Resumo: Misha Collins era o beta e o mago da memória da Matilha do Sul, uma matilha de shifters lobos brancos que sempre teve extremo preconceito em relação aos demais tipos de lobo. Mas Misha acabou se apaixonando justamente por Jim Beaver, o beta rabugento da matilha de lobos madeira que guerreou por muitos anos contra a sua matilha. Para viver esse amor, Misha deixou tudo para trás e foi morar com os lobos madeira. Além da difícil adaptação a costumes diferentes e a sua facilidade de arrumar confusão, Misha ainda terá que lidar com o preconceito dos lobos madeira e suas desconfianças enquanto tenta conciliar sua relação com Jim com sua lealdade à família e ao seu melhor amigo. Misha sabe que Jim o ama, mas será que o amor do velho lobo madeira é forte o bastante lidar com todos os segredos que o mago da memória esconde?

Aviso 1: Essa fic é uma versão paralela da fic The World. Para melhor entendê-la, sugiro que leia The World primeiro.

Aviso 2: Essa fic possui cenas de sexo, violência e possivelmente rituais de magia.

Aviso 3: Essa é uma fic homoerótica baseada nos romances de Lynn Hagen, Stormy Glenn, Joyee Flyn e Stephenie Meyer que utiliza os nomes das celebridades que interpretam a série Supernatural e pessoas relacionadas a elas como personagens. Os acontecimentos da fic não possuem real relação com as personalidades aqui citadas.

I

Misha olhou ao redor. O quarto era enorme. A cama era grande o bastante para caber ele, Jim e mais um se quisessem. As janelas eram altas e largas e havia um banheiro ao canto. Misha adentrou o quarto com Jim logo atrás dele.

– Gostou? – Jim perguntou.

– É grande. – Misha disse indo até o closet. Jim havia deixado bastante espaço para ele guardar suas coisas. Misha começou a desfazer suas malas, mas logo se entediou com a tarefa e voltou para o quarto onde Jim ainda o esperava. – Preciso de uma televisão maior.

– Tem uma televisão enorme na sala. – Jim disse.

– Não, não... Preciso de uma televisão enorme aqui. – Misha informou. – Gosto de jogar videogame até tarde.

– E eu gosto de dormir cedo. – Jim rebateu.

– Você pode dormir. Eu jogo sozinho... – Misha disse andando pelo quarto abrindo gavetas de cômodas e se afastando sem fechá-las. – Não tem uma cafeteira nesse quarto? Gosto de tomar café quando estou agitado...

– Você está sempre agitado. – Jim disse indo atrás do lobo branco fechando cada gaveta que ele abria.

– Vou ver o Jen. – Misha anunciou e saiu do quarto de uma vez deixando Jim meio confuso.

O velho lobo olhou ao redor. Misha havia deixado algumas malas no chão do quarto e começara a guardar algumas coisas no closet, mas parara deixando a tarefa pela metade. Jim suspirou. Viver com Misha não seria uma tarefa muito fácil. Principalmente por que ele era muito organizado e Misha era a desorganização em pessoa, mas mesmo assim Jim o queria. Sem pensar muito sobre o quão difícil seria ter o lobo branco consigo, Jim começou a juntar a bagunça feita por seu companheiro.

II

Misha começou a perambular pela casa. Se quisesse apenas ir até Jensen, poderia ir sem problemas, mesmo desconhecendo o local. Quando entrou para a Matilha de Stª. Bárbara, o laço entre ele e Jensen se restabeleceu. Mas Misha queria explorar o lugar. Tudo ali era meio estranho para ele. Na vila dos lobos brancos não havia uma casa enorme como aquela habitada pelo alfa e seus betas. Cada lobo branco tinha sua casa. A maior construção da vila era o Centro Social que servia de escola, posto médico, academia, auditório e outras coisas. Aquela casa era algo que Misha não conseguia entender direito. Como as coisas funcionavam ali? Quem cozinhava? Quem limpava? Quem fazia as compras? Misha sentiu uma risada divertida. Jensen estava sentindo sua confusão e achava graça.

