri? – novas risadinhas das duas.
Potter ficou entusiasmado ao ouvir tantos elogios vindo justamente da garota de seus sonhos. Agora a pouca coragem que tinha, foi triplicada e o incentivou a ir adiante e tentar puxar conversa com ela. Mal notou que elas haviam entrado no ônibus e ele ficara ali parado, imerso em pensamentos.
- Senhor Potter! Vai entrar ou ficar barrando a fila? – ralhou Snape, que pegava os nomes dos alunos que fariam a excursão.
Harry abriu um enorme sorriso, para repúdio do professor. Sem palavras, entrou no ônibus e buscou Katherin, a vendo sentada não muito ao fundo.
Chegou perto da garota e tossiu, para chamar-lhe atenção. Ao ver quem era, a loira ficou rubra enquanto sua amiga dava uma desculpa qualquer e cedia seu lugar para que Harry pudesse se sentar ao lado dela.
- Oi... – ela custou a dizer, ainda muito envergonhada.
- Pensei da gente conversar durante o caminho.
- Claro! – e um lindo sorriso iluminava o rosto da garota.
Passaram o trajeto conversando e se conhecendo melhor. De vez em quando dava uma olhadinha a Ron e Mione, e estes sorriam dando todo apoio. Mas seus olhos, também passavam para certo slytherin, sentado um pouco mais à frente de onde estava.
Malfoy dividia lugar com Parvati Patil, imerso numa construtiva conversa com a garota e sendo cobiçado pelas demais, que não tiveram a sorte de se sentarem com ele.
Tentou esquecer que este indivíduo existia, passando a prestar atenção somente em Katherin e em como era linda e agradável, totalmente o oposto do loiro.
oxo
Harry e Katherin caminhavam juntos pelo museu, a passos lentos, para ficarem mais atrás da turma, e poderem conversar melhor, enquanto mal eram vistos pelos professores e monitores, que conduziam os alunos e lhe mostravam objetos, livros e pergaminhos antigos.
Hermione era uma das primeiras e a única com um gravador mágico de tempo infinito, para não perder nenhuma palavra da explicação sobre História da Magia. Os demais estudiosos se contentaram em apenas anotarem pontos principais, em pergaminhos.
- O museu é interessante, mas a parte de livros e papiros antigos é muito chato... – Katherin comentou.
Harry sorriu, era uma ótima deixa para seguirem em outro corredor e ficarem mais a sós.
- Que tal olharmos ali? – apontou para um corredor qualquer.
- Não sei... Será que não darão por nossa falta?
- Eles estão distraídos e ocupados – indicou a alguns desordeiros e engraçadinhos, que adoravam pentelhar os colegas e descabelar os professores, incluindo Seamus Finnigan e Blaise Zabini, que competiam, em quem conseguia encostar mais perto das proteções, sem ativar o feitiço de segurança.
A garota sorriu também e de mãos dadas, escapuliram da turma e se embrenharam pelo corredor apontado.
Os artigos ali expostos eram mais interessantes e sinistros. Haviam armaduras antigas, espadas, cajados e báculos de mais de dois metros de altura. Na parede, ao lado de quadros de personagens famosos da época, haviam emblemas, escudos e brasões. Protegidos por feitiços de bloqueio e espalhados ao decorrer do corredor estavam arcas, jóias, pedaços de louças, castiçais e mapas.
- Merlin! – Katherin exclamou, ao ver um lindo e majestoso colar. Era um medalhão, composto por uma opala em formato de esfera, envolto por um dragão prateado.
Harry teve um calafrio ao ver essa jóia. Abaixo da peça havia os dizeres:
"Daquele que se fortifica, daquele se enfraquecerá. Por ele se vive e por ele morrerá".
- O que quer dizer? – Katherin perguntou, confusa.
- Não faço a menor idéia... – Harry deu de ombros.
