Disclaimer: Saint Seiya pertence a Kurumada-sensei, eu apenas os peguei emprestado. XD Sem fins lucrativos. :)

Nota da autora: O que me inspirou a escrever essa fic foi o filme Anjos da Noite (Underworld) e Entrevista com o Vampiro (Interview with the Vampire), mas isso não significa que o enredo será exatamente igual.


Cruzou a avenida com passos largos, quase correndo. Olhou para seu pulso direito, seu relógio marcava 05:54. Aparentemente, seria um dia nublado, como todos os outros desde que começara o inverno.

Ao entrar na rua onde morava, notava-se uma mansão alta e larga, com uma

aparência antiga, o que a dava um ar elegante e poético. Rapidamente passou a chave pela fechadura. Entrou e encostou-se a porta, exausto.

- Você está atrasado. – ouve uma voz repreendedora, porém calma.

- O que está fazendo acordado há essa hora? Já está amanhecendo. – pergunta, ignorando a observação do outro.

- Eu não lhe devo explicações, ou devo?

- Assim como eu não lhe devo explicações. – sorriu.

- Realmente, não. Porém, acho que deve saber que não se deve andar na rua há essa hora, se não quiser virar poeira.

- Não seria má idéia.

- Mas com esse amor à vida você me anima! – o outro riu da ironia.

Foi se aproximando lentamente até colar seus corpos. Fazia um leve frio, e o ambiente parcialmente escuro, dava a impressão de estar mais gelado.

- Senti sua falta. – sussurrou em seu ouvido, mesmo que o outro soubesse que não passava de um sentimento fingido, sorriu de canto.

- Eu também senti sua falta, Camus. – disse, e sem seguida, colou seus lábios. Em um reflexo, Camus fechou os olhos e inclinou levemente a cabeça para a direita, abrindo um espaço para que o outro introduzisse sua língua para dentro de sua boca. Com movimentos frenéticos e em profunda harmonia, continuaram com aquela dança até que o outro separou os lábios.

- O que descobriu? – perguntou a Camus.

- Nada. – respondeu.

O outro suspirou pesadamente, aparentemente tentando se conter para não perder a cabeça.

- Quer dizer que você fica tanto tempo fora pra depois voltar para cá e dizer que não descobriu nada? QUAL A SUA UTILIDADE, AFINAL? – gritou.

- Se acalme. Gritar não vai adiantar nada. – disse, calmamente.

- Não vai adiantar nada também você ficar encarregado de ser um espião dos lycans, Camus! Não sei como o Mestre tem a capacidade de confiar tamanho cargo importante a um inútil como você! Quando a guerra começar novamente, como nós iremos nos preparar para ela?

- Você não tem o direito de falar assim. Pelo que eu sei, a única pessoa que tem o direito de gritar assim comigo é o Mestre Shion, e não você, que não passa de um simples vampiro.

- Um simples vampiro, assim como você!

- Pois é... você é tão igual a mim que Shion confiou a missão mais delicada a mim, e não a você, que puxa tanto seu saco.

- Deve ser porque ele tem você como seu brinquedinho favorito.

Sentiu um ardor na maçã esquerda de seu rosto. Levou a mão ao local e olhou friamente para Camus.

- Nunca mais repita isso, NUNCA MAIS, Saga. – disse, ofegante.

Saiu caminhando rapidamente, pisando fundo. Saga, como sempre, passava dos limites. Assim como todos os outros vampiros, Camus era frio e distante, mas desde que conseguiu o cargo de espião dos lycans, criaturas ao qual, os vampiros mantém em guerras por séculos, Saga começou a tratá-lo diferente, mais precisamente como se quisesse irritar e desmerece-lo em tudo que fazia. Sabia que tinha fracassado na missão e isso o incomodava.

