Disclaimer: O mundo de Harry Potter pertence única e exclusivamente a J.K. Rowling.Esta é uma songfic baseada no refrão da música Breakaway, de Kelly Clarkson

Shipper: HG/SS

I'll spread my wings and I'll learn how to fly.
I'll do what it takes till I touch the sky.
Make a wish, take a chance,
Make a change, and break away.
Out of the darkness and into the sun.
But I won't forget all the ones that I love
I gotta take a risk, take a chance,
Make a change, and break away

Hermione Granger. Hermione, a CDF. Hermione, a perfeita. Hermione, a sabe-tudo. Hermione que se cansou disso tudo. E foi mais rápido que um contra-feitiço, num estalo, no meio de uma batalha, lutando com um comensal.

Filha de dentistas, crescida num subúrbio de Londres, tomou para si o papel da Srta. Exemplo desde muito pequena, papel que não se sabe de onde veio. Não sei se no mundo mágico se acredita em destino. O certo é que os atributos intelectuais da Srta. Granger foram muito úteis em alguns momentos. Ela foi vital, eu diria, no sentido mais literal que você consiga imaginar.

Perfeição era o que ela esperava dela. Eficiência era o que todos esperavam dela. Todos exceto um. Aquele queria vê-la cair. Cair a queda do aprendizado. Não era possível ser tão irritantemente certa, ele sabia. Primeiro pela desagradável constatação de que a aluna mais inteligente da escola era uma Grifinória. Depois por preocupação (mas não pensem que ele tinha consciência disso) de que a descoberta viria mais cedo ou mais tarde e, pior que fosse mais tarde, fora de Hogwarts.

A descoberta chegou e não foi num livro. Nesse dia ele estava lá, sendo a estrada. No dia da decisão ele também estava lá e ela decidiu por ele, o destino final. Severo Snape, a estrada e o ponto de chegada.

Inadequação. Muita água rolou debaixo daquela ponte até que ela achasse a palavra que definia sua vida. Por Merlin! Não estava óbvio que seguir todas as regras, fazer tudo sempre certo, não diminuía o desejo por paixão, por risco, por ambigüidade? É claro que ele, o agente duplo da Ordem, a personificação da ambigüidade, não tinha isso em mente quando, friamente, a chamou de inadequada, no meio de uma reunião, na cozinha de Grimmauld Place 12, como se estivesse se referindo a um explosivim num laboratório de poções. Pra ele era só uma questão de ser bruxo ou ser trouxa, de raciocinar como um ou como outro.

O Professor Snape, que passou mais da metade da vida por um fio (de magia), na corda bamba, sonhava com a estabilidade. Quando provasse que sempre esteve do lado certo, o lugar de professor de Defesa Contra a Arte das Trevas estaria garantido e ele viveria o resto de seus dias em Hogwarts, dirigindo a Sonserina e aterrorizando grifinórios recém-seletos pelo chapéu. Ele estava perto de ter uma vida normal e de repente, isso! Ele abriu a porta, a convidou, cheio de cerimônias, pra entrar e ela entrou mesmo! Masmorras e coração adentro, como se desde sempre estivessem esperando por aquilo. Ele era a própria transgressão. Ex-comensal não assumido, 20 anos mais velho, odiado pelos seus amigos mais íntimos... mas como ele a desnorteava... perigo, vertigem, precipício... era pular ou voar.

Ela beijou o rosto de Rony; estava cor de fogo como os cabelos, olhos inchados de chorar. Abraçou Harry, a essa altura, cansado de argumentar contra a decisão; e recebeu das mãos de Gina a capa de viagem acompanhada de um sorriso de compreensão. Snape a esperava na porta principal, as primeiras luzes do dia já apareciam além da floresta e era para lá que ele iam.