Ela gostava de abraços.

Mas não de qualquer abraço... era o daqueles braços.

Ouviu o barulho das chaves na portinhola. Era ele. Com um sorriso de quem tinha o mundo nas mãos, desceu as escadas correndo. Seu coração pulando para fora.

Ele passou pelo portão e a olhou com o queixo empinado, agindo como se nada estivesse acontecendo.

Ela sentiu uma pequena pontada de dor, mas preferiu achar que era só o orgulho dele. Preferiu imaginar que ele estava morrendo de saudades por dentro. Ignorou a tristeza e deixou pra lá aquele olhar estóico dele, pulando em seus braços.

Ela queria que ele a tivesse segurado e dado-lhe um longo beijo.

Mas ele a afastou com a mão, sinalizando que estava com peso das malas.

Para ela, tinham acabado de fazer amor.

Para ele... não sabia. Não sabia se ele considerava só sexo, ou se também achava que fizeram amor.

Ele terminou e rolou para o outro lado, já procurando suas roupas.

Ela permaneceu nua na cama, ainda desfrutando do calor que o corpo dele deixara no seu.

Ele reclama algo sobre ela ir se vestir.

Ela resmunga para ele relaxar e deitar com ela. Ela pede um carinho nas costas.

Ele continua reclamando para ela se vestir.

Ela só queria que ele deitasse, nu, ao seu lado. Que se abraçassem e aproveitassem pele contra pele, sem contexto sexual. Por puro prazer de estar sentindo quem se ama. Que ele acarinhasse suas costas e ela mexesse nos cabelos pretos salpicados. Que se olhassem nos olhos, rissem, conversassem.

Ele sentou na cadeira e ligou o computador.

Ela levantou e procurou suas roupas por sentir frio.

Vestiu-se, beijou a cabeça dele e sentou-se ao lado para fazê-lo companhia.

E percebeu que o frio pouco tinha haver com a temperatura.

Voltou para a cama, enrolando-se no edredom. Encolheu-se, fez seu casulo.

Ela só pensava o quanto gostava dos carinhos dele. De quando ele tomava a iniciativa para lhe abraçar ou lhe beijar. Lembrou do início, quando ele a beijava durante uma conversa, de surpresa. Percebeu a raridade de tais atos ultimamente. Talvez por sua imaturidade, talvez por conta do ciúme dele, já não estavam tão bem. Ou era o que ele dizia. Ela preferia dizer para si mesma que o namoro não estava ruim, era só um momento de brigas. E, de fato, era o que ela acreditava piamente.

Achando estranho sua quietude, ele pergunta "O que foi?"

Ela se vira. "Tô me preparando."

Ele pausa o que quer que esteja fazendo no computador e olha para ela. "Pra quê?"

Ela desvia o olhar daqueles olhos sinistramente escuros. "Pra quando você for embora."

Ele gira os olhos. Se irrita. "Vai começar? Isso de novo, não. Acabei de chegar. Você quer que eu vá agora? Que coisa chata. A pessoa vem e a outra só pensa na despedida."

Ela se encolhe ainda mais, sentindo-se desprotegida.

Ele senta na ponta da cama. "Sakura, hoje é sábado. Eu vou ficar até segunda de madrugada. A gente vai ter hoje a tarde e a noite, sem falar de amanhã, o dia inteiro. Pare de pensar na minha volta."

Ela ainda não olha pra ele. "Sasuke" - estremece. "Não era esse tipo de embora que eu quis dizer."

Me abrace. Diga que me ama. Diga que não vai embora. Me beije. Diga que vai ser meu sempre. Diga que eu sou só sua. Que me quer pra sempre.

Ele sai do quarto irritado.

Ela só precisava de um abraço.