Ao lado do pedestal que sustinha a jóia, havia uma penseira, maior e mais bonita do que a de Dumbledore. Numa das laterais, um suporte com um jarro de ouro. A água dentro da penseira era tão clara como cristal, podendo se ver o desenho de dragão em seu interior.
- Quem será que guardava seus sonhos e memórias aqui dentro? O símbolo é o mesmo do colar, parece que pertenceram a uma única pessoa – sem pensar muito, a garota tocou à borda da penseira. Nenhuma proteção foi ativada, para sua sorte.
- Alguém que não foi tão importante na história bruxa, eu suponho, pois não há nomes nem especificações... – Harry deduziu, lançando um olhar ao redor e vendo que os dois únicos pertences com aquele símbolo estava ao lado de vários outros, sem muita importância, mas guardados como objetos históricos.
Estendeu a mão, para tocar na borda, assim como fizera Katherin, quando sua vista turvou e foi sugado como num translador. A sensação era a mesma, como se um buraco era aberto em seu estômago. Fechou os olhos, pois tudo rodava rapidamente e teve de fazer uma enorme força para afastar a mão, do contato com a penseira. Ao que conseguiu finalmente, caiu de costas.
- Droga... – resmungou, tampando os olhos com as mãos e esperando que a tontura passasse.
Depois de alguns minutos, afastou as mãos e abriu os olhos. A primeira coisa que viu, foi o teto côncavo feito de vidro. Podia ver perfeitamente o céu repleto de estrelas e a lua cheia. Ficou confuso, pois ainda era dia. Seria possível que o teto do museu era enfeitiçado para parecer sempre noite? Não se lembrava de ter olhado pra cima, para saber.
Era uma sensação de liberdade, como se estivesse flutuando no universo, entre as estrelas. Era maravilhoso ver e sentir... Ficaria olhando para as estrelas por um bom tempo, se não se lembrasse onde estava e com quem estava.
Sentou-se e olhou ao redor, para sua surpresa e desespero.
O corredor repleto de velharias e as paredes repletas de quadros e brasões deram espaço a um amplo e bem iluminado cômodo circular feito de pedra e com janelas estreitas e altas. O piso era revestido de mármore claro, ao centro estava a penseira, única coisa familiar do museu. Num dos lados um divã de veludo negro com uma coberta de patchwork, do outro lado, um enorme espelho num suporte de ouro. Em sua frente, uma estante feita para acompanhar a parede, repleta de poções e outras coisas que não sabia o que era.
- Katherin? – chamou, assim que ficara de pé.
- Você veio só...
Harry deu um salto, girando o corpo para ver de quem era a voz e regressando instintivamente alguns passos, até se encostar à penseira, a causadora dessa confusão toda.
Um toucador encobria a pessoa que lhe dirigira a palavra, mas podia se ver a silhueta de um corpo em movimento, vestindo alguma peça de roupa que não pôde distinguir. A julgar pela voz masculina e suave, era um rapaz, ou um homem jovem.
- Quem está aí? – empunhou a varinha e a apertou com firmeza entre os dedos.
Em sua cabeça passava milhões de respostas ao que aconteceu, desde um sonho, ao desmaiar quando bateu a cabeça ao chão, até Comensais a mando de Voldemort para mata-lo.
- Você invadiu o meu aposento e age como se fosse o contrário?
Harry apenas conseguiu piscar em confusão.
Um rapaz saiu de trás do toucador, mostrando-se alto e formoso. Cabelos loiros deslizavam até o chão, sobre a barra da túnica negra que vestia. Ergueu os olhos e fitou o chocado rapaz invasor. Azul prateado reluziram com vivacidade, fazendo Harry conhecer quem estava à sua frente.
- Draco Malfoy? – exclamou, sem acreditar.
Com certeza era Malfoy, porém, alguns anos mais velho. Reconheceria os traços e a pose altiva de dono do mundo, mesmo no inferno. O outro apenas erguera uma sobrancelha, para acabar com qualquer dúvida que restava na mente do moreno.