– Não tem graça. – Misha disse em voz alta, mas sabia que Jensen sentiria.

– O quê não tem graça? – Tom perguntou. Misha nem havia se dado conta de que o lobo havia cruzado com ele no corredor.

– Não estou falando com você. – Misha disse olhando para ele como se o lobo fosse louco. Mas para Misha ele era mesmo. Estava tão habituado a conviver com lobos que geralmente sabiam o que ele estava pensando que não se dava conta de que fosse possível aquele tipo de mal entendido.

– Está falando com quem, então? – Tom olhava ao redor como se esperasse ver um lobo saindo da parede.

– É complicado explicar... – Misha não sabia como colocar o laço em palavras.

Tom franziu as sobrancelhas. Parecia estar avaliando as palavras do lobo, mas logo ele balançou a cabeça como se tivesse desistido de compreendê-lo. Tom se afastou dele rapidamente como se tivesse medo de que Misha pulasse sobre ele. O lobo branco deu de ombros. Nunca havia se importado muito com a opinião dos outros.

Tirou o celular do bolso e começou a twittar. Tinha mais de mil seguidores. Alguns eram antigos clientes, outros o conheciam de seu blog "Lobo pirado online" onde ele atualizava seus antigos companheiros da Matilha de Everett sobre seu dia a dia. Muitos humanos também liam o blog, mas achavam que era tudo ficção. Agora Misha usaria o blog para atualizar seus companheiros da Matilha do Sul também. Tecnicamente, Misha havia sido excluído de toda e qualquer matilha de lobos brancos, mas ele sabia que a proibição não adiantaria nada na internet. Seus amigos continuariam buscando notícias dele em seu blog e no twitter. Achava que até mesmo Roger Ackles passaria finalmente a ler seu blog.

– Algum problema? – Ouviu uma voz feminina perguntar. Misha estava respondendo a um post e não queria se desconcentrar, por isso a ignorou. Mas a mulher insistiu. – Oi, você está me ouvindo?

– Por que você acha que eu tenho algum problema? – Misha perguntou sem tirar os olhos do celular.

– Bem, você está parado no meio do corredor...

– Aqui tem café? – Misha perguntou enfiando o celular no bolso. – Gosto de café puro, mas tomo cappuccino se não tiver...

– Ah... Certo. – A mulher parecia meio confusa. – Eu vou preparar um café para você.

A mulher deu meia volta e se afastou. Misha ficou olhando para ela. Haviam sido apresentados. Aquela era a tal Lauren. Misha foi atrás dela e viu que o corredor levava até a cozinha. Lá Lauren começou a preparar o café enquanto ele andava de um lado para o outro observando tudo.

– Você é meio agitado... – Lauren comentou.

– É época de morango. Você vai fazer torta de morango? – Ele perguntou do nada.

– Se você quiser... – Lauren parecia não ter certeza de como lidar com ele. – Posso pedir para alguém trazer alguns morangos do mercado...

– Eu! – Misha ergueu o braço. – Eu posso trazer.

– Mas você ainda não conhece a vila.

– O Jen vai comigo.

Sem esperar resposta, Misha saiu disparado da cozinha. Com o laço ele sabia exatamente onde Jensen estava. Entrou no quarto do ômega sem bater e não se surpreendeu ao vê-lo apanhando a carteira e já pronto para sair. Os dois trocaram um olhar conspiratório e saíram sorrateiros pelo corredor. Jensen o guiou até a garagem onde havia os carros do alfa, do beta e dos dois executores que moravam na casa principal. Jensen havia pegado as chaves de Jared, por isso foram no carro do alfa.

III

Jim andava de um lado para o outro no escritório de Jared.

– Calma, Jim. – Jared tentava acalmá-lo. – A casa é grande. Ele está por aí.

– Como se eu não o ouço? – Jim estava nervoso. Depois de arrumar a bagunça em seu quarto, ele saíra para procurar Misha, mas não o encontrara em parte alguma. Havia ido ao quarto de Jensen, mas o ômega havia saído.

