Capítulo I
The Dreamcatcher
Estava muito frio, e nevava intensamente, quando duas pessoas encapuzadas, bateram na porta da residência da família Lovegood, localizada na aldeia de Godric's Hollow. A dupla percebeu uma pequena movimentação no interior da casa, e logo após, no visor da porta, tornou-se perceptível um olho esverdeado, um dos indivíduos do lado de fora da vivenda, sussurrou algumas palavras, praticamente inaudíveis, e, então, uma linda mulher abriu a porta.
- Boa noite! – disse Narcisa abaixando o capuz. Era tão pálida, que parecia refulgir na escuridão, esta tinha uma cabeleira loira até as costas, dando-lhe a aparência de uma mulher afogada.
- Podem entrar... – falou a dona dos olhos verdes, retribuindo a educação, esta era lívida, e tinha longos cabelos negros como às trevas, lisos, presos com uma trança que alcançavam a sua cintura fina. – Sejam bem vindas!
- Obrigada Electra! – disse Bellatrix baixando o capuz lentamente. Está era tão morena quanto a sua irmã Narcisa era clara, tinha as pálpebras pesadas, e o maxilar pronunciado. – Que interessante essa guirlanda de natal... – falou ela observando minuciosamente, e tocando no objeto, como uma criança, enquanto, Electra Lovegood, encarava a irmã, enrugando a testa.
- Eu não sabia que você gostava de guirlandas Bella – falou Electra calmamente. – Eu poderia ter comprado uma de presente para você. – Bellatrix ergueu as sobrancelhas, e, tirou suas mãos do enfeite, entrando para na residência.
Narcisa e Electra, se acomodaram nas poltronas que estavam posicionadas à frente da lareira, Bellatrix, continuou de pé, mexendo na estante de livros, e nas miniaturas que ali se encontravam.
- Não toque neste calhamaço Bella, por favor... – ouviu-se uma voz masculina, era Gaudium Lovegood, um homem magro, alto, que tinha cabelos longos e louros, presos por um rabo de cavalo, este, tinha olhos expressivos, e, incrivelmente azuis. – Ele é original... – a bruxa, viu do que se tratava livro "UmGuia da Magia Medieval", o abriu, e então, o colocou novamente na estante. Gaudium virou-se, e, cumprimentou Narcisa, enquanto este se encontrava de costas Bellatrix fazia careta, e gestos, para mostrar sua indignação perante o jeito que o marido de sua irmã havia a tratado.
- Irão compartilhar a ceia de Natal conosco? – perguntou Electra seriamente, quando seu companheiro se abancou. Bellatrix balançou a cabeça positivamente, com um sorriso malicioso no rosto. – Que bom! – exclamou a bruxa, juntando as mãos. - A refeição está ficando incrível.
- Com certeza, irá ser incrível! – falou Bella lançando um olhar fatal à irmã. – Vocês que estão preparando nosso banquete?
- Sim, somos nós, não temos mais elfos domésticos, após indagações dos meninos, resolvemos que não escravizaríamos mais essas criaturas. Então as liberamos. – respondeu Gaudium, após essas palavras, as irmãs Black olharam-se mutuamente.
Todos ficaram calados por alguns segundos, e para quebrar o silêncio Narcisa fez a seguinte pergunta:
- E as crianças Electra, onde estão?
- Encontram-se lá em cima, no quarto. – respondeu a Sra. Lovegood. Mal sabia ela que, os seus filhos, estavam brincando silenciosamente na escada, com o gato da família. – Diana não desgruda de Apolo, ela está aproveitando os dias livres intensamente, já que, fica praticamente nove meses distante do irmão.
- Entendo, acontecia o mesmo conosco nos primeiros anos de Hogwarts, mas logo eles ficarão juntos na escola, é só questão de tempo.
- Verdade Narcisa, mas, preocupo-me quanto às casas, nós todas, ficamos unidas na Sonserina. O Apolo está na Corvinal, e se Diana for destinada para uma casa diferente?
- Eles ficarão separados! – falou Bellatrix sem noção da gravidade de sua frase á irmã. Gaudium lançou a ela um olhar de censura, que foi ignorado. – O que foi Gaudium? – perguntou a bruxa ao cunhado, como se não tivesse dito nada relevante.
- Nada... – disse o homem sacudindo os ombros e levantando-se do assento em que estava acomodado. – Querida... – falou ele virando-se para sua esposa Electra. – Vou terminar de temperar os alimentos, e adoçar o suco de abóbora. Quando tudo estiver pronto às chamo. – Gaudium saiu da sala de estar e foi para a cozinha, deixando as três irmãs Black sozinhas.
