Título: Véu da Vida
Autoras: Turma da Madruga: Ivi, Magalud, Nicolle Snape, Paula Lírio, Tachel Black.
Casais: Severus Snape/ Sirius Black, Harry Potter/ Remus Lupin, Kingsley Shacklebolt/ Personagem Original
Resumo: Depois da derrota de Voldemort, as ausências do pós-guerra são mais do que sentidas: elas não são aceitas.
Spoilers /Timeline: História é do pós-guerra, mas foi escrita no universo HBP.
Disclaimer: O mundo de Harry Potter, seus personagens e paisagens são de propriedade de J.K. Rowling, Warner Bros., suas editoras e afiliadas. Nenhum lucro foi auferido pela criação dessa história, nem qualquer tipo de má-fé intencionada de qualquer maneira contra a autora ou os atores e atrizes que tão maravilhosamente deram vida a esses intrigantes personagens.
Nota: Não houve unanimidade no grupo sobre os Malfoys. Por isso eles não aparecem na história. Hagrid is love, mas nem todo mundo aceita isso. Ainda bem que existe o Sexy King!
Fic feita em resposta aos desafios do Festival da Potter Slash Fics: Desafio № 29 (Antigos) e № 68, 69 e 85 (Novos).
Véu da Vida
Capítulo 1
O expediente já terminara há horas, e apenas o gabinete do chefe estava movimentado, com alguma espécie de reunião no andar lá em cima. O resto do prédio estava quieto. O turno da madrugada tinha isso de bom, pensou ele.
O silêncio foi interrompido. O comunicador bruxo soou na sua mesa.
- Recepção – ele atendeu, com seu vozeirão.
- Olá, meu velho. – Era o Ministro em pessoa. – Precisava que você cuidasse de um assunto para mim. Parece que nosso amigo está de volta. Você sabe, no corredor 10.
- De novo? – Um suspiro.
- Pois é. Só viram agora, quando foram fechar as portas. Poderia garantir que ele saia em segurança?
- Deixe comigo, Arthur. Boa noite.
- Boa noite, Hagrid. Obrigado.
Com um suspiro, Rubeus Hagrid, guarda-noturno do Ministério da Magia, pegou o velho elevador e direcionou seu corpanzil ao Departamento de Mistérios. O lugar era imenso, um verdadeiro labirinto, mas Hagrid sabia precisamente onde procurar.
No caminho, o guarda-noturno imaginou se algum dia ele teve a idéia louca de que seria um funcionário público, depois de tantos anos em Hogwarts. Mas a morte de seu irmão caçula durante a guerra, defendendo a escola, protegendo os alunos, fora um golpe duro demais para o meio-gigante. Quando Arthur Weasley lhe oferecera um emprego, ele achou melhor mudar de ares.
No Ministério, ele reencontrou muitos ex-alunos de Hogwarts, além de Arthur. Muitos outros mesmo. Agora ele estava indo buscar alguém que tinha estado no staff da escola.
Acostumado aos corredores labirínticos do Departamento em questão, Hagrid rapidamente achou a sala que procurava. E, sem dúvida, tão certo como o nascer do Sol na manhã, lá estava quem ele procurava.
Severus Snape. Ajoelhado, no meio do grande anfiteatro, de frente para o Véu da Morte. Como sempre, ele não se deu conta da presença de Hagrid e continuou murmurando para o arco alto, sob o qual pendia o pano velho e esfarrapado:
- ... para não deixar você sozinho. De qualquer modo, eu não sei se pode me ouvir, mas eu preciso dizer. Não desisti de você, nem de nós. De algum jeito, nós ficaremos juntos. Não perca a esperança. Vou conseguir isso. Nem que eu tenha que morrer tentando.
O coração de Hagrid sangrou ao ouvir aquilo, palavras ditas com tanta veemência, tanto sentimento. Ele jamais tinha suposto que toda aquela paixão pudesse se esconder no ex-Mestre de Poções de Hogwarts e herói da segunda guerra contra Você-Sabe-Quem.
Fez-se silêncio, e o guarda-noturno pôde ouvir o murmúrio inquietante por trás do Véu. Aquelas vozes o deixavam nervoso, e Hagrid não era um homem de ficar nervoso por qualquer coisa. Era realmente tenebroso.
Ele aproveitou a pausa e pôs sua manopla no ombro do Slytherin.
- Severus. Prof Snape.
O outro abaixou a cabeça.
- Ah. Já começava a imaginar quando você chegaria.
- Bom, então podemos ir agora.
Ainda sem se virar, ele pediu, numa voz miúda:
- Posso só me despedir?
O gigante suspirou.
- Tá. Mas saiba que isso não é saudável.
Hagrid se afastou, dando-lhe um pouco de privacidade. O meio-gigante imaginou, sem se deter muito nisso, como Severus conseguia driblar a segurança do Ministério e entrar naquele departamento tão bem protegido sem ninguém saber.
Só essa proeza já deveria lhe dizer algo a respeito do poder do amor.