– Ele é um lobo branco, Jim. Nós nunca fomos capazes de escutá-los direito...

– Você só está calmo por que não é o Jensen. – Jim acusou.

– Eu também não estou ouvindo o Jen, mas tenho certeza de que ele está no quarto.

– Não está não. Eu fui procurar o meu doidinho lá e não encontrei nem o ômega.

– O quê?! – Agora Jared parecia preocupado. – Mas ele não disse que ia sair...

– Nem o Misha disse que iria...

– Chad! – Jared gritou.

– O Chad não está mais aqui, filhote. – Jim o lembrou.

– Ah, é... – Jared cerrou os punhos com força. Demoraria muito a se acostumar com a ausência do amigo. – Tooom! – Em segundos o lobo entrou no escritório. – Jensen e Misha sumiram. Chame os sentinelas e vamos atrás deles.

– Mas... – Tom parecia sem jeito. Tom sempre ficava assim quando sabia de algo que seu alfa não sabia. – A Lauren disse que o Misha e o Jensen foram ao mercado comprar morangos.

– Morangos? – Jared pareceu confuso.

– É. A Lauren disse que o Misha quer torta de morango.

– Se eles queriam ir ao mercado por que não avisaram? – Jared bufou. – Não quero o Jensen saindo por aí sem nenhum lobo para protegê-lo.

– Tecnicamente, – Jim disse. – o Jensen não saiu sem nenhum lobo. O Misha está com ele, lembra?

– É, mas o Misha é só um lobo branco. – Jared rebateu.

– Lembre-se que até bem pouco tempo atrás os lobos brancos eram nosso pior pesadelo. Além disso, o Misha era um beta. – Jim disse num tom meio ofendido. – Tenho certeza de que meu doidinho é proteção mais que suficiente para o Jensen ir até o mercado.

– Desculpe, Jim. – Jared estava sem graça. – Eu não quis desmerecer o Misha.

– Eu sei que ele é meio destrambelhado, mas não duvide da força dele.

– Eu não duvido. – Jared afirmou. – Desculpe, cara.

– Tudo bem. – Jim deu de ombros. – Acho que vou esperar meu doidinho no quarto.

– Acho que vou esperar o Jensen no meu.

Jim saiu do escritório de Jared já com a cabeça fervendo. A verdade era que ele se incomodara muito com o comentário do alfa sobre Misha. Sempre soube que não seria fácil fazer sua matilha aceitar seu companheiro, mas não achou que Jared, estando completamente apaixonado por um lobo branco, teria preconceitos contra Misha. O lobo era louco, é verdade, mas era uma boa pessoa. Além disso, Misha estava fora do seu ambiente ali. As pessoas poderiam ao menos tentar ajudá-lo a se adaptar.

Em seu quarto, Jim parou diante do porta-retratos com uma foto sua com a esposa e o filho. Não guardaria a foto. Misha teria que entender que ela havia sido uma parte importante de sua vida. Mas Jim planejava tirar uma foto com Misha pra colocá-la ao lado daquela.

IV

Encontraram uma loja de conveniências aberta e compraram dez caixinhas de morango. Depois Jensen e Misha decidiram comer alguma coisa. Sem reparar direito em qual restaurante entrara, Jensen só foi perceber que era ali onde Genevieve trabalhava quando ela foi atender sua mesa.

– O ômega e o companheiro do beta! – Genevieve sorriu. – O que vão querer?

– Ah... – Jensen, surpreso por vê-la, ficou meio sem fala. "Droga! Essa é a mulher que vai dar um filho lobo para o Jared e se tornar a companheira dele."

– Traga umas batatas fritas, um bife mal passado e salada. – Misha sorriu para a mulher já em estado avançado de gravidez. "Quer que eu mexa na memória dela? Ela nem vai se lembrar que tem algum acordo com o alfa..." – Ah, traga antes uma xícara bem grande de café.