- Agora sei por que você não tem mais elfos domésticos, trocou-os pelo Lovegood! – exclamou Bellatrix sarcasticamente, esta deu uma longa gargalhada, todos presentes no cômodo prestaram atenção na bruxa, inclusive as crianças que estavam sentadas na escada, e agora observavam atentamente a conversa das mulheres.
- Bella, por favor! – disse Narcisa reprimindo-a.
– Vou ser objetiva. – falou Bellatrix em um tom mais baixo. – O que você decidiu? - a sala permaneceu em silêncio absoluto por alguns segundos. - ELECTRA! – gritou ela, com sua voz extremamente irritante. A Sra. Lovegood olhou para a irmã, estalou os dedos de suas mãos, e mirou para o fogo que se encontrava na lareira.
- Bem, eu e Gaudium decidimos que... – Electra não conseguiu exprimir sua escolha, pois foi interrompida por Bellatrix.
- Você sabe quais serão as conseqüências, caso não optar pela alternativa certa... – disse ela assistindo a irmã. – As crianças... você tem consciência do que acontece com elas... – continuou a bruxa, esta estava torturando a sua semelhante psicologicamente. Electra tinha que escolher entre o certo, e o fácil. O certo decapitaria sua família, sua alegria, o fácil, á pouparia, mas á deixaria angustiada, além, de ser uma traição para com seus amigos, a Sra. Lovegood encontrava-se em um beco sem saída.
- Decidimos... – pigarreou Electra. – Decidimos...
- Cuidado com suas escolhas irmãzinha! – vociferou Bellatrix, acariciando o rosto de Electra. Narcisa lançou uma olhar de piedade e medo.
- Não vamos ser aliados de Voldemort! – esbravejou Electra, tirando as mãos da irmã de sua face. – Nos negamos a praticar as artes das trevas! – Bellatrix enrugou os lábios.
- Sempre fazendo as escolhas erradas... – insinuou Bellatrix à irmã, dando voltas pela poltrona onde ela estava acomodada. – Não se importa com seus filhos? – perguntou ela tentando mexer nos cabelos de Electra que se esquivou.
- É por se importar demais com eles, que eu não aceito essa proposta! – disse Electra suando de nervosismo, sinal que a tortura psicológica estava dando certo.
- Então, você assinou os atestados de óbito... – disse Bellatrix se tornando notória no campo de visão da Sra. Lovegood. – Pobres criaturas! – cantarolou ela em um tom extremamente alto.
- Bella! – exclamou Narcisa, tocando nas vestes da bruxa, que estava na sua frente. – Você está louca? – perguntou ela, Bellatrix arqueou as sobrancelhas, e enrugou os lábios, esta ficou surpresa com a intervenção de sua irmã. – São apenas crianças, e, a Electra, foi criada conosco, nasceu do mesmo ventre que eu, Andrômeda, você provimos, ela é nossa irmã!
- Andrômeda não é nossa irmã, ela é uma traidora! – gritou Bellatrix, convocando Gaudium a comparecer na sala, este ficou calado, escondido, com a varinha empunho. – E, a partir de hoje Electra também não fará parte da família! – disse ela aumentando mais seu tom de voz. Narcisa tentou defender novamente a sua primogênita, mas foi interrompida. – Narcisa, mantenha-se calada, ou, vou ser obrigada a matar você e o filho de Lucio Malfoy! – todos presentes, entreolharam-se (a família Lovegood ainda não sabia que Narcisa, estava grávida de aproximadamente dois meses).
- Você não seria capaz... – disse Electra com a voz abafada. Bellatrix deu uma risada prolongada, franca e ruidosa.
- Não me subestime irmãzinha... Sabes das minhas habilidades... – nesse mesmo momento, Ônix, o gato da família, desceu as escadas, e andou em direção as poltronas, e então... - Avada Kedavra! – a ponta da varinha de Bellatrix, produziu um raio de luz verde, e, um barulho desconhecido, contra a criatura, e ao ser atingido o animal não se mexeu mais.
"Accio" tentou falar Gaudium apontando a varinha para a assassina do seu gato, mas antes que ele terminasse de pronunciar a palavra Bellatrix gritou:
- Expelliarmus! – Gaudium fora desarmado, e arremessado desacordado contra a parede. As crianças ficaram chocadas, e agora, as lágrimas invadiam os dois rostos. Electra encontrava-se de joelhos aos prantos, pedindo compaixão.