Caminhou até seu quarto, que assim como toda a casa em que viviam os vampiros, era escura. As paredes tinham um tom arroxeado, a janela quase nunca ficava aberta e as cortinhas eram pretas, evitando assim, a penetração dos raios solares. Ao centro, tinha uma enorme cama, na qual, certamente caberiam não apenas dois, mas quatro dele. Possuía um grande armário ao lado esquerdo, em tons de marfim, ao lado direito de sua cama, uma cômoda com várias gavetas. Não possuía televisão, por achar muito fútil. Materiais de trabalho, computadores e outros objetos de pesquisa, ficavam em outra parte da casa, já que era muito grande.

Adentrou e deu um forte soco em seu armário, quase o quebrando. Jogou-se em sua cama e fechou os olhos. Pensou no que aconteceria quando visse Shion e tivesse que conta-lo a verdade. Seria castigado?

Assim como todos os vampiros, tinha um emprego e trabalhava como uma pessoa qualquer. Aos olhos dos humanos, Camus era um poço de frieza e indiferença, e justamente por isso, não se socializavam com ele. Não por desprezo, mas por medo de sua reação para com eles. Era sim um ótimo enfermeiro. Não tinha nenhum outro que tivesse sua capacidade e talento, mas era o tipo de pessoa que só cumpria com suas obrigações. Nunca comparecia às festas, sempre recusava os convites de seus companheiros de trabalho para sair e fuzilou com o olhar o único que teve coragem de o dizer o que pensava: que ele era extremamente frio e daquele jeito iria acabar sozinho.

Mas o que não sabiam era que Camus era uma pessoa sozinha. E gostava disso. Com o passar do tempo, foi se desvencilhando de todos os bons sentimentos que existiam, e, definitivamente nunca mais acreditou na existência do amor. Mas o que ninguém sabe, é que já foi sim, extremamente feliz.

Flashback:

Nancy; interior da França, 1822.

- Nããão! Malditos, filhos da mãe! - gritava, ajoelhado perante aos corpos sem vida de seus pais. – Por favor, não me abandonem! – chorava, enquanto os abraçava, como se isso fosse trazê-los de volta.

- Não chore, meu caro. – ouviu uma voz calma e carinhosa.

Olhou para trás e viu um homem caminhando em sua direção. Foi se encolhendo para trás, com medo do que poderia acontecer.

- Se acalme, eu não irei fazer nada com você. – o homem misterioso abaixou ao seu lado e sorriu ternamente.

Tinha os cabelos grandes e sedosos, os fios esverdeados esvoaçavam devido à leve brisa que batia. Seus olhos eram extremamente penetrantes e possuía dois tipos de pontos na testa que intrigaram Camus. Seriam verrugas? Usava um conjunto de calça, camisa e terno pretos, com sapatos igualmente pretos.

- Q-Quem é você? – perguntou.

- Meu nome é Shion. E o seu, querido?

- Eu me chamo Camus.

- Camus? Que nome bonito! E quantos anos você tem?

- Tenho 20, senhor.

Shion sorriu.

- Não me chame de senhor, pode me chamar de Shion. – Camus balançou a cabeça, afirmando. – Mas o que aconteceu aqui? – perguntou.

- Não sei o que aconteceu! Minha mãe estava dando comida aos cavalos e de repente ela gritou. Meu pai veio verificar, e ele estava demorando demais, e tudo estava muito quieto. Quando cheguei os encontrei aqui. – contou, derramando lágrimas novamente. Shion o abraçou.

- Não chore mais. Passou, já passou. - disse o maior.

- Mas eu... Eu não queria que acontecesse isso, realmente não queria! – retribuiu o abraço, o apertando com todas as forças, sentindo se levemente estranho, por estar nos braços de um estranho e não se sentir nem um pouco desconfortável com o contato. Shion afagava os cabelos macios de Camus e dizia palavras reconfortantes. Quando se acalmou, disse:

- Então, Camus, você já decidiu o que vai fazer daqui para frente?

- Eu... Eu não tenho família aqui, vou ter que continuar minha vida sozinho.

