Prólogo

Um quarto, uma cozinha espaçosa, um belo jardim e em bom estado, dizia o anuncio. O que mais eu precisava? E pelo menos seria um teto para dormir até que eu pudesse arranjar um emprego decente e me mudar para uma casa melhor. Mas admito que quando o vi pela primeira vez, por um breve momento pensei seriamente em desistir de tudo e voltar para casa. Mas Lily Evans nunca desiste de nada, e não seria do sonho de me formar na faculdade que eu desistiria, não é mesmo?

Eu sei que o maior motivo de não querer voltar para casa seria o de que Petúnia, minha adorada irmã estaria lá, e continuaria jogando na minha cara que estava noiva de um cara muito rico, e que nunca precisaria se rebaixar a algo tão inútil quanto trabalhar. Mas não... Eu nunca acharia trabalhar algo inútil... E a faculdade de enfermagem era o que eu sempre sonhara. Não podia desistir de tudo logo agora que estava tão perto de realizar.

E lá estou eu divagando novamente... Sobre o que eu falava logo no começo? Ah, sim... A Vivenda das Flores. Nome de floricultura para um prédio. Definitivamente acreditavam que um nome bonitinho seria o necessário para trazer mais moradores. E até que teria funcionado, se o prédio não tivesse quase caindo aos pedaços. A pintura do lado de fora precisava ser retocada em muitos locais, os corredores tinham carpetes imundos, e o Belo Jardim do anuncio não passava de um emaranhado de plantas estranhas das quais ninguém chegava perto. Onde eu fui me meter?


Era tarde quando eu cheguei em meu novo lar doce lar . Olhei o apartamento que de agora em diante seria a minha casa. Não era nada reconfortante. Havia alguns móveis lá, um sofá, um buffet, a mesa de jantar que estava mais bamba que não sei o que, uma cama e um criado-mudo no quarto. Como geladeira eu só tinha um frigobar e o fogão era de camping. Joguei minhas malas em um canto qualquer da sala e cai cansada na cama. Dormi pesadamente até o dia seguinte. Acordei com uma barulheira infernal no corredor. Me revirei na cama e cobri a cabeça com o travesseiro, mas isso não foi o suficiente para que a barulheira cessasse. Irritada por terem me acordado, sentei na cama e me espreguicei pesadamente. Era incrível como o prédio deveria ter um eco enorme, porque a sensação que tinha era que as pessoas estavam dentro da sua casa. Suspirando, começou a tentar pensar, e acabou prestando um pouco mais de atenção na conversa.

- Pontas, olha... É o que eu disse. Não vai dar para recuperar a mala por aqui... Ela está presa no varal, ali na metade, mais presa na arvore do que não sei o que.

- Oras... Fácil, vamos subir na arvore.

- Ah, como se aquela arvorezinha ali fosse forte para agüentar um de nós. Mas se você deseja tentar um suicídio mesmo...

- Tive uma idéia. Acho que pelo quarto dá para pegar. Vê, quando o varal arrebentou, uma ponta ficou presa na janela. Eu vou lá tentar.

Ri tentando entender algo daquela conversa maluca. Mas isso não importava mais, não é mesmo? Levantei da cama e comecei a tirar a blusa que havia dormido. Droga, havia de novo ficado com a pele marcada pelos botões, eu devia parar com essa mania de dormir vestida. Estava começando a desabotoar a calça jeans que estava vestindo quando a porta do meu quarto abriu. Fiz então a única coisa que me passou pela cabeça: gritei e bati com um vaso que estava ali por perto, na cabeça de quem quer que seja.

Um rapaz, de cabelos negros, e que parecia ter acabado de acordar pelo estado lamentável em que se encontravam, caiu desmaiado em minha cama. Olhei para o vaso, para o rapaz, para o vaso e para o rapaz. Eu o tinha matado? Meu primeiro dia na cidade grande e eu já havia me tornado uma assassina?

- Pontas, eu ouvi um grito, ta tudo... – Agora outro rapaz entrava no quarto.

Ele olhou para o vaso em minha mão, para o rapaz na cama e para meu sutien. Eu não mereço isso.

- Você matou o James!

- Ele entrou na minha casa! No Meu quarto!

- Essa casa está vazia desde... Desde trocentos anos atrás! Nós não sabíamos! Mas isso não é desculpa! Você... Você é uma assassina! Pô, você mata o cara e nem deixa a gente fazer uma despedida? Podia ter me avisado antes!

- Foi legitima defesa! E eu não planejei isso! Ele entrou em meu quarto, e eu me defendi! Quem vocês pensam que são? Os donos do prédio. – Parei para pensar, eles podiam ser! – Não são, né?

- Não, mas se fossemos você estaria com muitos problemas!