– O mesmo para mim. – Jensen sorriu. "O problema é que o pai dela é um lobo da matilha. É ele quem quer o acordo." – Traga um café também.

– Certo. – Genevieve sorriu. – Eu já volto.

– Sinto... – "...muito. Minhas habilidades funcionam melhor com humanos e não lobos. Não sei se ia conseguir mudar a memória do pai dela."

– Certo. – Jensen sorriu. "Valeu pela boa vontade."

Misha se sentiu meio mal por Jensen, afinal ele estava com Jim e Jeffrey conseguiu levar Chad para a matilha. Por que só Jensen não podia ser feliz com seu lobo madeira? Será que era por conta daquilo que Jensen tinha? "Talvez não." Ouviu a voz de Jensen claramente em sua mente. Quando estavam juntos, ele e Jensen não precisavam de palavras. Usavam algumas por questão de hábito, não de necessidade. Quando estavam na Matilha do Sul, até mesmo o alfa Ackles, aquele que possuía um laço mais forte com os demais lobos, não conseguia captar toda a conversa dos dois.

Um dos motivos de Misha ter sido escolhido para ser beta, foi esse laço especial que ele tinha com Jensen. Roger Ackles o escolhera por que esperava que Jensen fosse o alfa um dia. E como alfa, Jensen seria muito mais forte com um beta ligado a ele por um laço tão forte. Agora Jensen nunca seria um alfa e Misha já não era um beta. O destino às vezes pregava peças...

– Aqui está. – Genevieve se aproximou com uma bandeja com duas xícaras de café. – A comida vai ficar pronta rapi...

A mulher empalideceu e colocou uma mão sobre a barriga. Rapidamente Jensen se levantou e tirou a bandeja da outra mão dela. Misha a segurou quando ela estava prestes a cair. Genevieve, então, soltou um grito agudo e perdeu a consciência.

Jensen e Misha trocaram olhares aflitos.

V

Jim acordou com fortes batidas na porta de seu quarto. Pela força com que batia, Jim sabia que era seu alfa batendo.

– O que foi, filhote? – Perguntou abrindo a porta.

– Me ligaram do restaurante. A Gen entrou em trabalho de parto. – Jared parecia aflito. Tinha algo mais ali. – Jensen e Misha estavam no restaurante na hora em que ela passou mal.

– E...?

– A mãe dela disse que o Jensen fez alguma coisa com ela. – Jared tinha lágrimas nos olhos. – Eu não acredito, mas... Os não lobos e os lobos que estavam por lá atacaram os dois. Acho que eles fugiram, mas não sei onde eles estão. Preciso ir ficar com a Gen...

– Certo. – Jim disse voltando para o quarto e pegando as chaves do seu carro. – Eu vou trazer os dois de volta.

– Conto com você, Jim! – Jared saiu apressado.

Jim reuniu três executores que estavam na casa e correu até a floresta. Se alguém da matilha, lobo ou não, tinha machucado seu doidinho... Não importava quem fosse. Esse alguém iria pagar.

VI

Jensen e Misha corriam em zig zag entre as árvores. Isso confundia os lobos madeira atrás deles. Não conheciam bem a floresta dali e não podiam contar com a magia das árvores do território da Matilha do Sul, mas ainda tinham muito de magia para serem apanhados tão fácil. Jensen tinha uma ferida no ombro. Um não lobo atirara nele. A bala pegara de raspão, graças à Misha que o tirou da frente. Os lobos madeira não tinham um olfato muito desenvolvido, mas até mesmo eles eram capazes de farejar sangue de lobo. Não dava para se esconderem.

"Misha, você precisa eliminar sua presença e ir até o Jared buscar ajuda." Jensen pediu.

"E te deixar sozinho com esses três lobos?" Misha estava chocado. "Nunca."

"Não temos escolha, Misha. Eu não consigo despistá-los, mas consigo correr mais rápido que eles. Posso mantê-los atrás de mim por mais um tempo, até você trazer ajuda."

"Não. Não vou te deixar. Nós dois juntos damos conta deles. Podemos usar as mesmas táticas que usávamos quando éramos inimigos deles. Podemos derrotá-los."

