Esperança.

Espirrou ao abrir aquele imenso baú e ver todo aquele pó se espalhar.

Anna perguntava-se, internamente, o porque de terem aquilo dentro de casa. Suspirou e começou a retirar as coisas que haviam ali, decidida a livrar-se daquilo.

Algumas roupas, álbuns de fotografia, lembranças bobas...

E, no fundo do baú, uma caixa de madeira.

"Mas o quê...?" Pegou a caixa delicadamente com as mãos e retirou a poeira de sua superfície. Era uma caixa avermelhada, com adornos dourados em volta e uma inscrição em seu centro: Lembranças que decidi esconder.

Arqueou as sobrancelhas e ponderou se deveria abri-la ou não. Como a curiosidade falou mais alto, cortou a corda e abriu a caixa.

E arrependeu-se por não tê-la deixado fechada.

Na caixa haviam muitas coisas: fotografias de um tempo distante do colégio, bilhetinhos com um aroma adocicado de um perfume que ainda não havia desaparecido completamente, algumas lembranças e um envelope, ainda não violado, de uma carta. Uma carta da qual ela não se lembrava.

"Que carta é essa?" Segurou o envelope com ambas as mãos e sentou-se ali no chão. Agora que já havia aberto a caixa, abrir a carta não mudaria nada, certo?

Errado.

A carta, endereçada a ela, possuía um remetente do qual ela se lembrava muito bem:

De Hao Asakura.

Bem, já era tarde para voltar atrás.

Abriu o envelope e puxou o papel, meio envelhecido, como se tivesse sido queimado nas bordas, e sentiu o fraco perfume dele nela. Inspirou-o de tal forma, que parecia embriagada pelo cheiro. Balançou negativamente a cabeça e concentrou-se na leitura:

Anna,

Sei que já faz muito tempo desde o nosso último encontro e eu fiquei ponderando entre te mandar esta carta ou não. Acredite você ou não, eu nunca me conformei com o fato de você 'simplesmente' ter dito que não me amava mais. Amor não é uma coisa que acaba de uma hora para a outra, sabe?

Eu realmente gostaria de saber o que está acontecendo com você. Por que tem me evitado? Por acaso, há outra pessoa? Porque, se houver, aquilo que tivemos não foi amor.

Mas eu quero acreditar que isso tudo é mentira.

E, caso exista outro alguém, quero que saiba que eu conseguirei te perdoar. Ao menos uma vez.

O nosso amor é forte o suficiente para superar mais isso, certo?

Junto com esta carta, te mando um anel de noivado.

Eu estarei te esperando, daqui há três dias, perto do parque onde costumávamos ficar de bobeira após a aula.

Não irei me despedir nessa carta, mas tentarei ser compreensivo caso você não venha.

Eu te amo, Anna.

Hao Asakura.

Os olhos já estavam marejados em lágrimas quando leu a última frase da carta. O anel de noivado do qual ele falava na carta, estava dentro de um pequeno plástico, no fundo da caixa. Nunca compreendeu o porque de não ter aberto esta carta, mas sentia que nunca a havia visto também.

Pegou o anel nas mãos e analisou-o bem. Um anel de ouro branco com uma pedra vermelha em seu centro. Nada muito chamativo, nem muito discreto. Algo típico de Hao.

Ela sorriu fracamente e colocou o anel no dedo.

Sequer explicou-se para seu noivo quando deixou a casa, levando apenas duas coisas: uma caixa de lembranças e a esperança de que ele ainda estivesse a lhe esperar.

Notas da Autora:

Ahá, mais uma fic para o desafio 30 cookies!

E, desta vez, com um tema que eu nunca pensei que fosse conseguir abordar!

O tema da vez era caixa e ficou um pouco implícito, mas eu me esforcei.

Enfim.

Faltam 10 temas!

See ya!