Um olhar, um sorriso... Nenhuma palavra era necessária...
(Saint Seiya não é de minha autoria, todos os direitos reservados à Masami Kurumada, Toei Animation e cia. Espero que gostem... Boa leitura! ^ _ ^)
A Bela do Baile
A imensa lua cheia brilhava em um céu de veludo negro, inundando a grama e as copas das árvores de uma luminosidade etérea, prateada. Os jardins que circundavam um imenso casarão compunham um fantástico espetáculo de luz e sombra, como nenhum pintor jamais conseguiria imitar.
Sem dúvida, uma noite perfeita para um baile à fantasia. E o velho casarão, iluminado por candelabros de cristal, recriava bem o clima dos contos de fadas.
Em comunhão perfeita com o ambiente, personagens lendários rodopiavam ao doce som de uma orquestra. Lá estavam Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve, os Sete Anões, Joãozinho e Maria, Cachinhos Dourados e vários ursos. Todos valsavam e riam, divertindo-se com a aparência um do outro... exceto Cinderela que, por direito, devia ser a rainha da festa.
De estatura média e esguia, apoiava-se no parapeito de uma das amplas janelas do salão. O suntuoso vestido e a máscara de cetim dourada não disfarçavam o aborrecimento da bela mascarada.
Ela ergueu as saias volumosas acima dos joelhos para não atrapalhar a caminhada e apressou-se rumo ao jardim antes que alguém lhe notasse a ausência. Andou pelas alamedas ladeadas por árvores frondosas até encontrar um atalho estreito. Por ele, chegou a um pequeno lago artificial, protegido por uma verdadeira barreira de árvores. Com um suspiro feliz, sentou-se num dos bancos de ferro e tirou as sapatilhas recobertas de strass brilhante, uma imitação fiel dos famosos sapatinhos de cristal.
Naquele momento, a brisa fresca da noite lhe pareceu um bálsamo inigualável. Acomodando-se melhor, fitou a água mansa que refletia o luar como um espelho de cristal. A beleza da paisagem aos poucos relaxou-lhe os nervos tensos. Mais tranqüila, sorriu ao ver o pequeno bosque iluminado pelo luar, do outro lado do lago.
Estava ali para um baile de caridade empreendida por uma rica família da Grécia. Por duas horas, sorrira, conversara e fora a rainha do charme. Tudo ocorrera bem. Mas aos poucos fora ficando cansada e decidira se afastar um pouco das pessoas.
De longe, vinha um ruído abafado de música. Mas no momento, estava achando mais agradável estar ali no jardim, naquele recanto de sombra e paz. Os organizadores do baile deviam estar delirando de alegria pois até a beleza da noite lhes coroava os esforços.
De repente, ouviu o som de um galho se quebrando em meio às sombras. Quem seria? Um novo ruído, agora mais leve e mais próximo, veio do meio das árvores.
Um vulto masculino emergiu da sombra. Usava uma peruca estilo Luís XV e um casaco de veludo ajudava-lhe a compor um porte altivo. A única ressalva eram as calças bufantes até os joelhos e as meias de seda branca, que lhe evidenciavam as pernas finas.
- Oh, Seiya! – murmurou Saori, sorrindo – Você me assustou...
- Queira me perdoar, Alteza. – brincou Seiya, fazendo uma mesura – Mas eu a segui. Já a observava de longe enquanto você se defendia dos dois abutres, lá no salão.
- Eram mesmo aves de rapina.
O verdadeiro motivo de ter se cansado do baile era por causa daqueles dois. Tudo correra bem até que Robin Hood e seu amigo haviam resolvido dançar com ela. Simbad se tornara arrojado demais depois do terceiro uísque e Robin Hood, insinuante nos momentos errados. Houve momentos em que Saori tivera vontade de atirá-los no lago!
Riu, divertindo-se com a própria imaginação.
Um relógio bateu meia-noite, o som metálico sobressaindo do burburinho de vozes e risadas vindas do salão.
Saori fingiu espanto ao escutar o badalar do relógio.
- Oh, meu Príncipe Encantado, ao contrário da estória de Cinderela, devo retornar à festa antes que notem minha ausência.
- Claro, Alteza. – respondeu Seiya, brincalhão, fazendo outra reverência.
Saori encaminhou-se para a mansão, depois de dirigir a palavra a seu amigo:
- Vamos..?
- Seu desejo é uma ordem, Alteza. – respondeu o Cavaleiro, sorrindo, e seguiu sua deusa.
Seiya ainda não acreditava no que estava acontecendo. Após voltarem à festa, o Cavaleiro de Pégaso pedira a honra de uma dança para Saori... e ela aceitara!
Apesar de se sentir ridículo dentro daquela roupa estilo inglesa, agora nada mais importava, a não ser Saori. Belíssima naquele traje de Cinderela, ela tinha se transformado em uma princesa, literalmente.
"Seu desejo é uma ordem, Alteza.", repetiu mentalmente o que dissera a pouco para Saori, olhando a garota em seus braços. Sim, aquilo era pura verdade. Como Athena, Seiya deveria obedecer a todas as ordens dela. Mas, no dia anterior, quando ela lhe convidara para ser seu acompanhante, pedira para o Cavaleiro esquecer que ela era uma deusa. Naquela noite seria apenas Saori Kido, uma adolescente divertindo-se num baile à fantasia. Verdade que a tarefa era um tanto difícil pelos seus trajes, mas Seiya fazia o possível.
E por um momento realmente esquecera de Athena. Tonto! Por que ficava olhando-a com cara de bobo? Ela era uma deusa! E ele? Bem, ele era um simples mortal, um Cavaleiro de Athena. A deusa da Sabedoria jamais aceitaria algo mais que um protetor, tal como ele era. "Seiya, controle-se!" – dizia uma voz irritante em sua cabeça – "Ela é uma deusa. A sua deusa! Além do mais, Saori Kido é rica. Acha que ela iria querer algo mais? Nem morto!"
Mas isso não importava. Tinha que aproveitar aqueles doces momentos junto de Saori Kido.
A música terminou. Todos aplaudiram a pequena banda que tocava. Logo, outra música teve início. E também outra dança.