Prólogo

12 de setembro de 1996.

- O que tanto me olha? – Renée perguntou com um sorriso suave.

- Amo teu corpo nesta forma.

- Espero que Deus nos abençoe muitas vezes. – acariciou o ventre de quarenta semanas. – A qualquer momento a nossa menina estará aqui.

- Ou o nosso menino. – corrigi e ela revirou os lindos olhos azuis.

- Sei que é uma menina e se chamará Isabella Marie.

- Apesar de amar a minha sogra, não quero que minha filha carregue seu nome rabugento. – resmunguei e ela riu, pegando minha mão. – Eu amei o nome, querida. Se for menino, chamaremos de Jasper.

Renée soltou um longo suspiro e fechou os olhos.

- Acho melhor irmos para cidade. Acredito que posso entrar em trabalho de parto esta noite. – disse e concordei, sabendo que as pontadas que ela vem sentindo estão aumentando e o intervalo de tempo diminuindo. – Pedirei que Zafrina arrume nossas bolsas.

- Fique deitada, eu mesmo cuidarei disso.

Zafrina arrumou nossas bolsas e eu peguei a bolsa do bebê, acomodando no carro. Chamei meus funcionários e informei que partiria para cidade para o nascimento de meu filho, deixando a casa e os cuidados com as uvas nas mãos competentes das pessoas que mais confiava em minha vida. Olhei para o horizonte e o tempo estava seco, me deixando preocupado. A geada também não era bem vinda, mas sempre tinha um aperto no coração ao me afastar das terras que nasci. Chamei meus soldados e dei as últimas ordens, separando quem iria me acompanhar e quem iria ficar. Eles sabiam o que fazer.

Desci com minha esposa e segui viagem para Florença, hospedando-nos em nossa casa de temporada e sendo confortados pelos empregados que já nos aguardavam. Renée ficou bem a maior parte da tarde, sentindo contrações ocasionais e no meio da noite, acordou-me informando que sua bolsa havia rompido. Levantei em um rompante, dizendo para mim mesmo que deveria ficar calmo. Era a nossa primeira vez em um parto e eu não sabia o que esperar dele. Tivemos uma gestação saudável e confortei-me com a certeza que tudo ficaria bem.

Chegamos ao hospital com o sol raiando no dia e fomos acolhidos em um dos quartos. Minha esposa, tão forte e corajosa, tentou manter a calma mesmo diante a dor e mostrou-se feliz em poder trazer a nossa criança ao mundo. No meio da tarde do dia 13 de setembro, nasceu a minha verdadeira herança: Isabella Marie Swan. Renée e eu festejamos ao voltar para casa. Uma grande festa para todos da região, a fim de comemorar o nascimento da minha primeira herdeira. O bebê mais lindo que todos já viram. Todos os meus homens vieram conhecer a nova principessa de la famiglia.

- Será que eu posso conhecê-la agora? – a voz do homem mais velho.

- Aro! Que maravilha recebe-lo! – sorri alegre ao ver meu padrinho entrar na sala da minha casa. – Olhe a minha menina! É linda! Perfeita!

- Um brinde ao seu tesouro, Charlie. Isabella é um charme. – sorriu segurando a minha bambina em seus braços. – Ela parece com você em alguns traços e é tão bela e delicada quanto sua mãe.

Renée sorriu feliz.

E com Aro segurando minha filha, lembrei o meu amado pai, que estaria explodindo de alegria ao segurar a neta e infelizmente não estava mais ao meu lado.

- Parece que seu pai sabia que um dia teria uma menina para casar com o meu Edward. – disse depois de um tempo apenas olhando Isabella.

- Como assim? – Renée perguntou tão curiosa e confusa como eu estava.

- O acordo, Charlie. – Aro disse e viu a minha confusão. – O acordo que seu pai fez comigo.

- Ainda não entendo. Que acordo?

- Querida, acredito que precisarei conversar com seu marido por uns instantes. – Aro gentilmente devolveu Isabella a Renée. – Minha nora Esme está no andar debaixo com meu neto, Edward. Eles estão passando uma temporada conosco e ela ficou muito feliz em estar aqui no nascimento da sua menina.

Renée sorriu. Eu sabia que ela adorava Esme – e realmente era uma mulher adorável. Carlisle é um amigo de infância. Não somos tão próximos quanto antes, devido a sua mudança para américa e nossas vidas. Minha esposa me lançou um olhar preocupado e saiu da sala, encostando a porta atrás de si. Aro acendeu seu cigarro e eu o conhecia o suficiente para saber que estava desconfortável. Indiquei uma poltrona e ele sentou a minha frente.

- Antes do seu nascer, decidimos unificar nossos sobrenomes. Sermos a mesma família, pelo bem do nosso sangue e negócios.

- O quê? Papai nunca me contou isso!

- Tenho os relatos e está no diário de seu pai.

Encostei-me na cadeira. Aro nunca mentiria pra mim. Nós temos um laço de lealdade por toda vida e pareceu-me que ele estava pesaroso em contar-me o que meu pai deveria ter contado. E conforme ele relatava todo plano, eu me sentia tonto e enojado.

- Minha família se perderá. Meu sobrenome? – perguntei sentindo um desconforto no peito. – Papai sempre me fez orgulhar que a nossa raiz era tão pura quanto no tempo do Vovô e que o nosso vinho, de puro sangue.

- Escondido dos nossos pais fizemos este acordo. Desejamos dominar todo território e acho que devemos fazer isso antes que eles se casem.

- E que acordo fizeram? Por que minha filha?

- Se nossos filhos fossem de sexos diferentes, eles casariam... Tornando-nos uma só família. Um só sangue com um futuro herdeiro. Com a sua mãe falecendo cedo e a impossibilidade de minha esposa em ter mais filhos, deixamos para os nossos netos. Edward é o meu neto mais velho... Emmett ainda é um bebê e sei que futuramente minha nora terá mais filhos...

- Isabella terá que casar com Edward.

- Eu sinto muito, pensei que soubesse. Não imaginava que meu amigo lhe fez segredo algo tão sério. Devemos dominar, Charlie.

- Unificando nossas famílias, não haverá nenhuma família mais poderosa que a nossa. Isabella é a nossa principessa, a nossa herdeira. Ela carrega a responsabilidade de gerar a nova família.

Concordei, sentindo-me nervoso.

Caiu sobre mim o peso da responsabilidade em não permitir a ruína do negócio centenário da minha família e o preço a pagar, era entregando a minha filha para um casamento que ela não terá escolha. Sei que assumir os negócios da minha família era uma manobra normal mediante ser o único herdeiro, mas saber que a minha menininha tinha o futuro condenado antes mesmo de nascer me trouxe uma dor que eu não sabia como fazer passar.