Cap 1: When The Children Grows Up (Quando as crianças crescem)
Em Athenas o céu estava lindo, em um tom que fazia contraste com as pétalas negras que teimavam em cair, como uma chuva de rosas que parecia dizer: "Está tudo errado, não pertenço a esse lugar".
Tudo estava correndo bem pelo Santuário, ninguém se importava com as pétalas negras que, apesar de nos lembrar o dia mais negro de nossas vidas, não estavam envenenadas.
Um pouco longe do Santuário, em uma casa de festas, havia uma única pessoa, recolhida em um canto, abraçada aos joelhos e chorando por entre o que seriauma festa.
- Eu sou um monstro, ninguém precisa de mim! Se morresse agora ninguém sentiria minha falta! E se eu morresse talvez pudesse encontrar alguém que se importe. O que vão falar de mim quando eu morrer? Provavelmente o mesmo que o Ikki: 'Você só é bonito por fora, por dentro você é podre'. Queria que pelo menos alguém tivesse vindo... Pelo menos eu saberia queum alguém se importa comigo. Mas... – Sussurrando em meio a soluços, Afrodite observava sua festa de aniversário. Havia convidado todos que imaginara que deveria, todos que conhecia, mas ninguém comparecera, nenhum alguém pra dizer pelo menos 'mais um ano com você aqui, sua bicha, morra logo'.
Um pouco mais adiante, um rapaz de cabelos azuis revoltos, com uma singular cicatriz por entre as sobrancelhas, carregava um presente debaixo dos braços enquanto imaginava o que os outros iriam dizer quando o vissem chegando atrasado: 'sempre chega nos finalmentes, não é, Ikki?'. Certo, não gostava muito de Afrodite, mas ele teve a decência de convidá-lo e, no mais, ultimamente Peixes não estava se mostrado tão cruel e podre como imaginava. Estranhava as pétalas negras caindo do céu assim como também o que elas lhe lembravam: Hades. Imaginava que as pétalas fosse um toque de Afrodite, o que não seria estranho.
Ao chegar lá, Ikki se depara com uma festa vazia, de início achava que havia chegado muito cedo, mas ao olhar o relógio percebera que não, então havia algo muito errado ali. Chegando perto de Afrodite, esse levantou os olhos, ainda marejados e soluçando disse:
- Você veio?
A felicidade transparecia nos olhos de Afrodite, felicidade que nunca havia visto nos olhos de alguém.
- O que aconteceu, Afrodite? Por que está sozinho?
- Ninguém veio... – Com o olhar triste ao ser quastionado, Afrodite estava receoso, pois não imaginava que Ikki, justo Ikki, compareceria. Agora múltiplos pensamentos rondavam sua mente, desde os mais inusitados, como se aquilo fosse uma ilusão, até os mais óbvios, como Ikki o xingando, de novo, e saindo como se nunca estivesse entrado.
- Mas... Não fica assim, eu estou aqui, não estou? – Ikki não imaginava o porquê de ele estar ali, com Afrodite, o amparando. Nenhuma idéia ousava passar por usa mente agora, onde apenas pairava sobre um único pensamento, 'porque ninguém veio?'. Agora ele se ajoelhava e abraçava Afrodite que em um instante correspondera a sua iniciativa.
- Por que você veio? – O loiro ainda chorava sobre os ombros de Ikki, ambos ajoelhados, entre uma mesa de doces e um jardim de balões de gás hélio.
- Eu vim porque você convidou, não é?
- Mas eu convidei muita gente e só você veio. Fala a verdade, eu sou um monstro!
- Apenas o fato de você se importar em ser ou não um monstro te torna mais humano que nunca, Afrodite.
- Ninguém gosta de mim! Ninguém se importa comigo! Eu só queria alguém para me desejar feliz aniversário e... E quando eu morrer? O que vão achar de mim?
- Se é por falta, Feliz Aniversário, Afrodite. E quanto ao dia que chegar sua morte, bem... Eu posso cuidar de manter sua boa imagem quando isso acontecer! – Ikki não imaginava o motivo de ter dito isso a Afrodite, na verdade seria a última pessoa que faria questão de elogiar após a sua morte.
- Por que está sendo gentil comigo?
- Porque você precisa... Eu não sou um monstro, tá bem?
- Apenas o fato de estar me acalmando, Ikki, te torna mais humano que nunca! – Finalmente ele sorrira, não um sorriso sádico como os que o Fênix estava acostumado a ver, mas um sorriso puro, um sorriso que Ikki pôde perceber que a alma de Afrodite não era podre como um dia disse ser, mas era uma alma tão pura e foi tão machucada e manchada de sangue que não mais recuperar. – Me desculpa?
- Pelo o quê? Você foi o único que veio... – Peixes não mais chorava. Há muito havia parado de chorar. Mas ainda estava abraçado a Fênix, que não parecia perceber o fato.
- Por falar que por dentro você é podre, daquela vez...
- Depois do que você fez por mim hoje, Ikki, essa é a última coisa sobre você que vou me lembrar...
- Obrigado. Sabe, eu gostaria de te conhecer direito. Você não parece ser tão fútil e sanguinário quanto parece ser.
- Acha? – Outro daqueles sorrisos. Sinceramente, Afrodite estava mais para anjo do que para demônio. Se não tivesse o conhecido antes, apostava que ele não mataria uma mosca.
- Acho Afrodite. Quer saber? Foi até melhor ninguém ter vindo! Sobra mais doce e você pode ver quem realmente se importa contigo.
- É, né? Me dá vontade de enfiar uma Rosa Sangrenta em cada um!
- Não faz isso! Você só vai dar motivos para não irem mais às suas festas. Faça o contrário. Seja mais gentil, vá às festas deles, seja educado, não cínico, e o principal: menos sangue, mais paciência.
- Vai ser difícil...
- Você realmente quer acabar com essa sua imagem e arranjar amigos de verdade?
- Quero...
- Esse é o primeiro passo. Vamos comer doces? Aquele bolo está pedindo pra ser comido!
- Vamos!
Quando acordou essa manhã, Afrodite não esperava que ninguém fosse a sua festa, melhor, que apenas Ikki ia aparecer. Não esperava que ele fosse lhe consolar. Não esperava que fosse ganhar um amigo de verdade em meio todas aquelas lágrimas. Não esperava que alguém fosse querer ver o seu eu de verdade.
Dizem que a felicidade é feita de momentos.
Esse foi o único momento que ambos puderam chamar de feliz.
No céu de Athenas, as pétalas, agora cor-de-rosa, combinavam perfeitamente com o azul-bebê do horizonte sem nuvens.
Agora, olhar para aquela chuva de pétalas não lembrava momentos tristes. Muito pelo contrário. Lembrava que ainda haveria muitos momentos. Que, tristes ou felizes, faziam parte da vida.
E que são esses mesmo momentos que podiam lhe dizer que você viveu.
"O homem é bom por
natureza, a sociedade que o corrompe". Jacques Rousseau
TT.TT
Espero que tenham gostado da fic. Foi feita de presente de aniversário para NATII e foi betada pela Maia Sorovar. Vale lembrar que Lune Kuruta e Any-chan tiveram que aprovar previamente a fic antes de eu postar. Quem souber quem foi que falou aquela frase ali, me avisa, porque eu não lembro... eu tive que meio que mudar o rumo disso, porque quase saiu um yaoi. E eu não queria yaoi.u-u
Beijos.