- Então venha comigo, não irei te deixar só, eu prometo. Acredite no que eu te digo. Você poderá vingar seus pais. Eu acho que sei o autor dessa atrocidade.

Camus sorriu de leve. Seu sangue congelou quando viu enormes dentes caninos e os olhos ganhando tons em branco em Shion. Tentou se desvencilhar em vão. Sentiu algo perfurando seu pescoço direito. Gritou. Segundos depois, encarou a face do homem à sua frente. Em sua boca escorria sangue, o seu sangue. Sentiu uma sensação estranha percorrendo seu corpo, como se estivesse perdendo toda a vitalidade. Mas, repentinamente, começou a se sentir estranho, gritou, com o pouco de força que ainda lhe restava. Shion novamente mostrou seus grandes dentes e perfurou seu próprio pulso.

- Aqui, beba, Camus.

- Beber... Beber seu sangue? – assustou-se.

- Sim, você vai se sentir melhor.

Hesitante, foi se aproximando do corte que o outro havia feito. Quanto mais chegava perto do braço de Shion, uma sede incrível se apoderava de si. Pressionou seus lábios do pulso do maior e começou a alimentar-se desesperadamente de seu sangue, assim como um faminto faz quando vê um prato de comida. Deliciava-se com o líquido descendo por sua garganta, e sentia que quanto mais sorvia do líquido vermelho, suas forças aumentavam. Shion, que estivera quieto, apenas o obervando, mantinha uma expressão levemente desagradável em seu rosto. Aquele seria um grande vampiro, pensava, enquanto formava um meio-sorriso em seus lábios.

- Pronto, pronto Camus, agora já chega. Descanse um pouco que em breve partiremos. De agora em diante você vai começar uma vida nova.

Fim do flashback.

xxxx

Camus acordou com batidas em sua porta.

- Camus? Camus está acordado? - ouvia-se uma voz suave por trás da grande porta.

- Quem... Quem é? – perguntou com a voz rouca, devido ao sono.

- É o Shaka.

Esfregou os olhos e se espreguiçou.

Arrastou os pés até a porta e a abriu.

- Hei, Camus.

- Shaka – acenou com a cabeça e abriu espaço para que entrasse.

- Mestre Shion quer te ver.

- Ah, é isso... – suspirou, cansado.

- Não descobriu nada, não é verdade?

- Não... nada. – sentou em sua cama, desolado. Shaka sentou ao seu lado.

- Não fica assim. A culpa não é sua... Você sabe que Shion confia muito em você, e se ele confia em você, todos nós não temos o porque de não confiarmos. – pousou a mão em seu ombro.

- Me sinto um inútil, Shaka. – o abraçou, afundando seu rosto na curva de seu pescoço, enquanto Shaka passou a afagar seus cabelos.

- Você não é inútil, Camus. Não se deixe levar pelas palavras de Saga. Ele é um invejoso, você sabe.

- Não que eu esteja deixando levar pelas palavras dele, mas... Em parte ele está certo. Se ocorrer outro grande ataque por parte dos lycans, nós não estaríamos devidamente preparados. Seríamos pegos de surpresa e a extinção, dessa vez, com certeza seria nossa. - disse com melancolia.

- Não pense mais nisso. Nós temos que ter confiança em nós mesmos. Você está agindo como se tivesse medo deles. Claro que temos que ter cuidado, mas nunca teme-los. Afinal, nós já os caçamos até a quase extinção total deles, não há o porque de não ganharmos de novo.

- Realmente... Obrigado, Shaka. Você, como sempre, tem razão. - encarou os profundos olhos azuis do loiro.

Shaka sorriu.

- Nem sempre tenho razão, Camus. Mas mesmo assim... Você sabe que pode contar comigo, não sabe?

- Sei. – Camus acariciou levemente o rosto de Shaka, que instantaneamente, fechou os olhos.

