"Idiota!"

Bato a porta com força quando entro em casa. Francês estúpido. Desde quando eu iria me submeter a um casamento só por seus desejos egoístas?

Ele que resolvesse os próprios problemas. Não era nenhuma criança para implorar por ajuda, e muito menos minha. Eu já havia aprendido que não ganhava nada em troca ajudando outros países.
Sentei-me, passando as mãos sobre os cabelos. Estava cansado das ideias idiotas do França. Como se eu fosse alguém que ele pudesse usar e descartar... E isso porque não era de hoje que nos conhecíamos...

"Idiota! Se soubesse cuidar melhor de seus negócios, não estaria nessa situação lamentável! Casamento arranjado... Era só o que me faltava! Primeiro o idiota do América pedindo independência, agora tinha que arcar com isso!"
Suspirei e fui até a janela. Como sempre, chovia. Era algo normal onde eu morava. Ri, sarcástico. Quando América havia se revoltado, também estava chovendo...

Era realmente uma sugestão estúpida... Como se eu fosse um mero joguete político... Eu, que era o grande império britânico...

"E que vivo sempre sozinho..." - Espantei esse último pensamento. Se não fosse aquele viciado em vinhos, eu não estaria nesse estado deprimente...

Senti um focinho me cutucar de leve e sorri ao ver meu unicórnio. E daí se era estranho ver o que ninguém mais via? Minhas fadas me faziam companhia. Afaguei um por um, sentindo parte da minha frustração se dissipar.
Mais tarde, sozinho novamente e tomando meu chá, fiquei a imaginar a situação do imbecil do França. Ele não poderia pedir ajuda para o Itália, era inútil. Bati a xícara na mesa. "Mas eu também não me casaria apenas por isso!!"
Suspirei. Mas, se não fosse comigo, com quem seria? Eu não poderia deixar aquele imbecil morrer à toa... E, no entanto, a ideia de um casamento forçado apenas por isso... Ah não, eu não me casaria com alguém como ele!

Mesmo que...

Oras, que besteira! Eu teria que ser um completo tolo para me deixar levar por uma desculpa dessas... França era mais velho que eu, saberia o que fazer...
Saberia mesmo...? Franzi o cenho e suspirei. Independente das minhas vontades, o que valia era a opinião de meus superiores, assim como acontecia com aquele francês sem noção.

Como esperado, o acordo fracassou. Óbvio, não poderia ser diferente.

Em pouco tempo, vejo-o recuperar-se e voltar a sua, como costumo dizer, "vida fácil".

"Nem parece o mesmo idiota que me procurou chorando..."

Balanço a cabeça, espantando esse pensamento traiçoeiro. Eu, preocupado com aquele francês estúpido? Nunca!

Mas...

Não demorou muito para tê-lo como aliado. E, ao vê-lo rir ao se lembrar de sua ocasional fraqueza, sinto algo que não sei como nomear. Como quando senti que o América estava crescendo e me deixando para trás.
Porém, ao contrário daquele episódio, me aproximo muito da decepção.

Por quê...?