"Acho que Jared e Jim não ficarão muito contentes se matarmos três dos lobos deles."

"Mas eles querem nos matar."

"Eles não entendem o que fizemos. Acham que fizemos mal ao filho do alfa."

"Não vou te deixar"

"Você precisa. Se não fizer isso, nós dois vamos morrer."

"Mas Jensen..."

"Vá rápido!" Jensen havia usado sua voz de comando. Desde que fora obrigado a assumir sua posição de ômega, Jensen nunca a havia usado. Pensara até que não fosse mais capaz, mas era.

Compelido pela voz de comando de Jensen, Misha se separou do amigo e se embrenhou entre alguns arbustos frondosos. A magia dos lobos brancos o tornaria inrastreável. Do arbusto ele viu Jensen se afastando com três lobos madeira atrás dele. Seu desejo era ir ajudar Jensen, mas ele não era forte o bastante para ir contra a voz de comando do amigo.

Com o coração apertado de preocupação, Misha começou a correr em direção à casa do alfa. Não conhecia a região muito bem, mas sabia mais ou menos a direção. Já estava correndo há vinte minutos quando ouviu o som de patas pela mata. Pensou em se esconder, mas estava tão irritado por ter sido atacado por lobos madeira e por ter tido que deixar Jensen, que resolveu enfrentá-los. Correu em direção a eles. Cinco lobos enormes vinham na direção contrária. Misha estava escolhendo qual lobo atacaria quando reconheceu o lobo que liderava os outros. Jim. Os lobos estacaram quando chegaram junto a ele. Jim e Misha se destransformaram quase no mesmo momento.

– Misha, você está bem? – Jim parecia aflito. – Não te machucaram?

– O Jensen... – Misha estava quase sem fôlego por ter corrido tanto. – Ele está ferido e tem três lobos atrás dele. Daquele lado... – Misha apontou.

– Certo. Volte para casa. – Jim disse. – Eu vou buscá-lo.

– Não. – Misha segurou o braço de Jim. – Eu vou junto.

– Você não está bem, doidinho. – Jim acariciou seu rosto. – Vá descansar. Eu já volto.

– Não. Você precisa de mim. Eu e o Jensen temos um laço. Posso localizá-lo muito mais rápido que vocês.

– Mas... – Jim pareceu ponderar. – Certo, mas não se esforce muito.

Jim nem tinha acabado de falar e Misha já havia se transformado e começava a correr pelo caminho contrário ao que viera. Jim e os outros lobos o seguiram. Misha estava com o coração cada vez mais apertado. E se não desse tempo? E se já fosse tarde demais?

VII

Jim corria atrás de Misha, mas não era fácil acompanhar seu ritmo. Mesmo estando cansado, a velocidade de Misha era muito maior que a de Jim e seus lobos. Ainda assim estavam em um ritmo constante. Do nada, Misha acelerou a corrida como se tivesse visto algo ou pressentindo algo. A audição de Jim captava gemidos de dor e respirações irregulares. Jim tentou se apressar, mas Misha já tinha descido uma ravina e se embrenhara entre a mata do fundo. Jim foi atrás. Quando chegou num espaço mais aberto, com poucas árvores ao redor, seu coração quase parou. Jensen estava em forma humana, totalmente nu, agachado junto a três lobos madeira caídos no chão. Os lobos sangravam bastante e pareciam incapazes sequer de voltar à forma humana. Misha, ainda como lobo, havia parado a certa distância de Jensen e os lobos caídos. Jim já ia se aproximar dele, mas Misha atravessou seu caminho. Seus olhos se encontraram e Jim viu medo nos olhos do seu companheiro.

– Misha... – Jim havia voltado à forma humana. – Como o Jensen fez isso sozinho?

– Ele foi criado para ser um alfa. – Misha disse quando se destransformou. – Ele é bem mais forte que um lobo branco comum.

