Angels and diamonds
Para Nathália, que me pediu essa.
Como sempre, eu estava na escola. Era segunda-feira à tarde. Sentada naqueles bancos defronte a sala dos professores, eu fazia minha lista de matemática. Di, do NX Zero, cantava suavemente em meu fone de ouvido e eu aproveitava o vento que bagunçava meu rabo de cavalo.
Até que algo inesperado começou a acontecer.
Um garoto moreno, de cabelos negros e olhos caramelos, veio em minha direção. Andava calmamente. Na verdade, nem parecia que estava andando. Ele quase voava, de tão tranqüilo que parecia.
Chegou ao meu lado e tirou delicadamente um fone de ouvido de minha orelha. Colocou na dele.
Eu ficaria nervosa em outras ocasiões, mas não estava. A presença dele me acalmava de uma tal maneira... Era tão... tão...
-Gosta de coisas românticas? –perguntou ele, virando-se para mim.
Eu sentia seu perfume entorpecendo-me. Era como uma droga: doce e viciante.
-Eu... gosto –confirmei, tentando manter meu batimento cardíaco normal.
Ele simplesmente sorriu e desviou o olhar de mim.
Continuamos ali, sentados, sentindo a brisa fresca, que deixava o ambiente cada vez mais agradável.
De repente, ele segurou minha mão esquerda. Virei-me para olhá-lo e deparei-me com aquele par de orbes caramelos me observando ternamente.
-Vamos sair daqui... –aquilo não era uma pergunta. Portanto, eu nem questionei.
Soltei a mão dele e guardei todo meu material. Ele continuava a me observar, como se tentasse entender meus movimentos apressados e ligeiramente desajeitados.
Logo que terminei, joguei tudo para o lado e segurei a mão que ele me estendia. Os fones de ouvido foram deixados em cima de meu fichário.
Ele me puxou em direção à árvore que fica na entrada da escola. Não me importei com os olhares que me lançavam. A única coisa que tinha sentido naquele momento era eu, ele e aquela árvore.
Nos colocamos atrás dela, onde ninguém conseguiria nos ver. Ele encostou-me no tronco e a última coisa que vi foi ele vindo em minha direção.
Não vi mais nada depois, mar pude sentir os lábios dele nos meus. Suas mãos entrelaçavam-se atrás de minha cintura, dando-me segurança.
Seu hálito era maravilhoso. Cheirava fortemente à menta e impregnava o lugar. Consegui movimentar minha mão e coloquei-a em seus cabelos, macios como seda. A outra coloquei em sua cintura. Eu conseguia sentir sua pele quente e suave. Era tudo tão perfeito...
Quando ele me soltou, fiquei de olhos fechados por mais alguns segundos, saboreando o gostinho de menta que restava em minha boca.
Abri os olhos e ele me sorria. Eu podia ver o brilho do sol em seus dentes extremamente alvos.
Ele colocou a mão em um colar escondido sob a camisa e o puxou. Pude ver o diamante do pingente brilhar.
-Fique com isso. Uma lembrança de um anjo.
Ele abriu minha mão, colocou o colar ali e fechou-a. Ficou pressionando-a por alguns instantes.
-Agora, tenho que ir –disse ele, deixando as mãos penderem ao lado do corpo.
-Para onde?
-Para casa –ele sorriu.
Antes que eu pudesse pedir para que ele ficasse mais um pouco, asas brancas, cheias de penas, surgiram de suas costas e, batendo fortemente, o fizeram sair do chão e rumar em direção ao céu.
Foi quando concluí de vez que eu havia conhecido um anjo...
Acordei de meu sono em plena aula de História. Acho que estava muito cansada de tanto estudar. Mas eu tinha que me manter acordada.
Fui ao banheiro, a fim de lavar o rosto e ficar desperta. Quando me curvei sobre a pia, pude sentir algo leve pendurado em meu pescoço. Olhei para baixo e vislumbrei aquele pingente de diamante girando no ar.
Por Olívia Mattiazzo.
