"ACORDA MENINA PREGUIÇOSA!" A minha mãe entrou pelo quarto aos gritos, eu assustei-me, o meu coração batia muito forte agora. "Ainda estás deitada?" Ela pergunta com raiva.

Eu fiquei imediatamente de pé, mas isso não me poupou da sua ira. A minha bochecha ardeu com a força da sua mão. "Desculpe mãe."

"Espero que não te tenhas esquecido… hoje é o dia que vais ficar noiva e amanhã o teu casamento."

Eu inspirei. "Não me esqueci mãe."

"Nem acredito que nos vamos ver livres de ti." Ela diz um pouco mais alegre. "Usa o melhor vestido e cobre esses arranhões. Tens de parecer perfeita para esse homem, não te atrevas a fazê-lo duvidar de que és uma mulher competente."

"Sim mãe."

"Despacha-te!" Ela deixou o quarto.

Eu chorei um pouco, mas não levaria a lado nenhum. Apenas a mais dor.

~FLASHBACK~

"Porque estás a chorar?" O meu pai pergunta.

"Eu não quero casar com um homem desconhecido."

"Toda a gente casa assim, deixa de ser piegas. Este é um bom casamento para ti, ainda és nossa filha depois de tudo."

"Mas eu não quero."

Ele pegou o meu rosto com força. "Ouve com atenção, tu vais casar, a bem ou a mal."

Eu chorei com as suas palavras. Eles apenas se queriam livrar de mim.

"Eu vou dar-te uma razão para chorar." Ele diz com raiva.

Quando olhei ele estava a retirar o cinto. "Não… por favor." Ele não parou. "NÃO!" Depois disso perdi a conta do número de vezes que o cinto cortou o ar.

~FLASHBACK~

Olhei-me ao espelho, penteando o cabelo. Usei o colar que a minha avó me deu, a única pessoa da família para além do meu irmão que alguma vez gostou de mim. Os meus pais sempre favoreceram o meu irmão mais novo e esqueceram a minha presença. Eu era lixo nesta casa, muitas vezes descartada para fazer o trabalho de empregadas. Eu não me queixava, pelo menos assim não me batem. Eu andava constantemente numa corda bamba, um pequeno gesto ou palavra podia despertar a violência de alguém.

"Ainda estás aí?" A minha mãe entra pelo quarto.

"Terminei minha mãe."

"Óptimo. Precisamos falar contigo."

Eu tinha medo. Segui-a para encontrar o meu pai. Ele estava mais sorridente do que me lembro. "Muito encantadora para o teu futuro marido." Ele riu. "Ele vai fazer o pedido oficial hoje." Ele diz. "Como é óbvio vais aceitar, ou então juro que vais dormir na rua para o resto dos teus dias."

Eu tremi. "Sim meu pai."

"Linda menina."

"Eles devem estar aqui em breve." A minha mãe diz. "Não deves ficar sozinha com ele em qualquer circunstância, uma empregara ficará contigo."

"Sim mãe."

Pela primeira vez tive autorização para esperar na sala. Normalmente apenas entro na sala para limpar o espaço. Pelas grandes janelas podia ver o exterior. Uma carruagem aproximou-se ao longe. Seria ele? A família dele? O meu coração ficou excitado. Eu ansiava para deixar esta casa, mas… e se o meu marido foi cem vezes pior? Eu conhecia algumas moças que casam jovens com homens que são bestas.

Eu tinha medo disso, o meu pai escolheria exactamente esse tipo de homem para me torturar o resto da minha vida. Eu só espero que ele seja compreensivo pelo menos. O meu pai sempre me tratou mal, mas era adorável com a minha mãe. De qualquer forma não quero que o meu marido bata nos nossos filhos… preferia que me batesse a mim. O melhor que tenho a fazer é ter fé no futuro.


"Não te esqueças Ezra, deves ser agradável com a jovem."

"Eu serei pai."

"Não te esqueças de a elogiar." Diz a minha mãe.

E se não houver nada para elogiar? Eu ainda não posso acreditar que nunca vi a jovem com quem tenho de casar amanhã. "Vou fazê-lo mãe." Eu espero que ela seja delicada e com belas feições. Isso facilita a tarefa.

