O Diário de uma Hime.
Por
– Ladyh Sah.
Revisador
– Syaoran Pudim.
"Dia 1º de abril de 1939 - Governo Imperial:
Sabe,
eu sempre fui ensinada a olhar para frente e nunca me deixar cair,
mas tive que aprender a conviver com uma
outra pessoa, meu "eu" oposto.
Cansei de sorrir e fingir que nada aconteceu. Estou farta de acenar e falar: "Sim, está tudo bem!", quando, na verdade, tudo está um caos.
Tentei, chorei e perdi. Lágrimas correram verdadeiramente por meu rosto. Perdi sim o sorriso de Hime, e se alguém me perguntar: "Você tem outro sorriso?", direi que não. Num belo dia, descobri que as decisões haviam sido tomadas, e meu destino já fora traçado.
Hoje, começou uma guerra em meu país. A situação está bem complicada. Vejo nas ruas corpos estirados, uma sátira ao governo imperial e um ultraje a nosso povo tão humilde. Diferentemente dos precursores desse conflito, nossa gente tem caráter e honra.
Foi a primeira vez que relatamos o uso de uma bomba nuclear. Chama-se assim uma invenção devastadora e a causa de muitas mortes neste século.
Como seria bom se pudéssemos parar o tempo e deixá-lo intacto."
- Então era esse o seu desejo, princesa?
Monologava Syaoran.
Ele fecha o pequeno diário que está em suas mãos. Na
capa, lê-se: "Japão Imperial – Amamia Hime", juntamente com o
símbolo de uma flor de cerejeira.
Arqueólogo formado, Syaoran
foi encarregado de investigar o passado de Amamia Hime, princesa do
Japão na época da Segunda Guerra Mundial, além de achar sua
descendente.
- Vamos continuar a ler seu diário, Hime! - ele reabre o livro.
"Dia
2 de abril de 1939 – Governo Imperial: Reuni hoje meus
conselheiros, mas parece que se eu dissesse que eu iria à guerra,
eles apenas concordariam. Para que servem conselheiros se eles nem
conseguem achar uma mísera solução? -
Não Hime, você não pode desistir... não agora!
Governar esse país sem
auxílio e tendo que enfrentar um mundo de idéias machistas serve
apenas para me comprovar que não é esse o ambiente que eu desejo
para meus descendentes.
Talvez apenas eu não tenha notado que a
guerra pode ter sido gerada pelo simples motivo de eu, uma mulher,
conseguir ficar no poder.
Por que meu coração está tão
apertado? Por quê!? Sinto dizer, mas talvez desista de tudo".
Ele se interessa cada vez mais pela
história da Segunda Guerra Mundial, contada do ponto de vista de uma
mulher.
Sai do escritório e torce para que suas irmãs não
estejam em casa, pois elas o atrapalham muito.
- Cheguei.
-
Olá Li.
- Senhora, minha mãe.
- Suas irmãs o aguardam em seu
aposento.
Ele apenas suspira e segue para o
quarto.
- Feinmei, Fanrei, Fuutie e Shiefa.
-
Li!!
Gritam as quatro em coro.
- Como você
cresceu!
- É... eu cresci, Fanrei.
- Está tão lindo!
-
Obrigado Shiefa, você também está linda.
- Ah, se não fosse
meu irmão... hahaha!
- Pare de galanteios, Feinmei!
- Tem uma
pessoa muito interessada em te conhecer!
- É? E quem seria,
Fuutie?
- Meilin Li.
- Nossa prima da segunda ramificação do
Clã Li?
- Exatamente!
- E o que ela quer?
- Oras! É meio
que óbvio, irmãozinho!
- É?
- Sim... ela vem conhecer o
pretendente.
- E esse sou eu?
- Claro!
Syaoran pode
entender a dor da Hime, da qual ele se atém. Como era ter seu
destino traçado antes mesmo de poder dizer algo?
- Tenho
que trabalhar. Se me derem licença...
- Sim, sim, maninho! - elas
deixam o cômodo.
Ele fecha a porta do quarto, tira o delicado diário de seu bolso e retoma a leitura...
"Dia
2 de abril de 1939 – Governo Imperial: Estou mais do que
certa: não quero me casar com o Imperador da China; nem ao menos o
conheço! Porém, preciso pensar em meu povo. Se me casar com ele
servir para algo, como melhorar a situação de nossa gente,
aceitarei a proposta. -
Foi um ato admirável, Hime... sei como se sente.
Podem me chamar de bom coração, mas eu me
descreveria como consciente de meus atos.
Por isso digo que o
diário de uma Hime nunca deve ser aberto à população, pois as
pessoas poderiam não entender minhas ações e pensamentos".
E ali,
conversando com seus próprios pensamentos, Syaoran
adormece.
--s2--
- Sakura! Sakura! Os exemplares
chegaram! - Tomoyo avisa a amiga.
- Já!? Tão rápido!?
- Sim,
aqui estão!
- Nossa! São mais bonitos vistos ao vivo!
- Vou
deixar você cuidar disto.
Sakura Kinomoto, formada em
Biologia, trabalha em uma estufa no cuidado dos exemplares mais raros
de plantas de todo o mundo. Está atualmente envolvida em um projeto
chamado "Chiharu", no original "Mil Primaveras", o qual traz
espécies raras para uma futura exposição.
Os modelos
recém-chegados são as Flores de See, típicas da França e
dificílimas de encontrar.
- Você está linda mesmo!
Continue assim que logo poderá voltar a seu país de origem!
Falava a moça. Ela acredita que as flores têm um melhor desenvolvimento nas conversas. E ninguém ousava dizer o contrário.
- Vamos Sakura? Vamos pro ringue de
patinação!
- Certo, Tomoyo! Até mais, minhas queridas flores!