- Bom, melhor ir ver o Mestre antes que ele se irrite.

- É verdade. Boa sorte, Camus. – sorriu para o outro, que retribuiu um sorriso e deu um leve selo em seus lábios.

- Obrigado.

Shaka era uma das únicas pessoas que Camus ainda tinha um pingo de consideração e carregava um mísero sentimento. Sempre o ajudou e deu conselhos sábios.

Entre os vampiros, era normal haver relações sexuais com mais de um parceiro. Normalmente, todos tinham relações com todos. Camus não era o tipo de pessoa que se entregava facilmente para alguém, mas tinha suas próprias necessidades, afinal, era um vampiro, mas não deixava de ser um homem. Mas nunca passara de sexo, nem haveria como. Camus era sim o mais frio de todos os vampiros, mas os outros eram também seres com aversão aos sentimentos. E Shaka era um dos únicos que possuía algo de bonito por dentro e acreditava no amor. Apesar de negar fervorosamente, todos sabiam que ele e Ikki se amavam perdidamente, e eram os únicos vampiros que mantinham uma relação constante e não tinham relações com outros. Ikki costumava ser frio como Camus, mas depois que conheceu o loiro, foi mudando, mesmo não admitindo. De vez em quando, ambos eram alvos de piadas por parte dos outros vampiros, mas nada que os incomodasse.

Chegando à sala de Shion, deu leves batidas na porta.

- Quem é?

- Sou eu, Camus, Mestre.

- Oh, sim... Entre, Camus.

Camus notou que a voz de Shion não estava irritada, ou alterada. Será que já sabia do ocorrido?

Adentrou dentro da sala, que era extremamente bem cuidada e impecável. Era muito grande e totalmente em tons de azul. Havia uma grande mesa ao centro, que sempre estava cheia de relatórios e papeladas – quase todos com relação aos lycans e à segurança da mansão -, havia um grande computador em uma mesa ao lado da cadeira onde o mestre se sentava. Ao lado direito um enorme sofá azul marinho. Do outro, um bar cheio de bebidas dos mais variados tipos. Havia ainda um cofre, mas ninguém, exceto o próprio Shion sabia o que havia dentro. Obviamente o fato despertava a curiosidade de quase todos, inclusive de Camus, mas ninguém nunca se atreveu a perguntar. Shion poderia ser gentil e calmo, mas era reservado ao extremo e era quase impossível saber o que se passava pela sua cabeça.

- Mestre, eu... - começou.

- Silêncio, Camus. – o interrompeu. – Pelo que me disseram, você não descobriu nada a respeito do plano dos lycans sobre algum possível novo ataque.

- Desculpe, senhor. Não descobri. - fechou os olhos e suspirou.

- Sim, Saga me falou. – "Fofoqueiro como sempre" pensou Camus. – Mas... Foi atacado?

- Sim. Mas o lycan em questão foi eliminado.

- Menos mal. Olhe Camus... Não estou bravo com você, apenas decepcionado.

- Imagino, senhor. Eu não esperava outra coisa menos pior do que isso, eu realmente sinto.

- Eu sei. Mas eu continuo confiando em você, saiba disso. Só fico preocupado, pois não dá para se prever sobre o que os lycans estão tramando. Você sabe o quanto foi difícil assumir o poder do submundo. E, acho que, assim como eu, você não está afim de perde-lo, Camus.

- Sim, Mestre. Eu sinceramente estou com vergonha de mim mesmo. – abaixou a cabeça.

- Não precisa ficar com vergonha, Camus. Eu ainda tenho orgulho de você. Não há alguém melhor para o cargo do que você. Só quero que fique atento. É sempre bom estar prevenido.

- Eu entendo, Mestre Shion. Obrigado por essa chance.

Shion sorriu.

- De nada. Pode ir agora.

- Com licença.