Abri a caixa com o anel de noivado, uma ametista rodeada por diamantes destacava o seu brilho. "De certeza que a sua cor favorita é púrpura?" Normalmente as mulheres escolhem tons escuros, vermelhos, cor de rosa, verdes e azuis. Roxo era numa cor peculiar de ser escolhida, mas ainda era bonita. O nosso quarto tinha sido decorado de roxo e dourado totalmente para a agradar. Eu não me importava com esses pormenores, mas a minha mãe fez questão.

"Foi o que o Sr. Montgomery disse quando lhe perguntei."

Eu concordei quando guardei a caixa. "Não tens de ficar nervoso, vai correr tudo como combinado. Eu também estava nervoso quando conheci a tua mãe, o teu avô não mentiu quando disse que era uma linda mulher." A minha mãe sorriu para ele. "Tu ouviste o que o Montgomery disse… ela parece perfeita."

Parece… mas como será na realidade? Qual o tom dos seus verdes olhos ou dos seus cabelos castanhos ou da sua pele de porcelana? Será a sua personalidade tão doce e obediente? Ou estaria o homem a vender a filha?

Chegámos, podia ver a casa ao longe. Aria Marie Montgomery casaria comigo? Aria Marie Montgomery casaria comigo? Aria Marie Montgomery casaria comigo? Uma simples pergunta que já tinha uma resposta afirmativa mesmo antes de a ver. Eu não podia deixar de estar nervoso ainda assim.

A carruagem parou mesmo à frente da porta da mansão senhorial com altas colunas e bem cuidada. O Sr. Montgomery saiu imediatamente com um sorriso e cumprimentou o meu pai e a minha mãe, uma mulher juntou-se a ele. Parecia madura, mas ao mesmo tempo jovem.

"A minha esposa Ella." Eles cumprimentaram-se, a minha mãe também foi apresentada. As duas mulheres uniram-se com afinidade. Enquanto os dois homens falavam.

"Então Ezra! Nervoso?" O Sr. Montgomery pergunta. Cumprimentamo-nos.

"Um pouco." Digo. Tanto o meu pai como ele sorriram.

As mulheres também pareciam ansiosas. "Srª Montgomery." Beijei a sua mão. "Quando a vi pensei que seria a minha noiva."

A mulher riu juntamente com a minha mãe. "Obrigada querido, mas não sou assim tão jovem. A Aria está lá dentro, praticamente nunca sai a sua pele é sensível." A minha mãe pareceu apreciar isso. Elas trocaram algumas sugestões sobre o casamento e eu fiquei à parte, nada era feito por mim de qualquer maneira.

Olhei para a grande casa, os meus olhos pararam na janela. Mais precisamente na silhueta da mulher no interior que se aproximou da luz. Eu fui capaz de ver quando a luz alcançou o seu rosto, ela olhou-me directamente. A minha respiração parou… é ela? A sua pele era realmente clara e perfeita, o cabelo tinha alguns reflexos mais claros no meio da tonalidade mais escura e os olhos… grandes e brilhantes. Estava longe para definir a cor exacta. O vestido rosa pálido com renda e detalhes florais ficava-lhe encantador. O seu rosto parecia amável e gentil, ela gritava beleza. Talvez seja isso o amor à primeira vista. Eu já estava enfeitiçado.

"Ezra?"

Olhei para a mãe dela. "Desculpe?"

Ela seguiu o meu olhar "É ela." Ela sorriu. "Eu perguntei-lhe se não queria entrar."

"Se me permite Ella, eu preciso de trocar apenas algumas palavras com o meu filho." A minha mãe diz.

"Claro." Ella diz com um sorriso juntando-se depois ao marido.

A minha mãe também olhou para a janela que tinha prendido a minha atenção momentos antes. "O que achas dela?"

"Não a viu mãe?"

Ela negou. "Quando olhei a moça não estava mais."

"Bem… ela parece muito mais do que perfeita."


Olá! Mais uma nova história ao que parece ;)

Não vai ser nada muito logo, vai apenas tratar alguns assuntos antigos de casamento e de família. Talvez a história seja um bocadinho "uma seca", mas já tinha escrito muito e tive de terminar de alguma forma. De qualquer forma espero que gostem do que tentei fazer.

Mais uma actualização está programada para esta semana.