– Mas forte desse jeito...? – Jim olhava por cima do ombro de Misha para o estrago que Jensen havia feito nos três enormes lobos madeira. – Saia da frente. Tenho que socorrer aqueles três.

– Não. – Misha estendeu as mãos o detendo. – Ainda não. O Jen está...

– Misha, aqueles três vão morrer se não forem socorridos. – Jim não entendia qual era o medo de seu companheiro. Jensen apenas se defendera. Jim não atacaria por isso.

– Ainda não, Jim. – Misha estava claramente apavorado. – Aqueles três pressionaram o Jen demais. O lobo dele está no comando agora.

– Como assim? – Jim olhou mais atentamente para Jensen. Os olhos verdes e cristalinos do ômega estavam escuros e frios. – Como o lobo dele pode estar no controle se ele está em forma humana?

– Difícil explicar... – Misha continuava nervoso. – Mas, por favor, não se aproximem.

Jensen se levantou e começou a andar em direção a eles. Misha recuou. Os lobos atrás de Jim rosnaram. Jim tentou acalmá-los com sua voz de comando. Não era tão forte quanto à voz de comando do alfa, mas geralmente era o bastante para manter os executores na linha. Algo no olhar de Jensen fazia os pelos de seu corpo se arrepiar. Seu lobo estava rosnando furioso querendo sair. Mas Jim sabia que caso se transformasse, perderia o controle e atacaria o ômega.

– Jen... – Misha chamou. – Está tudo bem agora, Jen. Você vai ficar bem.

Jensen fechou os olhos e ficou parado por alguns segundos. Quando ele voltou a abrir os olhos, eles estavam verde cristalino de novo.

VIII

Já era bem tarde quando Jim voltou do hospital. Os três lobos que atacaram Jensen sobreviveriam, mas escaparam por pouco. Teriam que ficar um bom tempo em forma de lobo para se recuperarem dos ferimentos, mas ao menos se recuperariam. Jim teve uma conversa tensa com o alfa em seu escritório, depois voltou para o quarto onde Misha o esperava dormindo.

O velho lobo não acendeu a luz. Seus olhos de lobo enxergavam bem no escuro e ele podia ver perfeitamente os contornos suaves do corpo do lobo branco sob o fino lençol. Misha parecia não estar vestindo nada por baixo dele. E isso deixava Jim extremamente excitado. Só tivera Misha uma vez. Uma única vez e fora fisgado por ele. Uma única vez e o reivindicara. Fizera de Misha seu companheiro.

Jim se despiu lentamente, sem pressa. Enquanto ia tirando a roupa imaginava que tipo de coisa poderia fazer com o lobo. Não tinha experiência com outros homens. Antes de Misha não tivera outro. Na primeira vez que ficaram juntos, foi Misha que o guiou e que o mostrou o que deveria fazer com seu corpo. Agora Jim queria tomar a iniciativa. Jim queria mostrar a Misha que ele aprendera bem como amá-lo. Jim se sentou na beirada da cama e se inclinou para dar um beijo no ombro nu de Misha. O lobo murmurou alguma coisa desconexa e abriu os olhos lentamente.

– Jim...? – A voz de Misha estava baixa e rouca. – Que horas são?

– Tarde. – Jim acariciou seu rosto.

– Eu devia ter te esperado...

– Não. Você estava cansado. – Jim deslizou a ponta dos dedos pelo pescoço de Misha.

– Ainda assim... – Misha levou a mão ao seu rosto. – Eu estive tão ansioso por isso.

– Eu também.

Jim se aproximou mais de Misha, seu rosto a centímetros do dele. Tanto que podia sentir a respiração quente dele roçar em sua pele. Ficou algum tempo apenas aspirando o ar entre eles, depois o beijou. Durante tanto tempo estivera esperando por um beijo dele. Tanto, tanto tempo...