O domingo passou sem outras dificuldades. Era realmente ruim não poder sair por causa do sol. Fora acordado pelo loiro a pedido de Shion, e desde então não conseguiu pregar os olhos novamente. Naquela tarde, o loiro ainda passou para conversar com Camus e este o contou da conversa com o mestre e conversaram sobre algumas outras banalidades até que, quase à noite, Shaka fora ao encontro de Ikki, deixando o francês só em seu quarto.

Na segunda, levantou-se extremamente cansado. Demorara a cair no sono. Acordou eram quase 3 da tarde, e logo ao anoitecer deveria estar presente ao hospital onde trabalhava. Saga o encheu todo o resto do dia e acabara cedendo aos seus encantos, mesmo que, mentalmente, estivesse o xingando de todos os palavrões possíveis.

Assim que o sol desapareceu, vestiu uma calça simples social branca e uma camisa igualmente branca. Odiava usar cores claras, mas era obrigado. Já se podiam ver estrelas no céu, quando Camus foi para seu serviço.

Caminhava sem pressa alguma e observava ao seu redor. A esta hora, a maioria dos humanos estavam voltando de seus trabalhos. Revirava os olhos ao ver o quão felizes a maioria deles pareciam, mesmo que fosse só para manter as aparências. Uma das coisas que, ele, definitivamente não gostava de fazer.

Ao chegar ao hospital em que trabalhava, bateu seu cartão, pegou o elevador e seguiu para o quinto andar onde ficava a sala dos enfermeiros. Ia seguindo para o vestiário para por sua touca e prender os cabelos quando ouve a já conhecida voz:

- Camus, espere.

Virou-se e viu que o enfermeiro chefe, o encarando.

- Pois não.

- Quero que conheça um novo membro da equipe de enfermeiros do hospital. Todos já o conheceram, só falta você. – sorriu para ele. – Ele veio só assinar alguns papéis e conhecer o ambiente, mas amanhã já se juntará a nós. Esse é o enfermeiro Milo.

Milo era, ao contrário de Camus, bronzeado. Tinha um corpo bem definido, nada exagerado. Tinha os cabelos cacheados e azulados. Os olhos penetrantes e igualmente azuis. Era mais alto que o outro, mas não muita coisa. Usava uma calça jeans escura com uma camisa branca, o que lhe caiu perfeitamente, aos olhos de Camus. Podia ser indiferente, mas era sim, observador.

- Muito prazer, Camus. – Milo sorriu estendendo sua mão direita.

O francês se manteve impassível, encarando a mão estendida a sua frente e decidiu-se por apertá-la, apenas por educação.

- Bem vindo, Milo.

- Obrigado! A equipe de enfermagem falou muito bem de você. Que é o melhor enfermeiro do hospital e tem um talento incrível!

- Hum – Camus fechou os olhos rapidamente e os abriu. – Isso é mentira. Não sou melhor que ninguém aqui dentro. Agora, se me dá licença, Milo, eu vou para o vestiário.

Milo estranhou a indiferença do outro.

- Ele é sempre assim?

- Sim, sempre. – respondeu o enfermeiro-chefe.

- Pois eu vou tratar de mudar isso. Ah se vou! – Milo sorriu, mais para si mesmo do que para a pessoa com que conversava.

Dois dias se passaram e várias vezes Milo tentou uma aproximação, em vão. Camus tinha uma espécie de barreira imaginária e ninguém conseguia quebrá-la.

Milo estava prendendo seus longos cabelos e se vestindo devidamente para começar mais uma noite cansativa de trabalho quando ouve a porta se abrir.

- Atrasado? O que aconteceu, Camus? – perguntou Milo, com um certo tom de ironia em sua voz.

- Acho que não lhe devo explicações, não é mesmo? – respondeu Camus, extremamente frio.

Milo deu um longo e pesado suspiro.

- Vem cá, qual é a sua, hein? Por que me trata assim? O que eu fiz pra você!? - suas sobrancelhas estavam levemente arqueadas e sua testa formando uma espécie de onda, aparentemente porque o grego estava ficando muito irritado.