Apolo envolveu Diana, este era um abraço apertado, caloroso, e, infelizmente o último, o jovem bruxo já tinha conhecimento do que aconteceria á seguir. Ele soltou a sua irmã, deu um beijo na testa da mesma, e sussurrou:
- Di, tente encontrar minha varinha, ela está no roupeiro do quarto da mamãe, se você ouvir alguma coisa, esconda-se, e permaneça lá até tudo se acalmar. – a menina estava desesperada, e não entendia o que estava acontecendo, os seus olhos estavam vermelhos, e esta tinha que se segurar para não soluçar. – Você entendeu Di? – Diana balançou a cabeça positivamente. – Eu te amo! – disse Apolo, agora, fazendo gestos para que a irmã levantasse.
A garota ergueu-se, subiu cinco degraus, e agora, encontrava-se sozinha no longo corredor, no final deste, localizava-se o aposento dos pais de Diana. Ela andou de vagar, para não produzir nenhum ruído, quando estava colocando a mão na maçaneta da porta, a menina ouviu um barulho, parecia que, algo havia colidido com o chão, e logo após foi possível escutar gritos, os gritos de sua mãe. "O que houve?" perguntou-se mentalmente, imaginando o pior, os prantos ficaram mais intensos. Diana colocou sua mão no remate de metal, e abriu a porta com cuidado, sua mão estava grudenta e molhada, eram os sintomas do seu nervosismo, do medo. A menina entrou no quarto, e fechou a porta com cautela, foi em direção ao antigo roupeiro. Mas onde estaria a varinha?
Tantas portas que era impossível saber por onde começar, mas era preciso encontrar o objeto.
Diana abriu uma gaveta, e começou à, remexe-la, enquanto procurava, ela ouvia as súplicas de sua mãe, e as sinistras gargalhadas de Bellatrix, por um momento, tudo permaneceu em silêncio. O pesadelo teria acabado?
- NÃO, MEU FILHO NÃO! POR FAVOR! – eram os gritos de Electra pedindo para que Bellatrix ou Narcisa poupasse Apolo. Os gritos, e o pedido, se confundiam com o plangor.
- Di, não volte! Se esconda! – vociferou Apolo.
Ao escutar os clamores da sua mãe, e do seu irmão, Diana teve vontade de locomover-se para a sala, mas lembrou-se do aviso de Apolo, e se escondeu no armário de seus pais. Nada foi mais pavoroso do que ficar lá, no escuro, escondida, ouvindo as obsecrações das pessoas que mais amava.
- Crucio! – gritou Bellatrix. O que seria essa palavra?
- Não o torture! Eu lhe imploro, jogue essa maldição em mim, em meu filho não! – gritou Electra já rouca. Diana ficava a cada segundo mais assustada.
Passaram-se dez minutos, que pareciam anos, dez minutos de tortura, de dor.
- Vou atender seu pedido querida irmãzinha! – gritou Bellatrix, a bruxa das pálpebras pesadas, e o maxilar pronunciado. – Crucio! – bradou ela duas vezes seguidas, e agora, uma voz feminina e uma masculina pediam socorro, eram Electra e Gaudium.
A menina tapou os ouvidos com a mão, para não ouvir aqueles terríveis apelos. "Não!" dizia ela "Meus pais, não, minha família, não!".
As exclamações sonoras fortes de socorro cessaram, e, agora passos eram ouvidos, vindos da escada a cada momento ficavam mais fortes. Bellatrix ficou parada por um pequeno espaço de tempo, provavelmente observando o extenso corredor, logo após, tornou-se audível ruídos, eram as portas sendo escancaradas por magia, seis peças de madeira foram abertas, e seis quartos vasculhados. Faltava apenas um aposento, que estava localizado no fim do corredor.
- Diana... Dianinha – cantarolou a bruxa, abrindo a porta. – A titia quer falar com você querida! – Bellatrix examinou o quarto, nenhum sinal da criança, como fizera, nos outros compartimentos da casa, procurou a garota embaixo da cama, no banheiro, e, na varanda do quarto, faltava apenas um lugar, o roupeiro, mas por algum motivo, a bruxa não mexeu naquele móvel. Saiu dos aposentos dos pais de Diana, e foi para o quarto de Apolo. A garotinha aproveitou o momento para sair do seu esconderijo, e rapidamente locomoveu-se silenciosamente para a sala de estar, que ficava no térreo da casa.