O loiro o mediu com certo desdém. Nunca vira aquelas roupas e nem sabia o motivo que levava o garoto à sua frente, a lhe ameaçar com uma vareta ridícula. Tentou ler a mente desse estranho, mas foi repelido, sinal de que não era muggle e sim, bruxo.
- Não sou quem você chama - com passos elegantes, foi até o divã e se acomodou ali, ainda o olhando com desdém. – E qual seria o nome desse ser perigoso que tenho frente a mim a me ameaçar com uma arma tão... Eficaz? – burlou em meio sorriso.
Se não era Draco Malfoy, era o irmão mais velho dele e com o mesmo caráter depreciativo. Harry começou a ficar irritado.
- Não tem medo de meu ataque? Ou finge que não poderei fazer nada? Acha que errarei o alvo de uma distância tão curta? – ironizou tentando se igualar ao adversário. – Chega de brincar Malfoy! Sei que é um truque! Eu não sou idiota!
O outro suspirou entediado. – Pois me parece um completo idiota...
- Estupefaça! – lançou o feitiço ao loiro arrogante, mas para sua surpresa, o outro bloqueou sua magia com a mão, sem ao menos conjurar um contra feitiço.
Aquele sem dúvida, não era Draco Malfoy. Nem mesmo viu Dumbledore bloquear uma magia com a mão, como acabara de ver agora. Voltou a ficar tenso. E se esse a sua frente era Malfoy, mas no futuro? E se a penseira o tivesse transportado para o futuro?
- Ahn... Desculpe... – abaixou a varinha se sentindo totalmente intimidado.
- Resolveu por raciocinar melhor e deixar de ser idiota? – debochou. – Ótimo! Voltamos à minha pergunta anterior... Qual é o seu nome?
- Harry James Potter – sussurrou, se sentindo miserável.
- Harry... – repetiu em apreciação, para espanto do griffyndor, pois ele definitivamente era idêntico a Draco Malfoy. – Henry é um nome bonito... Genuinamente inglês. (N/A: Henrique para nós).
O que era surpresa, passou a ser contentamento. – Todos associam com Harold e não com Henry.
- Harry é a forma graciosa de se dizer Henry... Apenas os leigos se confundem. Aliás, é a primeira pessoa que eu conheço e que se apresenta com seu nome amoroso, ao invés do formal. – sorriu, ao ver o moreno corar. – Pode me chamar de Feiticeiro ou Mâncio, assim como todos.
- Mâncio do latim? – Harry ficou surpreso. (N/A: significa "o adivinho").
- Exatamente... Mas eu realmente prefiro que me chamem de Feiticeiro.
- Mas, e seu verdadeiro nome?
- Nunca se pronuncia o nome do feiticeiro real... Supertição muggle... – sorriu.
- Oh! – ficou confuso, nunca soube dessa supertição.
- Bem... Como veio parar aqui? Eu notei sua magia saindo de dentro de minha penseira.
Com elegância, característica dos Malfoy, indicou a cadeira de espaldar alto e estofado de veludo, para que se sentasse mais perto para poderem conversar melhor. Harry aceitou o convite e se acomodou nela, ficando frente ao belo loiro.
- Eu não sei... Aconteceu quando toquei na penseira e foi tudo tão rápido...
- Lapso do tempo? – o jovem pareceu ainda mais interessado. – Onde estava a penseira que tocou?
- No museu bruxo de Londres, junto com outros objetos antigos...
- Do futuro então... – refletiu consigo.
Harry o analisou. Mesmo tendo os inegáveis traços físicos de Draco Malfoy, e algumas reações de desdém e ironia, ele não era como o slytherin. O Feiticeiro possuía o rosto tranqüilo e podia se ver emoção passando por seu olhar. E não se importava de mostrar quando apreciava ou se interessava por algo. Este a sua frente era até... Simpático.
- Não tem medo ou receio de mim? – perguntou com curiosidade, afinal, viera de uma época diferente, anos ou até mesmo séculos à frente na linha do tempo.