- Eu nunca disse que estava com raiva de você. - respondeu calmamente.

- Mas age como se estivesse.

- Impressão sua. Eu sou assim com todos. Trato todos exatamente igual.

- É por isso mesmo, Camus! Você não percebe que tem pessoas que gostariam realmente de se tornarem seus amigos? Já pensou que podem ter várias pessoas interessadas em você, mas mal cogitam a possibilidade de uma aproximação por causa desse seu jeito?

- Eu não me importo, Milo. Esse é o meu jeito e eu não vou mudar.

- Camus, eu... Eu queria tanto que você fosse pelo menos um pouco mais próximo, sei lá, que você me considerasse um amigo. Alguém para desabafar, conversar sobre qualquer coisa, e até mesmo sair!

O francês franziu as sobrancelhas. O que ele queria? Por que fazia tanta questão de sua amizade?

- Sem querer ser grosso, Milo, mas acho que você deveria desistir dessa sua idéia absurda. Tenho certeza que há muitas pessoas aqui dentro que gostariam que você tivesse essa preocupação para com elas. Valeria muito mais a pena do que ficar perdendo seu tempo comigo. Agora, já chega desse papo inútil, né? Eu estou atrasado.

Caminhou até o seu armário, tirou de lá um pequeno pente e começou a deslizá-lo pelos seus longos cabelos azul-petróleo. Milo observava aquela cena como se fosse a coisa mais linda que já vira. Ficava impressionado com o modo em que aquele objeto deslizava pelos fios macios, não havia nem um sinal de embaraço. Em seguida, prendeu-os em um coque e colocou a conhecida touca branca.

Já estava caminhando para a saída quando sente algo segurando seu pulso. Depara-se com Milo. Lançou um olhar cortante para o outro, que não se intimidou.

- O que quer agora? Você já está me irritando. - aumentou levemente o tom de sua voz.

- Camus... Transa comigo, agora?

Por um momento, o francês ficou surpreso pelo convite direto. Mas, logo soltou uma risada, carregada de ironia.

- Milo, Milo... Estava na cara que você não queria apenas a minha amizade, não é mesmo? Pra quem tinha me dado uma lição de moral há pouco tempo, você está tendo uma atitude muito suja. Aproximando-se apenas com o interesse de possuir meu corpo?

O outro deu um leve sorriso.

- Estou apenas jogando o seu jogo, querido.

Milo sentiu-se prensado contra a parede. Seu rosto e do outro estavam a poucos centímetros de distancia, de modo que seus narizes estavam até mesmo se tocando. Camus inclinou a cabeça para o lado e mordiscou o lóbulo direito da orelha de Milo, para em seguida dar uma sensual lambida, que provocou reações involuntárias no corpo do maior. Ao se deparar com o pescoço do grego a mostra, imediatamente aquela conhecida e insaciável vontade de perfurá-lo começou a tomar conta de sua alma. Seus olhos foram mudando, ganhando tons em branco, enquanto seus caninos estavam cada vez maiores. Já fazia um tempo desde que não sentia tanta sede por sangue de alguém. Passou a língua na região em que pretendia perfurar, até ouvir um gemido leve de Milo, que fez com que acordasse de seus devaneios e tomasse conta do que estava preste a fazer. Concentrou-se ao máximo para se acalmar. Fechou os olhos, que voltou ao tom azul que sempre fora e seus dentes ao tamanho normal. Soltou-o e deu um meio sorriso.

- Desista.


Espero que estejam gostando. Vou tentar postar o próximo capítulo assim que puder. Eu tenho mais escrito, mas eu sou malvada e não vou postar agora. (6) Muahaha. Just kidding. Enfim, acho que eu ainda vou fazer algumas mudanças, assim que eu achar que estiver bom eu posto aqui. See ya soon!

Take care, minasan!

Uchiha Mika. o/