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Severus voltou ao casebre de Sipnner's End tarde da noite. Ele queria ter outro lugar para ir. Mas Grimmauld Place era cheio de lembranças, e ele uma vez se descontrolara por causa delas. Depois, o lobisomem e o garoto tinham resolvido juntar os trapos na velha mansão da família Black, e ele se sentia muito intruso até quando ia visitá-los.
Tinha desistido dos pubs Muggles. Preferia a companhia de sua própria garrafa de Ogden Firewhisky e a lareira da sua sala forrada de livros.
Normalmente, tinha dias bons e dias ruins. Mas ultimamente, nessa proporção, os dias ruins estavam ganhando terreno rapidamente nas semanas de Severus, que pareciam cada vez mais e mais longas.
Ele sabia que tudo estava relacionado à destruição de Lord Voldemort. Ele passara os últimos anos concentrado em livrar o mundo do Lorde das Trevas, priorizando aquele evento antes de se dedicar a trazer Sirius Black de volta de Além do Véu. E ele tinha se concentrado, e tinha agido bem.
De quebra, além de Voldemort, ele ainda tinha feito a vaca chamada Bellatrix Lestrange pagar pelo que tinha feito. Ah, que satisfação em ver aqueles olhos cruéis arregalados de medo e ódio ao se dar conta de que lado Severus estava. Sirius teria gostado de ver aquilo, pensou, com satisfação e sem remorso.
Mas agora os vilões estavam mortos, o Mal tinha sido eliminado, e Severus queria o seu final feliz. Ele ajudara a derrotar os homens (e mulheres) maus. Ele merecia ter um final feliz. Ele teria um, custasse o que custasse.
Fora tudo tão injusto.
Ele só tivera uns poucos meses com Sirius. Tudo acontecera de maneira tão repentina. Tinha sido mágico.
Harry Potter estava no seu quinto ano, e Black procurara Severus em Hogwarts para falar das lições de Oclumência do garoto. Como de costume, Black e Snape trocaram insultos. Os insultos se degeneraram em uma briga. E de repente, eles estavam brigando mais perto, e de repente Black virou Sirius, e de repente a briga se tornou algo mais, e de repente esse algo mais durou a noite inteira, e a noite inteira se transformou em semanas de deleite, sexo frenético, amor escondido, amor proibido, amor impossível.
Juntos, eles chegaram à conclusão de que o tesão recolhido vinha desde os tempos da escola. Aquilo fez sentido para Severus. Se não fosse Sirius a atraí-lo, admitiu, Severus jamais teria caído na armadilha da Casa dos Gritos. As peças pregadas por Sirius sempre doíam mais, e as peças pregadas em Sirius sempre eram mais bem-elaboradas.
Mas, no fim, aconteceu a vaca.
Fora um erro atrás do outro. Não que Severus não tivesse tentado impedir Sirius de ir ao resgate do garoto no Ministério da Magia, naquele dia terrível. Ele tentara, ele pedira, mas Sirius sempre fora mais teimoso do que uma porta emperrada e enfeitiçada com Colloportus. Portanto, é claro que o Animago fora ao Departamento dos Mistérios. E de lá ele nunca tinha voltado.
Naquela ocasião, Severus quase enlouquecera. A perda, a saudade... Quis culpar o moleque e até achou divertido que o próprio garoto o culpasse. Mas aí Dumbledore o salvara da ala psiquiátrica de St. Mungo's. Ele o convencera a canalizar todo esse ódio contra Voldemort. A caça às Horcruxes tinha começado. A loucura de Severus tinha sido reprimida, engarrafada, contida num lugar escuro e escondido enquanto o Lorde das Trevas era derrotado.
Agora, depois que tudo isso tinha passado, a loucura lentamente corroía Severus, a saudade como uma ferida aberta no peito. Ele sentia sua sanidade sendo roubada, suas referências se perdendo. Passava dias sem comer, sem dormir ou sem sair de casa, pesquisando sobre o Véu. Experimentava novas poções, investigava feitiços, devorava livros inteiros. Obstinado. Incansável. Inamovível.
Seu objetivo era reunir-se a Sirius, de um jeito ou de outro. Era simples assim. Ou Sirius saía, ou ele entrava. Mas Sirius precisava saber que ele não o esquecera. Sirius não podia perder a esperança ou a confiança em Severus. Eles ficariam juntos.
Por isso Severus escapulia para o Departamento de Mistérios. Para ficar pertinho de Sirius, relatar-lhe os progressos.
A loucura avançava, ia tomando conta dele. Seveus percebia a transformação que estava acontecendo, mas não podia resistir. Não queria resistir.
Se ele tinha que sucumbir à loucura para ficar com Sirius, então ele sucumbiria de bom grado. O lobisomem e o garoto estavam a ponto de interná-lo, e ele sabia disso. Só não se importava.
Talvez, se ele estivesse mesmo louco, ele poderia se encontrar com Sirius.
Aí, teria valido a pena.
Tudo valia a pena para ficar com Sirius.
Até mesmo ir para o outro lado do Véu.
...Continua