Tomoyo Daidouji é a prima e a melhor amiga de Sakura. Formou-se em Design de Moda e trabalha para uma conhecida boutique. O estabelecimento é tradicional e tem seus primórdios relatados nos tempos feudais, por fazer o tecido de seda, mais fácil de ser moldado.
O hobby de Tomy é patinação. Costuma patinar com Sakura no ringue da Central City.
Ela
esconde uma paixão secreta por Touya, irmão mais velho de Sakura,
que a vê apenas como uma prima distante.
Ao
chegar ao ringue, Tomoyo pega um par de patins e o calça, enquanto
Sakura faz o mesmo.
Ela já tem certa habilidade, porém a amiga florista vive caindo e se espatifando no chão. Mas sempre sorri e se levanta:
- Ai,
ai, ai! Será que um dia eu consigo me equilibrar?
- Claro que
sim! Vamos Sak! Venha!
- Estou indo!
Sakura realmente
havia progredido bastante, mas se desequilibra em uma curva e bate em
um rapaz. Ele a segura pela cintura para a moça não cair.
-
Oh Senhor, perdão! Ainda não sou muito boa na patinação!
- Não
se preocupe, moça! Como é o seu nome?
- Kinomoto, Sakura
Kinomoto, muito prazer!
- O prazer é meu! sou Shan-Yu Li.
Ela
reverencia-o, percebendo ser um importante membro influente do Clã
Li e sorri.
- Senhor Yu Li, perdão pelo tombo!
- Tome
cuidado para não se ferir.
O jovem notara um pingente cintilante no pescoço de Sakura:
-
Ei! Este não é... não é o pingente de Amamia Hime!?
- Amamia o
quê!?Sakura estranha o comentário de Shan
-
Acho que não, Senhor. Este pingente é uma herança da minha
falecida mãe.
- Sinto muito... Não foi minha intenção.
Yu Li se lamentava, um pouco constrangido.
- Não se
preocupe... já passou!
- Não queria incomodá-la mais, Senhorita
Kinomoto, mas... será que você gostaria de sair comigo qualquer dia
desses?
- Sim, será um prazer!
- Que tal hoje mesmo?
-
Hoje?! Agorinha!?
- Sim, vamos?
- Vou apenas avisar minha
prima...
Ela acena para Tomoyo, que vem até eles em alta velocidade e breca suavemente.
- Vou sair com o Senhor Yu
Li, Tomy... Até amanhã?
- Claro! Até amanhã!
Elas se despedem.
Shan-Yu
leva Sakura para conhecer os Montes Quentes do Japão, um local
lindíssimo. Ele se encanta com cada pergunta, comentário, sorriso
ou expressão dela. Realmente, não há quem não se encante com a
dama. A moça sabe ser sempre doce, e o mais interessante é que seu
sorriso afeta a todas as pessoas, e sua postura é similar à de uma
rainha.
Logo, o rapaz se vê loucamente apaixonado pela
acompanhante, cuja maior preocupação é o trabalho.
- Sakura...
O rapaz fita o olhar da garota e balbucia nervoso:
-
Eu... é que... Eu te amo! E
- Mas nós acabamos de nos conhecer!
-
Sim... Mas... É como se algo me ligasse a você, uma energia muito
forte, mais forte que o mundo!
- É... Está ficando tarde... A
- Amanhã nos falamos...
Pode ser?
- Claro Sak...
- Até amanhã então!
- Até lá,
minha querida.
--s2--
Um
calor incessante interrompe o sono de Syaoran. Ele desperta de súbito
e mira o olhar à janela, de onde consegue ver a lua
resplandecente.
O que foi aquilo? Era como se algo tivesse sido
arrancado dele... Mas o que seria?
Sob a tensão da insônia, ele desiste de dormir e prossegue a leitura do diário de Amamia Hime:
"Dia
3 de abril de 1939 – Governo Imperial: Conheci hoje meu
futuro esposo, um rapaz realmente bom. É uma pena eu sentir por ele
somente carinho ou afeto. Amor de verdade, eu não sinto.
Loquacidade
é seu segundo nome, pois é muito hábil com as palavras.
Mas,
mesmo que tente, não consigo enxergar o verdadeiro General
Yang.
Quero alguém como..."
- Como quem Hime!?
Syaoran questiona curioso, crente de que o livro responderá à pergunta.
A página foi rasgada com extrema violência; isso era visível devido aos indícios de força utilizada e às rasuras no papel.
- O que deve ter acontecido com você?
Syaoran perguntava-se sozinho.
Continua a folhear páginas e mais páginas até achar um relato que responda à dúvida deixada pela folha rasgada. Até achar algo aparentemente satisfatório...
"Dia 9 de abril de 1939 – Governo
Imperial: Encontraram este diário. Arrancaram o nome da
pessoa que um dia conheci por considerarem isso um ato de traição
ao General Yang. Todavia, jamais tive algo com essa pessoa.
Ainda...
Bem, o pedaço da página fora arrancado, mas consegui
pegá-lo de volta e o guardei em um lugar seguro. Não escreverei
mais este nome aqui. Isso, porém, não o tirará de minhas
lembranças, pois ele sempre vai estar em meus pensamentos mais
profundos.
Tivemos
uma triste surpresa hoje: descobrimos que a bomba nuclear liberada no
primeiro dia de guerra afetará as pessoas mesmo daqui a 30 anos.
Isso se deve aos componentes químicos exalados nos arredores do
reino com a explosão. Pedi desculpas mentalmente a nossa população
por não ter feito nada para impedir essa catástrofe". -
Não Hime... a culpa não foi sua
Syaoran toma as dores da princesa.
- Mas... Quem é essa pessoa? E onde você guardou o nome dela!?
--s2--
