Essa história nasceu completamente da minha mente, e todos os créditos são meus. Após criar uma personagem masculino para que eu pudesse interpretar em um fórum de Pro Wrestling, eu me descobri apaixonada por ele. Ele se tornou um lado meu, como se eu desse a vida a outra pessoa que levasse traços de mim.

Eu venho trabalhando nesse projeto há um bom tempo e estou decidindo postá-lo. Serão muitos capítulos a frente, e espero que vocês gostem de ler isso o tanto que gosto de escrever. Mago se tornou um pedaço indispensável de mim.

Informações

Título: Mago. (Le Magicien.)

Censura: R (+16) Menções de bebidas alcóolicas, drogas, violência forte e também cenas de sexo leve.

Claimer: Todos os personagens me pertencem, qualquer uso com eles é proibido até segunda ordem. Todo o enredo saiu da minha mente e da colaboração de uma porção de rapazes participantes do Wrestlemaniacos FORUM.

Jeann Lelieve/Le Magicien, Charlie Brousse, Millena Blewett, Victor Blewett, Rosanne, Antonio, Dayse & Denise, Olivier, Morrice, John e Izrail são personagens originais. Pertencem a mim.

The Roamer, L.C Sawyer, Warrior (Lorenz.), e Renan Willers, pertencem aos seus respectivos donos: Raphael, Lucas Canabarro, Igor Lorenz e Renan. Obrigado a cada um de vocês.

Sinopse: Após anos de sua conturbada adolescencia, Jeann questiona seu próprio caminho. Duvida das propostas de um Anjo da Morte, e pela primeira vez consegue enxergar uma luz distante. Após a pior queda de sua vida, ele decide escrever sua história. O homem dono de olhos negros e cabelos compridos te convida para ouvir uma história que vem de New Orleans à selva dos prédios paulistas, onde encontra a única pessoa que tem o poder de questionar toda sua fé.

REVIEWS!


Prólogo

A porta abriu-se, e após a entrada de um homem, ela fechou-se com brutalidade. Um quarto de hotel era a cena do momento. A cama estava perfeitamente arrumada, com lençóis e fronhas cheirando a lavagem. A tevê pequena muda, como qualquer outra coisa presente ali. Não havia vida aparente, além da cortina branca que se movia com a leve brisa.

O homem estava ensangüentado, e os dedos finos e brancos tremiam enquanto abria as gavetas desesperadamente, procurando por uma caneta e algumas folhas perdidas. Sua respiração estava falha e não conseguia enxergar com o olho direito. O rosto bonito desaparecera por trás do sangue respingado e o inchaço. A cor dos olhos continuava negra, dando um ar horripilante à imagem daquele homem.

Ele sentou-se sobre a cadeira quando não conseguiu mais segurar-se nos pés. Seus quase um e noventa de altura escorregaram sobre a cadeira, até poder encostar a testa no mármore. Quanto mais tentava puxar o ar para o pulmão, mais ele fugia de si. Pensou se tivera alguma fratura grave. Naquele instante não importava, ele só queria os papéis e a caneta. Ele precisava daquilo muito mais do que dos cuidados médicos.

Porque ele tinha perdido. De cima de uma escada de vinte degraus com um emaranhado de arame farpado entre os dedos. Para ele aquela dor insuportável que sentia não era o mais importante, porque ele havia perdido a paz. Mais do que a paz, estava perdendo a certeza de sua vida.

Quando as primeiras lágrimas de sangue começaram a descer por ser rosto, elas tinham o gosto das que ele experimentara quando era apenas um garoto de quinze anos. Agora tinha trinta e dois, mas a aparência não mudara tanto. Tinha ganhado altura rapidamente, peso, o cabelo louro escorrido até o meio das costas. Tinha perdido o sorriso, o par de olhos verdes oliva, e os cigarros.

− O que eu me tornei? − ele murmurou baixo, sentindo dores por toda a garganta e também sobre os olhos ardidos. − O que eu me tornei? − ele gritou, quando a dor sobre as pernas multiplico-se.

Demorou muitos minutos até conseguir arrastar-se até a cama e começar a despir-se começando pela bota country preta. Tirou o sobretudo revelando os braços fortes e cruelmente arranhados e cortados. Ele apertou os lábios quando puxou a camiseta também negra para cima, revelando a pele outrora branca e alva, cheia de escoriações, hematomas e inchaços.

Permaneceu apenas com a calça de couro sintético e o crucifixo de prata brilhante sobre o peito. Ele colocou a mão sobre o mesmo, respirando fundo. Quando tirou a mão de cima do crucifixo, viu a marca perfeita da cruz de sangue em sua pele. Ele sabia o que fizera às pessoas com a marca que deveria ser divina. Ele as fizera sangrar. Ele precisou lutar contra a memória para afastar as imagens.

Essa lhe mandava imagens de diferentes épocas, diferentes línguas e os locais em que pisara. Lá fora era Inglaterra, era o sotaque calmo e digestivo, a noite iluminada pelo Big Bang. Dentro do quarto parecia ser New Orleans, onde tudo começara, em uma rua pequena e sem saída. Na sua mente parecia São Paulo, os prédios que o aceitaram no começo de sua carreira.

Quando se lembrou aonde guardara suas folhas, demorou a conseguir curvar as costas até a gaveta de cabeceira da cama. Arfou, passando as costas da mão pelo rosto, tentando clarear a visão quando viu folhas e duas canetas ali. A pele de sua mão ficou manchada com uma mistura dolorosa de se ver. Sangue, lágrimas e suor.

Doeu ver a mancha, e perdera coragem de olhar-se no espelho naquele estado. Porque ele sabia que a imagem seria o bastante para acabar com o que restava dele. Só pelas dores que sentia no rosto e por todo o corpo, sabia que demoraria semanas até conseguir encarar-se no espelho.

Ele postou-se a frente da mesa de mármore de outrora, e alinhou os papéis. Testou a caneta e então escreveu a primeira frase fora das linhas, como se fosse uma dedicatória. "Eu tenho uma história. Repito-a para que ninguém a viva novamente. Porque agora, só agora... é que percebo o quanto perdi trocando a vida, pela morte."

Seus dedos longos estavam cansados, mas mesmo assim, ele começou a escrever.