Palavra-inspiração: Deus.
Playing God
Todos os dias ela falava de Harry. Sempre dizia que ele era considerado um herói. Desde bebê e agora quando voltara a Hogwarts. Tom fingia profundo interesse nas palavras dela. Era fácil mentir, ela não o via; e mesmo se visse, ele pensava, seria igualmente fácil. Ginny ainda não via tantas coisas, tantos sinais, mesmo eles estando a dois palmos de distância de seus olhos.
Até que um dia, ela começou a perceber. O quanto ele parecia saber de tudo (e realmente sabia) e o quão seguro era de suas palavras, como se a verdade absoluta só fosse conhecida por ele.
Você não é Deus, Tom.
As palavras dela foram duras; frias. E foi a primeira vez (e talvez a única) em que ela se arriscou a contrariá-lo.
Ninguém é herói. Heróis não existem.
Veio a resposta dele logo em seguida. Igualmente fria; direta. Ginny sentiu como se tivesse levado um soco no estômago; sua boca ficou seca, e as lágrimas se formaram rapidamente em seus olhos. Sentiu alívio por não ter que falar para responder, mas, de qualquer forma, não importava. Ela não foi capaz de escrever mais nada pelo resto daquela noite.
Mas era verdade. Todos somos humanos, pensou, e todos erram. A única diferença entre Tom e as outras pessoas era que ele não se arrependia de seus erros - muito menos os enxergava assim. Talvez Tom fosse Deus. Pois Deus não erra.