Os braços de Misha contornaram seu pescoço. Jim enlaçou sua cintura. O lençol fino escorregou do corpo nu do lobo branco. Jim estava satisfeito por sentir a pele de Misha se esquentando rapidamente a cada toque seu. Estava satisfeito por poder excitá-lo tanto quanto ele o excitava. Jim se afastou um pouco de Misha e olhou atentamente para seu corpo. Ele era realmente lindo. Sua pele era clara e macia. Ele não era exatamente magro. Tinha o corpo definido na medida certa. Jim, então, saiu da cama e puxou até deixá-lo sentado na beirada. Depois se ajoelhou a sua frente. Misha estreitou os olhos como se não compreendesse o que estava prestes a fazer, mas logo a compreensão se espalhou em seu olhar.

– Jim, você não precisa...

– Eu quero. – E Jim realmente queria.

O lobo aproximou o rosto do sexo pulsante de Misha e aspirou seu cheiro. Jim se perguntou se havia no mundo um perfume mais inebriante que aquele. Não. Não podia existir. Sem muita experiência, Jim simplesmente abocanhou o sexo de Misha e começou a sugá-lo lentamente. Não era como se nunca houvesse recebido um boquete antes, mas fazer era um pouco diferente. Misha gemia baixinho e acariciava o topo de sua cabeça. As mãos de Jim afagavam seus testículos como Misha havia feito com ele na primeira vez que ficaram juntos.

– Chega. – Misha pediu. – Preciso de você dentro de mim.

– Não tenha pressa, doidinho... – Jim disse se levantando.

Misha se deitou na cama. Jim abriu a gaveta do criado ao lado da cama e tirou dali um tubo de lubrificante. Jim se ajoelhou entre as pernas de Misha e despejou o lubrificante nos dedos. Os olhos azuis de Misha acompanhavam todos os seus movimentos. Jim levou os dedos à entrada apertada de Misha e introduziu um. Misha fechou os olhos e gemeu baixinho. Quando Jim introduziu mais um dedo, Misha começou a rebolar lentamente fazendo o lobo madeira quase perder o controle.

– Doidinho, se continuar fazendo isso, antes que esteja preparado direito eu vou acabar te penetrando... – Jim o alertou.

– É isso mesmo que eu quero. – Misha disse tirando os dedos de Jim de dentro dele. – Eu gosto quando dói um pouco...

– Você me faz perder a cabeça.

Jim o penetrou devagar. Misha podia gostar de um pouco de dor, mas certamente não gostaria que ele entrasse de uma vez. Quando se viu todo dentro dele, Jim fechou os olhos por um instante. A sensação era ótima. Quando voltou a abrir os olhos e viu a expressão sedenta de prazer no rosto de Misha, não pôde se segurar. Precisava tê-lo.

Jim começou a se mover empurrando-se para dentro dele enquanto Misha empurrava para fora e rebolava aumentando a fricção. Jim nunca imaginara sentir tanto prazer com um homem. Na verdade, nunca se imaginara com um homem. Quanto mais Jim entrava e saia de dentro dele com força e rapidez, mas Misha gemia e rebolava. Aquela dança sensual durou por mais um tempo, até que o lobo branco gozou soltando um gritinho de prazer. Satisfeito por tê-lo feito chegar ao orgasmo, Jim, que até então estivera se segurando, deixou seu prazer fluir e gozou dentro dele. Sua respiração ainda estava alta e irregular quando Misha o puxou para um beijo molhado e quente.

– Você não sabe o quanto me fez feliz... – Jim sussurrou no ouvido de Misha.

– Só retribui o favor... – Misha sorriu.

Ficaram um tempo abraçados, apenas trocando carícias. Jim amava ter Misha nos braços, amava saber que aquele lobo birutinha lhe pertencia. Estava pensando no tanto que o amava quando surgiu aquela dúvida.

– Misha?

– Sim, querido?

– Me responda uma coisa. Mas seja sincero...

– Eu sempre sou sincero.

– Certo. – Jim se virou para olhá-lo nos olhos. – Aquilo que aconteceu com o Jensen hoje... Foi a primeira vez?

Misha engoliu em seco. Havia prometido a Jensen não contar, mas não queria mentir para Jim. O que fazer?