Disclaimer: Gundam Wing não me pertence, assim como seus personagens.
Casal: 1x2
Gênero: Yaoi, Angst, Drama, Romance.
Fatos, locais e alguns personagens são frutos do delírio da autora.
-
Sempre Depois Da Tempestade
-
Prólogo
-
Eu pensei que depois da guerra todos os meus medos e angustias desapareceriam e eu não teria mais que usar essa mascara de felicidade. Aparentar sorrisos que nunca existiram, eu me forçava a aceitar ou pelo menos fingia essa aceitação cada vez que perdia uma parte de meu coração na guerra e com ele um pedaço de minha humanidade.
E pensar que um dia tive um sentimento de pena para com Heero porque ele era um soldado perfeito desprovido de qualquer tipo de sentimento na verdade eu tinha era inveja dele. Heero não sentia, ele não fingia aceitar a guerra, ele não usava uma alegria mascarada, talvez se eu fosse como ele não precisaria fingir estar bem quando por dentro eu estava morrendo, quem sabe assim seria mais fácil pra eu aceitar minha queda.
Eu que me auto rotulava como Shinigami "O Deus da Morte" não havia me dado conta do quanto fui ridículo. Eu usava minha vingança pessoal como plano de fundo para atuar na guerra, apesar de lutar pela paz, eu nunca fui um herói, não passo de um assassino desprezível, nunca fui digno de respeito ou admiração ou de qualquer sentimento bom vindo de quem quer que fosse nunca mereci o amor de ninguém, muito menos o dele.
Quando conheci Heero tentei mata-lo, fico pensando se eu realmente tivesse feito isso, se realmente aqueles tiros o tivessem matado, eu não suportaria continuar vivendo, pois naquele mesmo dia meu coração me pregou uma peça. Depois quando passamos e a cumprir missões juntos percebi que eu sentia por Heero iam muito alem da admiração de soldado eu estava caído de amor por ele. O grande deus da morte se apaixonou por um mortal, que ironia.
O Heero merece coisa melhor do que eu. Eu vibrava de alegria por dentro quando ele dizia que iria matar a Relena... Mas tudo que ele fazia era protegê-la... Queria que ele me protegesse assim também... A Relena fez algo mais pela guerra do que simplesmente matar pessoas como eu fiz, talvez seja por isso que ele a admire tanto. Ela nunca pegou em uma arma para verdadeiramente matar alguém, ela sempre promoveu a paz sem precisar de tamanha violência, é claro que atrás dela estavam nós os soldados para fazer todo o trabalho sujo, mas isso não a faz menos merecedora de créditos pela paz.
A Relena sempre se esforçou para ajudar os outros e por isso se tornou a ministra da paz e rainha do mundo, eu também queria fazer algo por alguém, também queria ajudar as pessoas como ela.
Sinceramente eu não entendo, por mais que eu tente não consigo entender ou achar uma explicação lógica para Heero ter ficado comigo após a guerra e não com a Relena. Talvez por eu ter passado por experiências de vida semelhantes a dele, ele se sentisse mais confortável ao meu lado... Eu realmente não sei. Mas me senti imensamente feliz ao lado dele. Acho que o pouco tempo em que pude estar ao lado de Heero foi o período mais feliz da minha vida, acho que foi na verdade a única época de toda a minha vida em que fui realmente feliz.
Ate hoje eu não consigo entender o porquê... Se ele também parecia feliz, por que me deixou? Por que me deixou sozinho para catar os pedaços de meu coração? O que será que eu fiz de errado? Será que eu não sou bom o suficiente pra ele? Tudo que eu queria era ficar com ele, será que isso foi pedir demais?
Naquela época eu queria tantas coisas... Eu queria ajudar as pessoas que perderam tudo na guerra, assim como eu perdi. Eu queria ajudar também porque de alguma forma eu queria compensar todo o estrago causado pela guerra e por mim, queria ajudar as crianças que perderam seus entes queridos na guerra como eu, queria ajudar as famílias a se recuperarem. Por falar em família, eu fui atrás da minha, fui atrás das minhas origens e acabei descobrindo mais do que queria.
Minha mãe foi uma noviça no mesmo convento onde ficava o orfanato onde eu cresci, ela nunca levou jeito para a vida religiosa, seu sonho mesmo era ser cantora e esse era seu dom... Cantar, por isso ela foi embora do convento tentar realizar seu sonho que foi interrompido por uma gravidez indesejada, eu era esse bebê, minha mãe foi estuprada por um soldado bêbado... Meu coração dói tanto ao saber disso... Sozinha e perdida no mundo ela regressou ao convento em busca de um conforto e foi calorosamente recebida por padre Maxwell e irmã Helen.