O Feiticeiro o observou por um instante, depois sorriu. – Não... Pois não vejo maldade em você, nem ameaça... Você me parece até familiar...
Nesse instante, batidas na porta foram ouvidas. O loiro se levantou com calma e se dirigiu até a porta.
- Seria melhor eu me esconder? – Harry estava aflito.
- Não há problema, pode permanecer onde está.
Ao se aproximar da porta, nem chegou a toca-la, quando esta se escancarou para dar passagem a um homem robusto, alto e ríspido. Era John Lancaster, dono de boa parte das Ilhas Britânicas, considerado rei e invencível, por possuir um feiticeiro.
Sem dar-lhe tempo de reclamar, o segurou pelos ombros e o sacudiu com brutalidade.
- Feiticeiro desgraçado! – berrou o homem irado.
- Solte-me senhor! – exigiu, sem deixar se abater pelas agressões.
Não foi ouvido, e arrastado à força o atirou ao divã.
Harry se levantou assustado e com uma raiva crescente, vendo em como tratavam ao outro. Para sua surpresa, não estava sendo visto. Foi tentar afasta-lo do loiro, mas seu corpo ultrapassou o corpo do homem, como se fosse um espectro. Caiu ao chão e surpreso, apenas tivera de assistir a discussão.
- Cada agressão em meu corpo será um arrombo em sua glória! – desferiu o loiro, caído ao divã.
- Seu agressor se afastou prontamente.
- Dissera-me que eu teria Mary Ann!
- Minhas previsões são infalíveis meu senhor... – o feiticeiro se recompôs e alisou as vestes com elegância.
- Como? Se recebo uma mensagem de que o navio que a trazia das Terras Altas foi tomada por piratas? Afundaram sua embarcação e pilharam tudo de valor!
Enquanto John caminhava de um lado a outro, perdido no que fazer, o Feiticeiro seguiu para sua penseira, lançando um discreto olhar a Harry, que assustado e confuso, não entendia o que acontecia.
Com lentidão pegou a jarra de ouro e despejou o líquido dentro da penseira.
- Veremos o que vai acontecer... – disse tranqüilo.
Para mais assombro, Potter viu como a água antes cristalina da penseira, se turvava e enegrecia, assim como os olhos claros do Feiticeiro. De dentro da água apareceu a imagem de um navio.
Era uma embarcação majestosa, de madeira escura com sete mastros de velas de tecido negro a ondular com o vento. Várias pessoas, vestidas aos farrapos tomavam o convés, limpando, amarrando cordas e posicionando armamentos.
O Feiticeiro levou um dedo até a superfície da água e girou em sentido horário. A água ondulou e ao se estabelecer, via-se agora o interior da embarcação, uma espécie de cabine ou quarto, entulhado de baús, livros e pergaminhos. Numa cama improvisada por um colchão e cobertas, estava uma moça de longos cabelos castanhos avermelhados.
- Mary Ann está viva... – sussurrou o Feiticeiro.
John se aproximou da penseira e olhou dentro de seu interior, ansioso por saber mais.
- Diga! Ela está ferida? Estão a maltratando?
Nesse momento, Harry pôde perceber, que mesmo olhando a água turva, o homem não via absolutamente nada.
- Está perfeitamente bem... Não lhe fizeram mal algum e descansa sem ser molestada – ao dizer, voltou a tocar a água, mostrando agora, um homem de vestes surradas e cabelos negros e longos de aspecto sujo e maltratado, presos por uma bandana na cabeça que lhe cobria até a testa, no rosto trazia um cavanhaque que lhe dava ar mais sacana. Várias jóias lhe enfeitavam o pescoço, braços, dedos e cintura. Não se podia ver perfeitamente quem era, mas parecia ser o capitão do navio, pois a pessoa a qual conversava, se mantinha submissa.