- Mas a culpa não foi minha. – Eu ainda ia quebrar a cara desse idiota.

- Sirius, a culpa não foi totalmente dela.

- James, cala a boca. – o outro parou por um momento e sorriu – Pontas! Você não morreu! Pô, já ia beber para comemorar, mas de qualquer forma podemos comemorar que você não morreu...

- Posso não ter morrido, mas estou com uma séria dor de cabeça – Ele esfregou a área em que eu havia batido. – Creio que eu mereço pelo menos um cubo de gelo para por na cabeça, não?

- E para mim, traz com Uísque.

Eles olharam para mim, e sorriram. È muita cara de pau!

- Acabei de me mudar, não tenho gelo e muito menos uísque. – Coloquei o vaso em cima da cama, e só então me lembrei que estava sem a blusa.

Comecei a ficar vermelha, e sem saber o que fazer. Além de ter dois completos estranhos em meu quarto, eu estava sem blusa. Ai se minha mãe me visse agora.

- Você não vai nem se apresentar para nós não? – O outro moreno sorriu. Só então eu parei para prestar realmente atenção nele. Era um pouco mais alto que o outro, tinha os cabelos um pouco mais longos, mas nada muito exagerado, e os olhos de um azul-mar muito bonito. E que nesse momento tinham um certo brilho de malicia. – É que sabe o que é... Quando uma garota fica sem blusa na minha frente, eu geralmente sei o nome dela... Mas se você já quer ir direto ao ponto...

Ele deu de ombros, enquanto o outro ria.

- Eu não devo nada para nenhum dos dois. E não estou sem blusa por livre e espontânea vontade! Mas seu amigo está sentado em cima da minha roupa se você não reparou!

- Você é meio estressadinha, não? – James pegou a blusa e estendeu-me que logo vesti.

- Você queria que eu estivesse como? – Pus as mãos nos quadris, irritada - Quando dois marmanjos entram no meu quarto, na minha casa sem autorização eu devo convidar para um cafezinho??

- Seria bom, mas forte e com pouco açúcar. – O outro sorriu. Não resisti e acabei caindo na gargalhada. Não havia como ficar séria com esses dois birutas na minha frente.

- Sou Lily Evans. E realmente espero que vocês não fiquem entrando no meu apartamento sem convite.

- Tudo bem, basta dar um convite permanente, e a chave do apartamento que nunca mais entraremos sem ser convidados.

Comecei a ficar mais vermelha de raiva, se fosse possível, e bufei de raiva, os dois pareciam ter notado a brusca mudança de humor, porque logo estavam em pé, lado a lado na porta.

- FORA! – gritei, e os dois, depois de um aceno de cabeça para mim, foram embora

Fiquei olhando para a porta por alguns instantes antes de me sentar na cama e cair na gargalhada. Queria só saber o que minha mãe falaria se soubesse de tudo isso que aconteceu. Ela sempre me falara que morar sozinha era se meter em confusão e de que eu precisava de um homem bom (e, de preferência, rico) para cuidar de mim.

Deitada e olhando o teto, que estava cheio de mofo, me peguei me perguntando se estava tomando a decisão correta pela primeira vez. Era meu sonho fazer aquela faculdade, mas seria o correto?

Suspirando, me sentei na cama e ia começar a me despir novamente quando a porta abriu mais uma vez e o tal de James apareceu de novo.

- Eu esqueci de pegar a mala. – Ele falou sem graça.

Fiquei tão brava, mas tão irritada que nem consegui esboçar uma reação correta. Creio que ele reparou, pois correu até a janela e puxou uma corda que estava no lado de fora, retirando uma mala.

- Muito obrigado, você é muito gentil. – E saiu correndo, mas não sem antes sorrir para mim.

Antes que pudesse fazer qualquer coisa, me peguei sorrindo para mim mesma. Talvez fosse mesmo a escolha correta.

FIM DO PRÓLOGO

N.A.

Meu Deus, faz tanto tempo que eu não escrevo nada que é até surpreendente estar postando essa fic.

A verdade, se vocês querem mesmo saber, é que eu sinto uma falta danada daquela que era minha melhor amiga e ghost-writter: Lisa Black. A menina está sumida há séculos e não retorna meus contatos XDDD Assim sendo, decidi postar o prólogo que escrevemos há tanto tempo e nunca postamos. Talvez assim ela também lembre daqueles tempos tão maravilhosos!

Então, Lisa, esse é meu jeitinho bobo de dizer que sinto muito sua falta!

Aos que gostaram do prólogo, eu tentarei postar ao menos uma vez por mês. =) Mas comentem para eu não achar que estou escrevendo para as paredes.

Beijos,

Antiga Belle Lolly, agora Lily Tety.