No local, se localizava Narcisa, que estava sentada em uma poltrona, olhando fixamente para os cadáveres aos seus pés, esta estava indiferente, Diana ficou perplexa com a reação de sua tia, "Como pode ser tão fria?" pensou a menina imóvel diante daquela cena.
- Dianinha... – cantou a meia voz Bellatrix. A menina que estava parada levou um grande susto, e deu um grito abafado, este avisou a Narcisa que Diana estava presente no cômodo.
- Diana! – exclamou Narcisa quando avistou a menina, que agora estava mais pálida do que o normal. – Querida, venha... Venha até aqui. – disse ela esticando os braços.
Diana respirou profundamente, e olhou novamente para os corpos que estavam no chão. Nesse mesmo momento, tornou-se audível os passos de Bellatrix, a bruxa estava no fim do corredor, prestes a descer as escadas, a menina absorveu oxigênio mais uma vez, fitou a maçaneta da porta, correu para ela, e a abriu. A menina não pisava o mesmo chão que as duas assassinas, corria com velocidade, ofegante, as lágrimas tomavam conta dos seus olhos azuis, e do rosto angelical, o seu coração batia forte, parecia que a qualquer momento ele sairia pela boca. Diana vestindo apenas uma camiseta, e uma blusa de lã, não sentia frio, não sentia mais medo.
- Diana, Diana! – a menina ouviu alguém chama-la o som vinha de algum lugar distante, e era suave e familiar. – Diana! – repetiu a voz. – Acorde, vamos!
A partir desse momento, as casas, a igreja, o céu escuro e estrelado, os flocos de neve que caiam sobre a menina e o chão, se tornaram uma fumaça escura.
E então, a mesma garota, agora quatorze anos mais velha, acordou, e, abriu os intensos olhos azuis, que enxergaram um rosto feminino pálido em forma de coração, que continham escuros olhos brilhantes, e cabelos na altura do ombro na cor rosa-chiclete.
- Estava tendo pesadelos? – perguntou a jovem Ninfadora Tonks, Diana balançou a cabeça positivamente. – O dreamcatcher estava cercado de fumaça preta, presumi que este não estava filtrando os sonhos. – disse ela com uma expressão de preocupação no rosto. – Você estava suando muito, e praticamente se debatendo na cama, então resolvi acorda-la.
- Foi o certo Dora, obrigada por me livrar daquelas lembranças... – falou Diana sentando-se em sua cama, tomando um gole de água do copo que estava em cima do criado-mudo, em seguida, com as mãos tremulas pegou uma carteira e um isqueiro de dentro da gaveta, escolheu um cigarro, acendendo-o e o levando a boca inspirando a fumaça. – Foi horrível! – disse ela pensativa admirando as figuras formadas pela fumaça.
- Você precisa mandar uma carta à mamãe avisando sobre o acontecimento. – disse Tonks pegando das mãos de Diana o cigarro, e o jogando pela janela.
- E preocupar Andrômeda à toa?
- Mamãe precisa saber do seu sonho, se é que podemos, chama-lo de sonho. – disse a jovem com um olhar sério para a prima.
- Você não se cansa? – perguntou Diana de forma irônica. – Continua com aquela idéia absurda que Bellatrix está invadindo minha mente!
- Não é absurdo! – falou Tonks se levantando da cama. – Nossa tia é legilimente, ela tem a habilidade de adquirir informações acerca dos pensamentos, sentimentos e das atividades, ela pode invadir a mente de qualquer pessoa que não tenha capacidade de proteger e comanda-la!
- Bellatrix está em Azkaban, os dementadores devem estar sugando até as bactérias dela. – disse Diana recusando-se a acreditar no que Ninfadora Tonks falava.
- A legilimência é um dom impossível de ser extraído, ou seja, Bellatrix continua com a habilidade! – insistiu Ninfadora. – Vamos, pegue uma um pergaminho, vamos escrever à minha mãe, ela saberá o que fazer, irá nos aconselhar.
- NÃO! – persistiu Diana, ingerindo mais um gole de água. – Não vou comunicar nada a Andrômeda. E Ninfadora coloque uma coisa nessa cabecinha – continuou a jovem dando evidência ao nome da prima. -, Bellatrix não está invadindo minha mente, até porque as condições dela não permitem isso, e, outra coisa, eu sei proteger meu intelecto!
- Está bem, desisti de dar conselhos a você! Depois não diga que eu não avisei. – falou Tonks à Diana cruzando os braços, a medi-bruxa, ignorou as palavras de Ninfadora. – Agora... Vamos tomar o café da manhã?