O Feiticieiro se afastou da penseira, exausto. A imagem se dissolveu assim que sua concentração foi interrompida.
- Não consigo ver o que faz nem ouvir o que diz... – sussurrou com preocupação.
- Então? – o homem voltou a insistir.
- Parece-me que minha previsão continua certa, me senhor... Mary Ann se casará contigo... Dentro em breve saberemos o que esse ser repugnante deseja em troca de sua amada noiva. Talvez ouro, ou escravos...
- Exijo que me dê certeza! Não me adianta suposições, se as dúvidas não me deixam descansar.
O loiro o olhou com irritação. – Esse homem possui algo de sobrenatural, por isso é temido. Não deseja fazer maldades a mulheres e crianças, mas é ambicioso e busca algo... Exigirá uma recompensa, em troca de libertar Mary Ann intacta aos seus braços.
- Meu reino? – ficou com medo.
- Algo que terá que decidir... Meu senhor... Ou o amor, ou a sua glória... Não creio que esse indivíduo deseje se estabelecer num lugar fixo, pois aprecia a liberdade, mas sem dúvida quererá algo muito importante, em troca de sua amada.
John não pronunciou mais nada, apenas o encarava com receio e medo. Deu meia volta e se retirou.
Com um longo suspiro, o loiro foi se sentar em seu divã. Sempre ficava exausto quando se utilizava de sua magia.
- Não se assuste... – sorriu a Harry. – É sempre assim...
- Quem era?
- Conde Lancaster, ele me salvou da fogueira, desde então, o sirvo como Feiticeiro, para que consiga mais e mais poder... Trabalha ao rei da Inglaterra, mas a ganância subiu à cabeça e se proclamou rei dessas terras, tratando a todos como se fossem escravos.
- Não entendo o que aconteceu... Você pode me ver e me ouvir, ele não.
- Talvez por você ter vínculo comigo... – pensou um pouco. – É como se você não existisse nessa época, mas está aqui ocasionado por algo... Não se preocupe, solucionaremos o seu problema e poderá retornar à sua época.
Harry sorriu com gratidão, não tinha medo ou desconfiança desse Feiticeiro, muito pelo contrário, se sentia bem ao lado dele.
- Obrigado...
oxo
As ondas quebravam violentamente à proa do navio que avançava velozmente sobre as águas.
- Terra à vista! – anunciou um anão, no alto do mastro principal, onde a bandeira negra com desenho de caveira sacudia com a força do vento.
- Terra à vista! – confirmou o que estava mais embaixo.
Um guri correu ao ouvir o anunciado. Passou por caixotes e por baixo das pernas de alguns piratas até saltar por um alçapão. Ao chegar em uma porta, bateu três vezes e gritou.
- Terra à vista, capitão!
A porta se abriu. – Chegou a hora de nossa diversão...
O guri sorriu entusiasmado, dando passagem ao homem. Após subir até o convés, tomou de seu pequeno ajudante uma luneta e olhou por ela, tendo diante de si, o vasto continente recoberto de verde.
- Foi muita sorte cruzar com o navio de Lady Mary Ann, a prometida do Conde Lancaster, o único que possui um Feiticeiro em toda a Inglaterra...
- Acha que esse feiticeiro saberá onde ele está preso?
- Se não souber... Morrerá! – um sorriso desdentado tomou as faces do capitão.
oxo
Nota da Autora: Não consegui! A tentação foi mais forte que eu! Sanae má! Sanae muito má! (batendo a cabeça na rack). Resolvi pôr em texto essa idéia que me rondava fazia tempo, como sei que tenho que tomar vergonha na cara e parar de ficar postando fics longas, uma atrás da outra, sem terminar nenhuma, não terá uma atualização rápida, como as outras, só depois que eu encerrar Incógnito (travei no meio do chap e só vi a inspiração indo embora), Despedaçando e Mensagens ao Mar, que são mais curtas que as outras.
Gente, eu espero que tenham gostado desse primeiro chap! Beijos!