Minha mãe não me odiava, ela me quis desde o principio pelo menos foi o que me contaram e eu prefiro pensar assim... Mas o destino não quis que eu a tivesse conhecido ela teve que escolher entre me ter ou continuar vivendo e adivinhem? Ela me escolheu e devido a gravidez e ao parto sua saúde debilitou-se e ela veio a falecer seis meses após meu nascimento... Pelo menos eu tive o calor e carinho dela por seis meses.
Então eu quis seguir o sonho de minha mãe já que havia herdado seu dom de cantar... De alguma forma eu queria me sentir mais próximo dela, eu queria sentir que, esteja onde ela estiver, ela sentiria orgulho se me visse agora, eu queria ser importante ser algo mais do que o garoto de rua o rato sujo de L2, o ladrãozinho ordinário que teve que vender o próprio corpo para não morrer de fome.
Senti que finalmente eu poderia fazer algo de bom em minha vida se eu fizesse sucesso poderia ganhar dinheiro e ajudar as crianças que perderam seus pais na guerra... Sei que foi uma idéia ingênua e boba. Depois da guerra eu tive meus planos bobos adiados, mas foi por um bom motivo, quer dizer um ótimo motivo, que se resumia em apenas um nome, Heero. Parecia que finalmente minha vida tinha pegado um curso certo, eu e Heero estávamos namorando, e isso era o dobro de um sonho utópico pra mim... Mas de repente... Ele simplesmente se foi... Deixou-me sem me dar um motivo.
Eu perdi meu rumo, minha noção de centralidade, sem ter em quem me apoiar, eu me agarrei a única coisa que pensei ter me restado, eu procurei aperfeiçoar meu canto e montei uma banda de rock chamada Deathscyte Hell, em certo ponto eu estava acertei a banda foi um sucesso, eu ganhei dinheiro, ajudei varias instituições e orfanatos, eu promovi a paz sem matar ninguém...
Mas infelizmente o sucesso nos sobe a cabeça... Eu conheci o glamour, mas também conheci o lado negro da fama eu percebi que minha vida continuava vazia e medíocre tanto quanto antes ou até mais, eu não passava de um objeto de desejo das pessoas que me cercavam, eu ganhei muito dinheiro como eu queria, tinha fãs, era adorado por muitos. Quando eu pisava no palco para cantar incorporava o Shinigami, personagem que criei na guerra e agora usava como pseudônimo para me apresentar, estrelei alguns filmes onde eu era o próprio Shinigami (ou Hellboy como meu produtor chamava) um garoto vindo do inferno para "salvar" a humanidade... Mas eu me pergunto quem iria salvar minha alma? Era assim que eu me sentia com um garoto infernal que não merecia respirar, no final eu nunca pude retirar minha mascara de felicidade...
Eu quis tanto e tive tão pouco, logo eu me afastei ainda mais dos meus amigos, os outros pilotos e de Heero devido à agenda de shows, ser famoso não trouxe Heero de volta pra mim. Eu me sinto tão podre por dentro, a fama me tornou uma pessoa arrogante e amarga eu sou apenas o idiota de todos, aposto como muitos devem ter pena do pobre garoto rico, agora eu estou aqui em meu luxuoso e caro apartamento sozinho sem alguém que me dê atenção... Sem amigos... Sem Heero. A ultima vez que o vi foi após um show que fiz em L1, ele me procurou após a apresentação e me encontrou bêbado e drogado, ele deve ter sentido nojo e pena de mim...
Sempre depois da tempestade -tempestade é como eu costumo chamar meus shows, meus momentos de glamour - me bate o desespero eu me sinto vazio e desprezível por dentro, tão ordinário e inferior... Às vezes eu penso que se eu não existisse, se eu sumisse do universo seria melhor para todos, às vezes penso em me matar, de que adianta eu ter chegado tão longe se todos que me cercam são falsos e me rodeiam apenas pelo dinheiro e fama?
De que adianta viver se não tenho o que tanto desejei... Eu queria deixar minha mãe lá no céu orgulhosa de mim, mas nem isso eu consegui. Eu tenho tanta pena de mim mesmo... Será que eu desejei demais?? Quando Heero me deixou eu não entendi seus motivos, mas agora eu compreendo, quem iria querer amar um baka como eu? Eu só queria que alguém me ouvisse... Queria que alguém salvasse minha alma. Será que é pedir demais?
-
Continua...
-
Cantinho da Autora:
Espero que tenham gostado desse prólogo (que ta tão grande que mais parece um capitulo) eu sempre quis escrever algo assim e agora eu consegui organizar minhas idéias e bolar uma sinopse legal para a fic, eu me baseei em vários lances e também no clipe da musica Evebory's fool do Evanescense.
Aguardo ansiosa por comentários. Obrigada a todos por lerem o prólogo.
Ah só uma observação essa estória sobre a origem do Duo eu inventei ok, não se esqueçam.
Beijinhos da Asu-chan
